Capítulo 13: A Verdade Velada

A notícia chegou até Arüna pouco depois de que Kaur iria falar com o bárbaro. Ele insistiu em participar do interrogatório, apesar dos protestos de Kaur.

— Você não está em condições de lidar com isso. — disse Kaur, cruzando os braços.

— É o meu povo que está sendo acusado. Eu tenho o direito de ouvir o que ele tem a dizer.

Kaur bufou, mas cedeu.

— Não é como se fosse mudar algo, mas já que quer tanto.

Na masmorra, o ar era pesado e úmido. Kaur segurou o braço de Arüna antes que encontrassem a cela do homem.

— Não se aproxime dele, pode perguntar o que quiser, mas não saia de perto de mim.

O bárbaro capturado estava acorrentado, mas ainda assim mantinha uma postura desafiadora. Ele olhou para Arüna e Kaur com um sorriso irônico.

— Então, a realeza veio me ver. Que honra.

— Fale. — disse Kaur, sem paciência.

O bárbaro riu.

— Eu não te sirvo, não lhe devo satisfação.

— Já matei 3 de vocês ao ar livre, agora num cubículo não iria nem demorar. Mas se não cooperar farei questão de que você morra um pouquinho cada dia.

— Faça o que quiser, tudo que fiz foi pelo meu povo.

— O tratado de paz foi zelado com o meu casamento com a filha do seu líder, então você é um traidor.

— Filha? —O bárbaro olhou para Arüna e riu novamente— O filho mais novo do meu rei se parece com uma mulher entre as pernas?

— ...! Como ousa-

Antes que Arüna pudesse terminar sua indignação Kaur pegou a espada e fincou a perna do bárbaro chão. O fazendo gritar de dor.

— Você adora fazer graça, não é? Ria agora. Eu quero ver se você é tão otimista como tá parecendo ser.

— Desgraçados! Sodomistas imundos. Seu pai príncipe Arüna vai morrer de repulsa quando souber que se deitou com esse maldito!

Arüna gelou por um momento, então Kaur voltou a palavra ao bárbaro:

— Desembuxa como você sabia onde estávamos naquele dia.

— Eu falo, mas vocês não vão gostar haah...

— Pode ter certeza de que vou, adoro confusão.— Kaur se aproximou, retirando a espada de sua perna. — Fale agora ou...

— Tudo bem, tudo bem. — interrompeu o bárbaro, levantando as mãos. — Há um traidor no castelo. Um de vocês... Haah

Arüna sentiu um calafrio.

— Quem? — perguntou ele, a voz baixa.

— Eu não sei o nome. — respondeu o bárbaro. — Mas ele nos dá ouro, informações, tudo o que precisamos.

— Mentiroso. — Kaur apertou o punho da espada.

— É verdade! — insistiu o homem. — E vou dizer mais: ele não quer apenas ouro. Ele quer vocês mortos. Principalmente o príncipe.

O silêncio caiu sobre a sala. Kaur e Arüna trocaram um olhar tenso.

— Quem sabia da nossa rota? — perguntou Arüna, a voz vacilante.

Kaur franziu o cenho.

— Poucas pessoas. Cinco apenas.

O silêncio na masmorra era quase insuportável após a revelação do bárbaro. Arüna sentia o peso de cada palavra ecoando em sua mente, enquanto Kaur mantinha os olhos fixos no prisioneiro, tentando encontrar alguma falha na história.

O bárbaro sorriu, exibindo dentes quebrados.

— Não vou entregar meu benfeitor assim tão fácil. Se é o que esperam. Mas vou te dizer isso: ele é alguém que o "príncipezinho" conhece muito bem.

Arüna congelou.

— Está mentindo.

— Estou? — o bárbaro retrucou, inclinando-se para frente o máximo que as correntes permitiam. —Sua Alteza deve usar a cabeça.

O coração de Arüna quase parou. Kaur voltou-se para o prisioneiro.

— Se está mentindo, vai desejar que nunca tivesse nascido.

O bárbaro riu, como se estivesse diante de um jogo que só ele compreendia.

— Eu já desejei isso há muito tempo, meu senhor. Mas desta vez, não estou mentindo.

Nos Aposentos de Arüna.

