Gabriel Castillo
Observo Amihan de cima a baixo, enquanto ela se mantém firme diante de meu pai. Don Alejandro é uma figura imponente, e seu olhar crítico é como um julgamento. Mas a morena não parece se intimidar. Ela ergue o queixo com confiança, desafiando-o com seu olhar determinado.
Ela estava deslumbrante, mas isso não é novidade, Amihan é uma mulher elegante e sabe se portar como tal.Ela estava deslumbrante, mas isso não é novidade; Amihan é uma mulher elegante e sabe se portar como tal.
— Então você é a moça que laçou o coração de Gabriel? — Meu pai mantém sua postura séria, como se estivesse interrogando um suspeito.
— Sou sim, senhor. — Amihan responde com firmeza, sem recuar diante do olhar intimidador de meu pai. Admiro sua coragem.
O jantar segue com meu pai fazendo perguntas incisivas, enquanto observo Amihan lidar com ele com graça e inteligência. Ela não se deixa abalar pela pressão e mantém sua compostura, mesmo quando meu pai parece tentar desestabilizá-la.
Finalmente, quando o jantar chega ao fim, meu pai se levanta para sair, e comum aceno entendo que quer que eu vá junto.
(...)
Adentro o escritório do meu pai vendo-o seguir para sua cadeira presidencial, a tensão pairava no ar e cada movimento realizado por ele, parecia demasiadamente lento, trazendo consigo seu olhar frio sobre mim, como se me julgasse. Aquilo parecia uma tortura sem fim.
Don Alejandro, abriu a gaveta de sua mesa de mogno, retirando de lá um charuto caro, o qual acendeu levando-o ao lábio.
Suas ações foram observadas por mim, com um misto de apreensão e expectativa.
— É uma moça bonita, bem educada e fala muito bem. — ele diz, soltando fumaça. Sinto um alívio ao ver que ele parece ter sido impressionado por ela. — Mas algo ainda me cheira mal nessa história.
Sento-me na cadeira em frente à sua mesa, sentindo-me como se estivesse em um campo de batalha prestes a enfrentar meu maior inimigo.
— Como e quando você conheceu essa moça, Gabriel? — pelo visto, a palavra de Amihan não bastava.
Sei que meu pai acha que irei vacilar e me entregar, mas está tremendamente enganado.
— Conheci Amihan no dia em que ela terminou com Matteo. — fui firme em minha resposta, vejo papai cerrando os olhos. — Ela estava desesperada, na chuva, tinha acabado de descobrir uma traição.
— E então você ofereceu seu ombro amigo? — sua risada sarcástica poluiu o ar, seus olhos faiscavam em desaprovação.
— Acontece.
— E do nada resolve se casar? Não seja patético!
Era só o que me faltava.
Me curvei em sua direção, olhando-o nos olhos.
— Patético porquê? Você não queria que eu me casasse? — vi seu sorriso vacilar, me senti vitorioso. — Só estou unindo o útil ao agradável. Eu realmente gosto de Amihan, você quer que eu me case, nada mais justo do que casar com alguém que gosto.
— Você está blefando! — Don Alejandro apagou o charuto, levantou-se e se serviu com whisky, ele sempre tem uma garrafa guardada. — Você não está apaixonado por ela, não depois de Andrea. — a arrogância era palpável em sua voz.
Escutar aquele nome, faz a raiva borbulhar dentro de mim, mas mantenho a compostura. — Não estou blefando, papai. Estou fazendo aquilo que você julgou impossível. — ele estava ainda mais sério, seu olhar gélido me cortava como facas, enquanto eu rodava o relógio no pulso, me concentrando no movimento dos ponteiros ao mesmo tempo em que falava. — Eu consegui unir amor e negócios, em um só contrato.
Conheço o meu pai, a ideia de alguém o desafiar, o enlouque. Ele se calou, pegou outro copo, me serviu de whisky, e brindou.
Eu me pergunto se algum dia seremos capazes de superar nossas diferenças e encontrar um terreno comum. Mas por agora, estamos presos em um impasse de orgulho e obstinação.
(...)
— Não quero nada grande Gabriel. — ouço seu suspiro cansado. — Minha família é apenas Atos e mamãe.
