Capítulo 5: A cabana

S/N

Sentada no interior do carro, observo os pingos grossos da chuva deslizando pelo vidro da janela. Cada gota parece carregar consigo um mistério que se mistura à minha própria confusão. O homem encapuzado, concentra-se na estrada à frente, enquanto a paisagem encharcada se desdobra diante de nós.

O som monótono da chuva cria uma atmosfera de suspense, ecoando meus pensamentos inquietos. Olho para fora, tentando decifrar os traços da noite encharcada, mas a visão é obscurecida pelas gotas persistentes. A água escorre pelo vidro, quase como lágrimas da própria tempestade, ecoando as emoções turbulentas que permeiam este capítulo desconcertante da minha vida. Enquanto o homem encapuzado dirige em silêncio, evitando trocar qualquer tipo de palavra ou olhar, isso me deixa inquieta, aflita.

O tédio se mistura à inquietação enquanto tento encontrar alguma clareza na confusão que me envolve. A saudade de casa se manifesta silenciosamente, e a necessidade de entender as razões por trás da tentativa de sequestro cresce dentro de mim como uma chama inquieta. Respiro fundo e decido arriscar, interrompendo o silêncio tenso que paira no interior do carro.

— Para onde estamos indo? Quem eram aqueles homens e por que eles tentaram me sequestrar? – Minhas palavras são lançadas no ar, carregadas de uma ansiedade que mal consigo esconder. Quero respostas, quero entender, mas o homem encapuzado mantém-se impassível ao volante.

Ele responde, mas suas palavras são como breves sussurros, cortando o ar com seu leve sotaque.

— Cale a boca.

A repreensão é curta, mas eficaz, ecoando na cabine do carro. O silêncio que se segue é quase tangível, carregado de tensão. Minhas perguntas inquisitivas encontram um muro de resistência, e a resposta fria me deixa ainda mais perplexa. Tento ler alguma expressão em seu rosto, mas o capuz e a escuridão conspiram para esconder seus sentimentos. A estrada molhada continua a se desdobrar diante de nós, e, com as perguntas ainda pairando no ar, sou obrigada a aceitar o desconhecido que se desenrola nesta jornada imprevisível.

Não sei se são minutos ou horas que se passam, mas me rendi ao cansaço e frio. Meus olhos se fecharam lentamente e o banco do carro era a única coisa que poderia me esquentar, mas juro sentir algo sento colocado em cima do meu corpo enquanto tinha meus últimos segundos de lucidez. E aquilo, era quente...

...☛☚...

Os meus olhos se abrem lentamente, revelando uma realidade que inicialmente parecia um pesadelo distante. Ainda no carro, ao lado do homem encapuzado, a perplexidade se intensifica. Enquanto finjo estar adormecida, minha atenção é capturada pela cadência ininteligível da língua alemã que flui de sua conversa no que parece ser um telefone descartável.

Cada palavra é um enigma inaudível, um código que se perde na barreira linguística. Faço um esforço consciente para não revelar minha consciência, pois cada sílaba pronunciada parece uma peça crucial do quebra-cabeça do meu destino. No entanto, a barreira da língua, intransponível neste momento, deixa-me à mercê das sombras do desconhecido.

Sigo deitada, atenta aos sons verbalizados por ele, enquanto o carro avança pela estrada molhada. O sotaque claramente alemão, antes estranho e inalcançável, agora se torna um obstáculo adicional na busca por respostas. Mas ele termina as suas palavras com um estalar do aparelho e o guarda rapidamente no porta-luvas.

Abro lentamente um olho, percebendo que estamos adentrando numa estrada de terra que segue para dentro da mata fechada e escura, o medo me atinge ainda mais ao imaginar o que ele pode fazer comigo neste lugar. No entanto, apenas me mantenho em silêncio, não querendo estragar o meu disfarce.

A medida que as rodas deslizam pelo barro molhado, percebo uma pequena cabana que se aproxima cada vez mais. O veículo para de se mover, enquanto percebo que ele estacionou. A cabana pequena, perdida e marcada pelos sinais do abandono, atrai meu olhar curioso. A chuva forte confere um ar melancólico à cena, e a pergunta persiste em minha mente: por que estamos aqui? O homem encapuzado sai do carro, enfrentando a tempestade como uma figura impenetrável.

Observo através da janela embaçada enquanto ele contorna o veículo e abre a porta do passageiro. A chuva escorre por seu capuz, conferindo-lhe uma aura ainda mais enigmática. A hesitação dança em meus pensamentos.

— E-eu vou ficar aqui... – Digo, enquanto não me movo.

Impaciente, ele se aproxima para claramente me tirar a força de dentro do veículo, mas levanto as mãos em sinal de rendição.

— Tudo bem. Eu vou!

Com um suspiro profundo, preparo-me para enfrentar o exterior, enquanto retiro a jaqueta de tins escuros de cima do meu colo, onde nem havia percebido a mesma antes. Assim que coloco o meu corpo para fora, a chuva envolve-me como uma benção impessoal. O passo vacilante que me conduz para fora do carro é um mergulho na incerteza, sob o olhar do encapuzado que parece não querer me perder de vista.

