Vivendo Uma Ficção

— Você ama a seus filhos e a mim tanto assim?- Pergunto com desdém.

— Por conta da tatuagem?- Pergunta Eduardo sem se virar pra mim em quanto vestia sua camisa.

— Acho que não precisava ser tão radical assim.

Os três nomes era grande, eles cobriam grande parte de suas costas. Os nomes em letras cursivas estavam sobre um fundo escuro com pontos brancos indicando que um pedaço do espaço.

— Se eu pudesse, colocaria seus nomes em um outdoor.

Eduardo avança sobre mim, me beijou outra vez e nos deitamos de novo.

— Segundo round?- Perguntei.

— Lamento, você ganhou nos segundos finais no primeiro Round, não vai dar.- Fala Eduardo voltando a ficar em pé do lado da cama.

— Que pena!- Balbuciei me levantando.

— Agora vou preparar nosso jantar, pode continuar trabalhando se quiser, chamo você quando terminar.

Completei lhe dando outro beijo demorado.

— Já que insiste. Vou ligar para um cliente, mas será rápido.- Fala Eduardo dando me um beijo na testa.

Me dirigindo para a cozinha com Eduardo a minhas costas tentando colocar suas calças, ele dizia o que queria para o jantar. Assim fomos até a cozinha onde Eduardo tirou da geladeira uma garrafa de whisky e um copo, indo até a mesa se serviu de uma pequena doze e me ofereceu o qual recusei.

— Quando começou a beber?- Perguntei cordialmente.

— Na faculdade de veterinária.

— Já éramos casados?- Perguntei.

Foi aí que percebi que estava fazendo perguntas óbvias, as quais já deveria saber as respostas.

— Você não é a Jeisa que eu conheço. O que fez com minha mulher?

— Está achando que sou um clone de sua mulher?

— Supostamente sim, mas um clone melhorado.

— Por que diz isso? Acha que não sou uma boa esposa?

— Caramba amor, é por isso que acho que está acontecendo alguma de errado com você, ao menos no dia de hoje, primeiro você não lembra que mandamos nossos filhos para o sítio de seus pais esse final de semana, depois você chega do trabalho sem estresse e sempre cansada para fazer até o jantar e na cama hoje você foi diferente parecia que não fazia aquilo a muito tempo. E agora, vem você me perguntar se já éramos casados durante a faculdade. Fizeram uma lavagem cerebral no paciente errado.

— Tá! Não vou mais perguntar.- Fale virando me para a geladeira.

— Não...

— Não oque?- Disparei retirando da geladeira um queijo e em seguida abrindo o Freezer para retirar uma embalagem de salsichas.

— Não eramos casados, muito menos namorados.- Fala Eduardo.

Parei o que fazendo imediatamente.

— Como assim! Eu conheço você desde que tinha dez anos e se merecordo bem, amanhã é seu aniversário de vinte e nove anos.

Terminei colocando o queijo sobre a mesa e o pacote de salsichas de baixo da torneira da pia.

— Pelo menos lembro do meu aniversário. Mas como me conhece dês dos meus dez anos?

— Você era vizinho da minha tia, conheci você na casa dela, você tinha dez e eu nove anos.

— De onde tirou essa? De seus familiares conheço apenas seus pais e uma tia sua que já é falecida.

— Como ela se chama?- Perguntei de supetão.

— Eliana.

— De que ela faleceu?- Essa foi mais na lata ainda.

— De câncer terminal.- Reponde Eduardo bebericando sua bebida.

— Eu tinha desesete anos quando ela faleceu, você tinha dezoito. Como foi que nos conhecemos?

— Vai dizer que não se lembra.

— Só responda a pergunta.- Encaro Eduardo friamente.

— Bom... Seu pai era meu cliente, tinha um plantel de cinquenta vacas leiteiras em sua propriedade, vendia alguns insumos para alimentação do rebanho, como ração, cemei e medicamentos. Um dia, uma de suas vacas apresentou dificuldade para parir um filhote então ele me chamou, eram por volta das cinco horas da manhã, então depois de muito trabalho consegui fazer com que a vaca parise em segurança, como ainda não havia tomado café seu pai me convidou para tomar café em sua casa, foi quando lhe conheci. Respondi sua pergunta dona Jeisa?

— Então nunca foi na casa de minha tia?

— Nunca.

— Nunca estudamos juntos?

— Não.

— Nunca brigamos no colégio?

— Se não estudamos juntos, então não brigamos.

Aquilo não fazia sentido.

