Buscando minhas coisas

Minha amiga vira para ele e, com o dedo na cara dele, fala:

— Vou querer ver como vocês dois vão conseguir viver juntos. Minha amiga é uma pessoa que não gosta de amarras, e sua família vai surtar quando a conhecer melhor e ver que dentro de suas convenções sociais ela não se encaixa em nenhuma.  

— Nossa, Suellen, eu não sou tão fora assim, sei me comportar.

— Moro com você há dois anos e te conheço muito bem, vou assistir de cadeira às mulheres da sociedade se contorcendo com suas peculiaridades. Você é diferente delas e nunca vai se encaixar naquele mundo certinho, que elas acreditam ser o correto.

Virei para Ricardo, e ele está com as mãos cruzadas no peito com um olhar que eu não sei se é de riso ou curiosidade.

— Vou pegar minhas coisas e já vamos, Suellen, eu vou continuar te auxiliando no aluguel porque assim que essa loucura acabar volto para minha vida.

Suellen dá um sorriso, me abraça e diz:  

 _Tudo bem, Eliza, mas nunca mais vai voltar a ser como antes. A partir de amanhã, sua vida vai mudar totalmente, a vida deles é cheia de etiquetas e maneirismos.

Vou te dar um conselho, não mude por ninguém e não deixe ninguém te humilhar.

Você é a melhor pessoa que eu já conheci, e eles são esnobes e sem profundidade. Vai lá e mostra para eles a mulher incrível que você é, e Ricardo tenta não magoar minha amiga.

— Pode deixar Suellen, vou estar sempre por perto. Peguei uma mala e coloquei algumas peças de roupa que mais gosto de usar e meus apetrechos, brincos, perfume, maquiagem e sapatos. O resto, larguei ali, se precisar, eu busco, e também é um jeito de eu poder voltar correndo para meu mundo a qualquer momento.

Me despeço de Suellen e vamos para o elevador. Quando estamos chegando no térreo, Ricardo passa a mão na minha cintura e sai abraçado comigo. Tentei me afastar e ele falou:  

— Fica boazinha, é para o motorista ver que estamos nos dando bem.  

— Tudo bem, mas não exagera.  

— O que você diz que é exagero? Isso? Me vira de frente e me beija, subindo as mãos pelo meu quadril até perto de meus seios. Não me mexo, mas estou com os olhos abertos, encaro-o e mordo o lábio. Ele para o beijo, mas não me solta, pega um lenço no bolso, limpa o sangue e diz:   

— Vamos ter que conversar sobre sua força, porque se você morder o Pitbull assim, vou ficar estéril e o herdeiro não virá.  

— É só você se manter em seu lugar que não te mordo, me soltei dele e vou em direção ao carro e não sei nada de herdeiro.

Ricardo entregou minha mala para o motorista e sentou ao meu lado no carro, pegou minha mão e deu um beijo, não soltou e assim vamos de volta para a mansão.

Quando chegamos, Ricardo manda o mordomo levar minha mala para o quarto principal, e já é hora do almoço. Ricardo me leva até a mesa, puxa a cadeira para que eu sente, e senta ao meu lado. O mordomo vem e traz os talheres para o lugar onde ele sentou porque tinha sido posto na cabeceira da mesa.   

 — Ricardo, você deveria sentar lá, no lugar do dono da casa.  

— Vou sentar aqui ao lado da minha esposa, exceto se você não me quiser aqui perto de você.

Olhei em volta e tem um empregado esperando para nos servir, então entendi que ele fez isso para parecer de verdade, então falei:

  — Claro que você pode ficar aqui ao meu lado, querido, assim vou sentir menos sua falta. Vejo faíscas nos olhos dele, ele pega minha mão e beija, depois vai chupando dedo por dedo, quando chega no último, vira minha mão e lambe a palma, um toque tão simples que me acende como uma fogueira, tentei puxar a mão, mas ele não deixa, e me fala:

— Estou queimando por você, não vejo a hora que anoiteça para ter você em meus braços. Olhei na direção do funcionário e ele está de costas nos dando privacidade. Engoli em seco e tentei falar o mais normal possível.

  — Vamos almoçar, estou faminta, não tomei café pela manhã, não imaginei que minha vida iria mudar tanto em tão pouco tempo.

— Vamos, minha bela, mas que fique claro que minha fome não vai ser saciada com comida. Dei uma risada e preferi não responder para ele, mas não pretendo dormir na mesma cama que ele, de jeito nenhum.

Depois do almoço, ele foi com o advogado se inteirar de como a empresa do pai dele funciona. Quais as propriedades, coisas que ele vai ter que saber lidar, como ele ficou 20 anos fora da empresa do pai, muita coisa ele não sabe como está.

Pelo que ouvi das fofocas dos empregados, ele tem mais bens que os que foram herdados, tudo adquirido com muito trabalho, então meu Pitbull é trabalhador e inteligente, só vai somar as fortunas.

Por que será então que ele ficou tão preocupado em perder a herança se ele nem precisava dela? Pode ser ganância, mas ele não me parece tão ganancioso assim, mas conheço ele pouco para ter certeza.

A noite chegou e Ricardo não voltou para casa, acho que deve ter achado algum divertimento pela rua, galinha sempre galinha.

Nosso compromisso será firmado só amanhã, na certa foi fazer a despedida de solteiro em alguma boate.

Subi para meu quarto, quer dizer, para nosso quarto e resolvi tomar banho, não fechei a porta porque deduzi que ele ia dormir fora. Enchi a banheira e entrei na água morna, com sais de banho florais. O cheiro tomou conta do banheiro e fui relaxando na água.

Fechei os olhos e estou me deliciando com a sensação da água por todo meu corpo. De repente, sinto mãos massageando meu corpo, abri os olhos assustada e Ricardo está sem camisa me lavando com uma buchinha macia. Tentei me levantar, mas lembrei que estou nua, sentei de volta na água.   

— O que você está fazendo? Saí daqui?  

— Estou dando banho em minha mulher, e como você está no meu quarto, no meu banheiro, não vou sair, vou entrar aí com você.

  — Não, Ricardo, me deixa sair, aí você entra.  

— Não sai daí, senão te ponho de volta. Vejo ele tirar o resto da roupa e entrar na banheira comigo, estou tendo uma crise de ansiedade, jurei que não ia fazer isso com ele de novo, mas como resistir a um homem tão gostoso pelado, esfregando uma buchinha em todo meu corpo?

Se tudo isso não fosse uma tortura suficiente, ainda tem uma voz de locutor de rádio e cada vez que fala me arrepia todos os pelos do meu corpo.

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