Capítulo 14: O peso da culpa

KÖNIG

Eu corto a abraçadeira que prendia os pulsos dela, e saio do quarto em silêncio, fechando a porta atrás de mim. Uma sensação desconfortável toma conta da minha mente, uma que nunca experimentei em minhas missões anteriores. Nunca ultrapassei limites dessa forma, especialmente ao resgatar uma vítima. Me pego questionando-me internamente sobre o motivo pelo qual esta situação é diferente. Por que, desta vez, a presença dela me deixa fodidamente louco? Nunca antes me deparei com tamanha dificuldade em manter a frieza e a distância profissional.

Enquanto caminho até a sala, já com a mão no gatilho da minha arma, me deparo com Elmos e Neymar fechando a porta, no qual, o vidro da mesma está quebrado em vários pedaços pelo chão.

— Olha, a culpa não foi minha... – Neymar logo se isenta da culpa.

— Nós chamamos, mas você não escutou.

Guardo novamente a arma no coldre, enquanto relaxo.

— Você está bem? – Elmos se aproxima, enquanto, disfarçadamente, indaga.

Ela levanta a mão para me tocar, mas seguro no seu pulso e afasto.

— A nossa prioridade é a Sinclair. – Digo, enquanto me viro.

Mesmo parecendo decepcionada, Elmos se mantém em silêncio, e talvez, assim, seja melhor para ela. Já faz algum tempo desde que Elmos tenta algo comigo, e eu realmente não me importo, essa merda de sentimentos não é comigo, principalmente, porque o meu foco é a Kortac. Nunca deixei resquícios de interesse da minha parte, mas ela é insistente.

Assim que retorno para o quarto, vejo S/n virada, enquanto encara algo pela janela. Respiro fundo, enquanto as lembranças do seu pequeno corpo entre as minhas mãos, retornam a mente. O autocontrole é meu único aliado agora, pois, naquele momento, se Elmos e Neymar não tivessem chegado, eu teria deitado essa garota naquela cama e enterrado o meu pau entre as suas pernas... Eu iria gostar muito disso. Principalmente, porque ela já conseguiu me tirar do sério quando fugiu pela segunda vez.

— Ei... – A chamo, fazendo a mesma se virar no susto e relaxar ao perceber que sou eu.

— Precisamos ir.

A expressão no seu rosto é inelegível, enquanto vejo amargura na sua face, resquícios de vergonha e constrangimento.

...☛☚...

Assim que começamos a escutar disparos, S/n solta o casaco que iria vestir e se esconde atrás do sofá. Eu pego a minha Beretta - Uma pistola de pressão, criada justamente para campos militares. - E atiro logo que escuto um movimento atrás de mim. Me viro, vendo um homem caído, ele está com um capacete preto, que impede de ver o seu rosto, mas a poça de sangue que se forma ao seu redor não mente sobre o seu estado atual. Ele está morto.

— Venha! – S/n corre para trás de mim, enquanto vou na frente, seguindo para a porta de entrada.

Assim que eu passo pela mesma, alguém tenta me atingir com uma faca, eu derrubo a arma, enquanto seguro o seu pulso, onde o homem luta com todas as suas forças para me apunhalar. S/n grita de susto, enquanto outro deles chega e me atinge por trás. Sinto a lâmina entrando na minha pele e ficando cravada no meu ombro, um grunhido de dor me escapa.

Levo a minha mão até o cabo da mesma e a tiro lentamente da minha pele, jogando a faca no chão e chutando para longe. Assim que o meu olhar sobre, vejo três deles na minha frente, um com uma faca e os outros dois armados, comigo nas suas miras.

— Entregue a garota e você pode viver. – Um deles diz.

Minha respiração está pesada, uma mistura de tensão e adrenalina. S/n, atrás de mim, chora baixo, refletindo o medo palpável no ar. Avalio as possibilidades, procurando uma abertura para agir. No entanto, decidindo que não há tempo a perder. Com um movimento rápido e preciso, avanço em direção aos homens. Em um piscar de olhos, minha mão se fecha em torno da arma de um deles, arrancando-a de suas mãos. Mas a situação está longe de ser controlada.

