KÖNIG
Eu corto a abraçadeira que prendia os pulsos dela, e saio do quarto em silêncio, fechando a porta atrás de mim. Uma sensação desconfortável toma conta da minha mente, uma que nunca experimentei em minhas missões anteriores. Nunca ultrapassei limites dessa forma, especialmente ao resgatar uma vítima. Me pego questionando-me internamente sobre o motivo pelo qual esta situação é diferente. Por que, desta vez, a presença dela me deixa fodidamente louco? Nunca antes me deparei com tamanha dificuldade em manter a frieza e a distância profissional.
Enquanto caminho até a sala, já com a mão no gatilho da minha arma, me deparo com Elmos e Neymar fechando a porta, no qual, o vidro da mesma está quebrado em vários pedaços pelo chão.
— Olha, a culpa não foi minha... – Neymar logo se isenta da culpa.
— Nós chamamos, mas você não escutou.
Guardo novamente a arma no coldre, enquanto relaxo.
— Você está bem? – Elmos se aproxima, enquanto, disfarçadamente, indaga.
Ela levanta a mão para me tocar, mas seguro no seu pulso e afasto.
— A nossa prioridade é a Sinclair. – Digo, enquanto me viro.
Mesmo parecendo decepcionada, Elmos se mantém em silêncio, e talvez, assim, seja melhor para ela. Já faz algum tempo desde que Elmos tenta algo comigo, e eu realmente não me importo, essa merda de sentimentos não é comigo, principalmente, porque o meu foco é a Kortac. Nunca deixei resquícios de interesse da minha parte, mas ela é insistente.
Assim que retorno para o quarto, vejo S/n virada, enquanto encara algo pela janela. Respiro fundo, enquanto as lembranças do seu pequeno corpo entre as minhas mãos, retornam a mente. O autocontrole é meu único aliado agora, pois, naquele momento, se Elmos e Neymar não tivessem chegado, eu teria deitado essa garota naquela cama e enterrado o meu pau entre as suas pernas... Eu iria gostar muito disso. Principalmente, porque ela já conseguiu me tirar do sério quando fugiu pela segunda vez.
— Ei... – A chamo, fazendo a mesma se virar no susto e relaxar ao perceber que sou eu.
— Precisamos ir.
A expressão no seu rosto é inelegível, enquanto vejo amargura na sua face, resquícios de vergonha e constrangimento.
...☛☚...
Assim que começamos a escutar disparos, S/n solta o casaco que iria vestir e se esconde atrás do sofá. Eu pego a minha Beretta - Uma pistola de pressão, criada justamente para campos militares. - E atiro logo que escuto um movimento atrás de mim. Me viro, vendo um homem caído, ele está com um capacete preto, que impede de ver o seu rosto, mas a poça de sangue que se forma ao seu redor não mente sobre o seu estado atual. Ele está morto.
— Venha! – S/n corre para trás de mim, enquanto vou na frente, seguindo para a porta de entrada.
Assim que eu passo pela mesma, alguém tenta me atingir com uma faca, eu derrubo a arma, enquanto seguro o seu pulso, onde o homem luta com todas as suas forças para me apunhalar. S/n grita de susto, enquanto outro deles chega e me atinge por trás. Sinto a lâmina entrando na minha pele e ficando cravada no meu ombro, um grunhido de dor me escapa.
Levo a minha mão até o cabo da mesma e a tiro lentamente da minha pele, jogando a faca no chão e chutando para longe. Assim que o meu olhar sobre, vejo três deles na minha frente, um com uma faca e os outros dois armados, comigo nas suas miras.
— Entregue a garota e você pode viver. – Um deles diz.
Minha respiração está pesada, uma mistura de tensão e adrenalina. S/n, atrás de mim, chora baixo, refletindo o medo palpável no ar. Avalio as possibilidades, procurando uma abertura para agir. No entanto, decidindo que não há tempo a perder. Com um movimento rápido e preciso, avanço em direção aos homens. Em um piscar de olhos, minha mão se fecha em torno da arma de um deles, arrancando-a de suas mãos. Mas a situação está longe de ser controlada.
