A manhã chegou fria novamente, mas o castelo estava em um caos inusitado. O som de gritos e passos apressados ecoava pelos corredores, misturando-se com o barulho das portas sendo abertas e fechadas com pressa. Arüna acordou sobressaltado, o coração batendo forte no peito. Ele levantou-se rapidamente, ainda atordoado, ouvindo os murmúrios abafados que chegavam até seu quarto. Algo estava errado.
Levantou-se da cama, os olhos vagos, e caminhou até a janela. O pátio lá em baixo estava agitado. Servos e soldados corriam de um lado para o outro, alguns falando em voz baixa, outros com expressões tensas. O que acontecia?
Arüna vestiu-se rapidamente, apanhando a capa de linho que Indah havia-lhe dado, e saiu do quarto. Quando Arüna se dirigiu para perto do átrio de entrada do Palácio os criados tentaram detê-lo:
— Sua Alteza, por favor, volte para seus aposentos. Não é seguro aqui. — o servo disse, com a voz baixa e urgente.
Arüna o ignorou e tentou seguir em frente, determinado a entender o que estava acontecendo. Mas o deteram de novo.
— a minha Rainha, não deve passar por aqui!
— Realmente! A minha Senhora não deve ter tal visão! — Arüna recuou e tentou desviar deles, mas foi detido
— Com licença, mas preciso saber o que houve!
— Deixem-a passar. — Kaur apareceu atrás dos seus servos com uma expressão angucumprindo as suasecisa ver.
Foi quando ele finalmente pôde passar pelos criados que el ouviu o nome de Rahim.
“Rahim foi encontrado no pátio, morto…”
Arüna estremeceu. Não podia ser. Ele tinha visto Rahim, ele estava ali ontem, cumprindo suas ordens com devoção. A mente de Arüna ainda estava nublada pela noite anterior, mas a notícia o atingiu com força. Ele não acreditava. Rahim morto? E de que forma?
A cada passo, o som de movimentação no castelo aumentava. Chegando perto da onde havia a concentração de servos e guardas, ele parou, a cena diante de seus olhos o paralisando.
— Observe bem. — Sussurrou Kaur o seguindo logo atrás.
Rahim estava no chão, sem vida, seu corpo estirado como um boneco de pano. O impacto de sua queda do décimo andar fora brutal. Seu rosto estava desfigurado, os olhos abertos e sem vida. A morte era inegável.
— O que aconteceu? — Arüna murmurou, com a voz falhando, enquanto deu um passo falho para trás, esbarrando em Kaur, que com as duas mãos o segurou em cada ombro.
— Mandei observar bem. Olhe com atenção. — O dizia sussurrando em seu ouvido— Ele era um dos meus melhores homens. Nunca haverá um seguidor mais leal à coroa do que ele. Terem deixado o corpo aqui foi uma ameaça.
— ... Ameaçariam a quem? Você?
— Não existe mais 'Kaur' e 'Arüna' aos olhos do povo, agora nós somos os Reis desse reino. Essa ameaça foi para nós dois. — Levantando seu rosto, enquanto soltava seus ombros, Kaur prosseguiu— Mas não se preocupe, eu mesmo farei questão de executar quem fez isso.
Após dizer isso, ele se retirou, o deixando sozinho, foi quando uma figura apareceu ao lado de Arüna. Indah, que já estava ali, observando a cena com um semblante fechado.
— Vossa Alteza, não é seguro. — Indah disse com firmeza, mas a preocupação era evidente em seu olhar.
— Ele... Ele foi jogado do décimo andar. — Arüna balbuciou, tentando entender a situação.
Indah não respondeu imediatamente, seu olhar se voltando para o corpo de Rahim, como se estivesse ponderando suas palavras.
— Sim, parece ser isso. O que Kaur e cochichavam? — Indah disse, mantendo a voz controlada, embora Arüna pudesse perceber a tensão nas suas palavras.
— … Ele disse que esse ataque foi uma ameaça para mim também.
— E você acredita? — Olhando em volta Indah o puxou para um canto e continuou— Vossa Alteza, está deixando se levar. Kaur não é seu parceiro, muito menos se preocupa com você. Devo lhe lembrar de como tudo começou?
A sensação de incerteza tomou conta de Arüna. Rahim tinha sido leal a Kaur, agora com sua morte Arüna temia que tivesse se deixando levar pela lábia do brutal Kaur.
Indah olhou para Arüna, percebendo sua confusão.
— Você tem razão, estou abaixando a guarda...
— Não pense em nada agora. Precisamos voltar aos seus aposentos. Está perigoso aqui. — Indah insistiu, pegando a mão de Arüna e o conduzindo de volta para dentro do castelo.
