Capítulo 12: De volta ao início

S/N

Meu corpo congelou no lugar assim que a lâmina gelada tocou meu pescoço, e eu soube instantaneamente que era König. Uma sensação de pavor percorre cada fibra do meu ser, enquanto meu corpo treme involuntariamente diante da presença ameaçadora. O perfume masculino que inunda os meus sentidos sutilmente trouxe à tona lembranças mistas, fazendo-me suspirar baixo em meio à tensão. Com as mãos erguidas lentamente, adotei a posição de rendição, ciente da vulnerabilidade que aquela lâmina impunha. A respiração parecia mais difícil, e a frieza do metal contra minha pele era um lembrete constante do perigo iminente. Os segundos arrastavam-se enquanto eu aguardava, presa na dança perigosa entre a fragilidade da rendição e a incerteza do que viria a seguir.

— Eu a avisei... – Sua voz, próxima o suficiente do meu ouvido, me faz arrepiar até à espinha, enquanto me encolho perante essa intimidação.

A rodovia estende-se à minha frente, mergulhada na escuridão, com apenas a iluminação tênue dos postes próximos. Alguns insetos dançam ao redor das luzes, criando um espetáculo efêmero na noite. Uma pontada de esperança pulsou no meu coração, alimentada pela ideia de que algum carro poderia passar e testemunhar a cena, talvez, mas seria ingenuidade mútua minha, pois a estrada está totalmente vazia, sem sinal de uma alma viva, além de nós dois.

König segura firmemente os meus pulsos estendidos para cima, puxando-os para trás com uma força bruta, antes de prendê-los com algo que julgo ser uma braçadeira meio grossa. Ele contorna meu corpo, colocando-se frente a frente comigo, seus olhos encarando os meus com uma seriedade que revela uma ponderação interna. Sua respiração pesada ecoa, mas seus olhos dizem mais do que as palavras que ele se abstém de proferir.

König está molhado, evidenciando que passou pelo mesmo rio, porém, com mais facilidade. A incerteza paira entre nós, e meu corpo tensionado sob a pressão da situação iminente. Seu olhar, penetrante e impiedoso, parece navegar por pensamentos desconhecidos enquanto enfrento o que ele representa.

— Se você vai me matar... – Não desvio o olhar do seu enquanto falo, mas por dentro, no fundo, talvez, estou murchando como uma uva passa. O medo me consome perante este homem e um grande ponto de exclamação grita “Perigo” na sua testa, ainda coberta pelo capuz escuro que ele usa. No entanto, eu não posso demonstrar fraqueza, não quando ele sabe que eu sou apenas uma cantora inútil que fora sequestrada durante um show beneficente. — Faça isso agora... Acabe logo com isso!

Ele se mantém quieto, parecendo ponderar nas minhas palavras vagas. Mas antes que eu diga algo, König se aproxima e diz bem próximo do meu rosto:

— Não.

Logo se abaixa mais, me pegando pelas coxas novamente e jogando o meu corpo por cima do seu ombro. Com as mãos atadas, apenas grito e me debato, sem muitas opções no momento.

— Eu vou acabar com você! – Digo, enquanto ele começa a caminhar em direção à floresta, novamente. — Vou denuncia-lo e me lembrar muito bem deste momento!

Ele continua andando, ignorando as minhas palavras.

— VÁ SE FODER!

Minha respiração engata quando recebo um tapa seco na minha bunda. Arregalo os olhos enquanto vejo tudo virado ao contrário, ainda estendida em seu ombro.

— Cala essa boca, ou eu mesmo o farei!

As palavras me escapam, enquanto sinto a ardência da sua mão na minha pele, mesmo que ela esteja coberta pelo pano da calça jeans. Me encontro totalmente em estado de surpresa repentina pelo seu gesto, algo que eu realmente não esperava, e com isso, um rubor ridículo nas minhas bochechas... Mas prefiro acreditar que seja o sangue que está subindo para a minha cabeça por me manter virada desta forma.

...☛☚...

Assim que chegamos na cabana, percebo que fomos pelo caminho mais curto, claramente para evitar o rio que corta metade da floresta. König passa pela porta de madeira, que antes, já estava aberta, e caminha até o quarto, me colocando com brutalidade na cama.

— Você vai ficar nessa porra desse quarto!

O olho surpresa, enquanto tento não demonstrar a minha sincera reação.

— Só sairá para mijar.

Assim que ele se vira, caminha até à entrada do quarto e passa pela porta, mas antes que König a feche, eu falo alto o suficiente para que ele escute:

— Você não parece tão durão agora. Costuma ameaçar com palavras todas as garotas que sequestra? Com certeza é para compensar alguma coisa que lhe falta!

Me arrependo instantâneamente assim que König para de andar, e ao invés de sair, ele volta para o quarto, fechando a porta e a trancando logo em seguida, virando a sua cabeça lentamente  para o lado e me olhando de soslaio. Engulo toda a minha coragem no momento em que vejo que nos seus olhos, agora reside raiva, e eu sou o motivo disso...