Nós estávamos sentados na mesa da casa dela; podemos dizer que “oficializamos” o nosso noivado.
Após muito custo Amihan e eu, tiramos uma foto, e até que ficamos parecendo mesmo um casal. Na foto estávamos no pôr do sol; ela, em um vestido branco que realçava sua beleza natural, e eu, em uma camisa social que contrastava com o fim de tarde.
Amihan estava sob meus braços, sua cabeça inclinada para trás em um gesto de riso contido, enquanto eu me inclinava sobre ela, protegendo-a com meu abraço. Seus olhos azuis brilhavam com a luz do crepúsculo, refletindo a serenidade do momento. Meu olhar, embora não visível na foto, estava fixo nela, admirando a mulher que em breve chamaria de minha esposa. O destaque da imagem era a aliança em sua mão, que ela exibia.
Postamos essa foto em nossas redes sociais, confirmando as especulações e anunciando o noivado.
Quem tirou a foto foi a mãe de Amihan, dona Luísa, que apesar de não ir com a minha cara, me respeitava.
— Como vai se casar, e não convidará seus familiares? — ergui as mangas da camisa, sentindo o calor da tarde.
— Tanto faz, a gente chama alguns parentes. — ela tinha seus olhos nos meus braços, acho que observando as tatuagens. — Mas afinal, por que você não decide tudo? Já que está mais preocupado do que eu...
— Você é minha noiva, e é o nosso casamento, temos que resolver juntos.
Essa é uma luta constante, Amihan se recusa a participar de qualquer assunto relacionado ao casamento, o que eu não consigo aceitar. Por mais que seja apenas fachada, acho que seria interessante participar, sabe? Para não ficar feio na mídia, fora que eu não sei ela, mas eu não estou disposto a fazer isso outra vez. Ou seja, essa será a primeira e ultima vez que irei casar.
— Que tal uma viagem para Jamaica na lua de mel?
— Você está de gozação com a minha cara?
— O que? Não, claro que não.
— Que palhaçada é essa de lua de mel? Será que preciso te lembrar que é só um contrato? E principalmente, que teremos quartos separados quando me mudar para sua casa?
Revirei os olhos, que mulher difícil.
— Gatinha, qual casal jovem e apaixonado, recém casados e milionários que não saem de lua de mel? As pessoas iriam estranhar...
— Pois que estranhem, não sou obrigada a agrada-los.
— Pensa com calma, tá? Seria uma viagem para não levantar suspeitas, mas eu aproveitaria para assinar uns contratos por lá.
— Só de ouvir a palavra contrato, sinto meu estômago revirar.
— Haha, como é engraçada. — disse com um sorriso falso.
Amihan pegou o catalogo com fotos de vestidos e convites, enfim de casamento, e seguiu para a sala de estar. E eu fui atras como um cachorrinho obediente.
Estávamos ainda discutindo alguns detalhes, quando o som da porta sendo aberta abruptamente ecoou pela casa. Olhei para cima, esperando ver algum empregado com uma urgência qualquer, mas em vez disso, vi a figura alterada de Matteo Villanueva entrando como se fosse dono do lugar. Sua presença era afrontosa, um lembrete claro do passado que Amihan tentava deixar para trás.
Amihan ficou pálida ao vê-lo, era claro que ela ainda não havia o superado, e era isso que me deixava mais revoltado. Ela não demorou a se recompor, seu olhar se endureceu, e uma mascara de força fora colocada.
Matteo, por outro lado, estava visivelmente agitado, seus olhos feito brasa.
— Onde você pensa que está, Matteo? — perguntei, mantendo minha voz calma apesar do furacão que crescia dentro de mim.
Matteo ignorou minha pergunta, fixando seu olhar em Amihan. — Você não pode fazer isso, Mih. — senti vontade de vomitar ao escuta-lo chamando-a pelo apelido. Sua voz estava carregada de emoção, mas tenho certeza que ele está embriagado. — Você sabe que ainda me ama. Esse casamento é uma farsa! Ele está apenas te usando, está se aproveitando da sua fraqueza.
Senti uma onda de fúria me invadir. A audácia dele, vindo aqui, acusando-me diante da mulher que vou me casar, da mulher que ele traiu. Dei um passo à frente, colocando-me entre Amihan e ele.
