Capítulo 13: Meia-noite

S/N

O quarto está envolto mum silêncio avassalador, interrompido apenas pelos passos lentos de König enquanto se dirige até à cama. Em um gesto de desespero ou impulsividade, praticamente salto do colchão, afastando-me lentamente do homem. Entretanto, a medida que as minhas costas encontram a parede atrás de mim, uma compreensão dolorosa se instala. Talvez eu devesse ter permanecido quieta e não provocado König.

A consciência do meu próprio movimento imprudente amplifica a tensão no ar, enquanto seu olhar sério parece penetrar fundo em minha alma. O quarto, envolto na escuridão da noite, torna-se um palco silencioso para medo e arrependimento. Cada passo hesitante, cada respiração contida, contribui para a atmosfera carregada de expectativa, enquanto a incerteza do que está por vir paira sobre mim.

— Você poderia ter facilitado as coisas. – Sua voz, encarregada de tensão, me deixa cada vez mais contra a parede do peso das minhas próprias palavras e ações.

— Você não me deu muitas alternativas quando resolveu me sequestrar daquele sequestro...  – Rebato.

— Era você ou eles. E a minha missão aqui, é você!

Seu corpo cada vez mais próximo, desencadeando um arrepio na minha espinha. As minhas palmas das mãos suam gelado enquanto sinto as pernas tremerem levemente em resposta ao meu próprio constrangimento.

— Eu não me importo se você trabalha para o governo ou o exército... Eu quero apenas ir para casa!

König, agora, está parado na minha frente, com os braços cruzados, seus músculos tensionados e os olhos cobertos por expectativas, nas quais, eu odiaria desvendar.

— Ainda estão te caçando, é isso o que você quer? Ficar vulnerável para que o seu comprador coloque as mãos em você?

Me encolho enquanto seu braço é estendido e colocado na parede ao meu lado, bem próximo a minha cabeça. König se aproxima mais, e posso sentir a sua respiração lenta, mesmo que esteja coberto por esse capuz.

— Eu não me importo se matarem você, mas enquanto você for a minha prioridade...

Levanto o meu olhar, encarando os seus olhos, e neste momento König se retém com as palavras, enquanto devolve o olhar.

— E-eu odeio você... – Digo, tentando disfarçar esse sentimento avassalador que parece me consumir aos poucos, começando pelo meu coração que está tão acelerado que poderia virar um motor de um conversível.

— Posso lidar com isso...

Seus olhos descem lentamente para a minha boca, enquanto deixo as mãos para trás, ainda apertadas pela abraçadeira. Tento controlar a respiração que parece engatar a cada segundo que passo encurralada nos braços deste homem.

Seu corpo é pressionado aos poucos contra o meu, enquanto sinto um calor invadir o meu núcleo, minhas pernas ficam bambas a medida que a sua cintura se pressiona contra a minha barriga e sinto uma rigidez através do pano da sua calça, ainda molhada. A umidade entre as minhas pernas é mais palpável do que nunca.

Minhas bochechas ruborizam, enquanto König parece perceber a reação do meu corpo. Ainda sério, ele pega na minha cintura e me vira bruscamente, me deixando com o rosto colado na madeira gelada da parede. Solto um gemido baixo, enquanto o seu olhar desce, fitando a minha bunda. Sua mão segura com força o meu cabelo, enquanto a outra passeia pelas curvas da minha cintura.

— E-eu nunca o perdoarei p-por... – Pauso antes de continuar, mantendo preso na garganta um gemido baixo quando sinto o seu membro rígido, no qual, o tamanho me assusta um pouco. — T-tudo...

— Eu posso conviver com isso. – Ele responde, ainda sério, enquanto aproxima os lábios do meu ouvido.

Assim que König alcança a barra da minha calça e segue até os botões da frente, um barulho de vidro quebrando faz ele parar. Seu corpo fica tenso enquanto, ele se afasta.

