Capítulo 02

Sou Anna Cecília, uma das gêmeas Alencar. Minha irmã Anna Clara e eu somos as filhas do meio. Meus pais ficaram grávidos apenas três vezes, mas isso os rendeu sete filhos, minha mãe é muito fértil e só teve gravidezes múltiplas.

Minha irmã Clara e eu estamos fazendo dezoito anos hoje e finalmente meu pai vai nos deixar ir à uma balada, como ele mesmo prometeu que só nos deixaria ir aos dezoito, então hoje é o dia de ele cumprir sua promessa.

Tive que convencer Clara a vir também, pois eu queria viver essa experiência com ela. Minha irmã não gosta muito dessas coisas, a praia dela é mais os livros, as pinturas, mas ela tem que ir comigo e como ela é incrível disse sim para mim.

Termino de passar o batom vermelho e estou pronta.

Estou usando um vestido preto que fica até a metade das minhas coxas e bem colado no corpo, nos pés um salto da mesma cor e também uma bolsinha preta.

— Eita! Esse vestido não está muito curto não Anna Cecília? — meu pai pergunta.

— O senhor acha?

— Acho!

— Oh papai, mas é tão lindo. — ele nega com a cabeça.

— Tudo culpa da sua mãe você ser assim!

— Minha?! Sempre coloca a culpa em mim. — minha mãe exclama.

— Elas são suas cópias, as cinco.

— Está linda filha. — minha mãe diz olhando para mim.

— Estou dizendo! — meu pai diz e minha mãe cai na risada, ele não se aguenta e sorri também.

— Essa está perfeita! — meu pai exclama olhando para Clara que está usando um short jeans desfiado, com uma camiseta preta e jaqueta de couro da mesma cor por cima.

— Mas o short é curto papai! — digo.

— Mas é um short! Capaz de você se mexer e mostrar o que não deve com esse vestido!

— Vamos?! — Luiza surge com um vestido tão curto quanto o meu.

— Essa aí é outra! — meu pai diz e Luíza sorri.

— Olha juízo viu, nada de sair da balada com ninguém, não vão ficar bêbadas e cuidem dos seus copos.

— Pode deixar papai. — digo.

— Cuide delas Lucas. — meu pai diz.

— Pode deixar.

Laura, Gabriel, Ruan e Luiza vão em um carro e Letícia, Lucas, Clara e eu vamos em outro e somos seguidos por dois carros da segurança.

Chegamos na balada e pegamos as pulseiras e vamos direto para a pista vip.

Pegamos uma mesa e nos sentamos, mas eu não vim aqui para ficar sentada, vim para dançar e me divertir.

— Eu vou dançar! — anuncio e minhas irmãs assentem.

Começo a dançar no ritmo da música e deixo-me levar pela batida, fecho meus olhos e passo as mãos pelo corpo, eu amo dançar, me acalma.

Quando abro meus olhos, observo um homem me olhando, muito bonito, mas nitidamente bem mais velho que eu.

Nunca fiquei com um cara mais velho, mas deve ser muito melhor um homem de verdade do que um moleque como eu peguei. Meu pai bem falou que meu ex não prestava e eu não sei como, mas ele sempre está certo.

Eu tive minha primeira vez com ele, aos dezessete, faz alguns meses apenas e o infeliz gravou, segundo ele era apenas para ele, mas acabou vazando e muitas pessoas da escola viram e foi um inferno.

Meu pai foi até lá e disse que ia colocar ele na cadeia, mas pela a mãe dele que pediu muito, meu pai desistiu, mas fez ele apagar o vídeo e também da nuvem e ainda quebrou o celular dele.

Infelizmente tive que mudar de escola, pois estava tendo que aguentar muitos comentários horríveis dos meninos e o olhar de julgamento das meninas, sendo que muitas delas já deram tanto que perderam as contas de para quantos.

Mudei de escola, meu pai conseguiu tirar o vídeo de circulação e eu sofri, chorei, senti vergonha, me senti a pior pessoa do mundo, mas estou aqui de pé e depois desse dia não fiquei com mais ninguém, nem beijar eu beijei.

Troco olhares com ele que continua olhando para mim.

Ele está acompanhado de outro homem que fala algo para ele e ele nega com a cabeça, mas não deixa de olhar para mim.

— Ceci?! — a voz me faz estremecer no lugar. — Que surpresa. — viro de costas e começo a fazer meu caminho de volta para a mesa, mas ele segura meu braço me fazendo virar para ele.

