Capítulo Três

YANLIE

Eu, o príncipe herdeiro dos dois mais poderosos reinos mágicos, estava sendo afrontado por uma fadinha esquisita. Minha vontade era de lhe dar uma boa lição, mas eu não punia sem motivo, infelizmente era uma regra da minha mãe que eu tinha que respeitar.

Esperei que ela se teleportasse para qualquer lugar longe de mim. Porém, ela continuou me olhando numa mistura de medo e irritação.

— Você não vai sair? — Perguntei entediado. — Vai sair do modo difícil então.

A segurei pelo braço, mas por um curto período de tempo, pois assim que nossas peles se tocaram ela se afastou como se eu a queimasse.

Estranhei seu comportamento, ela era uma fada da lua... Ou seria do sol... Não, de qualquer maneira ela era apenas uma fada, por que meu toque a machucaria?

— Quem é você? E por que sua mão parece fogo? — Ela questionou assustada.

— Fogo? — Olhei para a minha mão.

Só então notei que havia mais uma coisa diferente: o ar. A Terra da Lua era sempre fria, principalmente à noite, já a do Sol era sempre quente mesmo durante a noite.

Entretanto onde eu estava não era necessariamente frio, mas também não era quente... E a atmosfera era diferente. Assim como...

— Que lugar é esse? — Perguntei ao ver que estávamos em um lugar alto rodeados de outras casas de formato estranho.

— Meu Deus, um lunático invadiu meu prédio... — Ela murmurou e eu a olhei com irritação. — Terra, planeta terra, Inglaterra, 2023.

— Você é humana?

— Sim e você?

— Não — Respondi mais relaxado.

Era só uma humana então. Sorri. Meu pai havia me mandado para a Terra dos Humanos, quanta besteira, eu podia sair quando eu quisesse.

— Acho que bati forte minha cabeça ou você está tentando zombar de mim — Ela disse confusa e levantou. — De qualquer forma, estou indo embora.

— Eu também — Levantei já que havia sido arremessado em cima da coisinha estranha. — Considere-se sortuda, não é todo dia que pode encontrar um ser superior.

Ela me olhou de um jeito estranho que infelizmente não consegui identificar, o que era estranho, pois geralmente minha magia era muito boa, mesmo eu sendo de fato muito preguiçoso.

Estendi minha mão pronto para abrir um portal para a Terra do Sol. Meu pai não me procuraria lá e eu podia viver como rei escondido dele e da minha mãe.

Quando o portal não apareceu comecei a ficar frustrado. Tentei novamente e nada. Tentei tanto que estava sacudindo minha mão pateticamente como se a magia estivesse presa nas minhas veias.

— É... O que está tentando fazer exatamente?

Olhei com irritação para a humana que não havia ido embora ainda. Ela estava horrível com aquele grande cobertor em volta dela. E seu rosto também não era agradável, era inchado e vermelho, assim como suas pálpebras.

— Sua aparência me enoja.

— O que disse!?

— Saia, não quero problemas desnecessários — Voltei a me concentrar em abrir um portal.

Me assustei quando a garota se aproximou furiosa e apontou o dedo para o meu rosto. Notei que haviam lágrimas escorrendo pela sua face e percebi que eu havia sido um pouco insensível.

De qualquer forma, eu não tinha culpa dos problemas dela. Se ela queria chorar por ser feia deveria chorar para os seus pais que lhe passaram esse gene horrível.

— Você pode ter problemas mentais, mas não te dá direito de ser um completo babaca! — Ela esbravejou. — É melhor sair do meu prédio antes que eu chame as autoridades!

— Seu desequilíbrio emocional é assustador — Segurei seu dedo. — Aliás, não aponte o dedo para pessoas mais velhas que você.

Ela olhou confusa para a minha mão e eu sorri com diversão. Eu era um elfo do sol e da lua, eu logicamente conseguia controlar minha temperatura.

Essa humana devia se ajoelhar diante de mim e agradecer por eu controlar meu poder apenas para tocá-la.

— Não estou brincando, senhor lunático — Ela puxou seu dedo da minha mão. — Saia logo!

— Eu quero tanto isso quanto você — Suspirei e olhei minhas mãos. — Mas acho que hoje não vou conseguir, quem sabe quando eu descansar um pouco.

Eu não sabia o que havia de errado e me incomodava não ter meu pai ou minha mãe por perto para me esclarecer. Até mesmo a tia Bryana e tia Amy que tinham pouca paciência seriam úteis.

— Entendi... — Ela disse num tom estranho. — Descanse então. Adeus.

— Espere, onde posso descansar? — Perguntei e olhei em volta. — Esse lugar não parece adequado.

— Como eu vou saber? Se vira.

Olhei incrédulo para aquela garota tão ignorante. Respirei fundo, só tinha um jeito de conseguir a devoção das mulheres...

Puxei o cobertor da garota e a segurei pela cintura. Ela me olhou surpresa e eu dei o meu sorriso mais bonito, um que nunca falhava não importava o quão linda fosse a serva ou fada nobre.

— Você deveria me ajudar, não acha? — Acariciei seu rosto feio. — Eu não dou trabalho... A menos que você peça.

Continuei sorrindo e já estava me sentindo vitorioso quando percebi que ela estava levantando sua mão possivelmente para tocar meu belo rosto.

Entretanto um tapa forte veio no lugar da carícia e eu a olhei surpreso enquanto ela fazia uma careta e segurava sua mão. A garota me empurrou com força, mas eu não a soltei.

— Como ousa!?

— Me solta! Pervertido! — Ela começou a bater no meu peito. — Me solta!

— Pare de gritar! — Esbravejei.

Tentei jogar um feitiço de silêncio nela, mas nada aconteceu, minha magia simplesmente não funcionava!

A garota continuou gritando enquanto eu tentava cobrir sua boca. Minha mão se prendeu em uma espécie de corda em seu pescoço fazendo algo cair no chão.

— Meu colar... Me solta agora! — Ela gritou.

Como se ela tivesse jogado um feitiço em mim. Eu a soltei imediatamente e ela começou a chorar enquanto se abaixava para pegar seu colar.

— Não quebrou, ainda bem, só arrebentou a corda — Ela pareceu aliviada e abraçou o objeto.

— O que você fez? — Perguntei me sentindo estranho. Ela me olhou indignada e eu me afastei. — Tudo bem, não vamos ter nenhum contato daqui para frente e desculpe pelo seu colar.

Ela não disse nada. Apenas me deu as costas e saiu correndo por uma porta.

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