O outro homem reage rapidamente, disparando em minha direção. Em um ato instintivo, utilizo o corpo do homem cuja arma roubei como escudo humano. Os tiros ecoam pela floresta, mas a figura humana que está na linha de fogo sofre o impacto.
O terceiro homem avança, segurando a faca afiada nas mãos. Apesar de sua estatura menor, sua agilidade é notável. Ele se move sem dificuldades.
Cada movimento é calculado, tentando me golpear de todas as direções. Recuo ágil, mantendo-me um passo à frente de sua investida. Seus golpes são rápidos e precisos, onde a faca corta o ar em direção a mim. O brilho metálico da lâmina cria padrões fugazes na sombra da cabana, que exige minha atenção total. Cada passo meu é calculado, cada desvio é sincronizado para evitar a lâmina ameaçadora. Ele é ágil, mas minha experiência e treinamento me permitem antecipar seus movimentos.
A penumbra da floresta amplifica a tensão enquanto me vejo cercado pelos dois. O eco das respirações ofegantes reverbera nas árvores. Logo, ele ataca novamente, lançando socos com agressividade. Minha defesa é rápida e precisa, desviando dos golpes e respondendo com contra-ataques calculados. Cada impacto ressoa no ar, ecoando a intensidade do embate.
Enquanto mantenho um oponente à distância com uma combinação de esquivas e bloqueios, o segundo investe com golpes surpreendentes após a arma cair. Socos e contra golpes são investidos com raiva, precisão. A destreza é minha aliada, permitindo-me desviar, esquivar e revidar milimetricamente. O suor escorre pelo meu rosto, testemunhando a energia despendida nesse duelo desafiador. A cada impacto, a luta se intensifica, uma coreografia selvagem de força e estratégia no coração da densa floresta.
Paro assim que um tiro cala toda a floresta. Olho para trás e vejo S/n com a minha arma. Suas mãos tremem, assim como a pólvora se esvai pelo ar enquanto lágrimas escorrem dos seus olhos. Assim que olho para o lado, o peso do corpo de um deles cai, deixando o outro perplexo, ele segura a faca com força, e com um grito, parte para cima de mim, mas com rapidez, consigo tirar a faca de suas mãos e enfio entre as suas costelas, o homem logo cai, enquanto vejo o cenário a minha frente.
— E-eu... Eu acabei de matar alguém. – S/n diz, enquanto tira uma das mãos da pistola e leva até a boca, parecendo em estado de choque. — Eu matei alguém!
Começo a me aproximar dela, mas a mesma aponta a arma para mim.
— Ei. O que você está fazendo? – Indago, enquanto ela tenta compreender o que acabara de acontecer.
Seus dedos trêmulos roçam no gatilho, enquanto sua expressão de espanto não muda. Essa costuma ser a reação de alguém que acaba de matar uma pessoa pela primeira vez, e talvez fique marcado para sempre na vida dela, mas não há momentos para pensar nos direitos humanos nesse momento.
— Me entrega essa arma. – Me aproximo devagar, enquanto S/n balança negativamente a cabeça.
— E-eu vou atirar...
A cada passo que eu dou é uma incerteza do que vira a seguir, o cano da arma pressiona contra o meu peito e o rosto dela permanece impassível, com as suas bochechas encharcadas pelas suas próprias lágrimas. Levanto a mão e coloco acima da sua, onde está gelada e trêmula.
Seu olhar se encontra com o meu, enquanto tiro lentamente a arma da sua mão, deixando-a livre do seu próprio espanto. Coloco a arma na cintura, enquanto aproximo o seu corpo do meu, num abraço repentino.
— Vai ficar tudo bem... – Digo baixo, enquanto ela treme nos meus braços.
S/n enterra o rosto no meu peito, enquanto permaneço imóvel, sem saber o que fazer no momento seguinte. Essa é a primeira vez que alguém me abraça, e a sensação é melhor do que matar, se vingar... A sensação é totalmente ao contrário do que se sentir totalmente sozinho, como foi na minha infância.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 54
Comments