Eu estava sentado em um canto afastado, observando o local. Amihan estava atrasada, e cada minuto que passava parecia uma eternidade.
Como pode me deixar esperando?
Bufei frustrado. — Será que serei obrigado a lembrá-la de que ela precisa do meu apoio? Que não é nada elegante me deixar marinar na expectativa?
Tic-tac. Tic-tac. O som do relógio era um martelo na minha consciência.
Será que ela desistiu?
Então, como um farol cortando a névoa, ela entrou. Meu olhar se fixou nela, imóvel. Ela brilhava em um vestido azul-marinho, que era noite e mar, que fazia seus olhos azuis parecerem duas safiras cintilantes. Sua pele bronzeada era um contraste dourado, e os cabelos escuros caíam em cascata sobre os ombros, ondas que ansiava navegar.
Suspirei pesado.
Seus passos eram devagar, como se estivessem em câmera lenta. O tecido dançava ao redor de suas pernas, a fenda revelando sua coxa, juro, aquilo parecia brilhar. Por um momento, esqueci como respirar.
Amihan é uma mulher atraente não vou negar.
Uma pena não termos nos conhecido em outras circunstâncias.
Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, eu vi algo lá. Uma determinação, talvez, ou talvez apenas nervosismo.
(...)
O jantar foi em constante troca de farpas, ela é afiada, inteligente e astuta. Não se deixou intimidar em momento algum. Confesso que gostei de conhecer esse seu lado.
Uma mulher ousada.
Ela não parecia nada como a menina que entrou pelo meu escritório, acompanhada do irmão. Naquele dia Amihan parecia amedrontada, corroída pela culpa. Hoje não, apesar de ainda ver um vislumbre de remorso em seu olhar, era uma mulher determinada quem estava aqui, disposta a enfrentar qualquer desafio pelo bem estar da família.
Isso me surpreendeu. Será que ela era assim antes deles?
Agora, o jantar chegava ao fim. Amihan me esperava perto da porta principal enquanto eu acertava a conta. O ambiente estava impregnado com os sons suaves de uma melodia de piano, uma sinfonia que me envolveu enquanto a observava.
Uma vontade crescente de toca-la se fez presente
Mas, antes que pudesse alcançá-la, a porta do restaurante se abriu, e um homem entrou, acompanhado de uma mulher. Ele era alto, de cabelos loiros e olhos azuis, e ela, uma figura esguia de cabelos claros. Seus olhos se arregalaram ao ver Amihan, e uma sobrancelha se ergueu em surpresa. Ela estremeceu, e eu soube quem ele era antes mesmo de se aproximar.
Observei ainda em uma distância favorável, sentindo cada músculo do meu corpo se agitar.
— Amihan? Não esperava te ver aqui. — sua voz exalava autoridade, algo que particularmente não me agradava.
A mulher olhava minha noiva de cima a baixo com uma expressão de desdém.
Coitada, não chegava aos pés da Salazar.
— Matteo. — ela respondeu com a voz fraca, enquanto fechava as mãos pressionando sua palma com as unhas.
A tensão era palpável, a mulher olhava de cima como se fosse superior, enquanto ele, apesar de carismático, exalava uma confiança que parecia desafiar o mundo.
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, me aproximei, colocando a mão em sua cintura. Amihan me lançou um olhar desconfiado, mas ao mesmo tempo aliviado.
— Você deve ser o Matteo. — Estendi a mão em um cumprimento frio e formal.
— E você quem é? — olhou-me de cima a baixo como se estivesse me avaliando, assim como sua acompanhante fizera momentos atrás.
— Gabriel Castillo. — Declarei, e a mulher ao seu lado arregalou os olhos, enquanto ele parecia impressionado. — O noivo dela.
Desviei o olhar para Amihan. Ela parecia surpresa, mas manteve a compostura.
Matteo riu, um som que me irritou mais do que gostaria de admitir. — Noivo, é? Isso é novidade para mim.
Estreitei os olhos, me inclinando em sua direção, assumindo uma postura desafiadora. — Bem, agora você sabe.
Amihan colocou a mão em meu braço, um gesto sutil para que eu me acalmasse. — Gabriel, por favor... as pessoas estão olhando. — Sua voz era um sussurro.
Olhei em volta e era verdade, as pessoas nos observavam com curiosidade indiscreta.
Matteo olhou para Amihan, depois para mim, e um sorriso presunçoso brotou em seu rosto. — Vamos ver quanto tempo isso vai durar. — ele provocou antes de segurar a mão da namorada ou sei lá o quê, e sair do restaurante.
Desgraçado
A raiva borbulhava dentro de mim enquanto saíamos do restaurante. Quem Matteo pensava que era para me desafiar daquela maneira?
— Gabriel, por que fez isso? — A voz de Amihan cortou o silêncio da noite.
