Capítulo 09

...Anna Clara...

Hoje meu dia vai ser dedicado a ajudar Lelê com as gêmeas dela, hoje é o dia de folga das babás das meninas e quando isso acontece alguém da família vem ajudar com as meninas, já que Lucas trabalha.

Anna Sophia e Anna Lívia nasceram de trinta e cinco semanas e só ficaram no hospital por duas semanas e logo vieram para casa.

— Cheguei! — digo entrando na casa da minha irmã que fica aqui no mesmo condomínio do meu pai, ele construiu uma casa para cada uma das trigêmeas.

— Oi princesa. — Letícia diz.

— Oi princesa. — digo.

— Onde está a outra loirinha?

— Está vindo, Luíza e Laura também.

Laura está grávida de trinta e sete semanas, está esperando o Gael, estamos muito felizes por dessa vez vir um menino, já que na nossa família tem mais meninas. De meninos por parte da minha mãe, temos os meus irmãos Davi e Noah, tia Bella tem Ian que é gêmeo da Zoe, os dois têm quatro anos e Ravi que é trigêmeo com Eloá e Elisa, eles têm um ano e tem também Igor, filho da tia Liz, que tem três anos. Por parte do meu pai tem Ruan, filho da tia Beatriz que é o marido da Lulu, Théo que é filho do tio Alex e Benjamim que é filho do tio Fabrício, ele tem nove anos. O restante da família é composta só por mulheres e quando vem um menininho nós comemoramos, mas isso não quer dizer que nós não amamos as meninas, pois a amamos igualmente.

— Deveríamos aproveitar que as meninas vêm e assistir um filme. — Letícia diz.

— Sim, vou fazer umas coisinhas para comer.

— Obrigada Clarinha.

— Não precisa agradecer Lelê, somos irmãs e estamos aqui para isso.

— Mesmo assim, muito obrigada.

— E cadê as pequenas?

— Dormindo. — ela me diz mostrando a babá eletrônica.

— Suas filhas são lindas, Lelê. — digo e ela sorri. — Mas também não tinham como ser feias, com uma mãe dessas e com aquele pai, seu marido é lindo.

— Ele é, tanto que as mulheres vivem se jogando para o meu homem.

— Mas ele só tem olhos para você, de longe ver o tamanho do amor que ele sente por você.

— Eu também amo o Lucas, ele é perfeito demais.

— Vocês três tiveram sorte em relação aos maridos de vocês. — digo me referindo as trigêmeas.

— Sim, nós tivemos mesmo e você parece que tem também, pois o Théo é um homem bom, já deu uma chance pra ele?

— Ainda não, continuo achando muito estranho, ele é nosso primo, crescemos juntos, eu acho muito estranho.

— Pensando por esse lado é sim, mas você gosta dele?

— Gosto, mas não queria ficar com ele, se ele não fosse nosso primo já teria me jogado. E deixa eu te contar a melhor.

— Conta.

— O papai liberou, Théo falou pra ele que gostava de mim e ele disse que não gostava por nós sermos primos, mas que se fosse nossa vontade ele não iria se opor.

— Nosso pai é incrível Clarinha, em relação a nossa vida amorosa, ele sempre nos apoia, mas se ele disser que o cara não é boa pessoa acredite, foi assim com a Lalá e Jonathan e com a Ceci e o Thiago, se o papai implicar não adianta insistir.

— Eu sei disso.

— Pois é.

— Eu vou fazer umas coisinhas para comer agora.

— Dorinha está na cozinha.

— Ela fez empadão?

— Fez, o Lucas ama o empadão da Dorinha.

Dorinha é a chef da casa da Letícia, Lucas gosta muito de cozinhar, mas não tem tempo e Letícia além de ter as bebês, também pega matérias para estudar em casa e quando são aulas práticas ele tem que ir à faculdade. Ela se forma em medicina ano que vem, mas quer fazer residência cirúrgica e são mais dois anos.

Eu também quero ser cirurgiã.

— Oi Dorinha. — digo entrando na cozinha.

— Oi, Clara ou Cecília?

— Clara.

— Nunca consigo diferenciar vocês. — ela diz e sorri.

— Muitas pessoas confundem mesmo. Vou fazer umas coisinhas para comer, minhas irmãs vão vir, vamos assistir um filme.

— Eu fiz o empadão que você gosta.

— Lelê disse.

Faço pipocas, coloco batatas e salgadinhos na fritadeira elétrica e faço suco natural de manga e goiaba, já que Letícia está amamentando e não é bom tomar refrigerante e Laura está grávida e também não deve tomar, então para não fazer as duas passarem vontade todas nós vamos beber suco.

