Medo da Morte

— Para o alto e avante.- Responde Amanda me empurrando para o corredor.

O corredor estava vazio, no final do corredor havia uma janela de vidros escuros,grande o bastante para que um carro popular pudesse passar por ela, Na outra extremidade do corredor se encontrava o elevador, Amanda me conduziu até a frente dele e começou pressionar o botão até que o elevador estacionar em nosso andar. Décimo terceiro andar, marcava o indicador acima das portas.

Assim que as portas se abriram, pude ver que o elevador era um elevador de carga, acarpetado do chão ao teto com uma grossa camada de espuma acústica preta. Para mim não foi surpresa, havia estado em seu interior quando fiz minha primeira cirurgia.

Assim que entramos Amanda me coloca, de frente para a porta e pressiona o botão no painel que indicava a cobertura. Assim que as portas se fecham um ranger de engrenagem faz o elevador começar a se mover para cima com um solavanco.

— Esse elevador deve ser mais velho que nós duas juntas.- Comentei olhando as paredes e depois o teto.

— Que foi! Está com medo de ficar presa aqui?

— Não. Só estou dizendo que o elevador é velho, quando fiz minha cirurgia ele já estava aqui.- Digo com empatía.

— Não faz tanto tempo assim. Faz cinco anos que isso aconteceu. Depois que está aqui, andei mais vezes nesse elevador que qualquer funcionário desse hospital, então posso garantir que é velho mas é seguro.

Assim que as portas se abriram, Amanda me empurra para fora do elevador já na cobertura.

Estávamos na cobertura do prédio mais alto de Guarulhos. Pelo menos por enquanto. De cima da cobertura podia ver uma boa parte do aeroporto além de ter uma vista espetacular, era possível observar toda a cidade, do meu lado esquerdo um prédio ainda em construção se erguia alguns andares acima do prédio onde estávamos. Mais tarde vim a saber por Raquel que era um anexo do próprio hospital. Ao meu lado direito não se podia ver a cidade por conta de um heliporto que naquele momento senti pena por estar vazio.

— Queria levar você lá em cima.- Me diz Amanda apontando para a plataforma de pouso.— Pena que tem alguns lances de escadas.- Lamenta Amanda parando de frente as escadas de aço que levavam para o alto da plataforma.

— A visita daqui de baixo também é excelente.

Comento movendo a cadeira com minhas próprias mãos.

— Da qui da de ver um pouco da praça central e um pouco do aeroporto.

Comento indicando cada ponto com o dedo indicador.— Você vem sempre aqui?

— Todas as noites, é raro às vezes que venho durante o dia como hoje, prefiro vir durante a noite. Não é possível ver as estrelas mas pelo menos tenho a sensação de estar em paz comigo mesma.

— Não sabia que gostava de observar as estrelas. Tem alguma coisa mais que não sei sobre você?

Amanda não me responde. Apenas se inclina sobre o parapeito.

— É incrível como os fatos mudam as pessoas né!- Diz Amanda sem desviar o olhar do horizonte.

Amanda parecia estar se referindo a ela mesma, mas mesmo assim perguntei.

—Porque acha isso? Aconteceu algo com você?

Amanda se permite um silêncio que dura alguns segundos e logo após virasse para mim apoiando-se com as costas no muro baixo.

—Comigo nada. Estou me refiro a você.

—Como assim!- Balbuciei gesticulando com a cabeça.

— De ontem para cá, desde que falei sobre Eduardo você não é mais a mesma pessoa. Está mais radiante, mais animada pelo que se percebe.

— Quem não ficaria!- Digo alegremente, percebendo que acabei de concordar com o que Amanda dizia.— Acho que foi esse o motivo de ter saído do coma tão rápido, no fundo sei que ele nunca me esqueceu.

— Com certeza não. Posso fazer uma pergunta?- Pergunta Amanda me lançando um sorriso de canto.

— Depende!- Rebato com ar de ironía.

— Quando você estava em coma. Você lembra de alguma coisa?

— Não… Quando acordei parecia que estava dormindo e que tinha acabado de acordar. Durante os dias que fiquei em coma não lembro de nada.

Respondi forçando a memória para lembrar de alguma coisa.

—Por que a pergunta?

—Por nada.- Rebate Amanda mordendo os lábios— Sabe porque? Porque da pergunta? Dizem que quando se está em coma a alma sai do corpo e fica vagando por aí.

— Talvez a minha estava com preguiça esse tempo todo.

— Ou… Será que ela saiu e não voltou?- Rebate Amanda.

— Talvez! Porque, acha isso?

— Por ser preguiçosa, talvez não tenha voltado para seu corpo. Ou tenha se cansado de você.

— Acho pouco provável as duas hipóteses. Agora vai uma pra você. Acredita em vida após a morte?- perguntei vendo Amanda me lançando um olhar Franco.

— Acreditar não é bem a denominação. O certo seria crer em vida após a morte, e sim creio em vida após a morte.- Reponde Amanda.

— Reencarnação?

— Também! Afinal temos que ir para algum lugar depois que deixamos a vida terrena.

— E para onde vamos?

— Não me pergunte. Ninguém voltou para contar.-Fala Amanda dando de ombros.

— Então acredita em reencarnação.

— Plenamente. Porque está me perguntando essas coisas? Está com medo de morrer?- Questiona Amanda.

— Pra falar a verdade sim.

— Más está viva. E não corre risco de vida. Saiu de um coma, passou por uma cirurgia e está se recuperando. Porque o leva a ter medo?

— Não sei. Tenho um pressentimento estranho. Talvez eu e minha tia tenhamos o mesmo final. Enfrentar a melhora da morte.

— Já chega!- Diz Ana de sopetão indo para minhas costas.— Tomou sol demais, vamos voltar antes que comece falar em outra língua.- Termina Amanda me empurrando novamente para o elevador.

— Calma aí Amanha, não passamos nem dez minutos aqui. Dá pra me deixar um pouco mais fora daquele cubículo.

— Podemos voltar a outra hora. Por hoje já chega.- Fala Amanda, apertando o botão do vigésimo terceiro andar assim que me botou para dentro do elevador. Quando Amanda me coloca de frente para as portas do o elevador, já tinha se fechado e o elevador iniciava sua viagem.

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