Três meses se passaram desde que assinei o bendito contrato. Nesse período, a Olimpos voltou ao mercado, e eu me afastei, focando somente no casamento. Precisava desse tempo, tanto para me cuidar e cuidar do meu emocional, quanto para organizar o grande dia.
E esse dia finalmente chegou. Ontem tivemos o casamento no civil. Atos e Mark, o advogado de Gabriel, como nossas testemunhas. Sou oficialmente a senhora Castillo. Hoje será o casamento na igreja, eu estou nervosa.
Esse foi meu sonho a muito tempo atrás, mas com outro homem, baseado em amor, era o que eu pensava, e não em um contrato. Um acordo de negócios.
Me olhei no espelho, pensando que essa seria a última vez que iria olha-lo. ele é o maior confidente de todos os meus traumas, me conhece melhor do que eu mesma. Ele exibe o reflexo da mulher que eu quero ser, forte e determinada.
O vestido de noiva caía sobre meu corpo como uma segunda pele, cada detalhe meticulosamente desenhado para realçar minha beleza natural. O tecido branco, puro e luminoso, contrastava com minha pele bronzeada, criando um efeito deslumbrante que, juro, parecia iluminar a sala. O véu, delicado e celestial, descansava sobre meus cabelos pretos ondulados, agora presos em um penteado elegante que deixava meu rosto claramente visível, com apenas uma mechinha de cada lado. Pequenas flores brancas estavam entrelaçadas nas ondas de meus cabelos, como se uma chuva de pétalas tivesse escolhido aquele exato momento para me adornar. A grinalda, uma obra de arte em si, repousava com dignidade, conferindo-me uma aura quase real. E o detalhe final, o colar dado por Gabriel. Ele brilhava suavemente contra minha pele.
Senti um nó se formar na minha garganta; era real agora. Eu ia me casar. Na penteadeira, uma foto minha e de Matteo. Com lagrimas nos olhos, peguei a foto na mão trêmula. Era hora de deixar o passado para trás. Com um aperto no coração, rasguei a foto, sentindo um misto de dor e alivio. O passado ainda me assombrava, mas eu precisava seguir em frente, pelo bem da minha família e de mim mesma.
— Não, não chora. — mamãe apareceu na porta, vindo limpar minhas lágrimas. — Você está tão linda, vai borrar a maquiagem.
— Desculpa... — deixei um soluço escapar, tentando segurar as lágrimas que teimavam em cair.
— Estou orgulhosa de você, querida. — passou os braços sobre meus ombros, me puxando para um braço. — Você é uma moça muito corajosa. Passou por tanta coisa e mesmo assim continua aqui, forte e guerreira, carregando essa família nas costas.
— Mamãe, eu... — minha voz falhou, tomada pela emoção.
— Shhh, está tudo bem. — ela me apertou mais forte. — Sei que não é o casamento dos seus sonhos, mas você está fazendo o melhor que pode. E isso é tudo o que podemos fazer.
Ter o apoio da minha família nesse momento era crucial, e agradeço a Deus por tê-los.
— Pegue seu buquê. — colocou em minhas mãos. — Seu irmão está nos esperando.
Seguro o buquê entre meus dedos, e as pétalas macias se tornam uma extensão de mim mesma. elas não são apenas flores; são símbolos de esperança e recomeço.
Do lado de fora Atos nos esperava, ele iria me acompanhar ao altar.
— Você está linda, minha irmã. — abriu a porta do carro dando-me passagem para entrar.
Enquanto o carro desliza suavemente pelas ruas, sinto o pulsar acelerado do meu coração. Através da janela, observo as fachadas das casas darem lugar ao vislumbre da igreja ao final da rua. As pessoas estavam aglomeradas na entrada. O murmúrio das vozes mesmo distante, era como um zumbido para meus ouvidos, abafados pela batida do meu próprio coração. Sinto a ansiedade e a excitação dançarem em meu estômago; borboletas que não consigo acalmar.
Ao avistarem o carro as pessoas entram para igreja, sei que naquele momento todos esperam a minha chegada. O carro parou, e por um momento, tudo pareceu suspenso no tempo. Comecei a pensar o que aconteceria, caso virasse as costas e me mandasse.
Balanço a cabeça afastando os pensamentos incisivos. Respiro fundo, tentando acalmar os nervos que ameaçam me dominar, e me preparei para entrar.
Atos segura me braço, olhando-me nos olhos.
— Você sabe que não precisa fazer isso, não é? — conseguia ver a preocupação em seu olhar. — Ainda dá tempo de desistir, se você não quiser entrar, Mihan, te levo pra longe daqui. Eu assumo a responsabilidade, mas não precisa se sacrificar.
Acaricio o rosto do meu irmão, sempre tão protetor. Atos era o homem da casa desde que papai faleceu, tomou para si todas as responsabilidades, inclusive a de papel de pai. Apesar de uma diferença de idade não tão grande, Atos era sim, para mim como um pai.
— Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem. — disse, tentando soar mais confiante do que me sentia.
Ele assentiu, sei que não concordava, mas respeitava minha decisão.
— Então vamos lá...
Ao abrir a porta, sou recebida por um mar de rostos curiosos. Alguns sorriem, outros me olham com uma expectativa que quase posso tocar.
Agarrada ao braço do meu irmão, com a outra mão, seguro o buquê um pouco mais firme, uma tentativa de transferir minhas frustrações.
A igreja estava muito bem decorada. Os bancos de madeira polida alinhados em perfeita simetria, cada um com um pequeno arranjo de rosas brancas.
Meus olhos buscaram o altar, lá estavam eles; Don Alejandro com sua postura impecável, e ao seu lado mamãe emocionada. Do outro lado tínhamos os padrinhos de Gabriel; Mark e sua namorada. E os meus padrinhos; uma prima e um primo distante.
E no centro do altar, o principal, Gabriel.
Seu terno escuro realçava seu corpo torneado. Os cabelos negros, agora penteados com elegância, pareciam macios. Seus olhos pretos, normalmente tão afiados, estavam repletos de uma emoção que eu esperava. Era como se ele também estivesse prestes a dar um passo rumo ao desconhecido.
Engoli em seco, dando uma última olhada no ambiente, e então de cabeça erguida caminhei em sua direção. Cada passo parecia ecoar em meu coração, uma batida forte e ritmada. Meus pensamentos eram uma cacofonia de emoções: nervosismo, esperança, uma pitada de tristeza.
Sentia o olhar de todos sobre mim, mas tudo o que eu conseguia ver era ele, meu futuro, minha escolha, meu recomeço...
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Atualizado até capítulo 33
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