Capítulo 18: Incoveniente

S/N

— Eu quero um quarto. Agora.

As suas palavras em tom duro só demonstram o quão bravo ele está neste momento. Confesso, fiz de propósito, mas König aparentemente é movido pela vontade de agradar ou obedecer quem quer que seja os seus “Superiores” e isso me irrita muito ao ponto de me levar a dizer e cometer loucuras. Não preciso de um robô me acompanhando vinte quatro horas do dia.

Com dificuldade, ainda jogada sobre o seu ombro, estico o pescoço para o lado, o suficiente para ver o rosto cético e surpreso da balconista que espera alguma explicação plausível. Mas König não a dá. Com a mão trêmula, ela levanta uma chave que indica “3B”. Ótimo.

König, sem agradecer, se vira e marcha pelas escadas acima, mesmo depois de vir até aqui comigo em seu ombro, evitando as ruas - Por mais que não estejam cheias, pela tempestade que se aproxima. - mas quando você passa os seus dias fugindo de homens armados a mando de alguém para sequestra-la, nada mais é seguro e ninguém é confiável.

Assim que adentramos no quarto, König fecha a porta com força e me coloca no chão, trancando a porta logo em seguida.

— Você é inacreditável! – Exclamo, o encarando com raiva no olhar.

— E você é insuportável. O comprador a jogaria na rua antes de mesmo de fazer o que quisesse contigo.

Abro a boca para dizer algo, mas logo a fecho quando não encontro as palavras certas.

— Ótimo!

Me viro, olhando em volta e percebendo a decoração minimalista do quarto, onde somente possui uma cama, uma armário de tamanho médio, com criados mudos em cada lado da cama e tomadas em cima. Carro os meus olhos pelo local, ignorando a sacada e seguindo até à porta que suponho ser o banheiro. Depois de me certificar que a porta estaria trancada, mergulho o meu rosto na água da pia, murmurando xingamentos baixos para expressar a minha total admiração por König. Em alguns momentos, ele se mostra totalmente preocupado comigo, em outros, um completo imbecil.

Começo a retirar as minhas roupas enquanto ligo a água da banheira, deixando a mesma se encher enquanto solto os meus cabelos e percebo que estão mais fedidos do que sempre ficaram em toda minha vida usando shampoos e cremes caros. Isso tudo é culpa daquele maldito homem que resolveu me comprar, ainda fico muito em dúvidas sobre quem me vendeu, porque eu não me lembro de ter me colocado em leilão, principalmente em sites ilícitos.

Sinto um nó na garganta, mas o choro não sai. Estou exausta, acabada e ainda uma dor no meu ventre se inicia, para completar a onda de desgraças que parece me assolar. Choramingo enquanto entro na banheira, não me importando se irei sujar a água. Tudo que eu quero neste momento é esquecer onde estou, com quem estou e o porque estou aqui. Neste momento, sou apenas S/n Sinclair.

...☛☚...

— Eu preciso de uma coisa... – Digo, enquanto saio do banheiro e ajeito o nó do roupão em volta do meu corpo.

König, que está sentado na poltrona em frente à televisão do quarto, desliga a novela indiana que passava e volta a sua atenção para mim, enquanto me olha de cima a baixo.

— Do que precisa?

— Eu... Posso ir comprar, tem uma loja de conveniência aqui perto. Eu não iria demorar e não seria vista...

— Do que precisa? – Novamente, ele indaga, sério, e logo se levanta, caminhando em minha direção.

— De... Absorventes.

Mesmo não conseguindo enxergar o seu semblante, consigo claramente perceber que ele ficou surpreso, não esperando por isso.

— A-absorventes? – É a primeira vez que escuto König gaguejar. — Não pode apenas segurar e...

— Segurar? Não estou apertada, König. Eu preciso dos absorventes. – Bufo enquanto passo por ele, sentindo cada vez mais a cólica se apertar no meu interior.

— Onde eu encontro isso? – Ele indaga, parecendo desconfortável.

— Na loja de conveniência... – Impaciente, respondo.

— Fique aqui, eu já volto. – Ele caminha até à porta. — E... Não use o telefone, ele pode estar grampeado.

Assinto com a cabeça, indicando que entendi o seu aviso. König se retira, finalmente me deixando sozinha.

^^^Enquanto isso.. ^^^

— Como tem sido as buscas? – Passo para outra foto, vendo a linda mulher com o rosto jovem e angelical com um longo vestido vermelho, sorrindo ao lado de quem suponho ser os seus pais.

— Ainda não conseguimos localizá-la, senhor. Tudo que descobrimos é que a jovem ainda se encontra nos Estados Unidos.

— Me mantenha informado de tudo, principalmente se ela deixar o país.

Ele assente, enquanto se retira, mas antes de passar pela porta, me lembro de indagar.

— E as baixas?

Wesker, o meu braço direito, se vira lentamente enquanto pondera nas palavras, parecendo pensar antes de dizer qualquer coisa.

— Mais de vinte, senhor. – Ele responde. — Localizamos um sujeito que está mantendo a Sinclair escondida.

