S/N
Meu corpo congelou no lugar assim que a lâmina gelada tocou meu pescoço, e eu soube instantaneamente que era König. Uma sensação de pavor percorre cada fibra do meu ser, enquanto meu corpo treme involuntariamente diante da presença ameaçadora. O perfume masculino que inunda os meus sentidos sutilmente trouxe à tona lembranças mistas, fazendo-me suspirar baixo em meio à tensão. Com as mãos erguidas lentamente, adotei a posição de rendição, ciente da vulnerabilidade que aquela lâmina impunha. A respiração parecia mais difícil, e a frieza do metal contra minha pele era um lembrete constante do perigo iminente. Os segundos arrastavam-se enquanto eu aguardava, presa na dança perigosa entre a fragilidade da rendição e a incerteza do que viria a seguir.
— Eu a avisei... – Sua voz, próxima o suficiente do meu ouvido, me faz arrepiar até à espinha, enquanto me encolho perante essa intimidação.
A rodovia estende-se à minha frente, mergulhada na escuridão, com apenas a iluminação tênue dos postes próximos. Alguns insetos dançam ao redor das luzes, criando um espetáculo efêmero na noite. Uma pontada de esperança pulsou no meu coração, alimentada pela ideia de que algum carro poderia passar e testemunhar a cena, talvez, mas seria ingenuidade mútua minha, pois a estrada está totalmente vazia, sem sinal de uma alma viva, além de nós dois.
König segura firmemente os meus pulsos estendidos para cima, puxando-os para trás com uma força bruta, antes de prendê-los com algo que julgo ser uma braçadeira meio grossa. Ele contorna meu corpo, colocando-se frente a frente comigo, seus olhos encarando os meus com uma seriedade que revela uma ponderação interna. Sua respiração pesada ecoa, mas seus olhos dizem mais do que as palavras que ele se abstém de proferir.
König está molhado, evidenciando que passou pelo mesmo rio, porém, com mais facilidade. A incerteza paira entre nós, e meu corpo tensionado sob a pressão da situação iminente. Seu olhar, penetrante e impiedoso, parece navegar por pensamentos desconhecidos enquanto enfrento o que ele representa.
— Se você vai me matar... – Não desvio o olhar do seu enquanto falo, mas por dentro, no fundo, talvez, estou murchando como uma uva passa. O medo me consome perante este homem e um grande ponto de exclamação grita “Perigo” na sua testa, ainda coberta pelo capuz escuro que ele usa. No entanto, eu não posso demonstrar fraqueza, não quando ele sabe que eu sou apenas uma cantora inútil que fora sequestrada durante um show beneficente. — Faça isso agora... Acabe logo com isso!
Ele se mantém quieto, parecendo ponderar nas minhas palavras vagas. Mas antes que eu diga algo, König se aproxima e diz bem próximo do meu rosto:
— Não.
Logo se abaixa mais, me pegando pelas coxas novamente e jogando o meu corpo por cima do seu ombro. Com as mãos atadas, apenas grito e me debato, sem muitas opções no momento.
— Eu vou acabar com você! – Digo, enquanto ele começa a caminhar em direção à floresta, novamente. — Vou denuncia-lo e me lembrar muito bem deste momento!
Ele continua andando, ignorando as minhas palavras.
— VÁ SE FODER!
Minha respiração engata quando recebo um tapa seco na minha bunda. Arregalo os olhos enquanto vejo tudo virado ao contrário, ainda estendida em seu ombro.
— Cala essa boca, ou eu mesmo o farei!
As palavras me escapam, enquanto sinto a ardência da sua mão na minha pele, mesmo que ela esteja coberta pelo pano da calça jeans. Me encontro totalmente em estado de surpresa repentina pelo seu gesto, algo que eu realmente não esperava, e com isso, um rubor ridículo nas minhas bochechas... Mas prefiro acreditar que seja o sangue que está subindo para a minha cabeça por me manter virada desta forma.
...☛☚...
Assim que chegamos na cabana, percebo que fomos pelo caminho mais curto, claramente para evitar o rio que corta metade da floresta. König passa pela porta de madeira, que antes, já estava aberta, e caminha até o quarto, me colocando com brutalidade na cama.
— Você vai ficar nessa porra desse quarto!
O olho surpresa, enquanto tento não demonstrar a minha sincera reação.
— Só sairá para mijar.
Assim que ele se vira, caminha até à entrada do quarto e passa pela porta, mas antes que König a feche, eu falo alto o suficiente para que ele escute:
— Você não parece tão durão agora. Costuma ameaçar com palavras todas as garotas que sequestra? Com certeza é para compensar alguma coisa que lhe falta!
Me arrependo instantâneamente assim que König para de andar, e ao invés de sair, ele volta para o quarto, fechando a porta e a trancando logo em seguida, virando a sua cabeça lentamente para o lado e me olhando de soslaio. Engulo toda a minha coragem no momento em que vejo que nos seus olhos, agora reside raiva, e eu sou o motivo disso...
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Atualizado até capítulo 54
Comments
Kamui_Kaus☆
Só me veio aquela piada do Sherek na mente: "talvez ele esteja tentando compensar alguma coisa".
2024-12-08
1
Phillip Shakespeare
corajosa
2024-05-08
2