— Não me toque. — digo olhando para sua mão segurando meu braço.

— Desculpa. Como você está?

— Não é da sua conta!

— Calma, eu juro que não tive culpa Ceci, só queria ter uma lembrança daquele dia.

— Lembranças a gente guarda na memória e não em uma gravação!

— Não era pra ter vazado, eu juro! Era só pra mim e não fui eu quem vazei o vídeo.

— Tanto faz! Todo mundo já viu mesmo! Já viram tudo! Não me importo mais.

— Me perdoa, eu não parei de pensar em você um dia.

— Pois deveria. — digo virando as costas, mas ele me puxa outra vez. — Não me toque! — digo alterada.

Sinto meu coração acelerar, a garganta seca, suor frio e minhas mãos começam a tremer, meu peito começa a apertar e falta de ar chega.

Crise de ansiedade!

Isso foi o que esse cretino me deu.

— Vamos conversar? — nego com a cabeça e vou correndo para o banheiro.

Passo pelo homem que estava olhando para mim e nossos olhos se cruzam por um breve momento.

Entro no banheiro e fecho a porta atrás de mim e tento me acalmar, respiro fundo e aos poucos vai passando.

Quando finalmente saio do banheiro, o homem que estava me olhando antes está parado na porta.

— Tudo bem aqui?

— Sim.

— Para você. — ele diz me entregando um copo d'água.

— Não obrigada.

— É só água.

— Meu pai diz para não aceitar bebida de estranhos.

— Seu pai está certo, mas é só água moça. — ele diz tirando o lacre do copo e bebendo um gole. — Pronto, pode beber agora. — ele me diz entregando o copo.

— Obrigada.

— Você está bem?

— Sim. — digo e bebo um gole da água.

— Aquele rapaz estava te incomodando?

— Ex namorado.

— Hum... Ex são complicados.

— O senhor deve ter muitas ex não é?

— Algumas...

— Hum...

— Você tem idade pra estar aqui?

— Estou fazendo dezoito hoje. — ele levanta as sobrancelhas.

— Entendi. Você precisa de alguma coisa? Quer que eu te leve pra casa?

— Não precisa não, estou com minhas irmãs, obrigada.

— Entendi.

— Anna Cecília. — digo estendendo a mão para ele.

— Alessandro Santorinni.

— Do escritório Santorinni de advocacia?

— Exatamente.

Interessante, ele é um dos donos do escritório Santorinni, o grande concorrente do escritório Alencar, no caso, o escritório da minha família, mas ele não precisa saber disso.

Ainda bem que eu não disse meu sobrenome para ele!

— Eu vou começar a estudar direito agora.

— É mesmo?

— Sim.

— Com licença? — uma moça pede, já que nós dois estamos barrando a porta do banheiro.

— Ah, desculpa! — digo. — Vem doutor. — digo e ele sorri.

Não sei porque, mas estar perto dele me acalmou rapidamente.

Ele coloca a mão na base das minhas costas e me conduz até uma mesa reservada, não vejo nem sinal do homem que estava com ele.

— Senta. — ele diz puxando a cadeira pra mim.

— Obrigada.

— Quer beber algo? Você tem mesmo dezoito não é?

— Sim, estou fazendo hoje.

— Ok. Quer beber algo?

— Eu nunca bebi, na verdade essa é a primeira vez que venho à uma balada, antes disso meu pai não deixava.

— Entendi.

— Tem algo que não seja alcoólico?

— Tem sim. Aqui ficam os drinks sem álcool. — ele diz me mostrando no cardápio.

— Vou pedir um desses então.

— Ótimo. — ele diz chamando o garçom.

— Pois não. — o garçom diz.

— Um Whisky. — ele diz.

— E a senhorita?

— Um drink de morango.

— Ok. — ele diz saindo.

Alessandro olha para mim e sorri, ele é um homem muito elegante, educado, além de bonito e muito atraente.

O garçom logo volta com nossas bebidas.

— Obrigada. — agradeço ao garçom que assente e eu provo meu drink, que é muito gostoso.

— Obrigado. — Alessandro agradece.

Ficamos em silêncio, mas não um silêncio incômodo, ele me olha nega com a cabeça e sorri.

Nesse momento Clara passa, ela parece estar procurando alguém, acredito que seja eu, já que eu tenho uma grande capacidade de fugir dos seguranças.

