— Ricardo, não se mete com essa menina, ela não serve para você.
— Por quê?
Porque ela é um espírito livre, e você precisa de uma mulher para casar e que te dê um herdeiro.
— Meu pai escolheu uma mulher para casar e ter um herdeiro e depois deixou minha mãe criar o herdeiro dele sozinha.
— Meu querido, seu pai só não quis que você fosse criado em um ambiente de discórdia e preferiu deixar sua mãe ir embora.
— Tá bom, tia, não vamos mais falar disso, eu preciso ir agora.
— Pensa no que te falei, e vai ao hospital ver seu pai, sua mãe já esteve lá e o perdoou, você também precisa ir.
Saí dali e fui para meu apartamento, passei a noite em casa e de manhã já tinha tomado banho e me arrumado para esperar a passeadora de cães. Coloquei um short jeans e mais nada, será que ela vai fugir de mim?
Deve ser menina de cidade pequena, vai sair correndo quando me vir.
O que vou dizer a ela quando perceber que não tenho um cão? Vai me achar um maníaco, tarado, vou colocar uma camiseta, a campainha toca e agora não dá tempo de mudar meus planos.
Abri a porta e lá está ela, tão linda quanto o dia anterior, chamei para entrar e logo ela pergunta do cão.
Quando digo que não tem cão, ela dá uma parada e vem na minha direção, começa me beijar.
Tomei um susto, parei o beijo e tentei falar com ela. Ela simplesmente me perguntou se quero que vá embora, se não foi para isso que chamei ela aqui.
Vou até ela e levo para o quarto, fazemos um amor louco, que mulher parece saber tudo que eu gosto. Fazia muito tempo que não tinha uma transa tão prazerosa quando acabou, vejo ela se levantar e se trocar, não quero que vá embora.
Tentei abraçá-la e perguntei quando nos veremos de novo, e me dispensou como se este fosse o fim.
Não vai ser o fim, nunca fui dispensado desse jeito, eu não quero que acabe, só vai acabar quando eu achar que acabou, mas deixei ela ir embora, depois vejo como me aproximar de novo. Vou ter que fazer minha tia me dar o contato dela, ou o endereço.
Meu celular começa a tocar, é um amigo que faz paraquedismo comigo.
— Ricardo, vamos saltar? Estou com todo o equipamento pronto.
— Hoje não vai dar, eu estou precisando descansar.
— Quem é a mulher? Me apresenta porque deve ser boa de cama, para ter te derrubado assim.
Não sei por quê, mas não gostei do jeito que ele falou dela, resolvi desconversar.
— Não é uma mulher, meu pai está morrendo e eu tenho que ir visitá-lo no hospital.
— Nossa, Ricardo, me desculpe a brincadeira, eu não tinha como saber.
— Não tem nada, meu amigo, vamos marcar para o final de semana?
— Está marcado, só me liga antes para eu me programar.
— Combinado, eu ligo sim.
E isso aí, pai, pelo menos o senhor me serviu de álibi.
Voltei a pensar no meu problema mais difícil de resolver, tenho que resolver se vou ver meu pai ou se espero ele morrer e vou ao enterro.
Nossa, não sei se quero vê-lo no hospital, mas minha tia tem razão. Se não for, como vou me perdoar depois? Querendo ou não, ele ainda é meu pai.
“Eliza”
Voltei para casa, tomei um banho e mesmo assim ainda sinto o cheiro dele na minha pele, e as marcas do amor que fizemos vão demorar alguns dias para sumir. Como vou conseguir esquecer aquele homem? Será que se eu abrir uma acessão no meu código e transar com ele mais uma vez, vai dar problema?
Meu celular apita, olho, é uma mensagem de minha amiga avisando que tem um homem em estado terminal e que a família precisa de alguém que fique com ele dois dias. Aviso que estou disponível, peguei minha roupa de enfermagem, hoje vou ter que ir de saia, a calça ainda não secou e fui para o hospital.
Cheguei na portaria, mandei uma mensagem para minha amiga avisando que estou aqui. Não demora muito, ela vem me encontrar e me leva para dentro.
Começa a me falar:
— Eliza é o senhor Ângelo Venturelli, ele vai ser colocado em coma induzido porque o câncer dele está muito avançado e ele optou por não sentir dor. A família foi avisada para poder se despedir dele, então vai ser muito tenso.
— Entendi, pode deixar que ficarei bem quieta e manterei ele tranquilo.
— Ele quer muito ver o filho, mas aparentemente o filho não quer o ver.
