Capítulo 3: De Frente com Castillo.

Sentada sozinha na meia-luz do meu quarto, eu contemplava a cidade lá fora, suas luzes cintilando

como estrelas distantes. Era uma visão que sempre me trouxe paz, mas naquela

noite, ela parecia zombar da tempestade dentro de mim.

— Como chegamos a esse ponto?

As palavras escapavam em um sussurro, perdidas no vazio do espaço vazio. A decisão

que eu tinha que tomar pesava sobre mim, uma âncora arrastando-me para as

profundezas do desespero.

Atos havia partido, deixando-me com a proposta de Gabriel Castillo. Um empréstimo que

poderia salvar a empresa, mas a que custo? Gabriel não era um homem conhecido

por sua generosidade sem expectativas. Ele era um predador nos negócios, e nós

estávamos vulneráveis.

Podemos realmente confiar nele?

A pergunta ecoava, sem resposta. Eu sabia que Atos estava certo; estávamos sem opções. Mas

ainda assim, a ideia de me sentar à mesa com Castillo, de negociar o futuro da

empresa da minha família com um homem que poderia muito bem ser nosso algoz, me

enchia de uma inquietação que eu não conseguia sacudir.

— E se ele quiser mais do que um empréstimo? E se ele tentar tomar o controle?

A possibilidade me assustava. Eu havia visto homens como Gabriel em ação antes,

transformando oportunidades em impérios e deixando um rastro de desespero em

seu caminho.

Mas e se essa for a única maneira?

Eu me levantei, caminhando até a janela, minha mão pressionada contra o vidro frio.

Lá embaixo, a cidade continuava a pulsar, indiferente à luta de uma mulher

tentando salvar o legado de sua família.

— Atos confia nele… ou pelo menos confia na possibilidade de um acordo justo.

Fechei os olhos, buscando a coragem que sabia que existia em algum lugar dentro de

mim. Quando os abri novamente, a decisão estava tomada.

Era um risco, mas a vida é feita de riscos. Eu não deixaria o medo ditar nosso

destino.

(…)

Eu estava diante da porta do apartamento que um dia chamamos de nosso lar, meu coração

batendo como um tambor de guerra. Respirei fundo, tentando acalmar a tormenta dentro

de mim. Era hora de confrontar Matteo.

Precisamos conversar.

A porta se abriu lentamente, e lá estava ele, com aquele mesmo sorriso que uma vez me

encantou, mas agora só me causava náusea.

— Amihan, que surpresa… Não esperava ver você aqui.

— Imagino que não. Preciso de respostas, Matteo. Sobre os investimentos, sobre a

procuração… sobre nós.

Ele recuou um passo, o sorriso desaparecendo de seus lábios.

— Amihan, eu posso explicar. Tudo o que fiz foi pensando no nosso futuro.

Soltei uma risada de escárnio. — Nosso futuro? Você arruinou nosso futuro! Você mentiu,

traiu e agora a empresa da minha família está em risco por sua causa!

— Fiz o que achei que era necessário. Você não entende de negócios, Amihan. Eu estava

tentando…

— Não! Não tente justificar suas ações. Você usou a minha confiança para se beneficiar.

Onde está o dinheiro, Matteo? Onde estão os investimentos que você fez?

Ele hesitou, e eu vi o brilho de culpa em seus olhos.

— As coisas não saíram como planejei. Os investimentos… não deram certo.

— Você vai consertar isso. Vai desfazer o que fez e vai devolver cada centavo.

— Não é tão simples, Amihan. — Passou as mãos nos fios claros, sentando-se no sofá

aveludado, agira com as mãos cobrindo o rosto. — Não há dinheiro para devolver.

Eu senti uma onda de raiva e desespero me inundar. Era pior do que eu temia.

— Então você vai encontrar uma maneira de compensar a empresa. Vou levar isso aos

tribunais se for necessário.

Um som baixinho chamou minha atenção, Matteo começara a chorar.

Patético.

— Amihan, por favor, podemos resolver isso entre nós. Não precisa envolver advogados. —

Seu tom de voz estava desesperado.

— Tarde demais, Matteo. Você fez suas escolhas, e agora enfrentará as consequências.

Virei as costas para ele, deixando-o chorando feito criança, cada passo me afastando

daquele apartamento era um passo em direção à reconstrução da minha vida, era um

passo para longe do passado.

Essa foi a minha última tentativa antes de aceitar o que o destino me reservava.

Era hora de lutar, e eu lutaria com todas as forças que me restavam.

(…)

Com um terno cinza-escuro ajustado ao corpo, eu transmitia uma imagem de poder

discreto, a blusa de seda branca por baixo adicionava um toque de sofisticação,

e a saia preta exalava sensualidade.

Um batom nude, sombra marrom suave e um delineador sutilmente marcado destacando meus

olhos. Meus sapatos de salto alto pretos me dando altura e postura.

Era o momento de mostrar quem é Amihan Salazar.

