YANLIE
Aurora havia pedido alguns pratos e agora estávamos esperando em uma mesa um pouco afastada das demais. Eu a estava observando há alguns minutos e tentando ignorar a inquietação em meu corpo.
Eu nunca havia sentido uma sensação tão forte quanto senti ao ter os lábios da Aurora nos meus. Mas me convenci que era parte do encantamento.
Porém, a olhando mais atentamente naquela fria manhã, ela não parecia tão ruim assim de aparência. Seu cabelo escuro e longo estava solto, e ela havia passado alguma tinta em seu rosto. Seus lábios brilhavam me atraindo instintivamente.
— Yanlie — Aurora me olhava com impaciência.
— Hum? — Resmunguei ainda olhando seus lábios com interesse.
— O que você tem? Geralmente a distraída sou eu.
— O que é isso nos seus lábios — Apontei para a sua boca.
Aurora ficou vermelha, o que a deixou mais agradável ainda.
Pisquei. O que eu estava pensando a elogiando o tempo todo? Se não fosse pela ligação das nossas famílias, eu nem olharia para ela.
— É gloss — Ela respondeu timidamente. — Por que?
— Gloss? Nunca ouvi falar — Falei curioso e dei de ombros. — De qualquer forma, continue usando, eu gostei.
— E quem disse que estou usando para você!?
Sorri e ela me olhou com mais irritação ainda. Que humana estranha.
— Pensei que humanos gostassem de elogios.
— Eu gosto, mas só de quem eu aprecio.
— Como o Chris?
— Fala baixo! — Ela olhou ao redor. — Vários colegas estão nessa cafeteria, sabia!?
— Por que não posso falar no meu tom normal? Vocês não são um casal?
— Não.
— Mas seus pensamentos eram de casal — Disse num tom acusatório. — Então você é do tipo que beija vários?
— O que quer dizer com isso!? Eu nunca beijei ninguém além de... — Ela se calou como se tivesse se dado conta de que estava falando demais.
— Estou adorando saber mais sobre você, continue — Sorri.
Era bom saber que ela não tinha um parceiro. Se ela focasse na vida amorosa dela, como ela me ajudaria? Além disso, eu seria o maior pesadelo do parceiro dela.
— E você? Já que estamos falando disso, quantas você já beijou?
— Não sou bom com números, mas foram muitas — Pensei um pouco. — Mas nunca namorei, somos iguais nisso.
— Claro, muito iguais — Ela resmungou me fazendo rir. — Você é mesmo um pervertido.
— Não nego o que sou, mas até um pervertido pode ser um cavalheiro às vezes.
Aurora me olhou um pouco surpresa e eu continuei sorrindo achando nossa conversa muito divertida. Para ser sincero, eu não tinha amigos além dos meus primos Ared, Landon e Brigitte. Mas eles eram tão chatos às vezes ou então sensíveis demais.
Já a Aurora, apesar de se irritar facilmente, parecia interessada em conversar comigo. O que era ótimo, pois eu adorava conversar. Onde tinha festa fadas rindo, eu queria estar.
Ela fez menção de dizer algo, mas se calou quando o rapaz que havia nos atendido veio trazer os pedidos. Ele deixou os pedidos e um papel com muitos números perto de mim.
— Desculpe, o que é isso? — Perguntei confuso.
— Ligue e saberá — Ele piscou e saiu andando.
Olhei mais confuso ainda para Aurora, mas ela parecia segurar o riso.
— Você é bem popular — Ela finalmente riu e pegou o papel da minha mão. — Ryan, nome legal.
— O que significa esses números?
— É... É como um código, você os coloca em um celular...
— O aparelho mágico?
— É... Tipo isso, você coloca e magicamente vai poder falar com aquele rapaz.
— Por que eu falaria com ele? Eu nem o conheço.
— Mas pode conhecer — Ela riu. — Ele não faz seu tipo?