— Você nunca foi para o exercito?

— Cheguei a me alistar, no fundo queria, mas quebrei meu braço andando de bicicleta quando tinha uns dez anos. Lembra disso também?

— Lembro!- Repondo abrindo uma das gavetas da pia e retirando uma faca e um ralador de queijo.

— Você quebrou o braço depois que sua bicicleta ficou sem freio e bateu em um barranco, rachei de tanto rir até ver que era grave.

— Você esta errada. Cai da bicicleta quando perdi o controle, e tenho certeza de que ninguém viu.

— Por que então lembro de uma forma diferente de como você lembra?

— Talvez esteja querendo me pregar uma peça ou algo parecido.

— Porque?

— Porque o que?

— Porque estaria tentando pregar uma peça em você? Primeiro de abril já passou.

— Jeisa, hoje você está muito estranha.

— Já disse isso umas duas ou três vezes. Afinal porque acha que estou diferente?

— Já falei.- Fala Eduardo abrindo os braços.

— Ta bom! Tem como você me explicar uma coisa?

— Não sendo sobre suas paranóias que está tendo hoje!

— Não é paranóia. É que... De algum modo, quero intender mais sobre minha vida e porque estou aqui.

— Pirou na maionese foi?

— Nem eu sei, talvez esteja mesmo ficando louca.- Falo começando a ralar um pedaço de queijo.

— Você quer saber mais sobre sua vida, pois bem. O que quer saber?

Após a pergunta Eduardo vai até a gaveta de um guarda louças e retira dela uma caixa de madeira e um avio. Colocando a caixa sobre a mesa e depois que Eduardo a abre vi centenas de cigarros de uma cor azulada.

— Além de beber você também fuma Eduardo! Poxa achei que você tinha falado que nunca iria por uma coisa dessa na boca.

— Quando disse isso?

— Quando éramos crianças. Víamos seu pai e seu avô fumando, jurava que nunca chegaria nem perto de um cigarro. O que aconteceu com você?

— Comigo? Comigo nada, mas pelo que parece você está biruta. De onde você veio e o que fez com minha mulher?

— Como pegou o vício de fumar?

— Também na faculdade. Mas vamos ao que interessa, o que quer saber?- Pergunta Eduardo tirando uma baforada de seu cigarro esquisito.

— Sabe... Alguma vez já me interessei pela profissão de engenheira?

— Não sei. Depende da qual engenharia está falando.

— Engenharia civil.

Eduardo solta uma gargalhada.

— Você! Ser engenheira civil! Jeisa, me poupe.

— Porque?

— Você manda muito mal em desenhos, é meio lerda em matemática, tem medo de altura, e odeia cheiro de cimento. A engenharia civil não tem nada a ver com você,

— Tá! Já entendi não precisa humilhar. Mas se eu falar que de onde venho estou estudando para ser engenharia civil. E você não é veterinário pora nenhuma.

— Finjo que acredito, só para me dizer em que profissão atuo.

— Você é do exército, sargento, e está em uma missão de paz no oriente médio.

Ouço outra gargalhada de Eduardo, essa mais sínica.

— Pera aí. Está dizendo que estou no oriente médio?

— Sim. Aproximando dos seis meses.

— De que lado estou?

— Eu sei lá.

— Tomara que seja do lado de Israel, não gostaria de estar no lado de oposto da facha de gaza.

— Porque?

— Porque? Vou explicar o porquê. Israel e o Hamas estão em guerra a quase cinco anos. O Hamas é um grupo terrorista que atua a quase trinta anos no território islâmico. Entendeu agora?

— Em meu tempo não estava.

— E que história é essa de "em meu tempo?"

— Já sofri algum acidente?

— Do que está falando?

— Um acidente, carro ou qualquer outro.

— Não. Você dirige mais devagar que uma tartaruga, e é muito cuidadosa no trânsito.

— De onde vim, sofri um acidente grave, um caminhão bateu em meu carro em um semáforo e eu fui parar no hospital com uma lesão no celebro, e estou em coma.

— Jeisa. Você precisa ir ao médico, ao médico ou parar de escrever esses livros, essa história certamente e mais uma de suas ficções.

— Não é ficção Eduardo, e realidade, sei que é difícil acreditar mais é.

— Tá bom. Qualquer coisa estarei no escritório, me chame se precisar de alguma coisa.- Termina Eduardo apanhando a garrafa de whisky e a caixa de cigarros e me deixando sozinha na cozinha.