Tento andar com os meus saltos que se mergulham no lamaçal, mas apenas fico presa, e o meu tornozelo roxo não facilita muito, tirando um gemido de dor que me escapa quando apoio o meu pé no chão. O toque repentino me pega de surpresa quando o homem, impaciente, decide me carregar nos braços como se fosse uma noiva. Sinto os músculos firmes sob as camadas de pano que o envolve, uma sensação que atravessa a barreira da minha reserva, me deixando constrangida.

Ele avança pela chuva, seus passos confiantes e sem esforço que conduz nós dois, enquanto eu tento ignorar a consciência aguda da proximidade física. Chegamos à porta da cabana, ele a abre com a ponta do pé, sem perder o ritmo. Envergonhada com o contato imprevisto, seguro-me nele, tentando afastar os pensamentos que se insinuam.

A entrada na cabana é como atravessar uma fronteira desconhecida. Seus passos seguros me depositam no interior do espaço rústico e misterioso. O pouco calor da cabana contrasta com a fria umidade da chuva lá fora, mas a tensão entre nós permanece.

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Comments

Phillip Shakespeare

Phillip Shakespeare

muito bom me apaixonei pela história

2024-05-06

2

Ver todos
Capítulos
1 Avisos
2 Capítulo 1: Nos bastidores
3 Capítulo 2: O sequestro
4 Capítulo 3: Kortac
5 Capítulo 4: A dança da liberdade
6 Capítulo 5: A cabana
7 Capítulo 6: Laços improváveis
8 Capítulo 7: A solidão da liberdade
9 Capítulo 8: A verdade
10 Capítulo 9: Os sussurros da noite
11 Capítulo 10: Noite de revelação
12 Capítulo 11: O peso das escolhas
13 Capítulo 12: De volta ao início
14 Imagem
15 Capítulo 13: Meia-noite
16 Capítulo 14: O peso da culpa
17 Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18 Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19 Capítulo 17: O combustível do desejo
20 Capítulo 18: Incoveniente
21 Capítulo 19: Experiência
22 Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23 Capítulo 21: Pé na estrada
24 Capítulo 22: Fuga
25 Capítulo 23: Acidentes acontecem
26 Capítulo 24: Se arriscando
27 Capítulo 25: E se...
28 Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29 Capítulo 27: O fim da Kortac?
30 Capítulo 28: No meio do nada
31 Capítulo 29: A primeira lua
32 Capítulo 30: O retorno
33 Capítulo 31: Mundos opostos
34 Capítulo 32: Quarto de hotel
35 Capítulo 33: A realidade machuca
36 Capítulo 34: De volta ao lar
37 Capítulo 35: Interrogatório
38 Capítulo 36: De volta à rotina
39 Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40 Capítulo 38: O jantar sangrento
41 Capítulo 39: Reprimindo
42 Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43 Capítulo 41: O passado ainda queima
44 Capítulo 42: Fantasma do passado
45 Capítulo 43: Sentimentos vazios
46 Capítulo 44: A última ligação
47 Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48 Capítulo 46: A realidade assusta
49 Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50 Capítulo 48: Apostando a confiança
51 Capítulo 49: L' asta
52 Capítulo 50: O inesperado acontece
53 Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54 Capítulo 52: Revelações surpreendentes
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Avisos
2
Capítulo 1: Nos bastidores
3
Capítulo 2: O sequestro
4
Capítulo 3: Kortac
5
Capítulo 4: A dança da liberdade
6
Capítulo 5: A cabana
7
Capítulo 6: Laços improváveis
8
Capítulo 7: A solidão da liberdade
9
Capítulo 8: A verdade
10
Capítulo 9: Os sussurros da noite
11
Capítulo 10: Noite de revelação
12
Capítulo 11: O peso das escolhas
13
Capítulo 12: De volta ao início
14
Imagem
15
Capítulo 13: Meia-noite
16
Capítulo 14: O peso da culpa
17
Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18
Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19
Capítulo 17: O combustível do desejo
20
Capítulo 18: Incoveniente
21
Capítulo 19: Experiência
22
Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23
Capítulo 21: Pé na estrada
24
Capítulo 22: Fuga
25
Capítulo 23: Acidentes acontecem
26
Capítulo 24: Se arriscando
27
Capítulo 25: E se...
28
Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29
Capítulo 27: O fim da Kortac?
30
Capítulo 28: No meio do nada
31
Capítulo 29: A primeira lua
32
Capítulo 30: O retorno
33
Capítulo 31: Mundos opostos
34
Capítulo 32: Quarto de hotel
35
Capítulo 33: A realidade machuca
36
Capítulo 34: De volta ao lar
37
Capítulo 35: Interrogatório
38
Capítulo 36: De volta à rotina
39
Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40
Capítulo 38: O jantar sangrento
41
Capítulo 39: Reprimindo
42
Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43
Capítulo 41: O passado ainda queima
44
Capítulo 42: Fantasma do passado
45
Capítulo 43: Sentimentos vazios
46
Capítulo 44: A última ligação
47
Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48
Capítulo 46: A realidade assusta
49
Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50
Capítulo 48: Apostando a confiança
51
Capítulo 49: L' asta
52
Capítulo 50: O inesperado acontece
53
Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54
Capítulo 52: Revelações surpreendentes

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