A cena da queda do avião não saía da minha cabeça. Tentei ocupar a mente, mas foi impossível. Logo que começou outra tempestade, trazendo à tona lembranças da noite passada.. Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos... eu pensava na minha mãe e em Atos.
Será que eles já sabem o que aconteceu?
Eu também pensava nos familiares das outras pessoas que estavam no avião o que seriam deles agora? Será que alguém mais sobreviveu?
Eram tantas perguntas, mas nenhuma resposta.
A busca por água ou qualquer coisa comestível também acabou sendo adiada até a tempestade passar.
Gabriel estava quieto fazia um tempo e aquilo realmente me preocupava, horas atrás era ele quem tentava me distrair e agora estava quieto, calado.
Talvez eu devesse ajudar...
Com calma me aproximei de seu corpo que estava deitado sobre a cama improvisada. Ao notar minha presença, meu marido virou-se para mim e pude observa-lo melhor. Ele estava pálido e sua respiração pesada.
Péssimo sinal, Castillo não está bem.
Levei minha mão ao seu rosto, apenas para sentir o mesmo pegando fogo. Ele está ardendo em febre.
Com muita dificuldade rasguei um pedaço do vestido que usava, não era o ideal mas estava úmido, talvez poderia ajudar a abaixar a febre.
— O que está fazendo? Ficou maluca de vez, Salazar? — perguntou agora com sua voz ainda mais rouca pelo cansaço.
Em outras situações confesso que isso me deixaria arrepiada.
— Você está não está bem, está com febre alta. — Levei o pano úmido a sua pele, vendo-o fechar os olhos com meu toque. — Precisamos abaixa-la ou teremos sérios problemas.
Gabriel segurou minha mão com delicadeza, passando a língua sob os lábios. — Bobagem, logo logo estarei novinho em folha.
— Que seja, mas quando formos resgatados não quero ser acusada de não ter feito nada para ajudar o próprio marido, então Castillo, fique quietinho e me deixe ajudar.
Gabriel me obedeceu e nos minutos seguintes se comportou como uma boa criança obediente, mas nem tudo são flores, a febre alta começou a dominá-lo, e sua pele queimava sob meus dedos enquanto eu tentava limpá-lo com o pano úmido improvisado.
— Gabriel, por favor, resista. — murmurei, tentando manter a calma. Cada vez que ele estremecia, meu coração apertava um pouco mais. — Não sobrevivemos à uma queda de avião pra você me deixar sozinha nessa porcaria, por causa de uma febre.
Meu marido me olhou e suspirou, acredito que naquele momento faltou forças até para falar.
— Isso não é justo, eu não aceito isso... você precisa resistir Gabriel. — eu estava aos prantos.
As horas se arrastaram, e ele começou a delirar. Suas palavras eram confusas, mas um nome se destacava entre seus murmúrios: Andrea. Quem seria ela?
— Andrea... não... por favor, não vá... não me deixe. — ele murmurava repetidamente, os olhos fechados de maneira forte, enquanto seu corpo se debatia no chão.
— Gabriel, estou aqui. — coloquei sua cabeça sob meu colo, fazendo um carinho de leve sob seus fios pretos. — Sou eu, Amihan.
Ele abriu os olhos olhando-me assustado, em seguida se sentou em minha frente segurando meu rosto entre as mãos.
— Andrea... — ele continuava a falar, agora, porém olhando em meus olhos, como se eu fosse a tal mulher.
Ele não parava de murmurar, fragmentos de memórias dolorosas escapavam de seus lábios. Pelas palavras soltas, percebi que Andrea tinha sido alguém muito importante para ele, alguém que o machucou profundamente.
— Você disse que me amava... — sua voz era quebrada, como se estivesse revivendo uma traição que ainda o atormentava. — Por quê me deixou, Andrea? Por quê fez isso?
Ver Gabriel assim, tão vulnerável, era devastador. Sempre o vi como uma figura de força, como alguém intocável, alguém que enfrentava qualquer desafio com determinação e coragem. Mas ali, diante de mim, estava um homem ferido, despido de suas defesas, lutando contra fantasmas do passado.
