Meu casamento

Entrou nas minhas costas, me encostou em seu peito, passou suas mãos nos meus seios, abdômen e desce até perto da minha parte mais sensível, que quase grita pedindo para ele me tocar.

  — Minha bela, você é tão gostosa que estou ficando viciado em você.

— Ricardo, isso está errado, não faz parte do nosso acordo.

— Fica quieta e curte o momento comigo, sei que você quer isso tanto quanto eu, sinto seu corpo me chamando.

Beijou minha orelha, desceu beijando meu ombro, e eu me perdi, não vou conseguir resistir a ele.

Virei de frente, me encaixei nele e namoramos até a água ficar fria. Ele saiu comigo no colo, pegou a toalha, mas em momento algum me colocou no chão, foi comigo até a cama, sentou-se comigo em seu colo e foi me secando e beijando, deixando um trilho de fogo em cada beijo.

— Eliza, eu quero a cuidadora de cachorro na minha cama, porque o Pitbull está sedento por ela.

— Acho que deixei ela lá no apartamento, não vai dar.  

— Por que você está tão tensa? Nós já fizemos isso antes, e foi ótimo. Você está parecendo aquelas virgens sem graça.

Fiquei olhando para ele e minha vontade se acabou, grosso e insensível, saí do colo dele e fui me trocar, ele tentou me tocar e eu dei um tapa nele.   

— Ricardo, no dia em que você conseguir ser mais sensível, quem sabe eu consiga voltar a sentir alguma coisa por você, cometi um erro de novo, fiz o que jurei que não faria mais. Mas foi a última vez que transei com você.  

— Não consigo te entender, a primeira vez que namoramos você quase me devorou, agora fica com frescura.  

— Como não casamos ainda, eu posso dormir no quarto de hóspedes. Tchau, Ricardo.  

— O que aconteceu com ela? O que falei de errado? Ela me chamou de insensível, mas o que ela queria? Que numa altura dessa do campeonato eu fosse romântico?

“Ricardo”

Amanheceu e Eliza não saiu do quarto. O advogado chegou com o juiz de paz, está tudo pronto e ela não aparece. O advogado me perguntou:  

— Cadê a noiva, precisamos ir logo, o juiz tem outro compromisso.

  — Vou lá, chama-lá.

Quando cheguei na ponta da escada, Eliza vem descendo, tão linda que esqueci até o que estava fazendo ali.

Colocou um vestido vermelho de alcinha, que vem até acima dos joelhos, os cabelos loiros dourados até o meio das costas, caindo em ondas, a pele que parece que pede para ser tocada de tão macia, um batom vermelho nos lábios carnudos.

E o salto 15, que a deixo da minha altura, vem descendo as escadas e eu fiquei ali babando naquela mulher. Passou por mim e foi até onde estão o juiz e o advogado, e falou:   

— Vamos logo com isso, que tenho outro compromisso.

Os dois me olham sem entender, mas preferem se manter calados. Logo ficamos lado a lado e esperamos o juiz fazer a parte dele, assinamos os papéis e o advogado me dá uma caixinha com as alianças, nem isso lembrei, ela tem razão, sou um grosso. Coloquei a aliança no dedo dela e ela colocou a minha.

Em momento nenhum, ela me olhou nos olhos, ela disse que tem um compromisso, para onde será que ela vai vestida assim? Mal acabamos de assinar os papéis, ela vira e vai saindo, eu segurei o braço dela e perguntei:  

— Para onde você vai? Posso saber?  

— Vou comemorar meu casamento, me solta que já estou atrasada, minha companhia me espera.

Tive que pensar rápido, não vou aceitar que ela saia com outro homem estando casada comigo.  

— Você não vai sair para lugar nenhum, eu agora sou seu marido e exijo respeito.  

— Tira sua mão de mim, agora fiz minha parte do acordo e agora vou sair e quero ver quem vai me impedir. O advogado se mete:  

— Senhora Eliza, este casamento tem que ser real, senão os bens vão para uma instituição de caridade.  

— O senhor disse que eu tinha que casar com ele e não que eu precisava ser mulher dele.

— O que você achou que casamento real significava? Vocês vão ter que fazer dar certo ou perderão tudo.

“Ricardo”

Vejo Eliza fechar os olhos e voltar até onde estou, me pega pelo braço e fala para o advogado.   

— Fica tranquilo, doutor, vamos nos entender, só tivemos uma pequena discussão sobre qual lado da cama vamos dormir, mas já resolvemos isso, não foi meu Pitbull.

  — Sim, minha bela, já resolvemos. Os dois vão embora, ela soltou meu braço e ligou, seja lá para quem estava esperando por ela.  

— Não vai dar para sair hoje, mas assim que der te ligo e combinamos. Desculpa o bolo que te dei, mas agora tenho guardas me vigiando.

Desliga o celular e voltou para o quarto. Estou quase surtando com quem será que ela estava falando? Sou tão ruim de cama que ela já ia atrás de outro?

  “Eliza”

Vou dar uma lição em Ricardo, ou ele aprende a lidar com uma mulher de verdade, ou vou deixar ele perder tudo. Me arrumei como se fosse sair, e desci para assinar os papéis do casamento, fiz tudo para que ele achasse que eu ia atrás de outro. Vamos ver se vai ter medo de perder e vai pelo menos tentar me conquistar ou se vai ficar me tratando como se eu fosse a piranha da vez.

Sei que tivemos uma transa sem compromisso, mas agora é diferente, eu entrei nesse casamento para ajudá-lo. Ele pelo menos me deve gratidão. Assinei os papéis e fui saindo, ele me chamou de volta querendo saber para onde estou indo.

Quando respondi, o advogado se mete, estragou meu lance, mas tudo bem, quando eles saem, eu fingi ligar para alguém e me desculpei por deixar esperando, passei por ele e fui para o quarto, antes que ele explodisse.

Porque senti a bomba relógio que se formou próximo a mim enquanto eu falava com ninguém no celular.

Anoiteceu e a empregada veio avisar que o jantar estava servido. Não tenho intenção nenhuma de bancar a esposa amorosa.  

— Muito obrigado, mas não estou com fome.

  — O senhor Ricardo pediu que a senhora desça, por favor.

— Não vou, fala para ele comer sozinho, aliás, não fala nada, ele não merece nem o meu não.

— Senhora, ele vai ficar bravo comigo porque não consegui convencer a senhora a descer jantar.

  — Vai lá e entrega meu não, se ele ficar bravo com você, sobe me falar que falo com ele.

— Sim, senhora.

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