Enquanto caminhavam, Arüna sentia o peso da morte de Rahim o sufocando. Algo não estava certo, e a tensão que crescia no castelo era palpável. Ele podia sentir, mais do que nunca, que havia algo muito maior em jogo. Enquanto ao mesmo tempo tinha a sensação de que seria o próximo, isso o angustiava.
Ao chegarem ao quarto de Arüna, Indah o fez sentar-se, sua postura protetora, mas silenciosa.
— Eu não posso ficar aqui, Indah. A minha cabeça está a milhão — Arüna disse, a voz firme, mas cheia de um pânico subjacente.
Indah suspirou e se ajoelhou ao lado de Arüna.
— Não podemos agir com pressa. Kaur está cada vez mais nervoso. Se você sair agora, não será apenas você que estará em perigo. — Indah alertou, seu tom baixo e grave.
— Estou a falar de matá-lo Indah.
— E você pensa que nessa altura vai conseguir?
Arüna olhou para ele, os olhos cheios de frustração.
— Como? O que quer dizer?
Indah hesitou antes de responder, a preocupação agora mais evidente em seu rosto.
— Kaur não é alguém fácil de controlar, mas ele parece manso com Sua Alteza. E, honestamente, ele já está desconfiado de muita coisa. Se souber que o senhor sabe mais do que deveria… não sei o que ele pode fazer. Mas Sua Alteza está entregue demais a ele. Era para isso ter acabado logo na sua noite de núpcias e estendeu-se até agora, já faz duas semanas — Indah disse, o seu tom era diferente.
— ... Eu não tive oportunidade.
— Arüna. Não minta. — Com a voz mais firme, Indah parecia até outra pessoa falando. — Quantas vezes já teve que tirar a roupa para ele? Na próxima vez que dormirem juntos, suba por cima dele, o faça descontrair...
Indah pegou a adaga de Arüna que estava no chão do quarto, no mesmo lugar que ele havia deixado desde a primeira vez, e a pôs sobre o seu peito.
— Quando ele descontrair sua Alteza só terá que cravar no pescoço dele. Assim não terá como errar.
Arüna paralisou por um instante, a dor no braço que parecia não passar, lembrando-o de sua vulnerabilidade. Indah o encarou, seu olhar fixo e tranquilo, convicto do que havia acabado de falar.
— Não se preocupe comigo. O que importa agora é que você fique seguro, Sua Alteza. Pense em você. Não é por vingança que sua Alteza está aqui?
— ... Tem razão, estou perdendo o foco...
— Fique tranquilo, eu vou proteger você... — Dizia ele enquanto acariciava os cabelos de Arüna que estavam caídos sobre a sua face, o retirando delicadamente da visão do seu rosto, Indah o olhou nos olhos— ... Mas isso com Kaur so o senhor pode fazer.
Antes que Arüna pudesse responder, a porta se abriu com um estrondo. Kaur entrou no quarto, sua presença dominante invadindo o espaço.
— O que está acontecendo aqui? — Kaur perguntou, a voz carregada de tensão, os olhos estreitos.
Arüna o encarou, sentiu uma ansiedade que se misturava com um medo sutil. Afastando Indah de perto dele o prosseguiu dizendo:
— Eu pensei que tivesse batido a cabeça, só pedi para Indah conferir para mim.
Kaur ficou em silêncio por um momento, seus olhos passando de Arüna para Indah. A tensão no ar aumentava.
— Hum. Temos médicos aqui para isso, vocês dois sabem.
A presença de Kaur era sufocante, e Arüna podia sentir o peso das palavras que ele não dizia. A raiva de Kaur estava prestes a explodir, e isso não era bom para ninguém.
Indah olhou para Kaur, seu semblante inalterado.
— Então o que vamos fazer? Em relação ao acontecimento do rapaz morto? Vossa Alteza. — Indah perguntou, a voz controlada, mas carregada de um aviso.
Kaur se aproximou, seus olhos fixos em Arüna.
— Não são assuntos seus. Por enquanto eu fico com Arüna. Você pode se retirar.
— Por favor Vossa Majestade, Sua Alteza está cansada, dê um tempo para que—
— Mandei sair. — Kaur o interrompeu sem pensar.
Indah, sentindo a tensão crescente, olhou para Arüna, sua mão apertando suavemente a dele.
— Não se preocupe. Eu estou no quarto ao lado. — Indah sussurrou, mais para si mesmo do que para Arüna.
O castelo estava se desmoronando ao redor deles, e ele sentia que não tinha mais controle sobre nada.
A noite estava longe de terminar, e as peças do jogo começavam a se mover em direções que ele não podia prever.
continua...
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Atualizado até capítulo 64
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