— O que foi isso? – Indago, um pouco assustada.

— Fique aqui... – Parecendo sair de um transe, ele diz de maneira bruta. — Vou verificar.

Assinto com a cabeça, enquanto percebo que ele tenta evitar o meu olhar. König tira uma faca do coldre e corta a abraçadeira que prendia meus pulsos, um gesto que quebra momentaneamente a tensão no quarto. Sem dizer uma única palavra, ele se afasta, deixando-me perplexa com a mistura de emoções que permeiam o ambiente. A porta se fecha, isolando-me nos meus próprios pensamentos.

A confusão se instala na minha mente enquanto reflito sobre o que acabou de acontecer, sobre o que eu estava permitindo acontecer. A intensidade dos acontecimentos, mesmo diante da falta de familiaridade com esse homem misterioso, é desconcertante. Cada detalhe parece carregado de significado, e a ausência de palavras apenas aumenta a complexidade do enigma que é König.

Me viro, enquanto sigo até a janela, me certificando de que a mesma esteja trancada. Essa pilha de emoções me deixa intrigada, pois mesmo que a minha vida esteja correndo perigo neste momento, tudo evidência que a partir daquela noite, na festa beneficente, eu comecei a viver de verdade. Nunca me relacionei com homem algum, pois minha mãe nunca permitira, e é óbvio que já me interessei por vários cantores, artistas e até mesmo empresários, pois são homens do meu convívio, mas nunca passou de um simples aceno, porque a minha vida sempre foi calculada, milimetricamente, pelos meus pais.

Enquanto me perdia nos pensamentos, franzo o cenho ao ver um vulto entre as árvores do lado de fora, entre a escuridão da noite e o breu da floresta. Sinto como se estivesse sendo observada, e isso me faz tremer enquanto tento focar a minha visão, através do vidro da janela, meio empoeirado.

— Precisamos ir.

Olho para trás num susto assim que König abre a porta. Levo a mão até o coração e tento acalmar as batidas, nas quais, me recuso a aceitar que era do momento anterior.

— Para onde? – Indago, enquanto caminho na direção dele.

König não responde, onde parece que voltamos a estaca zero. Quando chegamos na sala, vejo uma mulher e um homem. Ela é alta, tem os cabelos curtos

— quase num Chanel — sua pele é clara e os seus olhos castanhos, ela me olha com o cenho franzido e desdém ao me ver chegar com König. O homem, pelo contrário, sorri e acena, enquanto pisca com um olho só para mim, ele uma um boné escuro, assim como a sua roupa é composta por uma jaqueta preta e calça de conjunto.

— Elmos e Neymar, essa é a Sinclair. – König diz, enquanto não sai do meu lado, como um guarda costas.

— Podemos nos apresentar depois, ainda há muito tempo para isso. – Ela responde, parecendo impaciente. — Trouxemos isso para vocês vestirem.

Ela entrega uma mochila, onde eu pego e abro, vendo roupas e algumas frutas, garrafas de água e comida.

— Eles já sabem onde vocês estão, o capitão quer que a gente siga pelo norte e...

Todos ficamos em silêncio quando um barulho do lado de fora atrai a nossa atenção. König pega a sua arma e se mantém em alerta, mas Neymar e Elmos já começam a andar em direção a porta.

— Se troquem logo, precisamos sair urgentemente!

König pega a mochila da minha mão e arranca uma blusa preta, enquanto começa a tirar o seu uniforme. O constrangimento me toma quando vejo o seu corpo, o abdômen definido e muitas cicatrizes espalhadas, algumas grandes e outras menores. Alguns pensamentos inundam a minha mente, mas a sua voz logo os corta.

— Eles estão aqui.