— Você não sabe do que está falando, Villanueva. — minha voz estava fria como gelo. — Amihan tomou uma decisão, nós iremos casar, e você precisa respeitar isso.
Matteo riu amargamente, avançando um passo em minha direção. Eu estava prestes a perder a calma. Senti minha mão se fechar em um punho. — Respeitar? Você acha que ela está fazendo isso por vontade própria? Você está manipulando-a, aproveitando sua fragilidade. Mas só tenho uma coisa a te dizer Castillo, é a mim quem ela ama, e é a mim que ela irá procurar. E sabe o que vai acontecer Gabriel? Você ganhará um enfeite bem caprichado pra sua cabeça.
Não conseguindo me controlar, acertei meu punho com toda força em seu rosto.
O golpe fez Matteo recuar, mas logo ele se recuperou e avançou para cima de mim. Seu soco me acertou no estômago, tirando meu fôlego por um momento. A dor irradiava meu corpo, mas a raiva me impulsionava a continuar.
Fui pra cima novamente, e então nos envolvemos em uma luta violenta. Cada soco e chute carregado de uma vingança, não minha, mas dela. Cada golpe acertado era por ela. Ouvi Amihan gritar, tentando nos separar, mas estávamos cegos de ódio.
— Que porra é essa? — era o Atos, senti seus braços me puxarem de cima de Matteo.
Eu queria mata-lo.
— Me solta, eu vou acabar com esse desgraçado. — gritei, sentindo minhas veias saltarem.
— Chega! — Atos gritou de volta, empurrando Matteo que tentava me acertar. — Estão parecendo duas crianças. Querem se matar? Ótimo, não vou empatar, mas façam isso fora da minha casa.
Amihan deu um passo à frente, colocando-se entre nós.
— Basta, Matteo. — sua voz era firme e decidida. — Você não tem o direito de vir aqui e fazer essas acusações. Não tem o direito de insinuar que irei trair Gabriel com você, eu tenho caráter, não sou como você! — sua voz era fria e cortando, a coitada estava amargurada. — Sim, houve um tempo em que eu te amei, mas você destruiu tudo com suas mentiras e traições. Vou me casar com Gabriel, e não será você ou qualquer outra pessoa que dirá o contrário.
Endireitei a postura sorrindo vitorioso.
Matteo tentou se aproximar, mas a gatinha nervosa levantou a mão, impedindo-o de se mover.
— Eu tomei a decisão de seguir em frente. — ela olhou pra mim, seus olhos transmitindo uma mistura de dor e determinação. Me senti culpado. — Mesmo que esse casamento com Gabriel não seja baseado em amor verdadeiro, é uma escolha que eu fiz. Prefiro construir algo novo e honesto do que continuar vivendo nas sombras do passado.
Coloquei minha mão em seu ombro, tentando apoia-la. Atos apenas observava calado, mas pronto para intervir qualquer situação.
Matteo parecia ter sido atingido por um soco, sua expressão era de incredulidade e desespero.
— Amihan, por favor... — ele começou, mas sua voz estava quebrada, sem a mesma convicção de antes.
Ela balançou a cabeça lentamente. — Não. Eu já disse tudo o que precisava. Por favor, vá embora.
— Você ouviu minha irmã. — Atos empurrou Matteo para fora.
Antes de sair, Villanueva olhou-me com ódio nos olhos.
— Vai pagar por isso...
(...)
— Você não deveria ter feito isso. — ela estava entre minhas pernas, limpando meu lábio e o supercilio que sangravam. — Matteo estava claramente embriagado, ele pode processa-lo.
— Pouco me importa, ele te ofendeu.
Amihan passou o algodão em meu lábio e ardeu. Segurei sua mão puxando-a para baixo.
Seus olhos foram de encontro com os meus, senti um choque elétrico percorrer todo meu corpo. Ela estava tão perto... meu coração saltitava em meu peito.
Escutamos um pigarro e Amihan se afastou apressada. Seu irmão nos olhou balançou a cabeça em negação, e saiu.
— Eu sei que arde, mas precisa deixar eu limpar. — falou se embolando nas palavras, seu rosto estava vermelho.
Diacho de mulher maravilhosa.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Luciene De Lima Souza
Gabriel já está se apaixonando
2024-07-08
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