A porta se fechou, deixando Arüna e Indah sozinhos no quarto. O ambiente estava pesado, a tensão no ar quase palpável.
Arüna sentou-se novamente na cama, os olhos perdidos, refletindo sobre a conversa tensa que acabara de ter. Ele não sabia o que pensar sobre Kaur ou sobre Rahim, mas algo dentro de si se revolvia.
Indah, percebendo o distanciamento de Arüna, se aproximou lentamente. Seus passos eram silenciosos, e sua presença, sempre imponente, parecia preencher o espaço. Ele se sentou ao lado de Arüna, olhando-o com uma expressão suave, mas cheia de intenções não ditas.
— Arüna… — Indah começou, a voz baixa e sedosa. — O que devemos fazer?
— ... Eu não sei. Acho que a essa altura deveríamos adiar o planejamento, ignorar essa situação inteira até a poeira abaixar sobre a morte de Rahim... Acho que seria melhor, ainda mais depois que eu tentei matar Kaur.
— ... E sobre o que ele fez em seguida?
— Estávamos transando, ele só me desarmou e continuou até o amanhecer.
— Haah... Ele te usa assim?
Indah observou-o com uma intensidade quase dolorosa. Ele sabia que as palavras de Arüna não eram apenas sobre Kaur, mas sobre algo mais profundo, mais íntimo. Indah, mais uma vez, se aproximou, seus olhos fixos nos de Arüna.
— E você… você gosta disso? — Indah perguntou, sua voz carregada de uma curiosidade afiada. — Gosta de ser usado por ele, Arüna?
A pergunta fez Arüna se esticar ligeiramente, sua respiração se tornando mais rápida, o coração batendo forte. Ele olhou para Indah, tentando processar a questão, mas, de alguma forma, as palavras de Indah pareciam tirar dele qualquer capacidade de defesa. A verdade era que ele sentia uma mistura de ódio e desejo por Kaur, e aquela sensação de ser tratado como algo descartável o deixava louco, mas ao mesmo tempo, algo nele respondia a isso. Algo que ele não sabia explicar.
— Não sei o que sinto. — Arüna murmurou, os dedos se entrelaçando nervosamente. — Às vezes, ele é frio, cruel. Mas em outras… eu não sei, Indah. Ele me toca de uma forma que me faz esquecer tudo. Mas odeio me sentir assim....
Indah, sem perder tempo, se aproximou ainda mais, seu corpo agora quase encostando no de Arüna. A tensão entre os dois estava crescendo, um calor começando a se espalhar pelo ambiente, tornando-o mais abafado.
— Talvez ele saiba exatamente como te fazer se perder. — Indah disse, sua voz suave, mas cheia de um tom provocador. — Mas você não precisa disso, Arüna. Não precisa dele.
Arüna o encarou, seu peito se apertando com uma sensação de vazio e necessidade. Ele queria resistir, queria se afastar, mas a proximidade de Indah o fazia perder o controle, e as palavras dele, como uma melodia suave, estavam quebrando todas as barreiras que ele tentava manter.
— O que você quer de mim, Indah? — Arüna perguntou, sua voz agora rouca, a tensão erguendo-se como uma onda.
Indah sorriu levemente, um sorriso enigmático, mas que falava mais do que palavras poderiam expressar. Ele inclinou-se mais perto de Arüna, seus rostos quase se tocando.
— Eu quero que você me deixe cuidar de você, Arüna. Quero que você se entregue ao que estamos construindo. Quero que você sinta, sem medo. — Indah disse, suas palavras quase como um feitiço.
Arüna fechou os olhos por um momento, a respiração ofegante. Algo dentro de si se desfez naquele instante, e ele não sabia mais se estava resistindo ou se estava cedendo.
— E se eu me entregar a você, Indah? — Arüna sussurrou, o coração acelerado, a boca seca.
Indah não respondeu com palavras. Ele simplesmente inclinou-se para frente e, num movimento rápido, capturou os lábios de Arüna em um beijo intenso. Não era suave, mas feroz, exigente. As mãos de Indah estavam em sua pele, explorando sem hesitar, enquanto o corpo de Arüna se contorcia sob o toque de Indah. O calor aumentava, e a pressão no ar era quase insuportável. A respiração já estava ofegante.
O beijo era uma mistura de desejo e desespero, de algo reprimido que finalmente encontrava uma saída. Arüna não sabia mais o que era certo ou errado. Tudo o que sabia era que o toque de Indah fazia sua mente se apagar, e ele se entregava a ele, a cada carícia, a cada movimento.
Quando o beijo terminou, ambos estavam ofegantes, os olhos de Indah fixos nos de Arüna, como se o estivesse estudando, esperando uma reação. O ar estava pesado, carregado de uma energia palpável, quase elétrica.
— Você não precisa mais se esconder, Arüna. — Indah disse, a voz rouca. — Você é mais do que isso. Mais do que ele faz você acreditar.