Horas depois, Arüna estava em seus aposentos, andando de um lado para o outro. As palavras do bárbaro ecoavam em sua mente. Ele tentava afastá-las, mas a dúvida era como um veneno, infiltrando-se lentamente.

A porta se abriu, e Indah entrou, carregando uma bandeja com chá quente.

— Você deveria descansar. — disse ele, colocando a bandeja na mesa ao lado. — Está ferido, Arüna.

— Não consigo. — Arüna respondeu sem olhar para ele, o tom frio e distante.

Indah hesitou, observando-o.

— O que aconteceu na masmorra? — perguntou, sua voz carregada de preocupação genuína.

— Nada que você já não saiba. — Arüna respondeu, sem pensar.

Indah franziu o cenho.

— O que quer dizer com isso?

Arüna finalmente o encarou, os olhos cheios de incerteza e algo mais profundo — uma pontada de desconfiança.

— Você sabia da rota, não sabia?

— O quê? Claro que não! — Indah respondeu rapidamente, quase ofendido.

Arüna cruzou os braços, como se quisesse se proteger.

— Os bárbaros sabiam exatamente onde atacar. Como explicaria isso?

Indah deu um passo à frente, os olhos implorando.

— Não sei como eles souberam, mas juro por tudo que é sagrado, eu não tive nada a ver com isso. Você acredita em mim, não acredita? Eles nem deveriam ter ficado por aqui.

Arüna desviou o olhar, a luta interna evidente em sua expressão.

— Eu quero acreditar.

Indah tocou o braço de Arüna, o gesto gentil, mas carregado de emoção.

— Então acredite. Estou ao seu lado, sempre estive.

Por um momento, Arüna quase cedeu. O toque de Indah, o tom de sua voz — tudo parecia tão verdadeiro. Mas a dúvida permanecia, como uma sombra impossível de dissipar.

Enquanto isso, Kaur... Do lado de fora, Kaur observava a porta fechada dos aposentos de Arüna. Ele havia deixado soldados de confiança vigiando o prisioneiro e agora estava imerso em pensamentos. As palavras do bárbaro ainda ecoavam em sua mente.

— Indah... — murmurou para si mesmo.

Kaur não era um homem de confiar facilmente, e, para ele, coincidências eram um luxo que ninguém podia se dar. Ele decidiu que, antes de tomar qualquer atitude, precisava de provas.

— A verdade sempre encontra uma forma de emergir. — disse, antes de se virar e desaparecer no corredor escuro.

Naquele fim de tarde, enquanto estava sentado em sua cadeira no salão menor, com o seu olhar fixo no copo de vinho à sua frente, Kaur matutava as palavras do bárbaro ecoavam em sua mente como uma tempestade incessante. Ele não era um homem que ignorava suspeitas, e algo em Indah o incomodava profundamente.

— Rahim. — chamou, sua voz baixa, mas firme.

Um jovem de rosto sério e olhos atentos emergiu das sombras. Rahim era um de seus servos mais confiáveis, treinado para ser discreto e eficiente.

— Meu senhor?

Kaur levantou os olhos, fixando-os no jovem.

— Quero que siga Indah. Não chame atenção. Não interfira. Apenas observe. E me reporte tudo.

Rahim inclinou a cabeça em obediência.

— Será feito.

— E Rahim... — Kaur continuou, sua voz mais baixa. — Se ele fizer algo que pareça... suspeito, quero saber imediatamente.

O servo assentiu antes de desaparecer tão silenciosamente quanto havia chegado.

Ainda nos aposentos de Arüna, Indah estava de pé diante dele, os olhos cheios de preocupação e algo mais — culpa, talvez? Ele tentava suavizar a tensão entre eles, mas Arüna permanecia fechado, sua postura defensiva.

— Arüna, você precisa confiar em mim. — Indah disse, a voz quase suplicante. — Não tenho nada a esconder de você.

— Nada a esconder? — Arüna retrucou, com uma risada amarga. — E como explicaria o que aconteceu? Como explicaria os bárbaros saberem exatamente onde atacar?

Indah deu um passo à frente, estendendo a mão para Arüna.

— Eu não sei. Mas vou descobrir. Eu juro, por você.

Arüna hesitou, seus olhos procurando algo nos de Indah. Verdade? Mentira? Ele não sabia mais.

