Nossa primeira briga

Entrei no quarto, Ricardo entrou atrás de mim, começou me beijar. De repente, me soltou e começou a falar:  

— O cara com quem você estava deve ser bom de cama, você passou o dia todo com ele, eu achei estarmos nos entendendo. Você me trocou pelo primeiro vagabundo que passou.

— Ricardo, eu não estava com ninguém.

— Você acha que sou idiota, você pode se achar livre, mas enquanto levar meu sobrenome, quero respeito, se você precisar de sexo, estou aqui e poço de satisfazer.

  — Ricardo, vou falar só uma vez e se quiser acreditar ou não, o problema é seu. Eu não estava com homem nenhum, estava no lar dos idosos trabalhando porque presto serviço voluntário lá uma vez na semana, e ve se para de gritar feito louco para os empregados acharem que nos entendemos. Agora vou tomar meu banho porque estou cansada, e não te devo satisfação.   

— E por que você desligou o celular e não avisou a ninguém? Te liguei o dia todo, custava me atender.

— Não estou acostumada a dar satisfação da minha vida para ninguém, não achei que você ia chamar a polícia devido a uma coisa tão simples.  

— Eliza, você sumiu o dia todo, podia ter te acontecido alguma coisa ruim.

Fiquei louco, cheguei em casa para almoçar com você e você não estava. Te esperei, você não apareceu, tentei falar com você, seu celular estava desligado, não sei viver assim, gosto de ser atendido quando ligo, gosto de saber onde as pessoas de que gosto estão.

Estou tentando fazer nosso relacionamento dar certo, mas preciso que você coopere, preciso que você queira também.

— Entendi tudo o que você falou, mas achei que, como nosso relacionamento não vai ser normal, então você não ia dar tanta falta de mim.

— O que você achou quando eu te disse querer tentar fazer dar certo?  

— Achei que era, só para não ficarmos brigando, tentar manter a paz. Que iríamos ser amigos.  

— Elisa, vou ser claro, eu quero que esse casamento seja o mais real possível, quero fazer parte da sua vida e quero que você faça parte da minha, quero conhecer seus amigos, quero que você me conheça, eu quero viver esse relacionamento com você, me entendeu agora?  

— Ricardo, nunca quis me casar, não sou acostumada a ter uma pessoa mandando em mim, então me dá um tempo para que eu me acostume. Vou me policiar e tento te avisar a cada passo que dou.  

— Você que não entende, eu não quero mandar em você, eu quero que compartilhemos as coisas, não quero que você mude, só quero que me respeite e me deixe fazer parte da sua vida.

“Eliza”

Fiquei olhando para ele e não soube o que responder.

Quando aceitei tentar, não imaginei que ia ser assim, nunca deixei ninguém se aproximar demais.

Porque não quero e não vou ser como minha mãe que teve um homem só e morreu de tristeza quando ele partiu, não vou deixar nada me dominar desse jeito, tive muito trabalho para fechar meu coração e não vou deixar ele se abrir para ninguém.

“Ricardo”

Quando cheguei em casa para almoçar com minha bela e ela não estava, achei que tinha ido visitar a amiga médica e logo voltava.

Mas as horas foram passando e nada dela aparecer. Tentei ligar e não me atendeu, mandei mensagem, não me respondeu, comecei imaginar outro homem tocando o que me pertence agora, não vou admitir, sou muito homem para suprir as necessidades que ela tem de qualquer coisa.

As horas foram passando e nada dela aparecer, aí comecei a achar que ela tinha ido embora e me abandonado.

Assim mesmo, chamei a polícia e, se tivesse acontecido algum acidente e ela estivesse machucada ou a sequestraram, eu estava tão fora de mim que, quando a vi bem, só tive vontade de tê-la em meus braços para suprir a dor que senti e o medo de perdê-la.

Se ela tivesse chegado e dado uma explicação, eu não teria surtado, mas me dizer que não me deve satisfação me tirou do sério.

Agora falei para ela tudo o que não devia, tinha intenção de ir devagar, ganhando terreno gradualmente, mas agora que deixei bem claro que quero que esse casamento seja real, vou pegar pesado até ela ceder e aceitar ser minha esposa, minha e de mais ninguém.

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