O outro homem reage rapidamente, disparando em minha direção. Em um ato instintivo, utilizo o corpo do homem cuja arma roubei como escudo humano. Os tiros ecoam pela floresta, mas a figura humana que está na linha de fogo sofre o impacto.

O terceiro homem avança, segurando a faca afiada nas mãos. Apesar de sua estatura menor, sua agilidade é notável. Ele se move sem dificuldades.

Cada movimento é calculado, tentando me golpear de todas as direções. Recuo ágil, mantendo-me um passo à frente de sua investida. Seus golpes são rápidos e precisos, onde a faca corta o ar em direção a mim. O brilho metálico da lâmina cria padrões fugazes na sombra da cabana, que exige minha atenção total. Cada passo meu é calculado, cada desvio é sincronizado para evitar a lâmina ameaçadora. Ele é ágil, mas minha experiência e treinamento me permitem antecipar seus movimentos.

A penumbra da floresta amplifica a tensão enquanto me vejo cercado pelos dois. O eco das respirações ofegantes reverbera nas árvores. Logo, ele ataca novamente, lançando socos com agressividade. Minha defesa é rápida e precisa, desviando dos golpes e respondendo com contra-ataques calculados. Cada impacto ressoa no ar, ecoando a intensidade do embate.

Enquanto mantenho um oponente à distância com uma combinação de esquivas e bloqueios, o segundo investe com golpes surpreendentes após a arma cair. Socos e contra golpes são investidos com raiva, precisão. A destreza é minha aliada, permitindo-me desviar, esquivar e revidar milimetricamente. O suor escorre pelo meu rosto, testemunhando a energia despendida nesse duelo desafiador. A cada impacto, a luta se intensifica, uma coreografia selvagem de força e estratégia no coração da densa floresta.

Paro assim que um tiro cala toda a floresta. Olho para trás e vejo S/n com a minha arma. Suas mãos tremem, assim como a pólvora se esvai pelo ar enquanto lágrimas escorrem dos seus olhos. Assim que olho para o lado, o peso do corpo de um deles cai, deixando o outro perplexo, ele segura a faca com força, e com um grito, parte para cima de mim, mas com rapidez, consigo tirar a faca de suas mãos e enfio entre as suas costelas, o homem logo cai, enquanto vejo o cenário a minha frente.

— E-eu... Eu acabei de matar alguém. – S/n diz, enquanto tira uma das mãos da pistola e leva até a boca, parecendo em estado de choque. — Eu matei alguém!

Começo a me aproximar dela, mas a mesma aponta a arma para mim.

— Ei. O que você está fazendo? – Indago, enquanto ela tenta compreender o que acabara de acontecer.

Seus dedos trêmulos roçam no gatilho, enquanto sua expressão de espanto não muda. Essa costuma ser a reação de alguém que acaba de matar uma pessoa pela primeira vez, e talvez fique marcado para sempre na vida dela, mas não há momentos para pensar nos direitos humanos nesse momento.

— Me entrega essa arma. – Me aproximo devagar, enquanto S/n balança negativamente a cabeça.

— E-eu vou atirar...

A cada passo que eu dou é uma incerteza do que vira a seguir, o cano da arma pressiona contra o meu peito e o rosto dela permanece impassível, com as suas bochechas encharcadas pelas suas próprias lágrimas. Levanto a mão e coloco acima da sua, onde está gelada e trêmula.

Seu olhar se encontra com o meu, enquanto tiro lentamente a arma da sua mão, deixando-a livre do seu próprio espanto. Coloco a arma na cintura, enquanto aproximo o seu corpo do meu, num abraço repentino.

— Vai ficar tudo bem... – Digo baixo, enquanto ela treme nos meus braços.

S/n enterra o rosto no meu peito, enquanto permaneço imóvel, sem saber o que fazer no momento seguinte. Essa é a primeira vez que alguém me abraça, e a sensação é melhor do que matar, se vingar... A sensação é totalmente ao contrário do que se sentir totalmente sozinho, como foi na minha infância.

