S/N
— Eu quero um quarto. Agora.
As suas palavras em tom duro só demonstram o quão bravo ele está neste momento. Confesso, fiz de propósito, mas König aparentemente é movido pela vontade de agradar ou obedecer quem quer que seja os seus “Superiores” e isso me irrita muito ao ponto de me levar a dizer e cometer loucuras. Não preciso de um robô me acompanhando vinte quatro horas do dia.
Com dificuldade, ainda jogada sobre o seu ombro, estico o pescoço para o lado, o suficiente para ver o rosto cético e surpreso da balconista que espera alguma explicação plausível. Mas König não a dá. Com a mão trêmula, ela levanta uma chave que indica “3B”. Ótimo.
König, sem agradecer, se vira e marcha pelas escadas acima, mesmo depois de vir até aqui comigo em seu ombro, evitando as ruas - Por mais que não estejam cheias, pela tempestade que se aproxima. - mas quando você passa os seus dias fugindo de homens armados a mando de alguém para sequestra-la, nada mais é seguro e ninguém é confiável.
Assim que adentramos no quarto, König fecha a porta com força e me coloca no chão, trancando a porta logo em seguida.
— Você é inacreditável! – Exclamo, o encarando com raiva no olhar.
— E você é insuportável. O comprador a jogaria na rua antes de mesmo de fazer o que quisesse contigo.
Abro a boca para dizer algo, mas logo a fecho quando não encontro as palavras certas.
— Ótimo!
Me viro, olhando em volta e percebendo a decoração minimalista do quarto, onde somente possui uma cama, uma armário de tamanho médio, com criados mudos em cada lado da cama e tomadas em cima. Carro os meus olhos pelo local, ignorando a sacada e seguindo até à porta que suponho ser o banheiro. Depois de me certificar que a porta estaria trancada, mergulho o meu rosto na água da pia, murmurando xingamentos baixos para expressar a minha total admiração por König. Em alguns momentos, ele se mostra totalmente preocupado comigo, em outros, um completo imbecil.
Começo a retirar as minhas roupas enquanto ligo a água da banheira, deixando a mesma se encher enquanto solto os meus cabelos e percebo que estão mais fedidos do que sempre ficaram em toda minha vida usando shampoos e cremes caros. Isso tudo é culpa daquele maldito homem que resolveu me comprar, ainda fico muito em dúvidas sobre quem me vendeu, porque eu não me lembro de ter me colocado em leilão, principalmente em sites ilícitos.
Sinto um nó na garganta, mas o choro não sai. Estou exausta, acabada e ainda uma dor no meu ventre se inicia, para completar a onda de desgraças que parece me assolar. Choramingo enquanto entro na banheira, não me importando se irei sujar a água. Tudo que eu quero neste momento é esquecer onde estou, com quem estou e o porque estou aqui. Neste momento, sou apenas S/n Sinclair.
...☛☚...
— Eu preciso de uma coisa... – Digo, enquanto saio do banheiro e ajeito o nó do roupão em volta do meu corpo.
König, que está sentado na poltrona em frente à televisão do quarto, desliga a novela indiana que passava e volta a sua atenção para mim, enquanto me olha de cima a baixo.
— Do que precisa?
— Eu... Posso ir comprar, tem uma loja de conveniência aqui perto. Eu não iria demorar e não seria vista...
— Do que precisa? – Novamente, ele indaga, sério, e logo se levanta, caminhando em minha direção.
— De... Absorventes.
Mesmo não conseguindo enxergar o seu semblante, consigo claramente perceber que ele ficou surpreso, não esperando por isso.
— A-absorventes? – É a primeira vez que escuto König gaguejar. — Não pode apenas segurar e...
— Segurar? Não estou apertada, König. Eu preciso dos absorventes. – Bufo enquanto passo por ele, sentindo cada vez mais a cólica se apertar no meu interior.
— Onde eu encontro isso? – Ele indaga, parecendo desconfortável.
— Na loja de conveniência... – Impaciente, respondo.
— Fique aqui, eu já volto. – Ele caminha até à porta. — E... Não use o telefone, ele pode estar grampeado.
Assinto com a cabeça, indicando que entendi o seu aviso. König se retira, finalmente me deixando sozinha.
^^^Enquanto isso.. ^^^
— Como tem sido as buscas? – Passo para outra foto, vendo a linda mulher com o rosto jovem e angelical com um longo vestido vermelho, sorrindo ao lado de quem suponho ser os seus pais.
— Ainda não conseguimos localizá-la, senhor. Tudo que descobrimos é que a jovem ainda se encontra nos Estados Unidos.
— Me mantenha informado de tudo, principalmente se ela deixar o país.
Ele assente, enquanto se retira, mas antes de passar pela porta, me lembro de indagar.
— E as baixas?
Wesker, o meu braço direito, se vira lentamente enquanto pondera nas palavras, parecendo pensar antes de dizer qualquer coisa.
— Mais de vinte, senhor. – Ele responde. — Localizamos um sujeito que está mantendo a Sinclair escondida.
— Um sujeito? – Indago, enquanto me levanto. — Está me dizendo que vinte dos meus homens mais bem treinados, estão sendo mortos por apenas um sujeito?
— Ele teve ajuda.
Caminho em sua direção enquanto solto um meio sorriso.
— Não me interessa quem está protegendo a garota. Matem esse desgraçado, e use qualquer meio de força que for necessário, apenas o mate e traga logo essa mulher para mim!
Ele assente, pedindo licença e se retirando do meu escritório. Bufo, enquanto olho de soslaio para a tela do computador que mostra a jovem sorridente.
— Logo, eu terei o que tanto quero. S/n Sinclair.– Digo e Desfiro um soco na superfície da mesa, a fazendo tremer e algumas coisas caírem no chão com o baque forte.
Mesmo com a dor se instalando entre os nós dos meus dedos, apenas ignoro e caminho até à janela, olhando o grande jardim rodeado por guardas armados até os dentes. O som alto da cachoeira que corta por baixo da mansão me faz fechar os olhos e respirar fundo enquanto me permito pensar.
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Atualizado até capítulo 54
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