— Um sujeito? – Indago, enquanto me levanto. — Está me dizendo que vinte dos meus homens mais bem treinados, estão sendo mortos por apenas um sujeito?

— Ele teve ajuda.

Caminho em sua direção enquanto solto um meio sorriso.

— Não me interessa quem está protegendo a garota. Matem esse desgraçado, e use qualquer meio de força que for necessário, apenas o mate e traga logo essa mulher para mim!

Ele assente, pedindo licença e se retirando do meu escritório. Bufo, enquanto olho de soslaio para a tela do computador que mostra a jovem sorridente.

— Logo, eu terei o que tanto quero. S/n Sinclair.– Digo e Desfiro um soco na superfície da mesa, a fazendo tremer e algumas coisas caírem no chão com o baque forte.

Mesmo com a dor se instalando entre os nós dos meus dedos, apenas ignoro e caminho até à janela, olhando o grande jardim rodeado por guardas armados até os dentes. O som alto da cachoeira que corta por baixo da mansão me faz fechar os olhos e respirar fundo enquanto me permito pensar.

Capítulos
1 Avisos
2 Capítulo 1: Nos bastidores
3 Capítulo 2: O sequestro
4 Capítulo 3: Kortac
5 Capítulo 4: A dança da liberdade
6 Capítulo 5: A cabana
7 Capítulo 6: Laços improváveis
8 Capítulo 7: A solidão da liberdade
9 Capítulo 8: A verdade
10 Capítulo 9: Os sussurros da noite
11 Capítulo 10: Noite de revelação
12 Capítulo 11: O peso das escolhas
13 Capítulo 12: De volta ao início
14 Imagem
15 Capítulo 13: Meia-noite
16 Capítulo 14: O peso da culpa
17 Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18 Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19 Capítulo 17: O combustível do desejo
20 Capítulo 18: Incoveniente
21 Capítulo 19: Experiência
22 Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23 Capítulo 21: Pé na estrada
24 Capítulo 22: Fuga
25 Capítulo 23: Acidentes acontecem
26 Capítulo 24: Se arriscando
27 Capítulo 25: E se...
28 Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29 Capítulo 27: O fim da Kortac?
30 Capítulo 28: No meio do nada
31 Capítulo 29: A primeira lua
32 Capítulo 30: O retorno
33 Capítulo 31: Mundos opostos
34 Capítulo 32: Quarto de hotel
35 Capítulo 33: A realidade machuca
36 Capítulo 34: De volta ao lar
37 Capítulo 35: Interrogatório
38 Capítulo 36: De volta à rotina
39 Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40 Capítulo 38: O jantar sangrento
41 Capítulo 39: Reprimindo
42 Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43 Capítulo 41: O passado ainda queima
44 Capítulo 42: Fantasma do passado
45 Capítulo 43: Sentimentos vazios
46 Capítulo 44: A última ligação
47 Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48 Capítulo 46: A realidade assusta
49 Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50 Capítulo 48: Apostando a confiança
51 Capítulo 49: L' asta
52 Capítulo 50: O inesperado acontece
53 Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54 Capítulo 52: Revelações surpreendentes
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Avisos
2
Capítulo 1: Nos bastidores
3
Capítulo 2: O sequestro
4
Capítulo 3: Kortac
5
Capítulo 4: A dança da liberdade
6
Capítulo 5: A cabana
7
Capítulo 6: Laços improváveis
8
Capítulo 7: A solidão da liberdade
9
Capítulo 8: A verdade
10
Capítulo 9: Os sussurros da noite
11
Capítulo 10: Noite de revelação
12
Capítulo 11: O peso das escolhas
13
Capítulo 12: De volta ao início
14
Imagem
15
Capítulo 13: Meia-noite
16
Capítulo 14: O peso da culpa
17
Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18
Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19
Capítulo 17: O combustível do desejo
20
Capítulo 18: Incoveniente
21
Capítulo 19: Experiência
22
Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23
Capítulo 21: Pé na estrada
24
Capítulo 22: Fuga
25
Capítulo 23: Acidentes acontecem
26
Capítulo 24: Se arriscando
27
Capítulo 25: E se...
28
Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29
Capítulo 27: O fim da Kortac?
30
Capítulo 28: No meio do nada
31
Capítulo 29: A primeira lua
32
Capítulo 30: O retorno
33
Capítulo 31: Mundos opostos
34
Capítulo 32: Quarto de hotel
35
Capítulo 33: A realidade machuca
36
Capítulo 34: De volta ao lar
37
Capítulo 35: Interrogatório
38
Capítulo 36: De volta à rotina
39
Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40
Capítulo 38: O jantar sangrento
41
Capítulo 39: Reprimindo
42
Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43
Capítulo 41: O passado ainda queima
44
Capítulo 42: Fantasma do passado
45
Capítulo 43: Sentimentos vazios
46
Capítulo 44: A última ligação
47
Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48
Capítulo 46: A realidade assusta
49
Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50
Capítulo 48: Apostando a confiança
51
Capítulo 49: L' asta
52
Capítulo 50: O inesperado acontece
53
Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54
Capítulo 52: Revelações surpreendentes

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