Capítulo 17

Pela madrugada, Eduardo começou a ter pesadelos sobre sua vida passada. Ele se contorcia na cama, sua mente assombrada pelas memórias que ele preferia esquecer. As imagens eram vívidas e implacáveis: momentos de violência, traição e dor que moldaram o homem que ele era hoje. E aquele pesadelo também trouxe à tona, a morte da sua mãe, que foi brutalmente morta pelo conselho, por trair o seu pai.

Ele via rostos familiares, pessoas que perdera, e decisões que o atormentam. Em seus pesadelos, ele estava de volta aos dias mais sombrios de sua vida, revivendo cada erro, cada perda. As cenas se repetiam como um ciclo interminável, e Eduardo lutava para acordar, mas as lembranças o mantinham preso.

Enquanto ele se debatia, suado e ofegante, o rosto de Lívia apareceu em meio ao caos de seus sonhos. O toque dos lábios dela, que ele tanto tentava esquecer, parecia um contraste doloroso com a escuridão de seu passado. Ela representava algo que ele não sabia se poderia ter: redenção, talvez, ou um vislumbre de algo melhor.

Finalmente, Eduardo acordou com um sobressalto, seu coração batendo descontroladamente. Sentou-se na cama, tentando recuperar o fôlego e a clareza. A escuridão do quarto parecia apertar ao seu redor, mas ele sabia que os pesadelos eram apenas um reflexo de sua própria culpa.

Eduardo se levantou, sentindo a vista um pouco turva. Caminhou até o quarto de Lívia e entrou, tentando não fazer barulho. Ele não estava bem, sentia que não estava. Talvez tivesse aplicado uma quantidade exagerada de drogas. Passou as mãos pelos cabelos em frustração, seus olhos passando pelas pernas torneadas de Lívia, descobertas pelos lençóis. Seu corpo pedia para que ele a tornasse sua, mas sua mente pedia para que ele saísse dali. No entanto, ele não conseguiu se afastar.

Lívia acordou, percebendo ser Eduardo quem estava ali no quarto por conta do perfume masculino dele.

— Eduardo? Você está bem? — indagou ela, levando as mãos para ligar o abajur.

— Estou, estou bem. Desculpe-me por entrar aqui, vou embora. — Eduardo disse, tropeçando um pouco.

Lívia imediatamente se levantou e o fez sentar na cama.

— Você está assim por ter aplicado aquela droga, — disse ela, fazendo-o sentar sobre a cama.

Eduardo olhou para ela, sua expressão, uma mistura de vergonha e dor. Ele tentou protestar, mas sua fraqueza era evidente.

— Por que você se importa? — ele murmurou, sua voz rouca, e cheio de arrogância.

Lívia suspirou, tentando esconder a preocupação que sentia. — Porque, apesar de tudo, eu não quero ver você se destruindo assim. Deixe-me ajudar.

Ela foi até o banheiro e molhou uma toalha com água fria, retornando rapidamente para colocar a toalha na testa dele. Eduardo fechou os olhos, sentindo o alívio imediato do frio contra sua pele quente. Por um momento, a raiva e a frustração deram lugar a uma sensação de paz.

— Você não entende… — ele começou, mas Lívia o interrompeu suavemente.

— Talvez eu entenda mais do que você pensa. — Ela tocou levemente a mão dele, seus dedos oferecendo um conforto silencioso.

Eduardo abriu os olhos e a olhou, percebendo a sinceridade no olhar dela. Ele sabia que a batalha interna que enfrentava não era nada que pudesse vencer sozinho. E, pela primeira vez, permitiu-se aceitar a ajuda de alguém, mesmo que por um instante.

— Obrigado, — ele sussurrou, sua voz carregada de uma vulnerabilidade rara, enquanto seu corpo tremia.

Lívia apenas assentiu, permanecendo ao lado dele, oferecendo seu apoio silencioso enquanto ele lutava contra seus demônios.

— Você precisa descansar, Eduardo, — ela disse suavemente, mantendo a mão sobre a dele. — Vou para o outro quarto.

Ele assentiu lentamente, seus olhos fechando novamente enquanto tentava acalmar sua mente turbulenta. Eduardo não estava acostumado a aceitar ajuda ou mostrar fraqueza, mas algo em Lívia o fazia baixar a guarda, pelo menos um pouco.

