Fui fazer meu trabalho voluntário e não avisei

Subimos para o quarto, eu estou tão ansiosa que me falta o ar, mas quando chegamos lá, ele me deixa e vai tomar banho. Ajeitei o sofá e deitei. Quando ouço ele saindo do banheiro, finjo dormir.

Ricardo sai do banheiro, vem beirando o sofá e fala:

   — Vou te conquistar, minha bela, já que tenho que viver com você, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para dar certo.

Ele vai em direção à cama e eu fiquei ali pensando no que ouvi, será que ele está falando sério? Vai tentar me conquistar? Não vou facilitar, vamos ver o quanto persistente você é, meu Pitbull.

Acordei sentindo cheiro de café, quando abri os olhos, tomei um susto. Ricardo está na minha frente com o short do dia em que transamos, meu cumprimentou.

  — Bom dia! Minha bela, dormiu bem?

   — Muito bem, obrigado.

   — A próxima noite, você vem dormir comigo na cama, não quero correr o risco de os funcionários verem você no sofá.

   — Não vou dormir com você, Ricardo.

  — Vai, sim, e garanto que você vai adorar meu corpo quente encostado no seu.

Vejo minha bela ficando vermelha, como pode? Nem parece a mesma mulher que praticamente me levou para a cama, outro dia.

“Eliza”

Nunca havia ficado com um homem tempo o suficiente para conhecê-lo, sempre foi sexo de uma noite, estou me sentindo esquisita, nervosa, não consigo me controlar, não sei lidar com esta situação.

Seu Ângelo, eu tinha minha vida totalmente sobre controle, agora o senhor destruiu tudo, é como se eu estivesse vivendo uma vida que não é minha, não sei se quero essa mudança, mas por enquanto estou presa nesse casamento.

Ainda tenho que lidar com esse sentimento que cresce dentro de mim, tenho medo do que pode acontecer, mas vou tentar viver um dia de cada vez.

— Elisa, vou fazer um acordo com você, quero te conhecer melhor, vamos começar de novo?

 Ela fica me olhando, parece que avaliando se aceita ou não, estica a mão e aceita, espera eu pegar a mão dela e fala:

   — Sou Eliza Rico, tenho 25 anos e amo minha liberdade.

   — Muito prazer, sou Ricardo Valentim, tenho 35 anos e gosto muito de mulheres bonitas.

   — Nossa, precisava ter falado a parte que gosta de mulher bonita, Ricardo.

  — Por que você ficou com ciúmes? Não precisa, minha bela, no momento estou tentando conquistar uma linda, loura de olhos azuis que está me tirando o juízo com quem fui obrigado a casar.

  — Não, porque eu teria ciúmes, você não é nada meu.

   — Só seu marido gostoso, não é?

Em poucos passos, está comigo nos braços e fala:

  — Não fala mais nada, estão nos vigiando e vou te beijar só para saber que estamos bem.

Me beija com paixão, não resisto e passo a mão no meio dos cabelos dele, sinto sua mão na cintura e a única coisa que ele faz é me encostar mais no corpo dele.

De repente, me solta e se afasta.

  — Você beija bem, minha bela, mas se quiser mais vai ter que me pedir.

Vira e sai da sala, o que será que ele quis dizer com pedir? Agora, ele vai querer que eu peça?

Hoje seria o dia em que eu iria visitar o lar dos velhinhos, não sei se vou ou não, mas acho que não vai ter problemas, o que pode dar errado? Só vou trabalhar o dia todo no meio de um bando de velhos, não é como se eu estivesse traindo meu marido.

Subi, me troquei e saí, não avisei ninguém para onde estou indo, não achei necessário, não vou fazer nada de mais, peguei um táxi na porta da mansão e fui até o lar.

Lá costumo passar o dia todo, desliguei o celular porque não quero nenhum intruso, e assim, em pouco tempo já tinha esquecido meus problemas, ali ajudando os idosos, almocei com eles e fiquei lá até perto das 18:00, quando todos vão para o quarto.

Me despedi das cuidadoras e saí para ir para casa assim que saí, liguei o celular e tinha 35 chamadas perdidas do Ricardo, fora as mensagens.

 Fui escutando e vendo as mudanças:

* As 10 primeiras querendo saber onde eu estava;

*As 10 seguintes, querendo saber com quem eu estava.

 Outras duas mensagens me pedindo desculpa e pedindo notícias.

As três últimas, eu consegui sentir o medo na voz dele de que eu não voltasse mais, acho que fiz merda, mas vou esperar chegar na casa para resolver.

Fui chegando e tinha três viaturas da polícia paradas no pátio. Entrei e estão todos tão entretidos avaliando alguma coisa que não percebem que cheguei. Quem me vê primeiro é a Suzy, que dá um grito, todo mundo vira olhar para mim, Ricardo passa por eles e me abraça.

   — Onde você estava, quase enlouqueci, achando que tinha te acontecido alguma coisa.

   — Estou bem, Ricardo, me solta.

Ele me solta e fala para os policiais.

  — Me desculpe pelo transtorno, mas minha mulher está bem e em casa.

O policial resolve me passar um sermão, eu sei que errei, não estou acostumada a dar satisfação de todos os meus passos a ninguém, mas ele não pode falar assim comigo.

— A senhora tem que avisar aonde vai para seu marido, nós temos mais coisas a fazer do que ficar procurando uma mulher fujona.

— Eu não tive a intenção de atrapalhar sua passada da padaria para comprar as rosquinhas da D. Joana. 

— Como você sabe, compro rosquinhas da D. Joana?

— Eu sei, policial Nunes, e sua avó está com saudades, dá uma passadinha lá no lar para fazer uma visita.

— A senhora tem razão, vou passar, fiquem bem e não fuja de novo, seu marido quase nos deixou loucos.

— Eu não fugi, só fui trabalhar, mas prometo avisar quando for sair. Muito obrigado por vossa atenção e desculpa qualquer coisa.

Levamos os policiais até a porta, esperamos irem embora e Ricardo parece que vai explodir comigo, não estou a fim de briga. Entrei e fui para o quarto tomar um banho.

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