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Comments

Kamui_Kaus☆

Kamui_Kaus☆

Só me veio aquela piada do Sherek na mente: "talvez ele esteja tentando compensar alguma coisa".

2024-12-08

1

Phillip Shakespeare

Phillip Shakespeare

corajosa

2024-05-08

2

Ver todos
Capítulos
1 Avisos
2 Capítulo 1: Nos bastidores
3 Capítulo 2: O sequestro
4 Capítulo 3: Kortac
5 Capítulo 4: A dança da liberdade
6 Capítulo 5: A cabana
7 Capítulo 6: Laços improváveis
8 Capítulo 7: A solidão da liberdade
9 Capítulo 8: A verdade
10 Capítulo 9: Os sussurros da noite
11 Capítulo 10: Noite de revelação
12 Capítulo 11: O peso das escolhas
13 Capítulo 12: De volta ao início
14 Imagem
15 Capítulo 13: Meia-noite
16 Capítulo 14: O peso da culpa
17 Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18 Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19 Capítulo 17: O combustível do desejo
20 Capítulo 18: Incoveniente
21 Capítulo 19: Experiência
22 Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23 Capítulo 21: Pé na estrada
24 Capítulo 22: Fuga
25 Capítulo 23: Acidentes acontecem
26 Capítulo 24: Se arriscando
27 Capítulo 25: E se...
28 Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29 Capítulo 27: O fim da Kortac?
30 Capítulo 28: No meio do nada
31 Capítulo 29: A primeira lua
32 Capítulo 30: O retorno
33 Capítulo 31: Mundos opostos
34 Capítulo 32: Quarto de hotel
35 Capítulo 33: A realidade machuca
36 Capítulo 34: De volta ao lar
37 Capítulo 35: Interrogatório
38 Capítulo 36: De volta à rotina
39 Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40 Capítulo 38: O jantar sangrento
41 Capítulo 39: Reprimindo
42 Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43 Capítulo 41: O passado ainda queima
44 Capítulo 42: Fantasma do passado
45 Capítulo 43: Sentimentos vazios
46 Capítulo 44: A última ligação
47 Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48 Capítulo 46: A realidade assusta
49 Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50 Capítulo 48: Apostando a confiança
51 Capítulo 49: L' asta
52 Capítulo 50: O inesperado acontece
53 Capítulo 51: Cara a cara com o diabo
54 Capítulo 52: Revelações surpreendentes
Capítulos

Atualizado até capítulo 54

1
Avisos
2
Capítulo 1: Nos bastidores
3
Capítulo 2: O sequestro
4
Capítulo 3: Kortac
5
Capítulo 4: A dança da liberdade
6
Capítulo 5: A cabana
7
Capítulo 6: Laços improváveis
8
Capítulo 7: A solidão da liberdade
9
Capítulo 8: A verdade
10
Capítulo 9: Os sussurros da noite
11
Capítulo 10: Noite de revelação
12
Capítulo 11: O peso das escolhas
13
Capítulo 12: De volta ao início
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Imagem
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Capítulo 13: Meia-noite
16
Capítulo 14: O peso da culpa
17
Capítulo 15: A vista dos sentimentos
18
Capítulo 16: A corrosão da ansiedade
19
Capítulo 17: O combustível do desejo
20
Capítulo 18: Incoveniente
21
Capítulo 19: Experiência
22
Capítulo 20: Sonho ou pesadelo?
23
Capítulo 21: Pé na estrada
24
Capítulo 22: Fuga
25
Capítulo 23: Acidentes acontecem
26
Capítulo 24: Se arriscando
27
Capítulo 25: E se...
28
Capítulo 26: Fugir ou ficar?
29
Capítulo 27: O fim da Kortac?
30
Capítulo 28: No meio do nada
31
Capítulo 29: A primeira lua
32
Capítulo 30: O retorno
33
Capítulo 31: Mundos opostos
34
Capítulo 32: Quarto de hotel
35
Capítulo 33: A realidade machuca
36
Capítulo 34: De volta ao lar
37
Capítulo 35: Interrogatório
38
Capítulo 36: De volta à rotina
39
Capítulo 37: Um novo motivo para continuar
40
Capítulo 38: O jantar sangrento
41
Capítulo 39: Reprimindo
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Capítulo 40: Bem-vindos ao Um-quatro-um
43
Capítulo 41: O passado ainda queima
44
Capítulo 42: Fantasma do passado
45
Capítulo 43: Sentimentos vazios
46
Capítulo 44: A última ligação
47
Capítulo 45: Sonhos vazios, pesadelos conscientes
48
Capítulo 46: A realidade assusta
49
Capítulo 47: A esperança é a última que morre
50
Capítulo 48: Apostando a confiança
51
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Capítulo 52: Revelações surpreendentes

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