AURORA
Quando chegamos ao shopping e Amanda segurou o braço dele como se fizessem isso o tempo todo, desejei que Yanlie estivesse ali. Mesmo que ele não fosse meu namorado, eu só queria não me sentir uma vela idiota, uma iludida.
Eu apenas os segui enquanto respondia algumas interações amistosas da Amanda e do Chris. Ambos estavam sendo agradáveis até demais, o que me assustava um pouco, pois eu não sabia o que queriam. Não ainda.
Chegamos em uma praça de alimentação e o Chris se ofereceu para pagar tudo, mas eu recusei educadamente e pedi apenas um refrigerante.
— Então, Aurora — Amanda continuou com um sorriso simpático. — Você foi bem elogiada essa semana pela nossa professora de linguas adicionais.
— Amanda me disse que suas notas são admiráveis — Chris comentou.
Seu tom simpático era tão bom, mas ao mesmo tempo tão falso... Como eu pude gostar de alguém do grupo da Amanda?
— As dela também não são ruins — Falei desejando ir embora.
— Mas as suas são melhores.
Amanda olhou com irritação para o Chris e ele sussurrou algumas desculpas antes de beijar o rosto dela. Levantei me sentindo mais incomodada pela falta de senso deles do que por "gostar" do Chris.
— Tenho que ir.
— Espera, não conversamos o que combinamos — Chris também levantou.
— Desista, Chris, eu disse que ela só aceitaria por achar que você estava flertando — Amanda finalmente soltou seu veneno. — Ela não queria ajudá-lo... Não sem algo em troca.
Chris me olhou sem graça e a confirmação de que ele sabia dos meus sentimentos nunca foi tão clara. Entretanto, eu não sabia o motivo para ele sempre ser gentil quando Amanda não estava e às vezes até tentava parar as provocações dela. Talvez fosse pena.
E eu odiava pena, odiava que meus colegas me olhassem dessa forma porque sabiam como eu era pobre, como se meu futuro estivesse determinado ao fracasso apenas por isso. Como se eu valesse tanto quanto minha conta bancária.
Eu queria sair por cima, não ficaria ali nem mais um minuto, não daria esse gostinho para a Amanda e o babaca do namorado dela.
Respirei fundo e dei meu melhor sorriso antes de pegar meu celular em minha bolsa.
— Flertando? — Forcei uma risada que pareceu ridícula até para mim. — Por que eu desejaria o flerte dele quando tenho meu namorado? Não seja louca, Amanda.
Estava pronta para ir embora. Era tudo que eu precisava, uma pequena mentiria os calaria e talvez Amanda até me deixasse em paz, pelo menos em relação ao Chris.
— O velho truque "eu não um namorado, não preciso do seu" — Amanda debochou.
Meu rosto esquentou. Ela estava certa dessa vez, eu só não queria ser humilhada. Me arrumar para um encontro com um cara comprometido já foi humilhação o suficiente.
— É claro que eu tenho um namorado, inclusive ele está vindo agora mesmo — Retruquei e mostrei meu celular. — Ele deve estar chegando, vou buscá-lo.
Não deixei que ela dissesse mais alguma coisa e praticamente saí correndo. Entrei no banheiro feminino não tão próximo para não correr o risco de esbarrar na Amanda, e entrei em uma das cabines privadas.
Eu precisava do Yanlie, mas não sabia como chamá-lo. Ele sequer tinha um celular.
Enquanto pensava lembrei da vez em que ele apareceu de repente, quando me salvou de um assalto. Meu colar, a marca que ele havia feito na minha mão...
— Yanlie, por favor me ajude.
Implorei várias vezes enquanto segurava o medalhão com força com a mão que ele havia tatuado um "Y" agora tão imperceptível quanto as linhas da minha palma.
— Estou ocupado — Escutei ele dizer em minha mente.
Sorri animada. Tinha funcionado! Tinha mesmo funcionado!
— Estou em sua mente, poderia falar mais baixo? — Ele reclamou e eu ri totalmente feliz.
Pedi sua ajuda mais uma vez, disse que era uma emergência, mas ele apenas me ignorou dizendo que sabia que eu não estava em perigo, pois conseguia sentir que eu não estava com medo.
Suspirei frustrada. Yanlie estava sendo difícil por causa da nossa discussão, mas eu precisava dele, precisava de verdade.
Continuei segurando o medalhão e fechei os olhos desejando que ele aparecesse na minha frente, como se minha vontade pudesse convencê-lo.
De repente senti um calor invadir a cabine assim como uma luz quase cegante. Quase gritei ao ver Yanlie contra a parede da cabine do banheiro. Ele estava apenas de calça jeans azul escuro e segurava uma blusa de manga longa preta. Seu peito nu estava a centímetros do meu rosto.
Pelo seu cabelo molhado não foi difícil saber com o que ele estava ocupado.
— Eu... Eu não sabia — Senti meu rosto esquentar e tentei me afastar, mas o pouco espaço não permitia.
— Agora sabe — Ele resmungou e colocou a blusa esbarrando seu corpo no meu. — Onde estamos?
— Vai me ajudar?
— Estou aqui agora, tenho alguma opção?
— Shopping — Respondi sorrindo e fiquei na ponta dos pés para ajeitar seu cabelo. — E você será meu namorado.
Yanlie me olhou confuso e surpreso, mas logo cruzou os braços o que fez eu me sentir um pouco intimidada pela falta de espaço.
— E por que eu faria isso?
— Porque você disse que seria meu servo e atenderia todos os meus pedidos, esqueceu?
— Fazer um contrato com humanos é pior do que com demônios — Ele reclamou.
— Por favor, Yanlie — Supliquei, pois não ia obrigá-lo de fato.
— Esse tipo de serventia não estava no acordo, mas tudo bem — Yanlie suspirou. — Serei seu namorado.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Maria Eduarda
são tão fofos
2024-06-14
1
Tania Loz
hoooooo que lindos 😍😍😍😍🥰🥰
2024-05-22
3