Capítulo Treze

AURORA

Yanlie não era uma companhia extremamente insuportável e ver ele experimentando tudo como se fosse um mundo desconhecido era... Um pouco fofo.

— Então você é filho do CEO? — Puxei assunto quando terminei de comer.

— O que é CEO? — Ele questionou enquanto analisava cuidadosamente um pedaço de queijo.

— Você sabe, o tipo de homem que lembrou seu pai.

— Ah, então eu sou sim, meu pai é totalmente esse CEO — Ele respondeu me fazendo rir. — Aurora, isso aqui tem mais componente químico do que leite.

— Eu sei, é assim que os alimentos são feitos.

— Não é não, se quiser que o queijo não estrague é só aplicar um feitiço.

— Não sei se notou, mas estamos na terra.

Yanlie me olhou surpreso e então olhou em volta. Aparentemente ele esqueceu onde estava.

— É verdade, acabei me entretendo e me distrai.

Pela primeira vez vi Yanlie soar triste e isso me deixou um pouco chateada sem saber muito bem o porquê. Mas eu me familiarizava com ele nesse quesito. Eu também sentia saudades de casa.

— Você chamou meu nome, como pôde achar que estava no seu mundo?

— Me sinto em casa com você, Aurora, se você fosse para o meu mundo, eu não notaria que não é o seu lugar.

Meu rosto esquentou, pois Yanlie me olhava tão profundamente e soava tão sincero. Nenhum garoto agia assim comigo.

— Que bom que não se sente tão desconfortável — Falei sem graça. — É ruim estar longe de casa.

— Você é bem sozinha, não é?

— Que tipo de comentário é esse? — Retruquei já me recompondo do meu momento de fraqueza.

— É apenas uma observação — Ele deu de ombros. — Você não tem aqueles papéis que os humanos costumam ter em casa, além disso, até agora nenhum amigo seu apareceu no seu quarto e é fim de semana, não é?

Eu o olhei suspeita. Deduzi que os papéis que ele se referia eram fotografias. Como ele sabia de tudo isso? Ele já havia demonstrado que não sabia muita coisa sobre o mundo humano.

— Você observa demais... Pensei que não soubesse nada.

— Eu não me interesso por humanos, de fato, mas gosto de festas e principalmente amizades — Ele explicou. — Os humanos são os seres mais amorosos de todos os reinos, sabia disso? Vocês se matam por amor.

— Apesar de ser um pouco exagerado, você tem razão... Mas vocês não amam?

— O povo do meu pai sim, ama apenas um ser em toda a vida, já o povo da minha mãe tem diversos amantes, mas sempre tem um favorito.

Por que eu sentia que ele tinha puxado a mãe dele?

— Já imagino qual tipo você é — Resmunguei.

— Infelizmente do meu pai, meus sentimentos são do sol, eu amo muito fácil, porém, só amo uma vez — Ele explicou.

— E já encontrou seu amor? — Perguntei curiosa.

Yanlie sorriu e cruzou os braços fazendo eu me arrepender de ter perguntado. Eu sabia que ele diria alguma coisa estúpida.

— Ainda não, mas não crie esperanças, eu não me apaixono por humanas — Ele desdenhou.

— Ainda bem — Sorri com um alívio exagerado e ele riu. — Se não amou ninguém, como pode ficar com qualquer fada dessa forma?

— Como vou saber se amo alguém se não tentar?

— Então você quer amar alguém?

— Às vezes sim e às vezes não, eu quero uma companheira para ser para mim o que minha mãe é para o meu pai.

Desejei saber como eram os pais do Yanlie ou como eram os casais do seu povo. Eu não conhecia muitos casais apaixonados, isso incluía meus pais apesar de estarem juntos e se apoiarem sempre, às vezes parecia que eles eram apenas bons amigos.

— Se você tem um bom exemplo em casa, por que parece tão libertino?

— Eu já disse, gosto do corpo feminino — Ele deu de ombros. — Além disso, seguindo a tradição do povo do sol, eu me apaixonaria por uma fada tão forte quanto eu.

— Tão forte quanto você? Não deve ser tão difícil.

Yanlie me olhou de repente muito sério e pensei ter visto seus olhos completamente negros por uma fração de segundo antes de voltarem ao normal. Íris douradas.

— Você não faz ideia da imensidão do meu poder, Aurora.

Lembrei de como ele acabou com aqueles três idiotas capachos da Amanda. Estremeci. Se ele estava sem seus poderes agora, então com eles...

— Me mostre — Pedi surpreendendo até a mim.

— Você não está com medo — Ele analisou meu rosto. — Interessante... Deve ser por isso que corre tanto risco de vida, você se atrai por problemas?

— Levando em consideração que estou tomando café com um elfo — Fingi pensar um pouco. — Talvez.

Yanlie riu e seu rosto se suavizou. Ele não estava mais ofendido aparentemente. Apesar dele ser poderoso, eu duvidava que ele fosse assim tão mal, até então o mais imoral que ele havia sido comigo foi dormir na minha cama. Mas mesmo assim, não houve qualquer toque obsceno intencional.

— Infelizmente não posso mostrar, não hoje, mas em breve — Ele disse misterioso e então levantou. — Vamos? Estou satisfeito.

Alguns minutos depois a conta estava paga com um leve desconto graças ao charme do Yanlie quando eu reclamei que ele me levaria à falência. Pelo menos seu rosto irritantemente bonito servia para alguma coisa.

Yanlie apertou minha mão brevemente enquanto voltávamos para o meu dormitório de mãos dadas, e ao ver seu sorriso, eu soube que ele estava escutando cada pensamento meu.

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