Capítulo 5: A Proposta

Já haviam se passado horas que estávamos aqui. Castillo pediu para que não saíssemos daqui, pois ele iria resolver uma “pequena” burocracia, e já voltava para continuarmos o debate.

Eu estava sentada em uma das cadeiras de couro da sala de reuniões, o ar condicionado criando um contraste com o calor lá fora. Atos, estava ao meu lado, sua expressão séria e concentrada.

Gabriel entrou na sala como se fosse dele, o que, de certa forma, era verdade.

Ele era dono do prédio, da sala e, se aceitasse, da solução para os meus problemas.

— Srta. Amihan, Sr. Atos. — sua voz tomou nossa atenção para si, tão fria quanto o ar que nos cercava. — Vamos direto ao ponto.

A sala de reuniões estava impregnada com uma tensão palpável enquanto Gabriel Castillo lançava sua proposta sobre a mesa, suas palavras soando como sinos de advertência em meus ouvidos. Ele falava com uma calma calculada, como se estivesse jogando um jogo de xadrez onde cada movimento era estrategicamente

planejado para obter vantagem.

— Estou ciente dos desafios que vocês enfrentam na Olimpos. — seu olhar escuro como a noite, fixado em nós como se estivesse sondando nossas almas em busca de fraquezas.

Acho que ele havia encontrado.

— Estou disposto a oferecer minha ajuda para superar esses obstáculos, mas é claro que toda ajuda vem com suas próprias condições.

O que eu falei? Homens como Gabriel não fazem nada, sem esperar nada em troca.

A oposição imediata de Atos era evidente em seu semblante, seus olhos azuis faiscando com desconfiança enquanto ele se preparava para rebater as palavras de Gabriel. — E quais seriam essas condições, Sr. Castillo? — questionou ele, sua voz carregada de desafio.

— Não é dinheiro que quero, é algo mais… conveniente.

Gabriel sorriu de maneira condescendente, como se estivesse se divertindo com a nossa

desgraça — Simples, realmente simples. — Sua voz calma camufla a impetuosidade por trás de suas palavras. — Ofereço minha assistência financeira para salvar a Olimpos da ruína, mas em troca, exijo um acordo que beneficie a nós dois.

Ele deslizou um envelope branco em minha direção, dentro, havia um contrato, as palavras “Contrato de Casamento” destacando no topo da primeira página.

Meu coração martelava dentro do meu peito enquanto eu processava o que estava lendo, a magnitude do que ele estava sugerindo se afundando lentamente em minha mente. Eu senti a necessidade de intervir, de lutar contra a proposta injusta que ele estava apresentando, mas uma parte de mim também reconhecia a urgência da situação em que estávamos.

— Você quer que eu me case com você, Sr. Castillo? — perguntei, minha voz soando firme, apesar do turbilhão de emoções que se agitava dentro de mim.

Gabriel assentiu, seu sorriso se alargando com uma expressão de satisfação. — Exatamente, Sra. Salazar. — respondeu ele, seus olhos brilhando com uma intensidade calculada. — Um casamento de conveniência, se preferir. Ofereço minha proteção e apoio a Olimpos, e em troca, você se torna minha esposa e permanece ao meu lado pelo menos pelos próximos dois anos.

A proposta era absurda, ultrajante até. Como ele ousava sugerir que eu sacrificasse minha liberdade e independência em troca de sua ajuda? Meu sangue fervia com indignação, mas também com uma sensação de desamparo diante da crise iminente que ameaçava destruir tudo o que minha família havia construído.

Atos, por sua vez, não escondia sua aversão à ideia, sua mandíbula cerrada com determinação enquanto ele lançava um olhar desafiador em direção a Gabriel. — Você espera que Amihan se submeta a uma proposta tão indigna? — ele exigiu, sua voz ecoando com uma fúria contida.

Gabriel apenas sorriu, como se estivesse se divertindo com a resistência de Atos. — Não estou sugerindo nada que não seja mutuamente benéfico. — retrucou ele, seus olhos faiscando com uma intensidade absurda. — Ofereço uma solução para seus problemas, uma maneira de salvar a Olimpos da ruína certa. A questão é: vocês

têm a coragem de aceitar?

O que tem de bonito, tem de babaca.

Meus punhos se cerraram com frustração enquanto eu lutava para conter a torrente de emoções que ameaçava me dominar. Eu sabia que não podia simplesmente aceitar sua proposta, mas também sabia que não podia ignorar a gravidade da situação em que estávamos. Era uma encruzilhada difícil, uma decisão que exigia mais do que simplesmente coragem, exigia sacrifício.