— Fique aqui — ele murmurou, quase como uma súplica. — Você é minha submissa, então me obedeça.

Lívia hesitou por um momento, mas acabou concordando, entendendo que naquele instante, ele precisava dela. Ela se deitou ao lado dele, mantendo uma distância respeitosa, mas suficientemente perto para que ele sentisse sua presença.

O quarto estava mergulhado em um silêncio confortável, quebrado apenas pela respiração ritmada de ambos. Gradualmente, Eduardo começou a relaxar, sentindo o efeito calmante da proximidade de Lívia. Ele ainda estava longe de estar bem, mas aquele momento de trégua trouxe um alívio temporário.

Lívia, por sua vez, não conseguia evitar pensar no que havia visto e na profundidade dos problemas de Eduardo. Ela sabia que lidar com ele não seria fácil, mas estava determinada a descobrir mais sobre o homem por trás da fachada de dureza.

Finalmente, Eduardo adormeceu, exausto. Lívia observava Eduardo adormecido, o rosto relaxado, livre da dureza que normalmente o marcava. Não pôde evitar um pensamento sarcástico.

— Nem parece aquele ogro, deveria se aplicar drogas mais vezes, — pensou ela, com um misto de ironia e compaixão. Mas depois, ela se repreendeu por tal pensamento. Certamente Eduardo havia feito isso, porque estava enfrentando uma luta interna consigo mesmo, ao invés de lutar, ele preferia fugir como sempre faz, ainda mais, quando ela está no meio.

Enquanto ela se acomodava ao lado dele, permitindo-se relaxar um pouco, seus pensamentos vagavam. Ela sabia que a situação era complexa e cheia de riscos, mas naquela noite havia revelado um lado de Eduardo que ela nunca esperava ver. Um lado vulnerável, humano.

Ela respirou fundo, consciente de que precisaria de toda sua força e inteligência para lidar com o que viria. Mas agora, mais do que nunca, estava determinada a não desistir. Mesmo que isso significasse enfrentar um ogro ocasionalmente.

Com esses pensamentos, ela fechou finalmente os olhos, encontrando algum consolo na quietude do momento.

O dia amanheceu e os raios do sol invadiram a janela através das cortinas. Eduardo se moveu na cama, passando as mãos pela cabeça. Abriu os olhos e percebeu estar em uma cama completamente diferente. Olhou para a mulher ao seu lado.

— Lívia? — sussurrou incrédulo.

Ele ergueu o lençol para verificar se estava nu, mas não estava, e soltou um suspiro de alívio. Lentamente, virou-se para encarar Lívia, que ainda dormia tranquilamente.

Assim que Lívia se moveu, Eduardo voltou a fechar os olhos, fingindo que ainda estava dormindo. Por sua vez, Lívia abriu os olhos e o encarou.

— Como aquele canalha pode ser tão lindo daquele jeito? — pensou ela.

Lívia fingiu estar em um sono profundo e, com toda calma, foi colando seu corpo ao de Eduardo. Ela jogou suas pernas sobre o corpo dele e deslizou suas mãos pelo abdômen definido.

Eduardo manteve-se imóvel, tentando controlar a respiração diante do toque suave de Lívia. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto ela explorava cada curva de seu corpo. Cada contato entre eles parecia carregado de eletricidade, criando uma tensão palpável naquele ambiente.

Lívia, consciente de seu efeito sobre Eduardo, continuou sua exploração, seus dedos traçando linhas invisíveis sobre sua pele. Ela se aproximou lentamente, seus lábios quase roçando os dele, desafiando-o silenciosamente a despertar.

Eduardo resistia ao desejo que queimava dentro dele, lutando contra a tentação de ceder ao que Lívia claramente desejava. No entanto, a proximidade dela, seu perfume intoxicante e a suavidade de seus toques, estavam minando suas defesas.

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Comments

Cleidilene Silva

Cleidilene Silva

adorando esse lado dela,só toma cuidado querida vc pode sair queimada kkk

2025-01-09

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Zete Campos

Zete Campos

tô amando essa história parabéns autora pelo seu trabalho.

2025-01-31

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Maria Sena

Maria Sena

Oh Lívia, mermã, para com isso, você tá incendiando uma fogueira na qual você sairá queimada. Agente sobe, sobe e quando escorrega o tombo é grande.

2024-11-12

0

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