— Pronto. — digo trazendo nossas comidinhas para a sala com a ajuda de Dorinha.

Minhas outras três irmãs já estão aqui e minha mãe também.

— Eu vim também participar do dia das meninas. — minha mãe diz.

— Pensei que a senhora ia ficar com o papai hoje. — digo.

— Ele saiu para passear com Davi e Noah, fazer aquele programa de homens deles, Ceci disse que vinha para cá e eu resolvi vir também.

— Que bom mamãe! É muito bom quando estamos todas juntas.

Letícia está sentada no sofá amamentando as meninas e minha mãe e minhas irmãs todas em volta babando as meninas.

Após muito tempo procurando, escolhemos um filme de romance, um em que a mãe leva a filha para um evento onde conhece um integrante de uma boy band, um carinha bem mais novo que ela e os dois se envolvem e isso traz muita confusão para vida dela, simplesmente pela diferença de idade dos dois.

— Ah não gente! Por que as pessoas se importam tanto com a idade? — Cecília comenta e eu sei exatamente o porquê.

— Está gostando de alguém mais velho filha?

— É complicado mamãe.

— Porque filha?

— Além de ele se achar muito velho para mim é meio que antiético ficar com ele.

— Porquê? — minha mãe pergunta.

— Ele é meu professor.

— Nossa que clichê se apaixonar pelo professor! — Luíza diz.

— Não estou apaixonada, só ficamos uma vez, mas nos conhecemos antes de eu saber que ele era meu professor. O conheci no dia que fiz dezoito anos, ele estava na balada e me deu um copo d'água quando estava nervosa porque vi o embuste, aí fomos para a mesa dele, conversamos um pouco e quando fui embora nós nos beijamos e foi só isso. Eu pensei que não iria vê-lo de novo, mas no primeiro dia de aula descobri que era ele.

— E depois disso ficaram? — minha mãe pergunta.

— Ficamos, aquele dia do baile do sindicato dos advogados, vi o embuste outra vez e ele não queria me soltar e me deixar ir, aí ele me ajudou e como estava muito nervosa ele disse que ia me levar para casa, mas acabei dormindo no caminho e ele me levou para o apartamento dele e nós ficamos e foi muito bom, mas temos consciência que isso entre nós não pode ser, afinal ele é meu professor e há regras que proíbe isso, mas o problema maior nem é esse.

— E qual é menina? — minha mãe pergunta.

— Papai não gosta dele.

— Quem é Cecília?! — minha mãe pergunta endireitando as costas.

— Alessandro Santorinni.

— O quê?! — minha mãe e minhas irmãs perguntam juntas.

Eu não fico surpresa, pois eu já sabia que ela havia conhecido o Santorinni no dia da balada e também que ele era professor dela, afinal dormimos juntas quase todas as noites, mesmo cada uma tendo seu quarto, mas nos acostumados a dormir juntas desde a infância e muitas noites conversamos até tarde.

— Seu pai vai te matar. — minha mãe diz. — Ele e o Santorinni competem entre si faz alguns anos.

— Eu sei.

— Mas se você gosta dele filha não há nada que ninguém possa fazer para impedir, nem seu pai e nem ninguém.

— Eu acho que ele nem gosta de mim mãe, ele me acha muito nova, com certeza quer uma mulher mais velha.

— Não foi você mesma que disse que não deveriam se importar com a idade.

— Eu não me importo, ele sim.

— Idade é só um número, Lucas é mais velho que eu dez anos e isso não me importa, ele até falou sobre isso no começo, mas eu fiz ele entender que idade não importa. — Letícia diz.

— Mas não são dez anos e sim vinte. — Cecília diz.

— Quando se tem amor, o que menos importa é a idade. — minha mãe diz. — E você e o Théo? — minha mãe pergunta para mim.

— Não sei mamãe, somos primos, acho isso estranho.

— Luíza e Ruan estão juntos e também são primos. — minha mãe diz.

— É diferente. — digo.

— Não é não, para nossa família, Ruan é tão do nosso sangue quanto qualquer um de vocês. — minha mãe diz.

— Eu sei mamãe.

— Gosta dele? — minha mãe pergunta.

— Gosto.

— Então dê uma chance aos seus sentimentos filha, deixe as coisas acontecerem naturalmente. — minha mãe diz.

— Tá.

Minha mãe sempre tem os melhores conselhos e segue sendo nossa melhor amiga, ela nos aconselha sem julgar e sempre tenta nos compreender da melhor forma possível.

Passamos o dia juntas, entre risos, conversas descontraídas, entre troca de fraldas e mamadas das pequenas.

Estar com minha mãe e minhas irmãs é sempre muito agradável e com a presença das pequenas tudo ficou ainda melhor.

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