A sala de estar da casa da minha mãe sempre foi um lugar de reuniões familiares e
celebrações. Mas naquela tarde, ela se transformou em um cenário de estratégias
revelações. Sentada no sofá de veludo, eu observava enquanto Atos, com uma
pasta cheia de documentos em mãos, assumia a cabeça da mesa. Minha mãe, com sua
postura serena, sentou-se ao seu lado, pronta para enfrentar o que quer que
viesse.
— Obrigado por virem. Sei que este é um momento difícil para todos nós, especialmente para
você, minha irmã. Mas precisamos discutir a situação da empresa.
Respirei fundo, tentando manter a compostura. A traição de Matteo ainda era uma ferida
aberta, e agora, a possibilidade de perder o patrimônio da nossa família
ameaçava me despedaçar.
— Amihan, você tem todo o nosso apoio. Não importa o que aconteça, estamos juntos nisso.
— minha mãe segurou minha mão, rápido.
Vejo meu irmão afrouxando a gravata antes de começar a falar. Seus olhos azuis, como os
meus, pareciam cansados. Creio que Atos não havia pregado os olhos na noite
passada.
— Como vocês já sabem, Matteo fez investimentos não autorizados que colocaram a
empresa em risco. Estamos enfrentando um déficit significativo e precisamos
agir rápido.
— Como vamos recuperar o que foi perdido? — eu me sentia inútil, tudo isso era
responsabilidade minha, culpa minha.
Se eu não tivesse sido tão idiota, se não tivesse caído no papinho daquele miserável…
— Eu já estou em contato com nossos advogados. Tomaremos todas as medidas legais
necessárias para corrigir essa situação.
— E quanto aos funcionários? Eles dependem de nós. — o tom de voz era preocupado.
Mamãe estava certa, eles eram nossa responsabilidade. E por um erro meus, todos
estavam condenados.
— Vamos garantir que eles não sejam afetados. Nossa prioridade é manter a empresa funcionando.
A conversa continuou, com Atos delineando um plano de ação. Ele falou sobre
reestruturação, possíveis parcerias e até a venda de ativos não essenciais.
Cada palavra dele era como uma lâmina, penetrando minha carne. Permaneci calada
durante toda a conversação, não acredito que estivesse em condição de me impor
a nada!
— E se isso não for suficiente? — senti minha voz falhar. — E se tivermos que… vender
a empresa?
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, juro, a única coisa audível era o canto dos
pássaros ao lado. A ideia de desistir de tudo pelo que nossa família havia
trabalhado era impensável.
— Não vamos pensar no pior agora. Vamos focar em encontrar soluções.
— Mamãe tem razão, Amihan!
Assenti, sentindo um peso enorme sobre os ombros, ali encerramos nossa pequena reunião
familiar.
(…)
O escritório do Dr. Mendoza, exalava uma mistura intrigante de madeira
envelhecida, notas cítricas e sal marinho. A madeira das vigas e da mesa traz
um aroma terroso e acolhedor, enquanto as notas cítricas flutuam no ar,
lembrando-me de frutas tropicais. O sal marinho, trazido pela brisa que entra
pela janela, adiciona um toque refrescante. A janela é imensa e emoldura uma
vista deslumbrante para as colinas de Chocolate Hills, um dos pontos mais
famosos das Filipinas.
— Dr. Mendoza, obrigada por nos receber em tão curto prazo. — agradeci quando, ele me
deu passagem para entrar.
— Amihan, Atos, é sempre um prazer auxiliar a família. Mas, pelo tom da sua voz ao
telefone, imagino que a situação tenha piorado. — disse, virando sua atenção
para meu irmão.
Atos passou os documentos para o advogado, que os examinou com uma expressão cada
vez mais grave.
— Esses investimentos que Matteo fez… são preocupantes. E essa procuração que você
assinou sem saber, Amihan, deu a ele muito mais poder do que deveria.
Senti meu rosto queimar. É tudo minha culpa.
— Eu não fazia ideia…
— A confiança é uma faca de dois gumes no mundo dos negócios. — ouvi a voz distante
de Atos, sei que por mais que não me culpe, ele está frustrado.
