Capítulo 14: O Casamento: Parte 2

Gabriel Castillo

A manhã começou cedo, com os primeiros raios de sol ainda tímidos no horizonte. Acordei cedo, a ansiedade trazendo uma inquietação em meu peito.

Três meses se passaram desde a proposta do contrato. Quando Amihan assinou e eu cumpri a minha parte, me coloquei à disposição de Dr. Mendoza para resolver todos os assuntos relacionados a Olimpos e ao processo que corria na justiça contra Villanueva. Há quase um mês, o advogado me ligou, convocando uma reunião. A questão é que os investimentos mal calculados de Matteo foram recuperados. Isso significa que Amihan não precisaria mais da minha ajuda financeira, sendo assim estaria livre do contrato.

Todo o valor recuperado está em uma conta, irei devolvê-lo a Amihan, mas não agora. Pedi que Dr. Mendoza não comunicasse nada à minha noiva e cunhado. Sei que estou sendo egoísta em amarrá-la a esse contrato mesmo que ela não precise mais. Mas é tarde demais, não quero e não vou voltar atrás. Amihan é oficialmente a senhora Castillo, nós já nos casamos no cartório e iremos casar na igreja.

Olhei no espelho, encarando meu reflexo: um homem pronto para mudar de vida. Mas meus olhos traíam a tempestade que ressoava em meu interior.

Encostei-me na cadeira com as mãos cobrindo meu rosto. Suspirei pesado, pensando que não é o momento para arrependimentos. Com esse pensamento, me levantei indo direto para o banheiro. A água fria do chuveiro parecia não ser suficiente para dissipar a ansiedade que se acumulava em meu peito.

Os preparativos começaram em silêncio. Cada peça do meu terno foi escolhida com precisão, cada linha e botão inspecionados com atenção meticulosa. A gravata, um tom sutil de prata, era o único brilho em meio à seriedade do preto.

Enquanto me vestia, meu pai adentrou meu quarto sem a menor cerimônia. Ele não falou nada, e eu também não. Vejo-o vindo em minha direção, como sempre muito sério. Ainda sem dizer uma única palavra, ajustou meu colarinho com um gesto firme.

Seus olhos encontraram os meus no espelho. — Você está pronto. — ele disse, e algo em sua voz me fez acreditar que talvez eu realmente estivesse.

Assenti, e ele continuou: — Sei que não está acostumado com o que vou dizer, nem eu estou, mas estou orgulhoso de você, meu filho. Você se tornou um homem bom, Gabriel, um homem muito melhor do que eu.

Senti meu joelho vacilar, eu não estava preparado para aquele momento. Eu quis dizer “Não quero ser melhor do que você, quero apenas que me aceite, que aceite quem eu sou”. Em vez disso, virei-me e o abracei, um abraço apertado, aquele que eu havia precisado por tantos anos.

(...)

A casa estava cheia de murmúrios, todos se questionando como Amihan se comportaria, agora que seria a dona da casa.Todos aqueles burburinhos me deixavam com dor de cabeça. Retirei-me para um momento de solidão, caminhando até meu escritório onde poderia encontrar um pouco de paz.

Sentado na cadeira de couro, olhei para uma foto emoldurada na mesa: uma imagem antiga de meu pai e eu, ainda jovem, em um evento da empresa.

Ele está orgulhoso de mim...

A responsabilidade de carregar o nome da família sempre pesou em meus ombros, mas hoje e agora, me pergunto se estou fazendo a escolha certa.

A hora passou rápido. Chegar à igreja foi um trajeto curto, mas cada segundo parecia se esticar infinitamente. Tive medo dela desistir e me abandonar no altar.

Posicionei-me no altar, o coração batendo em um ritmo que ameaçava romper minha compostura. Os convidados se acomodavam, um murmúrio de expectativa preenchendo o ar sagrado. E então, a música começou, minha boca secou, a melodia suave anunciava sua chegada.

Quando as portas se abriram, meus olhos encontraram-na, e foi como se o mundo inteiro desacelerasse. Ela entrou na sala, e tudo se tornou um grande borrão, eu só enxergava ela. O vestido branco realçando seu corpo escultural, fluía atrás dela como uma promessa em movimento. A pele bronzeada, os cabelos negros ondulados, o véu delicado... tudo isso era eclipsado pela intensidade de seu olhar.

Aquele olhar que me fizera perder o ar.