Arüna sentiu o calor subindo novamente, mas desta vez, não era medo. Era desejo. E pela primeira vez em muito tempo, ele se permitiu sentir.
Enquanto Indah o observava, seus corpos tão próximos que o calor entre eles parecia uma chama prestes a consumir tudo, Arüna sabia que, naquele momento, a linha entre o que era certo e o que era errado havia se desfeito. E ele estava pronto para atravessá-la.
— Eu quero-te dentro de mim... — Indah o deitou na cama e começou a despi-lo, enquanto beijava todo o seu corpo.
— Seu corpo está dolorido ainda... Vou fazer devagar.
A suavidade de Indah envolvia Arüna, Kaur estava a poucos passos de lá, sua presença sentida como uma sombra que pairava, mas que ele não deixava transparecer. Ele se aproximara da porta dos aposentos de Arüna sem que ninguém o percebesse, a passos silenciosos, como uma besta que se aproxima de sua presa.
No momento em que o beijo entre Arüna e Indah se tornara mais intenso, Kaur parou. Ele ouvira cada palavra, cada suspiro, cada gemido, e algo dentro dele se rompeu. Não foi o ciúme, nem a raiva imediata que o dominou. Foi o vazio. O peso do que ele não podia ter, do que ele não poderia controlar, e a sensação de impotência que se formava dentro de seu peito. Conforme a relação ia se intensificando, Arüna se entregava cada vez mais para Indah, que o preenchia completamente em movimento de vai e vem o tomava, fazendo tremer e se arquear.
Ele ficou parado, a mão sobre a maçaneta da porta, os olhos fixos no vazio do corredor à sua frente, como se tentasse se convencer de que o que estava ouvindo não importava. Mas sabia que importava. Ele sempre soubera que Arüna nunca seria verdadeiramente dele, que seu coração nunca estaria disponível para ele, mas ouvir a entrega de Arüna, o som de seu desespero se transformando em algo mais… foi mais do que ele pôde suportar.
Kaur, no entanto, não entrou. Ele permaneceu ali, parado, ouvindo cada palavra, cada toque. Sentiu uma raiva crescente, não contra Indah, mas contra si mesmo. Contra a vida que ele levara, contra os compromissos que havia feito, contra a maneira como ele tratava Arüna. Cada golpe que desferira, cada palavra fria, tudo agora parecia um erro irreparável.
— .... Vai em frente, goze nele, vai se arrepender de tocar no que é meu. — O sussurrou enquanto esperava o ato acontecer.
Mas ele não se moveu. A dor e o desconforto eram intensos, mas ele sabia que se fizesse algo agora, tudo mudaria. O poder que ele mantinha sobre Arüna, sobre todos ao seu redor, desapareceria. E, por mais que tentasse se convencer de que não importava, ele sabia que, no fundo, isso o destruiu.
O silêncio foi quebrado apenas pelos passos distantes de alguém no corredor. Kaur afastou-se rapidamente, voltando a se esconder nas sombras, sua expressão implacável, como sempre. Mas, por dentro, ele estava se despedaçando.
Enquanto isso, dentro do quarto, Arüna estava perdido no calor de Indah, nos gestos gentis que pareciam preencher um vazio que ele não sabia que existia. Mas, de alguma forma, ele sentia que algo havia mudado. Algo no ar. Uma tensão crescente que ele não conseguia identificar. O beijo, as carícias, tudo parecia perfeito, mas no fundo, ele não podia se livrar da sensação de que havia algo de errado.
Ambos estavam respirando pesadamente, seus corpos ainda tão próximos, um dentro do outro, como se o mundo inteiro tivesse desaparecido por um momento. Arüna olhou para Indah, seus olhos revelando uma mistura de desejo e confusão.
— Eu não sei o que fazer, Indah... — A voz de Arüna estava trêmula, cheia de incerteza.
Indah, com um sorriso suave, o segurou com mais força, sem palavras, dando um beijo em sua testa, como se a resposta estivesse no simples gesto de estar ali, naquele momento, juntos, agora ligados. Mas antes que algo mais pudesse ser dito, os passos de alguém se aproximaram. Arüna, assustado, levantou-se da cama, vestindo rapidamente seu manto, olhando para a porta, como se o peso de algo invisível o tivesse tocado.
Indah também percebeu. Mas não foi apenas o medo de serem interrompidos que pairou no ar. Era a sensação de que, naquele momento, o que eles tinham construído juntos estava prestes a ser destruído. Arüna estava prestes a sair, mas Indah o segurou suavemente, impedindo-o.
— Fique. — Indah disse baixinho, sua voz grave, mas suave, se vestindo logo em seguida.
No mesmo instante, a porta se abriu, e Kaur apareceu, a expressão fria e implacável como sempre. Mas algo em seu olhar estava diferente. Não havia raiva, nem ódio, apenas uma calma tensa que parecia ocultar algo muito mais profundo.
