Fazendo um piquenique no jardim

Me aproximei, lacei meus dedos com os dele e perguntei.  

— Meu amor, você trouxe uma loja inteira só para mim.

Ricardo me olha com um sorriso radiante, eu quase me derreti, ergui meu corpo e marco território, dei um beijo na boca dele.

— Isso significa que você gostou da surpresa, minha bela. Se esse for o prêmio, vou fazer várias surpresas para você.  

— Sim, adorei. A moça tenta puxar assunto com ele.

— Que mulher não ia gostar de ter um marido tão atencioso assim, você é tudo de bom, Ricardo.

— Querida, pode tirar o olho que ele já tem dona e, por um acaso, sou ciumenta. Encarei a moça que muda de cor e tenta consertar a conversa.

— Claro que entendi, foi só uma observação, desculpa se te ofendi, senhora Eliza. Olhei para Ricardo e digo:

— Meu querido, me deixa sozinha com a moça para eu poder escolher a roupa que vou usar de noite para você.

— Claro, querida, vou esperar ansioso. Virei para a moça que está de cabeça baixa esperando, acabarmos nosso assunto e chamei.   

— Como você se chama?   

  — Rebeca, senhora.

— Vamos, Rebeca, ver o que meu marido escolheu para mim.  

— Vamos, sim, ele tem ótimo gosto, escolheu peças lindas. Comecei andar no meio das araras e fiquei alarmada com o tanto que ele me conhece, adorei todas as peças, ele focou nas cores preto, vermelho, branco e verde. Quando ela começou a me mostrar as peças íntimas, fiquei encabulada, nunca havia visto peças íntimas tão bonitas e tão delicadas.

“Rebeca”  

— Se você combinar o vestido verde com este conjunto preto, a liga vai aparecer cada vez que você der um passo, seu marido vai ficar louco para descobrir até onde vai a sua meia.

— Você tem razão, vou usar hoje à noite, pode deixar tudo o que separamos que minha secretária vai levar para meu closet.

Me despedi dela, chamei a Suzy e falei para ela levar tudo para o quarto e deixar o vestido verde e o conjunto preto em cima da cama, no quarto de hóspedes, para Ricardo não ver.

Fui à cozinha e pedi um jantar leve e fui dar uma volta na propriedade, porque tem partes que ainda não conheço.

Vi um espaço todo de vidro, cheguei perto e tem uma piscina olímpica, mas parece meio abandonado, tudo empoeirado e sujo, voltei para trás e fui no administrador da propriedade.   

— Boa tarde! Senhor Wilson.  

— Boa tarde! Senhora, posso ajudar em algo?

  — Sim, quero saber porque a piscina está abandonada?

— Na realidade, o senhor Ângelo não usava, então ficou sem manutenção.

— Tem mais alguma área sem manutenção?

   — Sim, o canil e o estábulo.  

— Temos cavalos?  

— Não mais, foram todos vendidos.

 _ Quero que o senhor se encarregue de fazer a manutenção de todas essas áreas, vou reativar todas elas, quero esta propriedade com tudo funcionando.  

 — Vou ter que pedir autorização do senhor Ricardo.  

— Tudo bem, fale com ele e comece logo, quero a piscina funcionando até o fim da semana. Estou conversando com o senhor Wilson, e sinto uma mão no meu ombro e nem preciso olhar para ver quem é.

— Pronto, senhor Wilson, meu marido está aqui, já pede a permissão para ele.

— Permissão para quê?

— Para ativar algumas áreas da propriedade, que estão desativadas, acho que nós dois vamos usá-las.  

— Senhor Wilson, se minha esposa quer reativar, faça, não precisa pedir permissão, não quero nem saber o que é, depois ela me mostra quais são.

— Certo, senhor, farei imediatamente.

  — Vim buscar você para almoçar comigo, vi a cozinha ativa preparando o jantar, então pedi dois lanches e suco para podermos comer no jardim.  

— Ótima ideia.

Pegou minha mão e fomos até o meio do jardim. Lá estava estendida uma toalha xadrez vermelha, tinha uma cesta de piquenique com mini cachorro-quente e suco. Sentei-me na toalha, ele sentou atrás de mim, me encostando nele, começamos a comer, ele me serviu o suco e disse:

— Vê se você gosta.

Provei, mas não consegui identificar de primeira que fruta foi usada.

— É bom, mas não conheço esta fruta.

  — É pitanga, meu suco predileto, e o seu, qual é?  

— Gosto de abacaxi, acerola, na realidade sempre tomei o que tinha, nunca me preocupei muito com o que mais gosto, estando doce e gelado qualquer um.

— Você tem um doce predileto?

  — Gosto demais de queijadinha e sorvete de abacaxi.

— Já entendi, sua fruta predileta é o abacaxi, eu também gosto da queijadinha.   

Tirou o pano que está cobrindo outra cestinha cheia de queijadinha. Quando levei a mão para pegar uma, ele me impediu.

— Vamos fazer assim, vou te fazer algumas perguntas e, se eu gostar da resposta, te dou um pedaço; se eu não gostar da sua resposta, como o doce e você fica olhando, combinado?

— Não sei se gostei disso, mas vamos lá, pode perguntar.  

— O que você sente por mim?

— Ricardo, não sei direito, sinto uma atração muito forte por você, mas não consigo dizer se é só isso, estou tentando descobrir. Ele corta um pedaço da queijadinha e põe na minha boca.

— Porque você tem medo de se entregar, de pertencer a alguma pessoa.

— Vi minha mãe se acabar depois que meu pai faleceu, e sei que foi por isso, ela amava ele mais que a ela mesma, quando ele se foi, ela perdeu a vontade de viver, eu jurei que não vou deixar acontecer comigo. Ele mordeu a queijadinha e veio até perto de mim e me beijou passando o pedaço para minha boca.

  — Conta sua semana para mim, assim não vou ter que chamar a polícia para te achar.

  — Passeio com cães dois dias da semana, normalmente segunda-feira e quarta-feira, de quinta-feira faço trabalho voluntário no lar dos velhinhos, de sexta-feira gosto de sair sem rumo, caminho sempre em lugares com pouca gente, a natureza me acalma.

— Eliza faltou terça-feira.  

— De terça-feira, tenho um compromisso particular, você não precisa saber.

— Preciso, sim, me conta e o dia do sexo, por isso você não quer me contar?

Vejo ela dar um suspiro e pensar se me conta ou não.  

— Certo, mas tenta não me achar louca, tá bom? E não tem nada a ver com sexo, sua mente é suja.

— Estou com a mente aberta.  

— Vou ao cemitério e passo o dia lá com minha mãe, levo lanche e, como com ela, conto como foi a minha semana, o que já tenho planejado para a próxima, com quem eu saí, se foi bom ou não.

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