CAPÍTULO 13

Duas semanas. Esse foi o tempo que levei para me atualizar de tudo dentro da Grenff. A fábrica estava um campo de batalha quando voltei, e eu mal tinha espaço para respirar entre administrar as crises dos funcionários e tentar descobrir quem estava nos roubando.

E Scott... Bem, ele era como um quebra-cabeça de mil peças espalhadas. Algumas vezes, parecia disposto a cooperar, a confiar em mim. Outras, voltava ao velho hábito de me desafiar, como se fôssemos adversários. Eu estava exausta.

Naquela sexta-feira, o expediente chegou ao fim, mas minha mente continuava a girar. O ladrão continuava um passo à frente, e eu odiava admitir que estávamos perdendo terreno. Quando o elevador parou no térreo, eu queria apenas ir para casa e me afundar em silêncio.

Mas então, lá estava ele.

— Pietro Geveni. – Murmurei para mim mesma assim que o vi parado no saguão, como uma sombra indesejada.

Ele estava impecavelmente vestido, como sempre, com aquele sorriso que me irritava mais do que deveria. Minha expressão endureceu no mesmo instante. Pietro tinha o dom de transformar meu humor em algo pior.

— Clarisse. – Ele começou, aproximando-se antes mesmo que eu pudesse evitar.

— Não tenho tempo para conversa, Pietro. – Caminhei em direção à saída sem olhar para ele.

— Não vai querer me ouvir? É importante.

— Se fosse, você teria enviado um e-mail.

Ele riu baixo, como se eu tivesse contado uma piada. Era insuportável. Pietro não sabia ouvir "não".

— Sempre tão prática. Mas acho que esta conversa merece um toque mais... pessoal.

— Não, não merece. – Continuei andando, mantendo o olhar fixo na porta de vidro à frente.

Pietro não desistiu. Ele caminhava ao meu lado, insistente, ignorando meus cortes frios como se fossem brisa.

— Clarisse, vamos, só alguns minutos.

— Não.

— Achou o meu pedido de casamento muito chato? Eu faço outro melhor.

O olhei mas uma vez, dos pés a cabeça. Pietro era incrivelmente lindo, e claramente um homem que veio direto da Itália. Ele sempre estava bem vestido com seus ternos caros. Mas a atitude que teve ao pedir minha mão em casamento na frente dos meus pais e depois que eu recusei ter me oferecido dinheiro para ter uma noite com ele, me fez apenas sentir nojo e não o ver mais como um homem e sim como mais um babaca parecido com o Frederico Bontelho.

— Você realmente está dificultando as coisas. — Ele disse sério.

— Sim, estou. Agora me deixe em paz.

Chegamos ao lado de fora, e eu finalmente parei, virando-me para ele.

— Pietro, não vou repetir. Pare de me seguir.

Ele deu mais um passo, invadindo meu espaço pessoal de forma que me fez recuar instintivamente.

— Você está exagerando, Clarisse. Só quero ajudar.

Foi então que ouvi uma voz familiar e, em seguida, senti a presença de alguém se aproximando rapidamente.

— Ela pediu para você deixá-la em paz. – Scott.

Antes que eu pudesse reagir, Scott avançou, empurrando Pietro para longe de mim. Pietro tropeçou um pouco, mas se manteve de pé, visivelmente irritado.

— Mas que diabos...

— Acho que ela já foi bem clara. – Scott rosnou, colocando-se entre mim e Pietro.

Eu fiquei parada, surpresa demais para dizer qualquer coisa. A tensão entre os dois era palpável, como se o ar tivesse ficado mais denso de repente.

Pietro ajeitou a gravata e me lançou um último olhar antes de recuar.

— Isso não acabou. – Ele disse, com um sorriso falso, antes de se afastar.

Fiquei ali, observando-o se afastar, enquanto meu coração ainda batia acelerado. Quando voltei meu olhar para Scott, ele parecia furioso.

— O que foi isso? – Perguntei, finalmente encontrando minha voz.

Ele não respondeu de imediato. Apenas olhou para mim, como se estivesse avaliando algo, antes de balançar a cabeça.

— Vamos sair daqui.

E, pela primeira vez naquele dia, não discuti.

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