— Nossa, que triste, vou rezar para ele vir ver o pai. Se eu tivesse mais um minuto com minha mãe, ficaria feliz só em poder abraçá-la.
Entramos no quarto, tem uma senhora muito bem vestida, vem e me cumprimenta.
— Boa tarde, sou Luiza, ex-esposa de Ângelo, peço que você fique com ele, eu vou ter que ir embora, tenho alguns compromissos e não queria deixá-lo sozinho.
— A senhora tem alguma recomendação?
— Não, só não o deixe sozinho. Assim que tudo acabar, mando seu pagamento.
— Ok, a senhora pode mandar no Pix da doutora que ela me passa.
Fui em direção à cama, olhei para aquele senhor tão frágil e sinto pena. Peguei a mão dele e cumprimentei.
— Boa tarde, senhor Ângelo, sou Eliza Rico e vou estar aqui com o senhor estes dias, o que o senhor precisar é só pedir.
— Oi, menina, colocaram você para ficar com o moribundo?
— Vamos fazer estes dias parecerem mais calmos, se o senhor tiver dor me avisa.
— Estou bem, pode ir embora, Luiza, eu estou em boas mãos.
Luiza foi embora, eu sentei beirando a cama e comecei a conversar com seu Ângelo.
— Me fala sobre você, como é sua vida?
Resolvi fazer igual à minha mãe fazia, quando queria me distrair de algo ruim, inventar uma história.
— Vou contar um segredo para o senhor, mas por favor não conte a ninguém, porque se os outros souberem vão me achar louca.
— Pode contar, eu te prometo não contar para ninguém.
— Sou uma princesa de um reino distante, fui sequestrada e me trouxeram para cá, agora vivo tentando arrumar um modo de voltar para casa.
— E como era o nome do seu reino?
— Reino das almas perdidas.
— Seu reino é bonito, próspero?
— Sim! Muito bonito, minha mãe, a rainha Violeta, mantém tudo sempre florido, ela adora margaridas, temos de várias cores.
— Sua mãe se chama Violeta Rosa?
— Sim! Como o senhor adivinhou que nem tudo era história?
— Seu sobrenome é Rico, eu conheci uma moça chamada Violeta Rico, não poderia ser outra.
— O senhor conheceu minha mãe?
— Sim, conheci, como ela está? Eu queria poder vê-la antes de morrer.
— Ela morreu faz dois anos de um câncer como o senhor.
— Então vou vê-la do outro lado, ou talvez não, sua mãe foi a moça mais gentil que conheci, acho que vou para o inferno e ela deve estar entre os anjos.
— Se o senhor encontrar com minha mãe, diga para ela que estou bem e seguindo em frente como prometi.
— E o namorado? Ou você é casada?
— Eu não gosto de compromisso, e não vou deixar ninguém controlar minha vida, não tenho namorado e nem marido.
— Você é bonita demais para viver sozinha, sua mãe não iria querer isso.
— Todos os problemas da minha mãe começaram quando meu pai morreu. Ela dedicou sua vida toda a ele, quando se viu sem meu pai, entrou em depressão e logo veio o câncer. Ela nem tentou lutar contra a doença, se entregou dizendo que iria encontrar o amor da vida dela e eu fiquei sozinha.
— Eu queria ter tempo para te ajudar, porque a vida é feita de momentos e você está se apegando nos momentos errados. Não deixe a felicidade passar por você, o amor é uma dádiva, procure por ele. Sua mãe morreu e foi encontrar o amor da vida dela, não pense que ela te trocou pelo amor do marido, ela só não conseguiu viver aqui sem ele e sabia que se continuasse aqui ia te destruir.
— Acho que o senhor está falando mais do senhor do que de mim. Pelo que fiquei sabendo, o senhor abandonou seu filho pequeno e foi embora.
— Foi minha mulher que me deixou e foi embora levando meu filho com ela. Amo meu filho e não o procurei porque sei como a mãe dele é ruim e pode prejudicá-lo só para me atingir. Sempre estive por perto, e um dia ele vai descobrir.
— Tenho certeza de que sim.
— Princesa, quero um remédio para dor e preciso descansar.
— Claro, senhor Ângelo, já vou providenciar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 49
Comments
Elenice Martins
não tem foto dela
2025-04-07
1
Meire Garcia
dóis loucos kkkkkk
2024-11-09
4
Dulce Tavares
ele viu???🤭🤭🤭🤭😂☺️
2024-09-13
2