Capítulos
1 Avisos
2 Capítulo 1: Nos bastidores
3 Capítulo 2: O sequestro
4 Capítulo 3: Kortac
5 Capítulo 4: A dança da liberdade
6 Capítulo 5: A cabana
7 Capítulo 6: Laços improváveis
8 Capítulo 7: A solidão da liberdade
9 Capítulo 8: A verdade
10 Capítulo 9: Os sussurros da noite
11 Capítulo 10: Noite de revelação
12 Capítulo 11: O peso das escolhas
13 Capítulo 12: De volta ao início
14 Imagem
15 Capítulo 13: Meia-noite
16 Capítulo 14: O peso da culpa
17 Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18 Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19 Capítulo 17: O combustível do desejo
20 Capítulo 18: Incoveniente
21 Capítulo 19: Experiência
22 Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23 Capítulo 21: Pé na estrada
24 Capítulo 22: Fuga
25 Capítulo 23: Acidentes acontecem
26 Capítulo 24: Se arriscando
27 Capítulo 25: E se...
28 Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29 Capítulo 27: O fim da Kortac?
30 Capítulo 28: No meio do nada
31 Capítulo 29: A primeira lua
32 Capítulo 30: O retorno
33 Capítulo 31: Mundos opostos
34 Capítulo 32: Quarto de hotel
35 Capítulo 33: A realidade machuca
36 Capítulo 34: De volta ao lar
37 Capítulo 35: Interrogatório
38 Capítulo 36: De volta à rotina
39 Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40 Capítulo 38: O jantar sangrento
41 Capítulo 39: Reprimindo
42 Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43 Capítulo 41: O passado ainda queima
44 Capítulo 42: Fantasma do passado
45 Capítulo 43: Sentimentos vazios
46 Capítulo 44: A última ligação
47 Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48 Capítulo 46: A realidade assusta
49 Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50 Capítulo 48: Apostando a confiança
51 Capítulo 49: L' asta
52 Capítulo 50: O inesperado acontece
53 Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54 Capítulo 52: Revelações surpreendentes
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Avisos
2
Capítulo 1: Nos bastidores
3
Capítulo 2: O sequestro
4
Capítulo 3: Kortac
5
Capítulo 4: A dança da liberdade
6
Capítulo 5: A cabana
7
Capítulo 6: Laços improváveis
8
Capítulo 7: A solidão da liberdade
9
Capítulo 8: A verdade
10
Capítulo 9: Os sussurros da noite
11
Capítulo 10: Noite de revelação
12
Capítulo 11: O peso das escolhas
13
Capítulo 12: De volta ao início
14
Imagem
15
Capítulo 13: Meia-noite
16
Capítulo 14: O peso da culpa
17
Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18
Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19
Capítulo 17: O combustível do desejo
20
Capítulo 18: Incoveniente
21
Capítulo 19: Experiência
22
Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23
Capítulo 21: Pé na estrada
24
Capítulo 22: Fuga
25
Capítulo 23: Acidentes acontecem
26
Capítulo 24: Se arriscando
27
Capítulo 25: E se...
28
Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29
Capítulo 27: O fim da Kortac?
30
Capítulo 28: No meio do nada
31
Capítulo 29: A primeira lua
32
Capítulo 30: O retorno
33
Capítulo 31: Mundos opostos
34
Capítulo 32: Quarto de hotel
35
Capítulo 33: A realidade machuca
36
Capítulo 34: De volta ao lar
37
Capítulo 35: Interrogatório
38
Capítulo 36: De volta à rotina
39
Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40
Capítulo 38: O jantar sangrento
41
Capítulo 39: Reprimindo
42
Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43
Capítulo 41: O passado ainda queima
44
Capítulo 42: Fantasma do passado
45
Capítulo 43: Sentimentos vazios
46
Capítulo 44: A última ligação
47
Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48
Capítulo 46: A realidade assusta
49
Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50
Capítulo 48: Apostando a confiança
51
Capítulo 49: L' asta
52
Capítulo 50: O inesperado acontece
53
Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54
Capítulo 52: Revelações surpreendentes

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