Respirei fundo, tentando controlar minha irritação. — Isso o que? — perguntei mesmo a resposta sendo óbvia.
— Por que disse ao Matteo, que sou sua noiva? Por que fez isso?
Por que diabos ela tá tão estressada?
— Porque é a verdade, Amihan. No momento em que você assinou aquele contrato, você se tornou minha noiva. — Minha voz era firme, mas havia uma ponta de incerteza que eu não queria admitir.
— Não conversamos sobre isso, você não pode sair falando assim como se não fosse nada. — Sua voz estava exaltada, e eu podia ver a frustração em seus olhos.
— Você é minha noiva e eu não admito que contestem isso. Mas afinal, por que está tão brava? Não vai me dizer que estava com medo do seu amado descobrir que vai casar? — Eu a desafiei, mas havia um traço de preocupação em minhas palavras.
Se fosse verdade significaria que minha escolha fora errada.
Os olhos de Amihan faiscavam de raiva. — Você não o esqueceu, não é? — Minha pergunta era uma provocação, mas também uma busca por verdade.
Seu rosto tomou uma expressão de confusão, como se eu tivesse tocado em uma ferida aberta.
Maldição de mulher transparente.
— Claro, como poderia esquecer, não é? — provoquei, sentindo uma onda de frustração me dominar. — Você e seu amado Matteo, o grande príncipe encantado que a traiu sem piedade. Parece que ele não está tão interessado em resgatar a donzela em perigo, não é mesmo? — minhas palavras eram ácidas, e eu me arrependi delas assim que as pronunciei.
Foi então que aconteceu. Amihan, com um olhar de fúria que eu nunca tinha visto antes, ergueu a mão e me deu um tapa. O som ecoou pelo espaço silencioso do estacionamento, atraindo olhares curiosos de quem passava ao redor.
Seu rosto está contorcido em uma mistura de indignação e dor. — Você não tem o direito de falar assim comigo! — ela exclama, com a voz trêmula de raiva contida.
Só não tem tamanho por que força...
— Amihan... — comecei, mas as palavras me fugiram.
— Pode esquecer, Castillo. Não vou me casar com você! — Sua declaração foi definitiva, cortante.
Ela não me deixou me explicar. Virou-se e caminhou em direção ao seu carro, deixando-me sozinhos com minhas frustrações e arrependimento.
Garotinha abusada.
(...)
A revista parecia pesar uma tonelada em meu colo, cada palavra impressa nela era como uma pedra amarrada ao meu tornozelo, puxando-me para baixo. Engoli em seco erguendo o olhar. Meu pai me encarava com a fúria claramente estampada.
— Isso é verdade? — Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina afiada.
Olhei mais uma vez a revista, tinha uma foto minha e de Matteo durante nossa discussão de ontem, junto com uma montagem de Amihan.
Sua manchete sensacionalista dizia: “Escândalo Amoroso Abala Elite Empresarial: Gabriel Castillo, herdeiro das Empresas Castillo, é flagrado em confronto com Matteo Villanueva. Amihan Salazar, ex-noiva de Villanueva, agora é a prometida de Castillo. Traição ou reviravolta romântica?”
Tá na hora do show começar.
— Sim, pai. Amihan é minha noiva. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, uma máscara de confiança que eu mal conseguia manter.
Ele se inclinou, olhos faiscando, procurando a verdade oculta nas minhas palavras. — Noiva? Que palhaçada é essa, Gabriel
— Você não queria que eu casasse? Então vou casar... e olha só com quem, uma Salazar. Fiz ou não fiz um bom negócio?
O ceticismo em seu olhar era palpável. — E esse... circo? Quem é Matteo e que escândalo é esse, Gabriel?
Estalei a língua no céu da boca, pendendo a cabeça para o lado. — Matteo é um erro do passado, uma história mal resolvida que ele decidiu trazer à tona agora.
— Não quero nosso nome envolvido nessas paginas de fofoca! — sua voz era firme e inabalável. — Quanto a sua noiva, quero conhece-la.
— Não é o momento para publicidade...
Ele apontou para a revista. — O país inteiro já sabe. E eu quero conhecer essa mulher que carregará o nosso sobrenome.
Assenti, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. — Vou arranjar um jantar. Você a conhecerá, e verá que não há nada a temer.
Eu só preciso convence-la.
Ele se levantou, sua presença dominante preenchendo a sala. — Espero que esteja certo, Gabriel. Porque se isso for algum jogo seu, as consequências serão severas.
Quando ele saiu, deixei-me cair contra a cadeira, fechando os olhos por um momento. O desafio estava lançado, e eu sabia que cada passo a partir de agora teria que ser calculado com precisão. Era um jogo de xadrez onde cada peça era um segredo, uma promessa, um pedaço do futuro que eu estava tentando construir.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Luciene De Lima Souza
esse matteo é mesmo um imbecil
2024-07-08
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