Capítulo 11: Farpas e Lâminas

A estrada de volta ao castelo era estreita e ladeada por florestas densas. O céu cinzento parecia pesar sobre eles, e a neve começava a cair novamente, cobrindo o chão em um manto gélido. Dentro da carruagem, o silêncio entre Arüna e Kaur era cortante, mas nenhum dos dois parecia disposto a quebrá-lo. De repente, o veículo deu um solavanco brusco, quase derrubando Arüna de seu assento.

— O que foi isso? perguntou ele, segurando-se.

Kaur já estava em alerta, abrindo a pequena janela que conectava a carruagem ao cocheiro.

— Pare imediatamente. —Ordenou.

A carruagem parou com um rangido, e Arüna viu pela janela lateral que os soldados estavam desembainhando as espadas. Antes que pudesse perguntar o que estava acontecendo, ouviu gritos e passos pesados.

— Bárbaros. —Kaur disse, sua voz baixa, mas tensa.

Antes que Arüna pudesse reagir, a porta da carruagem foi arrancada com força, revelando um homem enorme, com um rosto coberto por cicatrizes e um sorriso cruel. Ele agarrou Arüna pelo braço, puxando-o para fora com brutalidade.

— Esse vai valer alguma coisa. —Disse o bárbaro, rindo, enquanto outros se aproximavam.

— Me solte filho da puta!

— Sua Alteza não devia ter modos?

Arüna lutou para se soltar, mas o homem era forte demais. Ele conseguiu desferir um chute no agressor, mas isso só fez o bárbaro rir ainda mais antes de atirá-lo ao chão com violência. A neve amorteceu parte da queda, mas uma dor aguda percorreu o braço de Arüna ao aterrissar.

Antes que o bárbaro pudesse fazer mais, Kaur apareceu. Ele se movia como uma tempestade, sua espada brilhando enquanto cortava o ar. O primeiro bárbaro caiu antes mesmo de entender o que havia acontecido, sangue manchando a neve ao redor respingando no rosto de Arüna.

Os outros tentaram reagir, mas Kaur era rápido e implacável. A sua espada encontrou carne e osso, e os gritos dos bárbaros logo transformaram-se em gemidos agonizantes. Um tentou fugir, mas Kaur o perseguiu, derrubando-o com um golpe preso na perna.

— Não. — Disse Kaur, a voz gelada como o inverno ao redor.— Você não foge. A rainha pode não ter modos, mas quer conhecer os meus?

— ... Não...! Meu senhor..!

Ele ergueu a espada novamente, desferindo um golpe brutal que silenciou o homem para sempre.

Quando o último bárbaro caiu, Kaur se virou para Arüna, que ainda estava no chão, segurando o braço machucado. Havia sangue na espada de Kaur, em suas roupas, até mesmo em seu rosto. Ele se aproximou, os olhos sombrios fixos em Arüna.

— Está ferido? — Perguntou, ajoelhando-se ao lado dele.

Arüna hesitou, o olhar dividido entre o medo e a raiva.

— O meu braço... Acho que está torcido. —Respondeu, tentando controlar a dor.

Kaur examinou o braço rapidamente, seu toque firme, mas cuidadoso.

—Não está quebrado. — Disse, antes de se levantar e estender a mão para Arüna.

Arüna a ignorou, levantando-se sozinho, embora com dificuldade.

— Você não precisava matá-los assim. — Disse ele, a voz trêmula.

Kaur o encarou, o olhar duro.

— E você preferia o quê? Que eles te levassem? Que te matassem? — Ele se aproximou, a raiva evidente em sua postura. — A misericórdia não tem lugar aqui, Arüna. Por isso que seu povo morre.

Arüna desviou o olhar, sentindo o peso das palavras de Kaur. Mas, no fundo, ele sabia que Kaur tinha razão.

— Vamos. — Disse Kaur, voltando para a carruagem.— Você precisa de um curandeiro.

Arüna o seguiu, o braço latejando e a mente cheia de pensamentos confusos. Ele não sabia o que era mais difícil de suportar: a dor física ou a verdade implacável que Kaur acabara de lhe mostrar.

Dentro da carruagem, os soldados haviam improvisado um jeito de fixar a porta quebrada, protegendo-os parcialmente do frio. Kaur observava Arüna, que segurava o braço com cuidado, a expressão marcada pela dor.

— Deixe-me ver. — Disse Kaur, a voz mais baixa, mas ainda firme.

Arüna hesitou, mas, diante do olhar determinado de Kaur, estendeu o braço com relutância.