Quando Kaur entrou, o ar ficou denso, como se a própria atmosfera se contraísse em volta deles. A tensão era palpável, mas Kaur não fez menção de se importar com o que havia acontecido no quarto. Mas estava claro, eles não podiam esconder. Ele estava ali, mas não para discutir, não para confrontar. A frieza em seu olhar era tão profunda quanto o gelo que cobria as terras ao redor do castelo.
Arüna se levantou rapidamente, como se tivesse sido atingido por uma onda de pânico, mas antes que pudesse se mover mais, Kaur o interrompeu com um gesto sutil.
— Fique. — A voz de Kaur foi calma, quase indiferente. Mas havia algo nela que fez Arüna hesitar.
Indah, por outro lado, manteve-se imóvel, sua postura desafiadora, como se estivesse esperando um sinal de Kaur para se afastar. Mas o comandante de guerra não deu essa satisfação. Ele não olhou diretamente para Indah, mas, em vez disso, fixou seus olhos em Arüna, que estava tenso, com as mãos ligeiramente tremendo.
— Indah, saia. — Kaur disse com firmeza, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina afiada.
Indah, sem dizer uma palavra, deu um passo para trás, mas seu olhar, carregado de algo indefinido, encontrou o de Arüna. Era um olhar de compreensão silenciosa, como se dissesse que tudo o que haviam compartilhado naquele quarto não desapareceria com um simples afastar de corpos. Mas, mesmo assim, ele se afastou, a porta se fechando atrás dele com um estalo suave.
Kaur observou Indah sair, mas não fez nenhum movimento para segui-lo ou fazer qualquer comentário. Ele permaneceu ali, parado na entrada, como se estivesse aguardando que Arüna falasse ou, quem sabe, desse alguma explicação. Mas, para surpresa de Arüna, Kaur não mencionou nada sobre o que havia acontecido entre ele e Indah. Nenhuma palavra sobre o beijo, nem sobre os gestos íntimos. Apenas um silêncio carregado.
Arüna, ainda sem saber o que fazer, ficou ali, tentando processar tudo o que estava acontecendo. O que ele sentia, o que havia acontecido entre ele e Indah, o que Kaur sabia ou não sabia. Cada pensamento parecia confuso, como se tudo tivesse se embaralhado em sua mente.
Kaur finalmente se aproximou, sem pressa, mas com uma presença tão imponente que parecia preencher todo o espaço. Ele parou diante de Arüna, ainda meio ofegante, seus olhos ainda frios, mas havia algo de imensurável ali. Algo que Arüna não podia entender.
— Eu não quero saber o que aconteceu aqui. — Kaur disse com um tom de desdém. — Eu não me importo com o que faz, com quem se envolve. Apenas entenda uma coisa: eu não tenho tempo para suas fraquezas. O que você fez aqui agora, só me mostra como você é fraco.
Arüna sentiu um aperto no peito, mas se forçou a manter a postura. Ele queria gritar, queria questionar, mas as palavras não saíam. O medo, a insegurança, tudo estava ali, sufocando-o.
Kaur, então, fez uma pausa, seu olhar mais distante agora. Ele olhou para a janela, onde o vento frio batia contra os vidros, e parecia perdido em seus próprios pensamentos.
— Mas, Arüna, se quiser saber, nada do que aconteceu entre você e Indah me importa. O que importa é que você ainda é minha responsabilidade. E, por mais que tente se afastar, por mais que tente se esconder, você não pode fugir disso. Ele te tocou uma vez, é a única.
Arüna não sabia o que responder. As palavras de Kaur, embora impassíveis, ainda carregavam um peso imenso. Ele sentiu como se estivesse preso em uma teia de mentiras e verdades não ditas, e nenhuma das opções parecia boa.
— Você vai me deixar ir? — Arüna perguntou, a voz rouca, tentando entender onde ele se encaixava naquele jogo.
Kaur não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele deu um passo para trás, olhando para Arüna com uma frieza implacável.
— Vá. Mas não pense que me deixará para trás tão facilmente. — Ele disse, virando-se para sair, deixando Arüna ali, sozinho, sem saber se Kaur sabia de tudo ou se havia fingido ignorar.
Arüna ficou parado por um momento, ouvindo os passos de Kaur se afastando pelo corredor. Ele não tinha respostas, não tinha certezas. O que Kaur sabia? O que ele sentia? Não havia sinais claros. Apenas um silêncio pesado que parecia engolir qualquer esperança de compreensão.
continua ..
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Atualizado até capítulo 64
Comments
∫∫𝐆𝒐𝒓𝒐•𝑵𝒂𝒌𝒂𝒎𝒖𝒓𝒂∫∫
sinceramente,eu estou com ódio de arüna, mas a sua história é incrível!
2025-01-29
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