A limusine preta deslizou suavemente pela rua, sua presença imponente contrastando com a

modéstia dos prédios circundantes. O motor ronronava em uma cadência constante

enquanto nos aproximávamos do luxuoso arranha-céu que abrigava o império

empresarial de Gabriel Castillo.

Meu estômago estava em nós. Eu havia me preparado meticulosamente para este

encontro, repassando mentalmente cada detalhe do plano elaborado com Atos. Mas,

por mais que tentasse, não conseguia afastar o nervosismo que se enraizava em

mim.

Ao meu lado, Atos permanecia sereno, sua expressão determinada refletindo a confiança

que ele sempre parecia possuir. Seus olhos azuis, agora intensificados pela

gravidade da situação, estavam fixos no horizonte, como se já estivesse

visualizando o desfecho dessa reunião.

A limusine parou diante do edifício reluzente, e um motorista uniformizado abriu a porta

para nós. Saímos, enfrentando o olhar curioso dos transeuntes que observavam

com interesse a chegada de dois estranhos àquele ambiente de negócios.

Cada passo ressoava como a promessa de uma mulher que sabe onde quer chegar.

Por dentro eu sabia o que eu era; uma menininha amedrontada.

Adentramos o saguão, onde a atmosfera emanava poder e influência. A recepcionista nos

cumprimentou com um sorriso polido, e seguimos em direção aos elevadores que

nos levariam ao escritório de Gabriel Castillo, situado no andar mais alto do

prédio.

Enquanto subíamos, uma mistura de ansiedade e determinação pulsava dentro de mim. Eu

sabia que esta era uma oportunidade crucial para reverter nossa situação

financeira, mas também compreendia os riscos envolvidos em negociar com um

homem como Castillo.

As portas do elevador se abriram lentamente, revelando um corredor impecavelmente

decorado. À frente, uma porta de mogno maciço marcava a entrada para o

santuário do poderoso empresário.

Respirei fundo, buscando coragem, enquanto Atos avançava com passos firmes em direção à

porta. Chegara a hora de enfrentar Gabriel Castillo e lutar pelo futuro da

nossa empresa.

Seu escritório era uma extensão de sua personalidade: imponente, elegante e

calculadamente intimidante. Assim que entramos, fomos recebidos por uma

secretária elegante, que nos conduziu até a sala de reuniões, onde o magnata

nos aguardava.

Gabriel Castillo estava de pé próximo à janela, contemplando a vista deslumbrante da

cidade lá fora. Seus olhos, penetrantes e calculistas, encontraram os nossos

assim que adentramos a sala. Ele era mais alto do que eu imaginava. Vestia-se

de maneira elegante, um terno cinza-claro, que parecia ser feito sob medida,

realçando seus músculos.

Esse cara com certeza é um atleta.

Ele sorriu, mas era um sorriso que não alcançava seus olhos, carregado de uma

astúcia fria. — Atos, Amihan, que prazer tê-los aqui. Por favor,

sentem-se. — Sua voz era suave, mas carregava uma autoridade inegável.

Atos adiantou-se, estendendo a mão para um cumprimento firme. — O prazer é nosso,

Sr. Castillo. Agradecemos por nos receber em tão curto prazo.

Eu segui o exemplo de meu irmão, tentando manter uma expressão neutra, apesar do turbilhão

de emoções que me consumia por dentro. — Obrigada, Sr. Castillo. Estamos

cientes de que este é um momento crucial para nossa empresa, e apreciamos a

oportunidade de discutir possíveis soluções.

Gabriel assentiu, seu olhar avaliador percorrendo-nos com uma precisão desconcertante. —

Entendo a gravidade da situação. Por favor, me contem mais sobre os desafios

que estão enfrentando.

Atos tomou a palavra, apresentando de forma concisa e direta a crise financeira que a

empresa enfrentava, destacando os investimentos não autorizados de Matteo e os

impactos devastadores em nossas finanças.

Agradeci internamente por isso. Só Deus sabe como me sinto, extremamente envergonhada, diante dessa

situação.

Enquanto meu irmão falava, eu observava Gabriel com atenção, tentando decifrar suas

reações. Seus olhos permaneciam fixos em Atos, mas ocasionalmente desviavam-se

para mim, como se pudesse ler cada pensamento meu.

Ao términoda exposição de Atos, Castillo permaneceu em silêncio por um momento, como se

ponderasse cuidadosamente suas palavras. Em seguida, ele inclinou a cabeça, seu

sorriso reaparecendo, mas desta vez com um brilho de interesse genuíno.

— Vocês enfrentam uma situação desafiadora, sem dúvida. Mas vejo potencial nesta

empresa, uma força que não pode ser subestimada. Estou disposto a discutir como

posso ajudá-los a superar esses obstáculos.

Um misto de esperançae apreensão inundou meu coração. Estávamos diante de uma oportunidade única,

mas também de um risco significativo. Eu sabia que qualquer acordo com Gabriel

Castillo viria com suas próprias exigências e consequências, e precisávamos

estar preparados para enfrentá-las.

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