Kaur segurou o braço com cuidado, seus dedos firmes, mas surpreendentemente gentis. Ele examinou a área, apertando levemente em alguns pontos.

— Está torcido, mas não é grave. Vamos imobilizar assim que chegarmos. — Disse ele, soltando o braço de Arüna.

Arüna assentiu em silêncio, surpreso com o tom mais calmo de Kaur.

Enquanto o carro sacolejava na estrada, Kaur retirou seu manto pesado e o colocou sobre os ombros de Arüna.

— Use isso. Você está tremendo.

— Não precisa... Não é de frio...— Arüna começou, mas Kaur o interrompeu.

— Lógico que é, apenas use. Não discuta.

Arüna se calou, puxando o manto para si. Apesar do desconforto da situação, não pôde ignorar o calor que sentiu, tanto do tecido quanto do gesto inesperado. Após alguns minutos, Kaur falou novamente, desta vez com um tom mais neutro.

— Aqueles bárbaros. Eles não eram apenas saqueadores comuns.

Arüna levantou os olhos para ele, confuso.

— O que quer dizer?

— Reconheci os símbolos nas armas. Eram do seu povo.

Arüna piscou, surpreso, antes de balançar a cabeça em negação.

— Isso é impossível. Meu povo nunca conseguiu atravessar as margens sem nem sequer serem dizimados, como são do meu povo?

Kaur cruzou os braços, observando-o com atenção.

— Acredita mesmo nisso? Esses ataques têm sido frequentes, especialmente naquela vila que visitamos. Eles têm saqueado e aterrorizado essas terras há anos. No último mês destroçaram um navio de carga de temperos e matarm todos os tripulantes.

Arüna franziu o cenho, sentindo um misto de descrença e indignação.

— Mentira. Por que ninguém me contaria?

— Por que contariam? — Kaur respondeu, sem rodeios. — Se aquele cachorrinho que vive grudado em você não te disse era porque você não deveria saber.

Arüna apertou os lábios, o rosto tenso.

— E você acha que culpá-lo resolve alguma coisa?

Kaur o encarou, seus olhos duros suavizados apenas por um traço de paciência inesperada.

— Não estou o culpando. Estou te informando. Aqueles homens eram problema seu antes de serem problema meu. E agora... — Ele fez uma pausa, a voz mais baixa. — Agora precisamos lidar com isso.

Arüna desviou o olhar, processando as palavras de Kaur. O peso da responsabilidade era sufocante, mas ele sabia que não podia ignorar o que havia acabado de ouvir.

Sem dizer mais nada, Kaur ajustou o manto sobre os ombros de Arüna e voltou a olhar pela janela, o rosto sério, mas sem a frieza habitual. "Indah sabia disso?" Arüna só conseguia pensar nisso, já Kaur havia entendido com aquela frase a relação deles dois.

Continua......

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Capítulos
1 Capítulo 1: a solução
2 Capítulo 2: A mentira, o noivo e o amante.
3 Capítulo 3: Na noite antes das núpicias
4 Capítulo 4: Esposa do Assassino, Assassina é
5 Capítulo 5: Temidos como devem ser
6 Capítulo 6: Consumido
7 Capítulo 7: Núpcias 1
8 Capítulo 8: Núpcias 2
9 Capítulo 9: Depois da Tormenta
10 Capítulo 10: Máscaras no Gelo
11 Capítulo 11: Farpas e Lâminas
12 Capítulo 12: Sob o Peso das Sombras
13 Capítulo 13: A Verdade Velada
14 Capítulo 14: Farpas e Cicatrizes
15 Capítulo 15: Ecos da Perda
16 Capítulo 16: Lâminas na Escuridão
17 Capítulo 17: Sol da comitiva
18 Capítulo 18: Traição e traidor
19 Capítulo 19: Sombras e Silêncios
20 Capítulo 20: Venenos e Verdades
21 Capítulo 21: Fios de Traição
22 Capítulo 22: Sombras do Julgamento
23 Capítulo 23: Entender
24 Capítulo 24: Fios de Traição e Verdades Veladas
25 Capítulo 25: O Confronto nas Sombras
26 Capítulo 26: Cicatrizes de Sangue
27 Capítulo 27: O Eco da Traição
28 Capítulo 28: Os Ecos da Traição 2
29 Capítulo 29: A Sombra do Luto
30 Capítulo 30: Sombras da confiança
31 Capítulo 31: Peso do Retorno
32 Capítulo 32: Marcas do Passado, Promessas do Futuro
33 Capítulo 33: Sombras e Intrigas em Calavag.
34 Capítulo 34: Jogo de honra e poder
35 Capítulo 35: Sob o Véu da Desconfiança
36 Capítulo 36: Jogos das sombras
37 Capítulo 37: Coração na tempestade
38 Capítulo 38: O frio da lâmina
39 Capítulo 39: Profundezas penadas
40 Capítulo 40: O Círculo se Fecha
41 Capítulo 41: Um Encontro de Sombras
42 Capítulo 42: O Retorno do Príncipe
43 Capítulo 43: Até a última gota de sangue
44 Capítulo 44: Correntezas do destino
45 Capítulo 45: A Cela da Condenação
46 Capítulo 46: O Prisão de Mentiras
47 Capítulo 47: Entre Correntes e Promessas
48 Capítulo 48: Sob a febre e o toque
49 Capítulo 49: Desejo e Dever
50 Capítulo 50: Ecos de vitória
51 Capítulo 51: Honra e Vitória
52 Capítulo 52: O que deu de errado?
53 Capítulo 53: Incertezas da Guerra
54 Capítulo 54: Entendendo os desentendidos
55 Capítulo 55: Limite da Rendição
56 Capítulo 56: Entrelaçados na Guerra
57 Capítulo 57: O último Caos.
58 Capítulo 58: A Fria Chuva
59 Capítulo 59: Confusão da Rainha
60 Capítulo 60: Silêncio da tenda
61 Capítulo 61: Caminhos do Sul
62 Capítulo 62: Novos Caminhos
63 Capítulo 63: As Cicatrizes do Passado
64 Capítulo 64: Afeto inegável
Capítulos