— Indah, se eu descobrir que está mentindo...

— Não estou. — Indah o interrompeu, a voz firme. — Nunca faria nada para te machucar. Como eu poderia fazer mal a você...?

Arüna desviou o olhar, lutando contra a confusão que sentia. Indah tocou seu braço gentilmente, mas Arüna não retribuiu o gesto.

Enquanto isso, Rahim já o seguia Indah discretamente, mantendo uma distância segura. Ele o observou deixar os aposentos de Arüna com passos rápidos e a expressão fechada. Indah parecia inquieto, olhando por cima do ombro ocasionalmente, como se soubesse que estava sendo observado.

Rahim era habilidoso em desaparecer na multidão, mas algo em Indah o fazia desconfiar. O homem parecia estar em alerta, como alguém que sabia demais.

Quando Indah virou em um corredor menos movimentado, Rahim o seguiu com cautela, notando que ele parecia estar se dirigindo para uma área do castelo que raramente era usada.

— O que você está escondendo? — murmurou Rahim para si mesmo, mantendo-se fora de vista.

Indah parou abruptamente, olhando ao redor antes de entrar em uma pequena sala lateral. Rahim se aproximou silenciosamente, encostando-se à parede e ouvindo com atenção.

Indah parecia estar falando com alguém, mas a voz era baixa demais para Rahim distinguir as palavras. Ele arriscou uma espiada pela fresta da porta e viu Indah segurando um pequeno pedaço de papel, que ele rapidamente escondeu dentro de sua túnica.

Antes que Rahim pudesse observar mais, Indah saiu da sala, quase esbarrando no servo. Rahim conseguiu se esconder a tempo, mas sentiu o coração acelerar.

— Preciso reportar isso ao senhor Kaur. — pensou, enquanto seguia Indah à distância novamente.

continua...

Capítulos
1 Capítulo 1: a solução
2 Capítulo 2: A mentira, o noivo e o amante.
3 Capítulo 3: Na noite antes das núpicias
4 Capítulo 4: Esposa do Assassino, Assassina é
5 Capítulo 5: Temidos como devem ser
6 Capítulo 6: Consumido
7 Capítulo 7: Núpcias 1
8 Capítulo 8: Núpcias 2
9 Capítulo 9: Depois da Tormenta
10 Capítulo 10: Máscaras no Gelo
11 Capítulo 11: Farpas e Lâminas
12 Capítulo 12: Sob o Peso das Sombras
13 Capítulo 13: A Verdade Velada
14 Capítulo 14: Farpas e Cicatrizes
15 Capítulo 15: Ecos da Perda
16 Capítulo 16: Lâminas na Escuridão
17 Capítulo 17: Sol da comitiva
18 Capítulo 18: Traição e traidor
19 Capítulo 19: Sombras e Silêncios
20 Capítulo 20: Venenos e Verdades
21 Capítulo 21: Fios de Traição
22 Capítulo 22: Sombras do Julgamento
23 Capítulo 23: Entender
24 Capítulo 24: Fios de Traição e Verdades Veladas
25 Capítulo 25: O Confronto nas Sombras
26 Capítulo 26: Cicatrizes de Sangue
27 Capítulo 27: O Eco da Traição
28 Capítulo 28: Os Ecos da Traição 2
29 Capítulo 29: A Sombra do Luto
30 Capítulo 30: Sombras da confiança
31 Capítulo 31: Peso do Retorno
32 Capítulo 32: Marcas do Passado, Promessas do Futuro
33 Capítulo 33: Sombras e Intrigas em Calavag.
34 Capítulo 34: Jogo de honra e poder
35 Capítulo 35: Sob o Véu da Desconfiança
36 Capítulo 36: Jogos das sombras
37 Capítulo 37: Coração na tempestade
38 Capítulo 38: O frio da lâmina
39 Capítulo 39: Profundezas penadas
40 Capítulo 40: O Círculo se Fecha
41 Capítulo 41: Um Encontro de Sombras
42 Capítulo 42: O Retorno do Príncipe
43 Capítulo 43: Até a última gota de sangue
44 Capítulo 44: Correntezas do destino
45 Capítulo 45: A Cela da Condenação
46 Capítulo 46: O Prisão de Mentiras
47 Capítulo 47: Entre Correntes e Promessas
48 Capítulo 48: Sob a febre e o toque
49 Capítulo 49: Desejo e Dever
50 Capítulo 50: Ecos de vitória
51 Capítulo 51: Honra e Vitória
52 Capítulo 52: O que deu de errado?
53 Capítulo 53: Incertezas da Guerra
54 Capítulo 54: Entendendo os desentendidos
55 Capítulo 55: Limite da Rendição
56 Capítulo 56: Entrelaçados na Guerra
57 Capítulo 57: O último Caos.
58 Capítulo 58: A Fria Chuva
59 Capítulo 59: Confusão da Rainha
60 Capítulo 60: Silêncio da tenda
61 Capítulo 61: Caminhos do Sul
62 Capítulo 62: Novos Caminhos
63 Capítulo 63: As Cicatrizes do Passado
64 Capítulo 64: Afeto inegável
Capítulos

