Capítulo 4: A dança da liberdade

S/N

Os cabelos longos e soltos dançavam no vento enquanto eu corria desesperadamente pela floresta, cada fio tornando-se cúmplice dos galhos que cruzavam meu caminho. Os saltos, agora embaraçados no barro molhado, pareciam lutar contra a natureza densa do terreno, desafiando minha fuga.

Cada passo era uma batalha, mas a determinação mantinha-me em movimento. O som agudo de galhos quebrando sob meus pés ecoava na escuridão, enquanto eu me lançava ainda mais fundo na floresta. A incerteza do que ficava para trás e o temor do desconhecido à frente impulsionavam-me, transformando cada passo em uma busca frenética pela liberdade, mesmo que os obstáculos da natureza se interponham no meu caminho.

Eu não conseguia parar para retomar a respiração, meu coração, já agitado, gritava com um grande ponto de exclamação de que eu seria a próxima. Ele iria me matar junto com aqueles homens, eu seria a próxima vítima e talvez o meu corpo nunca fosse encontrado. Quanto mais me afasto, mais sinto que ele está vindo atrás de mim, mesmo não o vendo quando olho para trás de soslaio, mesmo não o escutando, quando todos os meus sentidos parecem aguçar para garantir a minha sobrevivência.

Quando volto a minha atenção para frente, sem perceber, acabo enroscando o pé em algo. Perco o equilíbrio, e o mundo gira antes de eu colidir com o solo úmido. A dor aguda no tornozelo fez-me gemer, enquanto eu choramingo com lágrimas solitárias que escapam dos meus olhos.

Desço o meu olhar, vendo a minha pele ganhando uma tonalidade roxa por baixo da tira que prende o meu salto. Quando tento me levantar, um par de pés aparece no meu campo de visão, me fazendo praguejar baixo enquanto eu subo lentamente o meu olhar, dando de cara com o homem encapuzado e gigante. Ele me analisa, com uma expressão indecifrável, já que o seu rosto é impossível de se enxergar.

— E-eu vou ligar para a polícia se você me tocar e...

Antes que eu termine de dizer algo, ele simplesmente se abaixa e me pega bruscamente, enquanto me joga por cima do seu ombro como um saco leve de batatas. O xingo e esmurrou as suas costas da forma que eu posso, mas ele parece não ceder, já que seu corpo é rígido como uma enorme parede de músculos.

— Socorro! — Grito, enquanto ele me carrega pela floresta.

Tudo está virado ao contrário e a única visão que eu tenho é da suas costas, onde eu reúno todas as forças que eu consigo reunir para atingi-lo com golpes. Em vão.

Não demora muito até voltarmos para a rodovia de antes, consigo ver os corpos ainda jogados no chão, a poça avermelhada era lavada pela chuva que limpava o cenário trágico e sanguinário. O enjôo toma conta de mim enquanto luto para desviar o meu olhar. Ele caminha mais um pouco e logo me coloca no chão, atrás de mim, há um carro preto, grande, militarizado. Sob o olhar atento do homem encapuzado, meu corpo tremia não apenas pela chuva que se dissipava, mas pelo frio que a incerteza trazia consigo e o nervosismo de estar frente a frente com um verdadeiro assassino.

Seu olhar analítico, penetrante, parecia decifrar mais do que minhas expressões. A vulnerabilidade estampada em meu rosto contrastava com a impassividade do encapuzado. Em meio à tensão silenciosa, a única certeza era que a noite ainda guardava segredos que, por enquanto, permaneciam selados na obscuridade do desconhecido.

— Não me machuque, por favor... — Suplico, enquanto tento encontrar um porcento de patia no seu olhar gélido.

O homem logo se abaixa, me ignorando totalmente. Com um puxão bruco no meu pé, ele analisa o roxo do meu tornozelo, enquanto levanta o seu olhar e aperta em alguns locais, como se quisesse ver as minhas expressões.

Não me movo, enquanto seus dedos gelados parecem me tocar com mais gentileza do que antes, me fazendo tremer sob o seu toque.

— Não está quebrado... — Ele finalmente fala, em inglês, mas com um leve sotaque.

Penso que talvez ele irá me ajudar, mas o que vem a seguir me deixa desconcertada.

— Mas se você tentar fugir de novo, garota. Eu quebro os seus dois tornozelos. — Ele diz tão seriamente que acabo engolindo seco.

Eu não o conheço, mas tenho uma ideia do que ele seja capaz... Olho para os corpos atrás do mesmo.

Como se essas fossem as suas últimas palavras, ele se aproxima de mim, tão próximo que sinto a sua respiração através do capuz. Coloco as duas mãos no seu peito e o empurro, enquanto tento manter uma distância entre os nossos corpos.

— O-o que está fazendo?

Assim que escuto um clique atrás de mim, percebo... A porta, ele estava abrindo a porta do carro. O constrangimento me atinge com violência, deixando as minhas bochechas corarem de maneira ridícula.

