Entre o Limbo e a luz: O Dilema de Jeisa

— Véu e limbo são as mesmas coisas. É onde as almas ficam até que sejam levadas para o outro lado.

—Então minha alma está vagando por aí?

— Qual parte do que eu falei você não entendeu?

—Tirando a parte de que estou no limbo, o resto não entendi nada.

— Bom!- Fala o ceifeiro cerrando os olhos ao me encarar

— Vamos começar do princípio. Agora me escute com atenção. Talvez entenda onde quero chegar.

— Sou Toda ouvidos…- Guincho.

— Falo por experiência própria, peguei vários casos parecidos com o seu.

— Fala logo, desembucha. Virou advogado, para pegar casos?- Questiono o interrompendo.

—Vai com calma.- Diz o ceifeiro fazendo um gesto de calma com as mãos

— Você está a quase duas semanas, todo esse tempo estive sobre você, desde sua casa até o hospital.- Termina apontando para meu corpo sobre a cama.

— Quer dizer então que sempre esteve por perto.- Pergunto levando uma das mãos à testa do meu corpo.

— Caramba! Você pode ao menos raciocinar um pouco. Seu corpo também é assim ou apenas sua alma?

— Me desculpa. Vi você duas vezes, isso quer dizer que estava sempre por perto. É que nada disso faz sentido, ao menos para mim.

— Se tivesse deixado eu terminar antes de me nomear de advogado teria entendido.

— Então prossiga.

— Em casos como esse é normal a perda de dimensão do tempo e espaço, para sua alma o tempo passa mais lento, cerca de cinco ou seis vezes mais devagar, e nada do que aconteceu durante sua vida física parece ter acontecido, para sua alma, seu corpo passou pela última cirurgia e precisou ser induzida ao como, uma jogada dos médicos para tentarem fazer com que você sobreviva.

— Então…- Forcei uma pausa.

— Se não vise seu corpo você pensaria que estava viva e com expectativa de voltar para casa o mais rápido possível Digamos que esse é um mecanismo de defesa, sua alma projeta o que você quer ver, sentir e ouvir

— Porque isso não acontece agora?

— Porque não acontece o que?- questiona o ceifeiro arregalando os olhos.

— Porque meu corpo não sente o que minha alma sente e minha alma não sente o que meu corpo sente?

— Você está ligada a seu corpo por meio de um fio, esse foi tem várias limitações. Por ele não se pode sentir emoção, dor e tudo mais, esse fio e um meio de voltar a seu corpo.

— Então posso estar em dois lugares ao mesmo tempo, e voltar ao meu corpo quando quiser?

— Isso não vem ao caso. Você apenas conseguirá voltar a seu corpo quando estiver recuperado o bastante para que volte.

— Então o que irá acontecer se meu corpo nas conseguir se recuperar?

— Simplesmente vocês se desconectaram e sua alma, com quem estou falando agora, estará livre para prosseguir para o mundo dos mortos.

— Ai você fará o que exatamente?- Questiono encarando meu pai adormecido na poltrona.

— Levo você para a luz.

— Mas ainda estou viva. Meu coração ainda está pulsando.

— Sim, seus órgãos funcionam mesmo que com a ajuda desses aparelhos.

— Então ainda tenho chance de voltar a vida?- Perguntei com esperança.

— Infelizmente não.- Dispara

— Quando uma alma deixa sua casca por muito tempo ela acaba não sabendo mais como voltar. E como que uma formiguinha sem o seu feromônio para indicar o alimento as companheiras.

— Como isso é possível?- Pergunto depois de um tempo. — Porque ainda não passei para a luz?

— Pelo fato de que sua alma está ligada a seu corpo físico por esse cordão invisível, cordão este que chamamos de cordão de ligamento astral. Assim que passar pela luz esse cordão será cortado, perdendo totalmente a atividade com seu corpo, suas memórias serão apagadas, não sentirá mais nenhuma emoção humana.

— E se eu seguir o cordão? Posso conseguir voltar, não posso?

— Olhe ao seu redor. Está vendo algum fio ou caminho que o leva ao seu corpo?

Olho em volta e não vejo absolutamente nada.

— Não é como trilhar um caminho de migalhas de pão ou ter um barbante amarrado no dedo indicador, o cordão de ligamento é invisível, ninguém pode vê-lo. O mundo dos mortos não se liga com o dos vivos, por isso quando passar pela luz essa vida ficará para trás.

— E se não quiser ir para a luz?

— Claro! Imaginei me portaria isso. Certamente não é obrigatório uma alma passar pela luz. Mas tenha consciência que permanecerá no limbo. Chegará o momento em que mesmo que queira ir, não conseguirá.

esses aparelhos que lhe sustentam serão desligados ou não funcionarão e então seu corpo morrerá quase que instantaneamente. Como já falei, o cordão também será cortado definitivamente. Sua alma ficará vagando por aí, como está agora até encontrar um portal. O que não será fácil.

— E se os médicos conseguirem me trazer a vida novamente?

— Por que?- Questiono sem desviar os olhos de meu corpo.

— Porque!- Rebate.

— Muitas pessoas voltam do coma. Porque não é possível para mim?

— Pera aí! Quer saber porque não pode sair de seu como, ou passar para a luz?

— Os dois.- respondo friamente.

— Isso varia, de pessoa para pessoa. De alma para alma. Apenas não é o fim de algumas. Quanto a passagem para a luz, seu corpo depois da morte será cremado ou sabe se lá o que farão com ele, de qualquer forma seu corpo se transformara em pó, não terá como voltar para ele, e apenas os ceifeiro conseguem abrir o portal para outro mundo. E encontrar um ceifeiro depois da primeira vez não será nada fácil, e se encontrar certeza que ele não vai abrir uma execução.

—Então esse é o fim pra mim?- Perguntei entre soluços.

— As coisas nem sempre acabam do jeito que queremos.

— Sempre soube disso. Se eu quiser ficar aqui. Então nada me impede?

— Você terá apenas uma chance de passar pelo portal sem dificuldade, como falei, se recusar não será nada fácil de haver uma segunda chance.

— E se eu passar pelo portal com você. Terei chance de voltar?- Pergunto enxugando minha lágrimas com as costas da mão.

— Depois que passar, infelizmente não terá mais como voltar. Irá para o que vocês o chamam de paraíso que é totalmente diferente do que vocês creem ser.

— Como é lá?

— O que vocês chamam de paraíso?

Faço que sim com um a cabeça

— É um lugar de silêncio, único som e do vento e de pássaros. Além de conter uma natureza esplêndida. É constituído de etapas, onde se trabalha o conhecimento para uma vida nova.

— Quis dizer... Reencarnação!

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