Atualizado até capítulo 64

1
Capítulo 1: a solução
2
Capítulo 2: A mentira, o noivo e o amante.
3
Capítulo 3: Na noite antes das núpicias
4
Capítulo 4: Esposa do Assassino, Assassina é
5
Capítulo 5: Temidos como devem ser
6
Capítulo 6: Consumido
7
Capítulo 7: Núpcias 1
8
Capítulo 8: Núpcias 2
9
Capítulo 9: Depois da Tormenta
10
Capítulo 10: Máscaras no Gelo
11
Capítulo 11: Farpas e Lâminas
12
Capítulo 12: Sob o Peso das Sombras
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Capítulo 13: A Verdade Velada
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Capítulo 14: Farpas e Cicatrizes
15
Capítulo 15: Ecos da Perda
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Capítulo 16: Lâminas na Escuridão
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Capítulo 17: Sol da comitiva
18
Capítulo 18: Traição e traidor
19
Capítulo 19: Sombras e Silêncios
20
Capítulo 20: Venenos e Verdades
21
Capítulo 21: Fios de Traição
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Capítulo 22: Sombras do Julgamento
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Capítulo 23: Entender
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Capítulo 24: Fios de Traição e Verdades Veladas
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Capítulo 25: O Confronto nas Sombras
26
Capítulo 26: Cicatrizes de Sangue
27
Capítulo 27: O Eco da Traição
28
Capítulo 28: Os Ecos da Traição 2
29
Capítulo 29: A Sombra do Luto
30
Capítulo 30: Sombras da confiança
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Capítulo 31: Peso do Retorno
32
Capítulo 32: Marcas do Passado, Promessas do Futuro
33
Capítulo 33: Sombras e Intrigas em Calavag.
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Capítulo 34: Jogo de honra e poder
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Capítulo 35: Sob o Véu da Desconfiança
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Capítulo 36: Jogos das sombras
37
Capítulo 37: Coração na tempestade
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Capítulo 38: O frio da lâmina
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Capítulo 39: Profundezas penadas
40
Capítulo 40: O Círculo se Fecha
41
Capítulo 41: Um Encontro de Sombras
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Capítulo 42: O Retorno do Príncipe
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Capítulo 43: Até a última gota de sangue
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Capítulo 44: Correntezas do destino
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Capítulo 45: A Cela da Condenação
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Capítulo 46: O Prisão de Mentiras
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Capítulo 47: Entre Correntes e Promessas
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Capítulo 48: Sob a febre e o toque
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Capítulo 49: Desejo e Dever
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Capítulo 50: Ecos de vitória
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Capítulo 52: O que deu de errado?
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Capítulo 54: Entendendo os desentendidos
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Capítulo 55: Limite da Rendição
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Capítulo 56: Entrelaçados na Guerra
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Capítulo 57: O último Caos.
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Capítulo 58: A Fria Chuva
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Capítulo 59: Confusão da Rainha
60
Capítulo 60: Silêncio da tenda
61
Capítulo 61: Caminhos do Sul
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Capítulo 64: Afeto inegável

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