S/N
Corro desesperadamente pela floresta, a escuridão densa engolindo a cada passo que eu dava. Não ouso olhar para trás, mas a todo momento sinto o peso da presença de König perseguindo-me implacavelmente. Suas palavras ecoavam em minha mente, um eco assustador que fazia meu corpo tremer em resposta ao pesadelo que se desenrolava.
Eu irei atrás de você, e irei encontrá-la... Seja onde estiver! O pensamento me serve como combustível para me fazer apertar os passos.
As folhas das árvores pareciam sussurrar segredos, e os arbustos se tornavam obstáculos fugazes em minha tentativa frenética de escapar. A floresta, que em outras circunstâncias poderia ser um refúgio de tranquilidade, agora se transformava em um labirinto sombrio de ansiedade e temor. Meus passos eram um tamborilar desordenado, cada batida uma tentativa desesperada de fugir da escuridão que me perseguia, uma escuridão personificada na figura do homem encapuzado que, de alguma forma, emergia como uma sombra inescapável em minha trilha de fuga.
Meus pés freiam abruptamente ao deparar-me com um rio diante de mim, a correnteza agitada e voraz por causa da recente chuva. A parada brusca fez-me escorregar no barro ainda molhado, e meu corpo desliza involuntariamente para dentro do rio. A água fria envolve-me imediatamente, a correnteza forte arrastando-me e só aí percebo que o rio definitivamente não é raso.
Tentei emergir meu corpo, mas as águas tumultuadas lutavam contra meus esforços. Cada tentativa de respirar era uma batalha contra a força do rio, e o desespero crescia enquanto eu lutava para manter a cabeça acima da superfície. A água, antes uma barreira intransponível, tornara-se meu tormento imprevisível, e a floresta ao redor parecia distante enquanto eu era levada pela correnteza.
Na tentativa desesperada de buscar ar, meu pé se enrosca em algo que suponho ser um galho submerso — pois arranha a minha pele descoberta da calça — prendendo-me ainda mais na água agitada. A correnteza aumentava sua fúria, o nível da água, já acima da minha cabeça, e o desespero tomando conta enquanto eu me via aprisionada.
Sem alternativas, mergulho o meu corpo mais fundo. O afogamento aproximava-se a cada segundo desperdiçado naquele momento. Num último esforço, abaixei-me, usando todas as forças para tentar liberar meu pé do galho que me mantinha cativa. A água tumultuada ao redor conspirava contra mim, mas a necessidade urgente de respirar impulsionava-me a lutar contra o destino que se desenhava diante de mim.
Meu coração pulsa num breve alívio quando me vejo solta, assim, tentando voltar à superfície. Com um breve momento fora da água, é o suficiente para que eu consiga respirar, mas continuo sendo levada, e isso não acalma a minha ansiedade que só cresce a cada segundo. A visão de um longo tronco à frente encheu-me de esperanças, e estendi os braços como se fosse minha última chance. Por sorte, ou talvez, um milagre, consegui me segurar no tronco, usando-o como apoio para finalmente sair do rio. Meu corpo cai no chão enquanto tusso freneticamente, ainda sentindo o sabor amargo da água na língua e os resquícios do líquido preenchendo meus pulmões.
A minha cabeça lateja e a garganta tornara-se um palco para os espinhos do afogamento, dificultando cada respiração. De olhos fechados, procurei me recompor, relembrando o motivo real que me trouxera até aqui, König...
Levanto com dificuldades, sentindo o frio da noite abraçar meu corpo completamente molhado. Mesmo assim, retomo a corrida, passando por árvores altas, pedras grandes com musgos escorregadios e os sons dos animais noturnos ecoando ao meu redor. Até que finalmente, deparo-me com uma pequena rodovia deserta. Olho para a direita e para a esquerda, escolhendo um lado e seguindo adiante na esperança de encontrar ajuda. A noite envolvia-me com sua escuridão, mas a luz distante dos postes na estrada indicava uma possível rota de fuga daquele pesadelo.
Ao olhar para trás, uma pontada de alívio me atingiu ao perceber que König não está me perseguindo. Talvez ele tivesse me perdido de vista, talvez eu tivesse realmente conseguido escapar dele. Uma esperança incerta florescia em meu peito, enquanto eu me encontrava desafiando as palavras ameaçadoras que ele havia sussurrado.
Um sorriso involuntário logo cresce nos meus lábios ao avistar um posto à beira da estrada. Apressei-me em direção a ele, ansiosa por encontrar algum sinal de socorro ou uma chance de colocar para trás os eventos tumultuados daquela noite. Ao adentrar a loja de conveniência do posto, percebo o silêncio absoluto, sem sinais de clientes ou vendedores. O caixa autônomo sugere a ausência de qualquer presença humana. Em busca de uma saída, me aproximo do caixa e avisto um telefone embutido na parede ao lado. Com esperança, pego o aparelho e tento discar o número de casa.
No entanto, a frustração toma conta de mim ao perceber a falta de saldo disponível e sequer um tostão no bolso. Com a raiva crescente, bato o telefone contra o suporte na parede e deixo escapar alguns xingamentos, tentando desesperadamente pensar em algo.
“ — Ainda segue em aberto o caso que está chocando os Estados Unidos...”
Olho para trás ao me deparar com a televisão ligada no canal de notícias. Meus olhos encaram sem piscar enquanto escuto atentamente as palavras.
“ — Um grupo de criminosos, que não se sabe ao certo se são terroristas, invadiu uma festa beneficente durante a noite de segunda-feira, e armados, atiraram em muitas pessoas no local. Entre as principais vítimas do crime brutal, está Justin Bieber, que foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Muitos feridos seguem internados no hospital Hearthstone, além do desaparecimento da cantora famosa, S/n Sinclair...”
Minha respiração engata quando vejo a minha foto aparecer logo em seguida, enquanto uma repórter, em frente a mansão que tudo aconteceu, conta em detalhes o crime. Uma lágrima solitária escorre pela minha bochecha, enquanto sigo até o caixa e tento abrir o mesmo para pegar o dinheiro que for, mas a minha expectativa cai por terras quando vejo a fechadura eletrônica do mesmo.
— Mas que porra...
Olho em volta, seguindo para a outra parte da loja e pegando um casaco grosso com pelo falso dentro, uma calça jeans meio surrada com pequenos rasgos e uma blusa com mangas comprimidas e gola alta. Corro até o banheiro e me troco rapidamente, já me sentindo melhor por estar mais quente do que antes.
Espero que a polícia não venha atrás de mim... Penso, enquanto me sinto a pior pessoa do mundo por ter roubado essas roupas, mas sei que é de extrema urgência. Antes de sair da loja, pego uma pequena barrinha de proteínas, a comendo rapidamente enquanto ando pela rodovia.
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Atualizado até capítulo 54
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Phillip Shakespeare
autora produtiva 4 caps para maratona
2024-05-08
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