Finalmente entendi para onde essa conversa estava indo.
— Não, eu não gosto do gênero masculino em nenhum reino — Respondi. — Eu gosto muito do corpo feminino, seios e...
— Ok, sem detalhes! Você não tem modos!?
— Eu!? Aquele cara flertou comigo em público e você estava tendo pensamentos maliciosos com o seu colega hoje mais cedo! Vocês humanos não podem me julgar.
Aurora ficou vermelha de raiva novamente. Eu só havia dito a verdade. Francamente, humanos eram mesmo muito desonestos.
— Apenas coma e pare de dizer besteiras, vão pensar que somos loucos — Aurora guardou o papel em seu bolso.
— Me dê o papel.
— Por que?
— Você não vai ligar para ele — Falei simplesmente. — Me dê logo.
— Se você não fosse você, eu até pensaria que está com ciúmes.
— E eu estou — A olhei muito sério. — Eu já disse que você é a minha pessoa.
Eu não estava brincando. Não era bem um ciúme, mas se ela começasse a sair com aquele cara, quem cuidaria de mim!? Eu não podia deixar ela se distrair até que eu fosse embora.
— Para com isso — Ela me olhou irritada.
— O papel — Estendi a mão e ela me entregou. — Ótimo.
— Você é louco, Yanlie.
— Se eu ganhasse uma moeda de ouro a cada vez que você diz isso, eu estaria rico novamente — Resmunguei.
Ela deu de ombros e começou a comer. Porém, eu estava confuso. O que eram aqueles pratos?
Havia um líquido escuro que pelo cheiro reconheci ser café, mas era de quinta categoria, nem no reino dos demônios aquele café era puro. Também haviam alguns pães que só pelo cheiro eu também sabia que nenhum ingrediente era natural.
Além dessas misturas duvidosas, havia um prato com uma pilha de massa coberta por...
— Isso é mel? — Perguntei interessado.
— Sim, panqueca com mel, você não gosta? — Aurora perguntou de boca cheia.
Eu a olhei. Ela estava com o cabelo jogado para trás, o queixo sujo com o suposto mel e algumas migalhas no canto da boca.
Não sei onde eu estava com a cabeça quando considerei que ela era minimamente agradável.
— Você está me fazendo perder o apetite — Falei com desgosto.
— Ótimo, mais para mim.
Respirei fundo tentando não amaldiçoar meu pai. Eu precisava comer ou todo o meu cultivo seria em vão.
Bebi o café adulterado e fiz uma careta. Não estava extremamente gelado e nem extremamente quente. Como podiam beber algo morno desse jeito?
— A temperatura é péssima.
— Você só sabe reclamar — Ela revirou os olhos. — Eu diria para colocar açúcar, mas você tem cara de quem gosta de coisas amargas.
— Tenho? Por que? — Perguntei confuso.
Comecei a cheirar cada pote daquela mesa para encontrar o açúcar. Aurora balançou a cabeça em negativa e me entregou um pedaço de papel.
— Açúcar — Ela explicou. — Bom, você tem cara de CEO, aqueles homens frios que não gostam de doce e maltratam mocinhas.
— Uau, você descreveu meu pai — Falei surpreso e coloquei pelo menos cinco daqueles pacotes de açúcar no meu café. — Agora está bom.
— Elfos podem ter diabetes?
— O que é isso?
— É bom que não possam — Ela olhou incerta para o meu café.
— O que é diabetes? Eu gosto de ter coisas, como faço para ter isso?
Aurora riu como se eu tivesse contado uma piada.
— É uma doença, Yanlie.
— Ah... Bom, é impossível que eu tenha então — Dei de ombros.
— Sorte a sua.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Tania Loz
🤔🤔🤔🤔🤔🤔🤔😍😍
2024-05-22
1
Elly anjos
incrível
2024-05-22
2
Reni Demetre
amando ♥️❤️🫶🏼🥰😘
2024-05-18
2