— Me desculpa... — sussurrei.
O por que de ter feito isso? Nem eu mesma sei, de repente me vi nele, e sei o quanto um pedido de desculpas verdadeiro faz falta.
Lembrei-me de quando fui traída por Matteo e do quanto aquilo doeu, e não sei, imaginar que Gabriel possa, talvez, também conhecer essa dor é algo que me deixa inquieta.
Flashs da nossa luta para chegar até aqui surgiram em minha mente, ou melhor, da luta dele, da sua determinação em nos manter vivos. Ele havia se sacrificado tanto para me proteger, coisa que nem mesmo Matteo fora capaz de fazer, e agora eu precisava retribuir o favor. Precisava ser forte por nós dois.
Enxuguei o suor de sua testa e coloquei um pano molhado em sua cabeça, esperando que isso ajudasse a baixar a febre. Meu coração doía ao vê-lo tão indefeso.
— Andrea... voltou... senti... falta... — ele acariciou meu rosto, colando nossas testas.
Não sei por qual razão, mas aquele simples toque foi capaz de me desestabilizar completamente. — Vou cuidar de você, Gabriel. Prometo que vou cuidar de você. — sussurrei, mais para mim mesma do que para ele.
— Graças a Deus... você voltou....
Gabriel foi se aproximando, e o meu coração parecia quere saltar pela boca a qualquer momento.
— Senti saudades.
Ele se aproximava cada vez mais, e eu era incapaz de afasta-lo.
Seus olhos me olhavam com intensidade, e eu podia jurar que sua pupila estava dilatada.
— Andrea... — ele murmurou, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele puxou-me para mais perto ainda, e seus lábios encontraram os meus.
O choque percorreu meu corpo, e por um instante, fiquei paralisada. Meu estômago parecia um borboletário, e uma onda de calafrio percorreu todo meu corpo quando senti sua língua adentrar a minha boca. Eu quis impedir, quis pará-lo, mas não pude, fui incapaz de me afastar.
Seus lábios quentes contra os meus, e a intensidade do beijo revelava a profundidade de seus sentimentos. Ele acreditava estar beijando a tal Andrea. E a dor em seu coração transbordava para mim, eu conhecia aquela dor.
Quando entendi que era ela quem ele estava beijando, que era ela quem ele queria beijar, senti-me mais uma vez traída, e foi impossível não sentir mais uma vez aquela dor.
— Gabriel, sou eu, Amihan... — murmurei contra seus lábios, mas ele estava perdido em seu delírio, segurando-me com força.
Finalmente, consegui afastar-me suavemente, observando a confusão em seus olhos febris. Ele parecia lutar para entender o que estava acontecendo, mas a febre e o cansaço o dominavam.
— Estou aqui, sei que não sou quem você queria, mas estou disposta a tudo para te ajudar. — disse, tentando reconforta-lo. — Sou eu, Amihan.
Ele tentou sorrir, mas a exaustão era evidente. Segurei sua mão com firmeza, sentindo a força de seu aperto diminuir gradualmente enquanto a febre começava a ceder.
— Não importa quem eu quero! É você quem eu preciso... Amihan. — ele murmurou antes de fechar os olhos novamente, desta vez para um sono mais tranquilo.
Enquanto ele dormia, senti uma nova conexão surgir entre nós, não só pelo beijo, mas por que conheci um lado de Gabriel que ele provavelmente nunca quis mostrar a ninguém. A dor de seu passado, suas vulnerabilidades, tudo estava exposto.
Gabriel Castillo é um ser humano como qualquer outro.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Cleudina Silvino
a história é uma aventura emocionante! aguardando os próximos capítulos
2024-07-05
0
Lucia Souza
poxa uma história muito emocionante ,mas chega no bom pede atualização, até atalizrem agente até já esqueceu o conteúdo da história
2024-07-04
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Vera Gomez
Autora sua história é linda, colocar mais capítulo fiquei triste por se só 20 capítulos eu geralmente, não leio quando tem poucos capítulos, mais está valendo a pena continuar parabéns 👏👏👏👏👏👏🌹
2024-07-03
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