Atualizado até capítulo 64

1
Capítulo 1: a solução
2
Capítulo 2: A mentira, o noivo e o amante.
3
Capítulo 3: Na noite antes das núpicias
4
Capítulo 4: Esposa do Assassino, Assassina é
5
Capítulo 5: Temidos como devem ser
6
Capítulo 6: Consumido
7
Capítulo 7: Núpcias 1
8
Capítulo 8: Núpcias 2
9
Capítulo 9: Depois da Tormenta
10
Capítulo 10: Máscaras no Gelo
11
Capítulo 11: Farpas e Lâminas
12
Capítulo 12: Sob o Peso das Sombras
13
Capítulo 13: A Verdade Velada
14
Capítulo 14: Farpas e Cicatrizes
15
Capítulo 15: Ecos da Perda
16
Capítulo 16: Lâminas na Escuridão
17
Capítulo 17: Sol da comitiva
18
Capítulo 18: Traição e traidor
19
Capítulo 19: Sombras e Silêncios
20
Capítulo 20: Venenos e Verdades
21
Capítulo 21: Fios de Traição
22
Capítulo 22: Sombras do Julgamento
23
Capítulo 23: Entender
24
Capítulo 24: Fios de Traição e Verdades Veladas
25
Capítulo 25: O Confronto nas Sombras
26
Capítulo 26: Cicatrizes de Sangue
27
Capítulo 27: O Eco da Traição
28
Capítulo 28: Os Ecos da Traição 2
29
Capítulo 29: A Sombra do Luto
30
Capítulo 30: Sombras da confiança
31
Capítulo 31: Peso do Retorno
32
Capítulo 32: Marcas do Passado, Promessas do Futuro
33
Capítulo 33: Sombras e Intrigas em Calavag.
34
Capítulo 34: Jogo de honra e poder
35
Capítulo 35: Sob o Véu da Desconfiança
36
Capítulo 36: Jogos das sombras
37
Capítulo 37: Coração na tempestade
38
Capítulo 38: O frio da lâmina
39
Capítulo 39: Profundezas penadas
40
Capítulo 40: O Círculo se Fecha
41
Capítulo 41: Um Encontro de Sombras
42
Capítulo 42: O Retorno do Príncipe
43
Capítulo 43: Até a última gota de sangue
44
Capítulo 44: Correntezas do destino
45
Capítulo 45: A Cela da Condenação
46
Capítulo 46: O Prisão de Mentiras
47
Capítulo 47: Entre Correntes e Promessas
48
Capítulo 48: Sob a febre e o toque
49
Capítulo 49: Desejo e Dever
50
Capítulo 50: Ecos de vitória
51
Capítulo 51: Honra e Vitória
52
Capítulo 52: O que deu de errado?
53
Capítulo 53: Incertezas da Guerra
54
Capítulo 54: Entendendo os desentendidos
55
Capítulo 55: Limite da Rendição
56
Capítulo 56: Entrelaçados na Guerra
57
Capítulo 57: O último Caos.
58
Capítulo 58: A Fria Chuva
59
Capítulo 59: Confusão da Rainha
60
Capítulo 60: Silêncio da tenda
61
Capítulo 61: Caminhos do Sul
62
Capítulo 62: Novos Caminhos
63
Capítulo 63: As Cicatrizes do Passado
64
Capítulo 64: Afeto inegável

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!