YANLIE
Aurora me ajudou a cultivar assim que chegamos em seu dormitório, entretanto ela precisava reler alguma matéria que não havia compreendido bem. Então nosso domingo foi um pouco silencioso... Para ela, pois para mim seus pensamentos estavam extremamente barulhentos.
Mesmo após ela fazer uma pausa para o almoço, o que eu recusei, pois demorava para ficar com fome como os humanos e não era necessário trazer mais prejuízo financeiro, ela ainda estava com os pensamentos tão incomodados que eu estava começando a me incomodar.
— Aurora — Falei de olhos fechados. Ela não respondeu e eu respirei fundo ao soltar sua mão e abrir os olhos. — Aurora, pode me responder?
— Estou quebrando minha cabeça aqui, Yanlie — Ela disse enquanto lia algo em um caderno. — Mas diga, estou ouvindo.
— Não, não está, seus pensamentos estão tão altos que eu duvido que consiga escutar a própria voz.
Ela finalmente me olhou, seu rosto adquiriu uma coloração avermelhada e eu entendi que ela estava com raiva. De novo.
— O que eu disse sobre ficar longe dos meus pensamentos!?
— Estou cultivando — Respondi simplesmente. — Além disso, são pensamentos tão chatos que não desejo escutar, mas é difícil cultivar e criar uma barreira entre mim e você.
Era como fazer o trabalho contrário ao cultivo ao mesmo tempo. Eu precisava da energia da Aurora e isso incluía seus pensamentos, se eu quisesse silenciá-los teria que trabalhar dobrado.
Também havia outro motivo, mas não achei necessário informá-la e nem pensar muito nisso.
— Bem, sinto muito? Eu sou um ser humano, preciso pensar.
— Deixe-me ajudá-la, não deve ser difícil.
— Você não vai entender, disse não saber nada sobre...
Eu a ignorei e peguei o caderno das suas mãos. Ao ler o conteúdo, ergui as sobrancelhas um pouco surpreso.
— Eu pensei que você fosse inteligente, isso aqui é um diálogo simples de cumprimento — Eu a olhei confuso.
— Simples!? Isso é Mandarim!
— Manda o que?
— Espera... Você não fala Inglês? — Ela perguntou surpresa e quanto mais confuso eu parecia, mais admirada ela parecia. — Você não faz ideia do que significa isso, certo?
— Eu não gosto de não saber, me explique.
Aurora riu e eu a encarei com irritação. O que era esse Inglês e Mandarim!?
— Ok, ok, são línguas, duas das inúmeras que temos na Terra dos Humanos — Ela explicou. — Não acredito que você consegue falar todas as línguas... Ou será que não...
Aurora pegou o grande celular, que ela chamava de notebook, mas eu não sabia a diferença de qualquer forma, e escreveu alguma coisa ao tocar nas pequenas letras.
— Leia — Ela pediu e apontou para a tela.
— Yanlie é um... Por que me chamou de idiota!?
— Fascinante, até mesmo Russo é compreensível para você... Yanlie, você é como um tradutor móvel.
Sorri por mais que eu não soubesse desse meu conhecimento. As línguas dos seres mágicos eram semelhantes com alguns sotaques diferentes, exceto as antigas eram diferentes, mas eu havia aprendido ambas por ser o príncipe herdeiro.
— Isso faz sentido, eu não poderia sobreviver sem me comunicar — Falei pensativo. — Mas então você não compreende nada disso?
— Não, é muito difícil, mas preciso aprender pelo menos a comunicação básica das principais línguas.
— Por que?
Aurora desviou o olhar e pensei que não fosse responder minha pergunta. Mas quando eu estava prestes a repetir, ela finalmente falou.
— Porque eu quero abrir uma pousada ou hotel... Não me diga nada se não tiver nada agradável para dizer.
Uma pousada ou hotel... Eu sabia o que isso significava, pois eram lugares onde eu costumava ficar quando passava a noite em outros mundos... Sem meus pais saberem, é claro.
Olhei bem para Aurora e a profissão não parecia muito adequada a ela. Entretanto, era um fato que ela era muito acolhedora quando queria. Talvez funcionasse.
— Isso é quase como administrar um reino, mas um reino menor — Sorri. — Eu acredito que consegue.
— É difícil sem recursos — Ela murmurou para si mesma, mas eu escutei.
— Eu não tenho nada agora, mas quando voltar para casa deixarei inúmeras caixas de ouro para você — Falei decidido. — Você será tão rica que pensarão que é uma nobre.
Ela me olhou surpresa e por fim acabou rindo baixo.
— Não preciso de tanto assim.
— Mas merece, mesmo não sendo uma anfitriã tão acolhedora inicialmente — Brinquei. — Você foi leal a mim e eu não esquecerei disso jamais.
Aurora sorriu, um sorriso gentil e sincero que eu nunca havia visto em seu rosto. E foi como se o tempo tivesse parado para mim, como se o ar a nossa volta estivesse diferente apenas por causa do sorriso dela. Era como se tudo estivesse se curvando ao seus lábios felizes.
— Yanlie?
Pisquei. Eu estava a encarando como um idiota com toda certeza. Mas não sabia o motivo para a minha falta de lucidez, não naquele momento.
— Seu sorriso é bonito, devia sorrir mais.
Sem esperar resposta, peguei o artefato de escrita e comecei a explicar sobre o significado de cada palavra em seu caderno.
Aurora não disse nada, sequer me olhou irritada pela minha "provocação", porém eu notei suas bochechas rosadas novamente e comecei a me questionar se isso significava de fato raiva.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Lucilene Palheta
kk ele vai descobrir o rosadinho dela logo logo kkk
2024-05-22
3
Tania Loz
eitaaa 🥰🥰🥰🥰😍😍😍
2024-05-22
2
Reni Demetre
♥️♥️♥️♥️🫶🏼🫶🏼🫶🏼
2024-05-20
3