AURORA
— Ei garçonete, queremos fazer nossos pedidos!
Respirei fundo. Era só a Amanda agindo de forma infantil novamente. Eu só precisava anotar seu pedido, levar para a cozinha e seguir a minha vida.
Porém, as coisas não eram tão fáceis, pois assim que cheguei na mesa notei que, além dos seus amigos, Chris estava presente.
— O que desejam? — Perguntei educadamente.
— Vocês têm salada? — Rachel, a melhor amiga da Amanda e minha hater número 2, perguntou.
— Não.
— Como não tem salada?
— É uma hamburgueria — Esclareci tentando manter a calma.
Anotar pedido. Entregar na cozinha. Seguir minha vida.
— Mas ela é vegana, prepare algo vegano — Amanda disse enquanto olhava o cardápio.
— Lamento, mas não sou responsável por isso.
— Mas é a garçonete, você não é responsável por anotar as coisas? Então anote! — Ela disse com grosseria. — Garota estúpida...
Seus amigos riram, inclusive Chris que não pareceu me reconhecer, o que me deixou mais aliviada. Não queria que ele soubesse o quão diferente eram as nossas realidades.
— Certo, vou levar seu pedido para a cozinha — Avisei.
— Aurora, nós ainda não pedimos, só a Rachel — Amanda sorriu com diversão. — Vou perdoar seu erro já que a aula hoje foi puxada.
— Aurora Harrison? — Chris me olhou surpreso. — Nossa, não a reconheci nesse uniforme.
Seu tom era de clara surpresa, mas Amanda e seus amigos entenderam como uma piada de mau gosto e começaram a rir.
— Ela precisa trabalhar aqui ou não tem como comer ou se vestir, você sabe, a faculdade ainda não oferece bolsa mendigo — Amanda disse num tom de falsa simpatia.
Respirei fundo pela milésima vez naquela noite. Eu estava me esforçando para não chorar, geralmente eu era mais forte, mas minha TPM estava forte naquele mês.
— Amanda, isso não é uma coisa legal de se dizer — Chris me defendeu e então sorriu para mim. — Eu quero um hambúrguer com duas carnes e uma Coca-cola, obrigado.
Assenti de cabeça baixa, pois sentia que se o olhasse novamente com certeza choraria.
Amanda se limitou a suspirar e resmungar seu pedido assim como seus amigos. Anotei todos e fui para a cozinha.
— Por que demorou tanto naquela mesa? — O chef perguntou. Fiz menção de responder, mas ele levantou sua mão num pedido para que não me explicasse. — Volte ao trabalho e pare de flertar com os clientes.
Assenti e voltei para o inferno de expediente.
...****************...
Hoje era sexta-feira, o que significava que eu teria todo o prédio do meu curso para mim, por isso ficava na cobertura onde os populares costumavam se encontrar em dias de semana. Mas às sextas e sábados à noite, aquele lugar era todo meu.
Levei minha coberta e uma barra de chocolate, que eu tinha comprado com algumas economias, para me acompanharem nas minhas horas de paz noturna assistindo as famosas séries e filmes de romance que eu adorava me iludir. Esse era o meu "luxo" semanal.
Chorei em diversas cenas, mas quando comecei a chorar até em cenas felizes, tive que parar de assistir. Eu definitivamente não estava chorando pelo filme.
— Sinto falta de casa — Sussurrei sozinha e funguei alto. — Mãe, pai, meus amigos...
Eu queria tanto ir para casa, mas se eu desistisse agora jogaria tudo fora e reconheceria que todos estavam certos: meu futuro era no interior sendo dona de casa.
Eu não tinha nada contra ser dona de casa e mãe, até porque eu admirava minha mãe e sua força para organizar nossa família, mas simplesmente não era o meu sonho de vida.
Meu maior desejo era abrir minha própria pousada ou até mesmo hotel. Conhecer diversas pessoas, culturas, ter sempre algo diferente para conversar. E também ajudar meus pais a saírem das inúmeras dívidas que estavam no nome da minha mãe e consequentemente no do meu pai já que ele havia tentado todos os empréstimos possíveis para quitar as dívidas da minha mãe.
— Só queria abraçá-los um pouco — Segurei meu amuleto da sorte.
Era uma linda moeda antiga e minha mãe adorava contar sobre como pertenceu à uma ancestral nossa que tinha sido uma princesa. Eu não acreditava nessa baboseira, mas gostava de me sentir protegida pela moeda.
— Não importa a época ou o universo... Ele irá te proteger — Sorri sem ânimo e olhei para o céu. — Seria bom se fosse verdade.
Algo chamou minha atenção. Uma luz tão brilhante que parecia até mesmo...
— Uma estrela cadente! — Gritei eufórica por nunca ter visto uma.
Fechei meus olhos ignorando o fato de eu não acreditar em quase nenhuma superstição e fiz meu pedido.
— Que esse alguém venha me proteger logo — Sussurrei. — Por favor.
De repente um grande clarão iluminou toda a cobertura do prédio e eu me cobri acreditando que a estrela na verdade era um meteoro e eu estava prestes a morrer.
Fui acertada em cheio e minhas costas colidiram com a parede atrás de mim me fazendo gemer de dor.
— O que significa isso... — Escutei uma voz masculina dizer.
Meu coração acelerou. Não só pelo sotaque estranho e pelo fato de ser um desconhecido. Mas também porque eu era uma moça sozinha em um prédio de cinco andares com um homem estranho.
Fiquei quietinha debaixo da minha coberta torcendo para que ele não me notasse.
— Ei, ser vivo — Ele puxou minha coberta e eu gritei. Ele fez uma careta. — Não grite.
— Eu vou gritar mais alto se fizer algo contra mim! — Avisei.
Ele sorriu e eu fiquei impressionada no quanto ele era bonito. Sua pele era clara e seu cabelo castanho quase mel, assim como seus olhos curiosamente dourados... Eu nunca tinha visto nada igual.
— Do jeito que me olha, eu que deveria dizer isso.
Pisquei e balancei minha cabeça para me concentrar. O que eu estava pensando!? Bandidos também podiam ser bonitos! Como era aquele ditado... Bandido não tem cara!
— Bom, eu estou no meu prédio e você é um estranho — Argumentei. — Identifique-se!
— Você está me dando ordens? — Ele me olhou de um jeito assustador. — Você tem três segundos para sumir da minha frente.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Maria Eduarda
tem continuação do deven e Nealie????
2025-01-15
0
Tania Loz
gostando muito da história 🥰
2024-05-21
2
Reni Demetre
/Heart//Heart//Heart//Heart//Heart/
2024-05-18
3