S/N
Olho para trás a tempo de vê-los, disfarçados, usando roupas comuns, mas os seus olhares nos seguem assim como os seus passos.
— Eles estão vindo! – Sinalizo, andando mais rapidamente.
Passamos por um grupo de pessoas que nos olham assustados e talvez com curiosidade. König atrai muita atenção, principalmente pelo capuz que usa, mas poderia dizer que seu tamanho e músculos também não passa despercebidos. Não posso negar. Decido ignorar os olhares indiscretos e qualquer tentativa de explicação, consciente de que chamar a atenção das autoridades e das pessoas só nos colocaria em mais problemas. Em vez disso, mantenho-me ao lado de König, seguindo seus passos firmes enquanto percebo como as pessoas se afastam ligeiramente ao nos cruzar, como se instintivamente sentissem a presença imponente dele.
Enquanto corremos pelas ruas estreitas da cidade — que são ladeadas por casinhas pitorescas de madeira, com varandas decoradas com flores coloridas — o som de nossos passos ecoa contra os prédios de tijolos vermelhos e as fachadas das lojas locais. A adrenalina pulsa em minhas veias, meu coração batendo forte no peito enquanto sigo König, que lidera o caminho com determinação de nos tirar dessa situação.
— Por aqui. – König pega o meu pulso com firmeza e me guia por uma viela estreita entre uma casa ou outra.
Os latidos dos cachorros chamam a minha atenção, mas o desespero de não ser pega novamente, é mais forte do que o medo dos Pit Bulls que babam ferozmente contra a cerca que os mantêm afastado de nós dois. Tento recuperar o fôlego assim que me dobro sobre os meus joelhos. König olha pelo vão do muro enquanto espera que os mesmos tenham nos perdido de vista. Tirando a sua arma do coldre, ele retira o pente enquanto analisa.
— Porra! – König vocifera. — Sem munição.
— O que faremos? – Indago, já com os pulmões funcionando normalmente depois de alguns segundos puxando todo ar que conseguia. — Eles já sabem onde estamos, não podemos ser vistos.
König anda de um lado para o outro, ainda em alerta, e talvez, tentando pensar em algo.
— Precisamos sair da cidade. – Digo, mas logo sou pressionada pelas suas palavras duras.
— Não sairemos daqui até segundas ordens.
— Mas...
König se aproxima de mim, perto o suficiente para que eu escute as batidas aceleradas do seu coração, perto o suficiente para que eu sinta a sua respiração contra o capuz que o esconde, perto o suficiente para que o meu corpo corresponda de forma ridícula ao dele. Não desvio o olhar.
— Eu disse. Não. – Ele praticamente rosna enquanto bate com o punho contra o muro atrás de mim.
Mesmo assustada com a sua mudança repentina, não me deixo ser intimidada pela sua brutalidade.
— Você pode fazer o que quiser, mas eu irei embora daqui. É a minha vida que está em jogo.
Tento passar por ele, mas König me impede ao segurar o meu pulso e me puxar novamente para o mesmo lugar de antes, me prendendo entre o seu corpo e o muro atrás de mim.
— O-o que está fazendo...
Seus dedos seguram firmemente o meu maxilar, enquanto seus olhos parecem expelir cansaço, determinação... Excitação.
— Você não vai à lugar algum.
Minha respiração engata quando König vocifera próximo o suficiente do meu rosto para o seu capuz roçar delicadamente contra os meus lábios entreabertos. Minha pele se arrepia e uma corrente elétrica parece atravessar todo o meu corpo.
— Você não manda em mim. – Tento não demonstrar que neste momento, já estou totalmente desestabilizada.
O que está havendo comigo?!
Seus olhos descem dos meus e trilham caminho pelo meu rosto até chegar nos meus lábios. Os seus dedos, que antes seguravam o meu maxilar, deixando-o virado para cima, agora percorrem caminho até os meus lábios, deslizando suavemente entre eles. Fecho os olhos lentamente enquanto respiro pesadamente com todas as imagens que surgem na minha mente. Não o afasto.
— Oh, querida. – Com um sopro suave contra a minha pele quente, ele diz baixo, rouco. — Não me obrigue a te matar antes que o comprador o faça.
Abro os olhos em surpresa, enquanto sou pega pelas suas palavras, astuciosamente calculadas para me fazer teme-lo, mas isso só serve de gatilho para que eu sinta uma umidade crescendo no meu ventre e um calor me envolvendo. Porra.
— V-você não o faria... – Tento não gaguejar e mostrar o meu receio, mas engasgo quando as palavras surgem na ponta da língua.
— Você não me conhece de verdade, garota. Não me provoque e faça a porra do que eu te digo para fazer.
Seu aperto se afrouxa quando König se afasta aos poucos, finalmente me deixando um espaço para voltar a respirar.
— Vá se foder. Eu nunca pedi que viesse me resgatar! – Surpresa pela minha própria reação, exclamo.
De fato, não sei o verdadeiro motivo de estar agindo assim neste momento, talvez seja porque eu esperava mais... Não sei o que eu realmente esperava, mas sentia que estávamos cercados por algo que nos envolvia de maneira repentina. Não posso ser a única que sempre sente isso... Não quando estou tão confusa por estar com König, eu nunca vi o seu rosto e ao menos sei quem ele é de verdade, e isso me irrita ainda mais... Por não conhecê-lo da forma que eu realmente gostaria.
— Pode ter o seu surto quando estivermos em um lugar seguro para você. – Ele diz, se virando.
— Eu não vou. – Dou a última palavra, enquanto um sorriso surge nos meus lábios quando ele para de andar. — Eu já decidi que vou sair da cidade, você gostando ou não!
Seu silêncio é como uma tortura que parece durar séculos, só servindo de combustível para que a minha ansiedade cresça.
— Se quiser vir comigo, ótimo. Caso contrário, você não pode me obrigar a...
Antes que eu termine, König, com uma arfada impaciente, caminha com passos largos em minha direção, a cada vez que suas botas batem contra o chão, eu diminuo e me sinto encolher sob o seu olhar predatório. Perto o suficiente, sou levantada com força e arremessada pelo seu ombro.
— Mas que porra! – Desfiro socos nas suas costas. — Eu não aguento mais você!
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Atualizado até capítulo 54
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