Alessandro olha dela para mim surpreso.

— Acho que minha visão está duplicada e nem bebi tanto assim. — ele diz. — Ela é igual a você.

— Ela é!

— Te aconselho a perguntar para seus pais se um deles por acaso não tem uma filha perdida por aí. — sorrio.

— Meus pais sabem da existência dela.

— Sabem? — ele pergunta levantando as sobrancelhas.

— Sim, ela é minha irmã gêmea.

— Tá explicado! Vocês são idênticas.

— Somos.

— Não quer avisar a ela que está aqui? Ela parece estar procurando alguém e creio que seja você.

— Vou mandar uma mensagem.

Tiro meu celular da bolsa e digito a mensagem.

Eu: Estou bem, vi o embuste, tive uma crise de ansiedade, corri para o banheiro e quando sai tinha um deus grego me esperando na porta do banheiro com um copo d'água.

Clara: Por Deus Anna Cecília! Pensei que você tinha saído daqui com alguém. Nossas irmãs estão preocupadas e caso não se lembre, duas delas estão grávidas.

Eu: Diz a elas que estou nas mesas do lado esquerdo, as reservadas e que estou alguém, ele parece ser um cara legal.

Clara: Parece?

Eu: Sim, ele é mais velho, sabe qual o nome dele?

Clara: Não!

Eu: Alessandro Santorinni!

Clara: Do escritório concorrente do nosso?

Eu: Exatamente!

Clara: Ficou doida? O papai vai te matar.

Eu: Ele me ajudou, foi tão gentil.

Clara: Sabe que ele e o papai já se enfrentaram no tribunal e o papai ganhou não sabe?

Eu: Eu sei! Mas ele é tão gato!

Clara: Tá pensando em ficar com ele?

Eu: Não vou mentir que eu queria ao menos um beijo, ele tem a maior cara de quem beija bem e nada melhor do que um pouco de tesão para me aliviar da tensão da crise de ansiedade.

Clara: Você é doida!

Eu: Eu sou! Mas disso você já sabe.

Clara: Juízo.

Eu: Eu tenho! Diz pras trigêmeas que estou bem.

Clara: Lembra do que papai falou, não é pra sair com ninguém.

Eu: Eu não vou.

Clara: Ok.

— Pronto, avisei pra ela que estou bem.

— Então você tem uma irmã gêmea?

— Tenho.

— Não é estranho ter alguém igual a você por aí?

— Não.

Ele olha para o relógio, acho que deve querer ir para casa, mas não quer me dispensar.

— Você já tem que ir?

— Na verdade sim, tenho um compromisso inadiável amanhã cedo.

— Hum... Mas amanhã é sábado.

— Sim.

— Então tudo bem doutor, foi um prazer te conhecer e muito obrigada por ter me ajudado.

— Imagina, foi um prazer lhe conhecer também.

Ele se levanta e me dá a mão para me ajudar a levantar.

— Pode deixar que eu pago sua bebida. — ele diz.

— Obrigada doutor. — digo me aproximando dele que abaixa a cabeça para olhar para mim.

Fico na ponta dos pés e enlaço seu pescoço e o beijo, a princípio ele não corresponde, pois não estava esperando que eu fizesse isso, mas logo ele abre a boca e toma a minha com vontade, suas mãos vão para minha cintura e ele aperta com força.

Ele me puxa para mais perto de seu corpo e sinto sua ereção contra minha barriga e gemo em sua boca.

Bem que eu queria sentir esse p*u dentro de mim, mas é melhor não, ele e meu pai não se gostam.

— Até qualquer dia doutor. — digo encerrando o beijo e saio sem olhar para trás.

Que homem meu Deus!

Que pegada!

Que beijo!

Me deu até calor...

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Comments

Jaildes Damasceno

Jaildes Damasceno

Eu tbm já uma coroa entrando na terceira idade, e gosto da família Alencar. já li praticamente todos seus livros. Agora estou relendo esse mesmo sabendo como é e como termina.

2025-03-11

2

Solaní Rosa

Solaní Rosa

tô começando hoje dia 10/03/25 tô gostando já li quase todas

2025-03-11

1

Quase cinquentona🥴🥺😔😩

Quase cinquentona🥴🥺😔😩

Tbm adoro , mesmo já sendo uma coroa 🤭🤭🤭

2025-01-20

1

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