E enquanto eu ponderava sobre o que fazer a seguir, eu podia sentir o olhar penetrante de Gabriel sobre mim, como se ele estivesse lendo meus pensamentos e esperando pacientemente pela minha resposta. Eu sabia que não podia ceder à pressão, mas também sabia que não podia ignorar a oferta tentadora que ele estava apresentando.

Havia tanto em jogo, não apenas para mim, mas para minha família e para a empresa que meu pai construiu com tanto esforço ao longo dos anos.

Olhei para meu irmão, Atos estava com uma expressão difícil de decifrar. Havia preocupação, raiva e ceticismo. Seus olhos pairaram em mim, como se estivesse tentando ler minha reação ao contrato em minhas mãos.

Tinha uma ruga de tensão entre suas sobrancelhas, e ele mordia o lábio inferior enquanto pressionava o ossinho entre os olhos, um sinal claro de sua ansiedade. Ele queria intervir, queria proteger-me daquela situação, mas também sabia que a decisão final era minha.

Mesmo sem dizer uma palavra, Atos transmitia uma mensagem clara: “Estou aqui por você, não importa o que decida”.

Então, com um suspiro pesado, eu me preparei para enfrentar o desafio que estava diante de mim, determinada a encontrar uma maneira de proteger minha família e salvar a Olimpos, mesmo que isso significasse confrontar um homem tão insensível quanto Gabriel Castillo.

Enquanto eu me levantava para deixar a sala de reuniões, senti o peso do mundo sobre meus ombros, mas também uma determinação feroz queimando dentro de mim. Eu era uma, Salazar, e não permitiria que nada nem ninguém me impedisse de lutar pelo que era certo para minha família e para nossa empresa.

Com um último olhar para Castillo, eu sabia que essa não seria a última vez que nossos caminhos se cruzariam. E quando isso acontecesse, eu estaria pronta para enfrentar qualquer desafio que ele jogasse em meu caminho.

POV.’S NARRADORA

Atos esperou até que a sala de reunião estivesse vazia, exceto por ele e Gabriel. O ar ainda estava carregado com a tensão do encontro anterior. Gabriel, com as mãos nos bolsos, olhava pela janela, observando Amihan, passar. Ele portava uma postura impecável, mas a atmosfera ao seu redor era inegavelmente gelada.

— Atos, não é? — Castillo finalmente disse, sem virar. — Você tem algo a dizer?

Atos deu um passo à frente, sua voz segura, sem falhar. — Sim, tenho. O que você está fazendo com minha irmã… esse contrato… é manipulação.

Gabriel se virou lentamente, um sorriso indiferente brincando em seus lábios. — Manipulação é uma palavra forte. Prefiro chamar de… um acordo.

— Não brinque comigo. — Atos retrucou, aproximando-se da mesa que separava os dois. — Você sabe tão bem quanto eu que Amihan está desesperada. Você está se aproveitando disso.

O magnata inclinou a cabeça, avaliando Atos. — E o que você sugere? Que eu simplesmente dê o dinheiro para salvar a empresa da sua família sem nada em troca? Desculpe amigo, não sou eu quem faz caridade.

— Não é sobre dinheiro! — o jovem bateu na mesa, sua frustração evidente. — É sobre a dignidade dela, sobre não tirar vantagem da situação.

Gabriel cruzou os braços, deixando a expressão inalterada. — A dignidade dela permanecerá intacta. O casamento é apenas um meio para um fim. Nós dois sabemos que é a única solução.

Atos suspirou, passando a mão pelos cabelos. — E se ela se machucar nesse processo? Você está preparado para lidar com as consequências?

Por um momento, algo passou pelo olhar de Gabriel, uma faísca que poderia ser interpretada com preocupação, o que não dura por muito tempo. — Ela já está machucada!

Um minuto de silêncio se fez presente, antes que Castillo voltasse a falar.

— E ela não vai se machucar. Eu cuido do que é meu!

Atos balançou a cabeça. — Ela não é objeto, Castillo. E eu vou garantir que você se lembre disso.

Gabriel deu de ombros. — Então fique de olho, Atos. Mas lembre-se, eu não sou o inimigo aqui. O inimigo é qualquer um que ameace o legado da sua família.

Com essas palavras, Gabriel saiu da sala, deixando Atos sozinhos com seus pensamentos e a pesada responsabilidade de proteger sua irmã.

Tudo isso em conjunto com o sentimento de inutilidade.

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Luciene De Lima Souza

Luciene De Lima Souza

É td ou nada!

2024-07-08

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