O homem se afasta e da a volta no veículo, enquanto abre a porta do motorista e logo entra. Cogito a ideia de fugir, novamente, mas o seu olhar sério em mim é como se alertasse "Tente novamente que eu a alcançarei e cumprirei aquilo que disse minutos atrás."

A chuva se torna mais intensa, meu tornozelo lateja de dor enquanto eu não consigo pensar num plano de fuga. A ideia é tentadora demais, mas com o pé deste jeito e com esses saltos ridículos só me mostraram que eu não irei muito longe. Suspiro, apenas entrando no carro e fechando a porta ao meu lado.

— Você vai me sequestrar? — Indago, apenas querendo saber o que acontecerá comigo a partir daqui.

Ele não responde, apenas liga o carro e dá partida, enquanto se afasta do cenário digno de filme de terror, onde consigo ver de relance pelo retrovisor ao meu lado.

Deus... O que está acontecendo?!

Capítulos
1 Avisos
2 Capítulo 1: Nos bastidores
3 Capítulo 2: O sequestro
4 Capítulo 3: Kortac
5 Capítulo 4: A dança da liberdade
6 Capítulo 5: A cabana
7 Capítulo 6: Laços improváveis
8 Capítulo 7: A solidão da liberdade
9 Capítulo 8: A verdade
10 Capítulo 9: Os sussurros da noite
11 Capítulo 10: Noite de revelação
12 Capítulo 11: O peso das escolhas
13 Capítulo 12: De volta ao início
14 Imagem
15 Capítulo 13: Meia-noite
16 Capítulo 14: O peso da culpa
17 Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18 Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19 Capítulo 17: O combustível do desejo
20 Capítulo 18: Incoveniente
21 Capítulo 19: Experiência
22 Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23 Capítulo 21: Pé na estrada
24 Capítulo 22: Fuga
25 Capítulo 23: Acidentes acontecem
26 Capítulo 24: Se arriscando
27 Capítulo 25: E se...
28 Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29 Capítulo 27: O fim da Kortac?
30 Capítulo 28: No meio do nada
31 Capítulo 29: A primeira lua
32 Capítulo 30: O retorno
33 Capítulo 31: Mundos opostos
34 Capítulo 32: Quarto de hotel
35 Capítulo 33: A realidade machuca
36 Capítulo 34: De volta ao lar
37 Capítulo 35: Interrogatório
38 Capítulo 36: De volta à rotina
39 Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40 Capítulo 38: O jantar sangrento
41 Capítulo 39: Reprimindo
42 Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43 Capítulo 41: O passado ainda queima
44 Capítulo 42: Fantasma do passado
45 Capítulo 43: Sentimentos vazios
46 Capítulo 44: A última ligação
47 Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48 Capítulo 46: A realidade assusta
49 Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50 Capítulo 48: Apostando a confiança
51 Capítulo 49: L' asta
52 Capítulo 50: O inesperado acontece
53 Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54 Capítulo 52: Revelações surpreendentes
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Avisos
2
Capítulo 1: Nos bastidores
3
Capítulo 2: O sequestro
4
Capítulo 3: Kortac
5
Capítulo 4: A dança da liberdade
6
Capítulo 5: A cabana
7
Capítulo 6: Laços improváveis
8
Capítulo 7: A solidão da liberdade
9
Capítulo 8: A verdade
10
Capítulo 9: Os sussurros da noite
11
Capítulo 10: Noite de revelação
12
Capítulo 11: O peso das escolhas
13
Capítulo 12: De volta ao início
14
Imagem
15
Capítulo 13: Meia-noite
16
Capítulo 14: O peso da culpa
17
Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18
Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19
Capítulo 17: O combustível do desejo
20
Capítulo 18: Incoveniente
21
Capítulo 19: Experiência
22
Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23
Capítulo 21: Pé na estrada
24
Capítulo 22: Fuga
25
Capítulo 23: Acidentes acontecem
26
Capítulo 24: Se arriscando
27
Capítulo 25: E se...
28
Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29
Capítulo 27: O fim da Kortac?
30
Capítulo 28: No meio do nada
31
Capítulo 29: A primeira lua
32
Capítulo 30: O retorno
33
Capítulo 31: Mundos opostos
34
Capítulo 32: Quarto de hotel
35
Capítulo 33: A realidade machuca
36
Capítulo 34: De volta ao lar
37
Capítulo 35: Interrogatório
38
Capítulo 36: De volta à rotina
39
Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40
Capítulo 38: O jantar sangrento
41
Capítulo 39: Reprimindo
42
Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43
Capítulo 41: O passado ainda queima
44
Capítulo 42: Fantasma do passado
45
Capítulo 43: Sentimentos vazios
46
Capítulo 44: A última ligação
47
Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48
Capítulo 46: A realidade assusta
49
Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50
Capítulo 48: Apostando a confiança
51
Capítulo 49: L' asta
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Capítulo 50: O inesperado acontece
53
Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54
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