Quando finalmente chegou ao altar, Amihan me olhou. Atos beijou a testa da irmã, entregando-a a mim, mas antes de se afastar me cumprimentou e sussurrou para que somente eu pudesse ouvir.

— Sei que é só um contrato, mas se fizer minha irmã chorar, eu te caço até no inferno, e juro por Deus, faço com você o que não fiz com Matteo.

Era um aviso muito bem dado. Olhei-o nos olhos e assenti, não é minha intenção fazer Amihan chorar.

Segurei a mão de Amihan, sentindo a suavidade de sua pele contra a minha. O calor do toque dela trouxe uma sensação inesperada de conforto e segurança.

Enquanto o padre falava, não conseguia me concentrar. Fiquei alternando o olhar entre Amihan e o padre. Só acordei para a vida quando senti um beliscão em meu braço. O padre continuou com as palavras tradicionais, e eu tentei focar na cerimônia, mas minha mente vagueava. Amihan olhou para mim, e por um momento, vi algo mais em seus olhos; algo que eu não conseguia decifrar.

Chegou o momento dos votos.

Agora de frente para minha noiva, segurei suas mãos olhando em seus olhos.

— Quando nos conhecemos, nossas vidas estavam cheias de desafios e incertezas. No entanto, ao olhar para você hoje, vejo uma mulher que possui uma força e uma coragem que me inspiram todos os dias. Vejo uma mulher que, mesmo diante das adversidades, nunca perdeu a esperança e a determinação. Uma mulher capaz de superar qualquer obstáculo, por aqueles que ama. Prometo ser seu parceiro, Amihan, não apenas por contrato, mas com todo o meu coração. Eu te escolho para ser minha esposa, minha amiga e minha confidente. — mantive meu olhar firme sem vacilar, e ela sorriu com os olhos brilhando. Ela sabia sobre o que eu falava.

Estamos sim nos casando por um contrato, mas não quero ser um estranho para a mulher que dividirei minha vida pelos próximos dois anos. Quero ter sua amizade e confiança.

— Gabriel... — ela disse, parecendo nervosa. — Nossa história começou de uma maneira inesperada. Você trouxe estabilidade em um momento de caos e mostrou que, mesmo em meio aos desafios, é possível encontrar o caminho para a felicidade. Não sei o que o futuro nos reserva, mas prometo honrar esse compromisso e estar ao seu lado. Que possamos encontrar mais do que obrigações aqui, que possamos compartilhar uma cumplicidade que transcenda as palavras. Eu te escolho, Gabriel, para ser meu marido, meu amigo e meu apoio.

Peguei uma das alianças, sentindo o peso e o frio do metal em minha mão.

— Ao te entregar esta aliança, prometo ser teu companheiro fiel, estar ao teu lado nos momentos bons e nos difíceis, compartilhar nossas alegrias e suportar as adversidades. Que esta aliança seja um símbolo do meu amor e da minha dedicação a você, hoje e sempre.

Deslizei a aliança em seu dedo anelar esquerdo, sentindo uma estranha mistura de emoção e tranquilidade.

Ela então pegou a outra aliança e, com mãos ligeiramente trêmulas, segurou minha mão. — Ao te entregar esta aliança, prometo ser tua companheira leal, estar ao teu lado em todos os momentos, compartilhar as alegrias e as tristezas da vida. Que esta aliança seja um símbolo do meu amor e do meu compromisso contigo, hoje e para sempre.

Quando Amihan deslizou a aliança no meu dedo, senti um calor se espalhar pelo meu corpo, uma sensação de completude que nunca havia experimentado antes, nem mesmo com Andrea...

O padre sorriu e declarou: — Pelo poder a mim investido, eu os declaro marido e mulher. — minha boca secou, e quase não consegui escutar suas palavras finais.

— Pode beijar a noiva.

Puxei Amihan pela cintura, vendo-a arregalar levemente os olhos, não estávamos preparados para aquilo.

Mas então suavemente pressionei meus lábios contra os dela, em um selinho demorado. Quando nos separamos, vi Amihan corada, e em seus olhos um reflexo dos meus próprios sentimentos.

Esperança e confusão.

E assim, naquele dia, sob o olhar atento dos convidados e a bênção do padre, Amihan e eu nos tornamos marido e mulher. O contrato estava selado, e eu estava pronto para descobrir o que o futuro nos reservava.

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