S/N
Abri os olhos lentamente, a escuridão da noite ainda envolvendo a cabana. König não estava perto da lareira ou dormindo na poltrona da sala, deixando a quietude me receber. Ergui-me, sentindo a madeira fria sob meus pés descalços, e meu olhar vagou pelo aposento, procurando algum sinal dele.
A voz de König, sutil como um sussurro noturno, flutuou do lado de fora da cabana. Uma curiosidade irrefreável tomou conta de mim, e me aproximei da janela com cautela, como uma sombra na penumbra. Entre as frestas da cortina, espiei para fora, tentando decifrar as palavras murmuradas pelo homem encapuzado.
— Não, Price. As ordens não foram essas! – Ele parece impaciente. — Eu deveria mantê-la aqui durante um dia até que Neymar e Elmos viessem buscá-la para levá-la ao ponto combinado.
Pondero nas suas palavras.
— Eu não toquei na garota, mas vou fazer isso se ela não parar de me encher com perguntas... – Ele se encosta na mureta de madeira, enquanto fita a noite estrelada. — Foda-se o plano, foda-se o comprador, eu só quero acabar com essa merda logo e dar um fim nela.
Dar um fim nela...? E-em mim?
Em choque, escutei as palavras sussurradas por König durante sua conversa do lado de fora da cabana. A revelação me atingiu como uma onda gélida, prendendo minha respiração e congelando cada pensamento. Recuei lentamente da janela, como se o espaço que nos separa, fosse um abismo aterrador.
Andei de costas, a visão fixa na cena além da janela, até que meus pés encontraram a borda do sofá. A realidade, como um golpe repentino, me trouxe de volta ao presente. A confusão e a perplexidade se misturavam enquanto eu processava as palavras de König, transformando o ambiente conhecido da cabana em um cenário de incerteza.
Eles vão me matar!
Rapidamente, começo a colocar os meus sapatos. Já sinto o meu pé bem melhor, dado que ainda está num tom meio roxo para verde, mas a dor é mínima. Prendo os meus cabelos num rabo de cavalo rápido e logo corro para o banheiro, fechando a porta e colocando um pedaço de madeira solta do chão na frente da mesma.
— Tudo bem... Eu preciso manter a calma. – Digo baixo, tentando encontrar uma forma de me acalmar e sair daqui.
Olho em volta, notando uma pequena janela acima da banheira, é estreita, mas uma pessoa magra o suficiente conseguiria passar. Eu espero...
Subo na borda da banheira, cada movimento cauteloso para evitar qualquer ruído que pudesse denunciar as minhas intenções. Meu coração pulsa fortemente no peito, uma sinfonia de desespero ecoando em meio ao silêncio da cabana.
O som da porta da sala se abrindo atingiu meus ouvidos como um sinal inevitável de que não havia mais volta. A notícia de que König agora sabia da minha ausência reverberava em minha mente, uma realidade inescapável que transformava cada ação num passo sem retorno.
O desespero aumentava, impulsionando-me a continuar. Com mãos trêmulas, removi a placa de madeira que cercava um vidro curto na pequena janela. Cada movimento era calculado, a placa deixada de lado com cuidado para não trair minha presença. A janela, agora descoberta, tornava-se uma passagem para a noite lá fora mantinha seus segredos ocultos e a promessa de uma fuga incerta.
Apoio os cotovelos e os uso como base para conseguir mover o meu corpo para cima. Tento ignorar as teias de aranha que roçam no meu rosto e a poeira que engulo enquanto consigo passar a cabeça para o lado de fora.
A maçaneta do banheiro começa a se mexer, seguida por batidas na porta. Sem alternativas, impulsiono meu corpo para fora da janela, lutando contra o aperto e a gravidade. Com muito esforço, finalmente passei, caindo no chão do lado de fora. O estrondo do impacto reverberou pela floresta, silenciando as batidas na porta por um momento.
Deitada no chão, mantive-me quieta, atenta a qualquer sinal de movimento e ignorando a dor que se instalou pelo meu corpo com a minha queda. A tensão pairava no ar, e minha respiração estava em sintonia com o eco da floresta ao meu redor. Contudo, um estrondo subsequente rasgou o silêncio.
König havia derrubado a porta do banheiro, e sua respiração pesada indicava descontentamento com a cena diante dele. O jogo de gato e rato na floresta escura ganhava um novo capítulo, enquanto eu me via envolvida numa fuga desesperada, e eu sabia, que se ele me encontrasse, as consequências dos meus atos seriam nitidamente precisas.
Sem esperar um segundo sequer, me levanto e começo a correr.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Dia Cassexe
É só assumir as consequências das suas acções querida Khalisa.
2024-05-09
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