Ricardo acha que traí ele

Voltamos para casa como um casal em lua de mel, paramos para lanchar em um posto de gasolina, só para podermos nos beijar um pouco. Chegamos em casa e o administrador vem me avisar que a área da piscina já está restaurada, larguei meu marido, na sala e disse:  

  — Fica aqui, vou ver como está a surpresa que estou preparando para você, dei um selinho nele e ia saindo, me puxou de volta e me deu um beijo que me amoleceu as pernas.

   — Isto foi só para te lembrar que vou ficar com saudades.  

  — Também vou, Ricardo, mas logo estaremos juntos de novo. Meu querido marido.

Vou com o administrador, e a área da piscina ficou ótima. Pedi para colocar algumas espreguiçadeiras e uma mesa para se colocar um lanche ou outra coisa.

Vários vasos de plantas dão um charme ao ambiente, tornando-o aconchegante. Eu pedi para diminuírem os vidros, porque não quero curiosos nos vendo na piscina.

O administrador trocou os vidros comuns por vidros refletivos, estas as pessoas que estão do lado de fora não veem o ambiente interno. Ficou perfeito.

 — Ficou ótimo, vou trazer Ricardo aqui mais tarde para ver o que ele acha, mas por mim, está aprovado.

— Fiz do jeito que a senhora pediu, o canil também já está pronto, a senhora quer ver?

— Não precisa, confio no senhor, vou arrumar dois cachorros para colocar lá, por favor, contrate um menino para cuidar dos cães para mim.   

— Sim, senhora, assim que contratar, levarei o rapaz para a senhora conhecer.  

— Pode voltar para o seu serviço, vou ficar mais um momento aqui. Deitei-me em uma espreguiçadeira e acho que dormi, fui acordando e sinto uma mão no meu quadril e um beijo.

Não recusei o beijo porque achei que era meu marido que me encontrou. Quando abri os olhos, vi um rapaz estranho me beijando, tentei empurrá-lo, mas não me larga, de repente ele é tirado de cima de mim e só vi Ricardo batendo nele. Vira na minha direção, furioso:  

— Achei estarmos nos entendendo, que você estava começando a gostar de mim, e você me trai debaixo do meu nariz, dentro da nossa casa?  

— Calma, Ricardo, não fiz nada, te prometi que não ia ter ninguém enquanto estivéssemos juntos e não te traí.

— Aquele cara estava em cima de você, e não me pareceu que você estava tentando impedir que ele te tocasse.  

— Eu dormi, quando acordei ele estava me beijando, não tive culpa, achei que era você, por favor, me escute.

— Como você quer que eu acredite, nisso? Eu vi, mais um pouco que demoro para vir te procurar, você ia estar dando para ele. Vira e sai, me deixa ali ainda tentando entender o que aconteceu. Por que aquele rapaz entrou ali e me beijou? Como vou fazer Ricardo acreditar que não tive culpa, que não quero outro homem que não seja ele, tem alguma coisa esquisita nessa história.

Fui em direção à casa e só vi Ricardo saindo como um vento, para onde será que ele vai?

Preciso tentar me explicar, o pior é que nem sei como.

“Ricardo”

 Saí do escritório, já com saudade da minha bela, perguntei para a Suzy se sabia onde ela estava, mas ela me respondeu que não.

Quando cheguei na sala, minha mãe estava lá me esperando. Vem me dá um abraço, e fala:

   — Filho, que bom ver você, cadê aquela sua esposa?   

— Não sei, mãe, também estou procurando por ela.  

— Você sabe que esta mulher não serve para você, ela é uma biscate, as mulheres assim nunca ficam com um homem só.

  — Mãe, isso é assunto meu e dela, e não quero que a senhora fale assim dela. Fizemos um juramento de que não vamos ter outros parceiros enquanto estivermos juntos.  

— E você acreditou nela? Ela não é de confiança.

  — Foi para isso que a senhora veio aqui, para estragar meu sossego?  

— Filho, eu só quero o seu bem. Você ainda vai ver que estou certa.   

— Vai embora, mãe, vou procurar minha esposa. Você não entende nosso relacionamento.

“Luiza, mãe de Ricardo”

Ele vai em direção ao jardim e eu fico ali olhando.   

— Me desculpa, filho, vou ter que te mostrar que ela não serve para você, espero que você se recupere do susto logo e volte a ser meu filho querido.

“Ricardo”

Saí para o jardim e logo vi o administrador da propriedade, chamei ele:  

— Seu Wilson, o senhor viu minha esposa.

  — A deixei na piscina, mas isso já faz algum tempo.

— Obrigado, seu Wilson, vou lá ver se ela continua lá.

Vou me aproximando e a porta está encostada, entrei e vi minha mulher se pegando com um cara, não acredito que ela está me traindo aqui? Dentro da nossa casa, como ela pode fazer isso comigo. Meu sangue ferveu, arranquei o cara de cima dela e bati nele.

Joguei ele para fora e me virei, olhando nos olhos da traidora. Ela me diz que não fez isso, como vou acreditar? Eu vi, está me doendo tanto saber que ela não sente nada por mim. Nossa, acreditei que ela tinha mudado, como vou viver? Parei de ouvir ela tentando se explicar e saí, preciso respirar, preciso ficar longe para colocar as ideias no lugar.

Liguei para meu amigo paraquedista e fui saltar, a adrenalina deve me ajudar a recuperar o controle. Cheguei, meu amigo já está perto do avião me esperando, mas percebe que eu não estou bem.   

— Ricardo, você tem que se acalmar, sabe que não deve saltar assim sem controle.  

— Vou saltar, você vem comigo ou vai ficar aqui me passando sermão?  

— Vou com você, mas precisa se acalmar, você sabe que não pode ter erros no salto, a tranquilidade pode significar o elo entre viver e morrer.

— Se eu morrer, vou encontrar meu pai e vou matar ele de novo, porque foi ele que me meteu nesse problema. Odeio meu pai, odeio a Eliza, eu me odeio, como pude me deixar enganar desse jeito?  

— Nem brinca com isso, Ricardo, problemas são para serem resolvidos e não adianta fugir deles. Vamos conversar, fale comigo, meu amigo.

— Foi por ficar falando que eu me meti nesse problema, agora não quero falar mais.

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