Mas também quem não estaria?
— Vamos ver o que podemos fazer para mitigar os danos.
O Dr. Mendoza começou a traçar um plano, falando sobre medidas legais, possíveis
ações judiciais contra Matteo e estratégias para estancar a hemorragia
financeira.
— E quanto tempo temos para resolver isso?
— Tempo é algo que não podemos comprar, mas vou trabalhar dia e noite para encontrar a
melhor solução. Precisaremos de toda a documentação possível e, claro, sua
total cooperação.
— Faremos o que for necessário. Amihan e eu estamos juntos nisso. — meu irmão segurou
minha mão, passando um pouco de confiança.
— A primeira coisa é bloquear qualquer movimentação adicional de Matteo na empresa.
Depois, prepararemos uma auditoria completa.
Eu assenti, sentindo uma mistura de alívio e ansiedade.
— Agora, deixando os termos jurídicos de lado, se querem um conselho de amigo, corram
atrás de empréstimos e investidores o mais rápido possível. Não sabemos quanto
tempo o processo irá levar, e nem o quanto da perda conseguiremos reaver.
A questão é, qual banco irá conceder um empréstimo milionário a uma empresa beirando a
falência?
(…)
Mamãe já foi e voltou na empresa, não só uma ou duas vezes, mas várias, e nelas todas as
notícias não são nada boas.
Dessa última vez, a informação trazida por ela é de que alguns funcionários já
começaram a ser despedidos.
Olimpos já começara a sentir os efeitos da minha burrice.
Atos estava sentado à minha frente, a mesa entre nós coberta de papéis e a luz do
abajur lançando sombras sobre suas feições preocupadas. Eu podia ver a
engrenagem de sua mente girando, buscando a solução onde parecia não haver
nenhuma.
— Amihan, temos que considerar todas as opções. Não podemos deixar o orgulho nos cegar
para as soluções que estão diante de nós.
— E o que você sugere? Já cortamos todos os gastos desnecessários, estamos tentando
renegociar com os fornecedores, e o banco recusa todas as solicitações de empréstimo.
O buraco é muito mais profundo do que pensamos.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto de decepção. Eu podia
afirmar que, nesse movimento, pude ver em meio aos fios castanhos alguns poucos
fios brancos.
Isso com certeza era resultado de tanta aflição.
E então seus olhos encontraram-se com os meus, e uma faísca de esperança começou a
brilhar.
— Gabriel Castillo.
O nome caiu no ar como uma pedra na água, causando ondas de tensão entre nós. O homem
é famoso em nosso meio, apesar de ser sempre bem falado, nunca o vi
pessoalmente.
— O magnata das empresas Castillo? Atos, esse cara é conhecido por ser
implacável nos negócios. Por que ele nos ajudaria?
— Porque ele também é conhecido por investir em empresas com potencial. E a nossa tem
potencial, sempre teve.
— E quem nos garante que ele não vai se aproveitar da nossa situação?
— Você nem o conhece. Castillo pode não ser tudo o que dizem…
Mordi o lábio inferior, ponderando a ideia.
Sei que não podia reclamar.
Gabriel Castillo era uma lenda no mundo dos negócios, alguém que transformava pedra em
ouro. Mas ele também era conhecido por ser um tubarão, alguém que não fazia
nada sem garantir nada em troca.
— E se ele quiser assumir o controle da empresa?
— Estabeleceremos termos claros. Um empréstimo, não uma aquisição. Manteremos a
maioria das ações e a direção da empresa. Eu não vou deixar um estranho tomar o
que é nosso.
Havia uma firmeza em sua voz que me deu coragem. Atos sempre foi o estrategista, o que
via além dos problemas imediatos.
— Tudo bem. Vamos falar com Gabriel Castillo. Mas faremos isso juntos.
Sei que a obrigação era exclusiva minha, mas eu estava com medo. Sem Atos ao meu lado, eu
não conseguiria nada.
Meu irmão assentiu e um novo plano começou a tomar forma. Talvez houvesse uma luz no fim
do túnel, afinal.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Murniyati Mommy
Queria que fosse uma história inacabada, para poder ler para sempre! 😍
2024-05-06
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