Terminei de ralar o queijo e depois comecei a cortar as salsichas, enquanto fazia isso resolvi ligar para meus pais, assim que apanhei o celular havia uma mensagem de uma mulher, seu contato estava salvo como Eloisa.

"Jeisa, estou lhe enviando um parecer de capitulo dez. Gostei muito, este capitulo já está em edição, assim que terminar o capítulo onze estarei às ordens".

Percebi que ela era minha, acessora, então resolvi retornar a mensagem com um "muito obrigado".

Outra mensagem surgiu em seguida que dizia: "gostei da parte em que a protagonista regressa no tempo para ficar com o namorado".

Foi então que me toquei de que eu estava vivendo a história do meu livro. Então corri para o escritório e avancei sobre meus manuscritos para encontrar a parte que Eloisa citou. Se eu teria escrito, provavelmente deveria ter um final e esperava ser um final feliz.

Eduardo estava no escritório, assim como disse, assim que me viu entrar não poupou perguntas.

— Que é que esta acontecendo Jeisa? Porque essa pressa toda?

— Não tenho tempo pra explicar, apenas me diga a quanto tempo estou escrevendo meu livro?

— Se você não sabe, muito menos eu? Porque quer saber?

— Tenho a sensação de que posso obter respostas nele. Não me diga que nao está notando nada de estranho aqui Eduardo.

Eu falava apressadamente, creio que Eduardo percebeu onde eu queria chegar, assim que falei se juntou a mim em minha mesa para me ajudar ou para ver mais de perto o que eu procurava tam desesperada.

— Que está procurando?

— Um trecho do livro onde cita que a protagonista viaja no futuro para encontrar seu namorado.-Falei enquanto espalhando sobre a mesa um feixe de folhas, as quais corri o olhar as lendo em partes.

— Você ache que veio do passado ou sei lá de onde só para me encontrar?

— Possivelmente.-Rebato.

— Jeisa, isso não existe, você sempre esteve aqui, todos os dias senta nessa mesa por horas e quase sempre esquece da vida.

— Achei!- gritei manuseando uma folha com algumas linhas escritas.

Nelas não havia muita informação, esperava mais que uma simples resenha.

— Sabe quando escrevi isso?- Perguntei entregando a folha nas mãos de Eduardo que a pega e começa a ler.

— “Nesse capitulo, minha personagem encontra um laboratório abandonado e em uma parede encontra uma porta secreta que a leva a um andar subterrânea. Lá ela encontra uma máquina, era enorme e tão complexa que Ana não consegue intender seu funcionamento, depois de um tempo observando a máquina Ana descobre se tratar de uma máquina de viagem no tempo. Ao lado da máquina Ana encontra um computador antigo, ainda o aparelho tinha teclas e uma tela embutida em uma caixa que parecia ser plástico. Acidentalmente, pensando que seria uma senha de acesso ao computador Ana digita quatro número, dois, zero, dois e três os quatro números formaram o ano de dois mil e vinte e três o ano em que conheceu seu namorado, que havia morrido em um bombardeio na terceira guerra mundial, e que Ana não aceitava que estivesse morto. Assim que Ana aperta na tecla enter o computador emite um som estranho e algumas engrenagem começam a girar fazendo um barulho estridente, o que faz Ana cair dentro da máquina e a porta se fecha, Ana estava presa em uma máquina do tempo prestes a viajar do ano de dois mil e trinta e cinco para o passado ao anos de dois mil e vinte e três”.- Eduardo termina a leitura me encarando de forma surpresa.— Que isso tem há ver?— Pergunta Eduardo soltando a folha na mesa.

— O que tem há ver! Não percebeu ainda? Estou vivendo o que eu do passado escreveu, preciso saber onde está a história completa dessa resenha, só assim saberei o que realmente está acontecendo e como vim parar aqui e o principal, como voltar pra meu tempo.

— Pera aí. Calma! Vou levar você ao médico, algo de errado não está certo.

— Em que ano estamos?

— Dois mil e vinte e três.

Peguei meu celular novamente.

— Impossível. Aqui dis que estamos vivendo no ano de dois mil e vinte e oito, como é possível!

— Seu celular deve estar com a data errada. Apenas isso.- Comenta Eduardo.

— E de onde foi que tirei o nome Ana? Sabe me dizer?

— Sei lá. Tomara que seja das suas faculdades mentais.

— Preciso encontrar o capítulo completo.- Falo.

O que aconteceu depois não faço ideia, senti uma forte dor na nuca e em seguida tudo escureceu, assim como quando entrei na quela sala com o telão.

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