Capítulos
1 Avisos
2 Capítulo 1: Nos bastidores
3 Capítulo 2: O sequestro
4 Capítulo 3: Kortac
5 Capítulo 4: A dança da liberdade
6 Capítulo 5: A cabana
7 Capítulo 6: Laços improváveis
8 Capítulo 7: A solidão da liberdade
9 Capítulo 8: A verdade
10 Capítulo 9: Os sussurros da noite
11 Capítulo 10: Noite de revelação
12 Capítulo 11: O peso das escolhas
13 Capítulo 12: De volta ao início
14 Imagem
15 Capítulo 13: Meia-noite
16 Capítulo 14: O peso da culpa
17 Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18 Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19 Capítulo 17: O combustível do desejo
20 Capítulo 18: Incoveniente
21 Capítulo 19: Experiência
22 Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23 Capítulo 21: Pé na estrada
24 Capítulo 22: Fuga
25 Capítulo 23: Acidentes acontecem
26 Capítulo 24: Se arriscando
27 Capítulo 25: E se...
28 Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29 Capítulo 27: O fim da Kortac?
30 Capítulo 28: No meio do nada
31 Capítulo 29: A primeira lua
32 Capítulo 30: O retorno
33 Capítulo 31: Mundos opostos
34 Capítulo 32: Quarto de hotel
35 Capítulo 33: A realidade machuca
36 Capítulo 34: De volta ao lar
37 Capítulo 35: Interrogatório
38 Capítulo 36: De volta à rotina
39 Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40 Capítulo 38: O jantar sangrento
41 Capítulo 39: Reprimindo
42 Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43 Capítulo 41: O passado ainda queima
44 Capítulo 42: Fantasma do passado
45 Capítulo 43: Sentimentos vazios
46 Capítulo 44: A última ligação
47 Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48 Capítulo 46: A realidade assusta
49 Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50 Capítulo 48: Apostando a confiança
51 Capítulo 49: L' asta
52 Capítulo 50: O inesperado acontece
53 Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54 Capítulo 52: Revelações surpreendentes
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Avisos
2
Capítulo 1: Nos bastidores
3
Capítulo 2: O sequestro
4
Capítulo 3: Kortac
5
Capítulo 4: A dança da liberdade
6
Capítulo 5: A cabana
7
Capítulo 6: Laços improváveis
8
Capítulo 7: A solidão da liberdade
9
Capítulo 8: A verdade
10
Capítulo 9: Os sussurros da noite
11
Capítulo 10: Noite de revelação
12
Capítulo 11: O peso das escolhas
13
Capítulo 12: De volta ao início
14
Imagem
15
Capítulo 13: Meia-noite
16
Capítulo 14: O peso da culpa
17
Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18
Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19
Capítulo 17: O combustível do desejo
20
Capítulo 18: Incoveniente
21
Capítulo 19: Experiência
22
Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23
Capítulo 21: Pé na estrada
24
Capítulo 22: Fuga
25
Capítulo 23: Acidentes acontecem
26
Capítulo 24: Se arriscando
27
Capítulo 25: E se...
28
Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29
Capítulo 27: O fim da Kortac?
30
Capítulo 28: No meio do nada
31
Capítulo 29: A primeira lua
32
Capítulo 30: O retorno
33
Capítulo 31: Mundos opostos
34
Capítulo 32: Quarto de hotel
35
Capítulo 33: A realidade machuca
36
Capítulo 34: De volta ao lar
37
Capítulo 35: Interrogatório
38
Capítulo 36: De volta à rotina
39
Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40
Capítulo 38: O jantar sangrento
41
Capítulo 39: Reprimindo
42
Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43
Capítulo 41: O passado ainda queima
44
Capítulo 42: Fantasma do passado
45
Capítulo 43: Sentimentos vazios
46
Capítulo 44: A última ligação
47
Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48
Capítulo 46: A realidade assusta
49
Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50
Capítulo 48: Apostando a confiança
51
Capítulo 49: L' asta
52
Capítulo 50: O inesperado acontece
53
Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54
Capítulo 52: Revelações surpreendentes

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