Finalmente, após toda a cerimônia repleta de emoções e promessas, chegou o momento mais esperado por todos: a festa de casamento. Era como se um peso tivesse sido retirado dos meus ombros, finalmente o contrato havia sido selado.
O salão estava decorado com flores brancas, luzes suaves e uma atmosfera estranha, uma mistura de alegria com tensão palpável no ar. Eu me sentia em uma bolha, cercada de pessoas – alguns rostos conhecidos, outros totalmente estranhos –, todos compartilhando uma falsa verdade. Minha consciência pesava ao ver tantas pessoas vindo a mim e Gabriel para nos felicitar, mas o que posso fazer? Tudo faz parte do contrato.
— Hora de entrar. — meu “marido” disse, segurando minha mão. Entramos de mãos dadas e fomos recebidos por aplausos e sorrisos.
Nós circulamos pelo salão, recebendo e cumprimentando os convidados. O salão estava repleto de mesas elegantemente decoradas com arranjos florais, e uma orquestra de câmara tocava suavemente ao fundo, criando um ambiente sofisticado.
— Eles formam um belo casal, não é? — perguntou uma tia de Gabriel, ao marido a quem abraçava.
— Formam mesmo. Ouvi dizer que foi tudo muito rápido. — o tio brincou dando um soquinho no braço de Gabriel, e eu sorri sem graça.
— O que posso fazer? Essa mulher me laçou de vez. — passou os braços em minha cintura me abraçando por trás.
Senti o calor do toque de Gabriel, um toque suave que enviou arrepios pelo meu corpo.
— Imagina, você me laçou... você sabe bem como prender uma mulher, querido, por que não conta aos seus tios como me prendeu a você? — Gabriel arregalou os olhos, me apertando um pouco mais forte. O homem estava ficando vermelho, e senti uma imensa vontade de gargalhar.
— Tão engraçadinha essa minha esposa. — Ele disse, tentando manter o tom descontraído, mas eu podia perceber a tensão em sua voz.
Conversamos mais algumas formalidade com os tios e então nos retiramos com a desculpa de cumprimentar os outros convidados.
Um garçom passou por nós com uma bandeja e champanhe, meu marido pegou uma taça virando-a de uma vez.
— Ficou maluca? Não pode dizer essas coisas. — Disse após recuperar o ar.
Dei de ombros olhando ao redor. — Relaxa querido, ninguém entendeu. Para eles somos apenas um casal apaixonado, no ápice das emoções.
— Vem, vamos dançar...
Gabriel não me deixou sequer questionar, apenas me puxou para o meio da pista onde começamos dançar.
Enquanto dançávamos juntos, pude sentir a energia pulsante entre nós, uma conexão que transcendeu as palavras. Cada movimento, cada toque, era uma expressão de cuidado, de confiança que nem ao menos eu mesma sabia que tinha. Naquele momento, não éramos mais apenas um casal unido por um contrato; éramos duas almas que se encontraram e escolheram caminhar juntas.
Olhei para cima, me surpreendendo com o teto, haviam pequenas luzes intensas e brilhantes, elas pareciam estrelas. Era como um imenso céu estrelado.
Quando voltei o olhar para Gabriel, ele me encarava com uma expressão indecifrável. Seus olhos brilhavam.
— Acho que eu ainda não te disse isso hoje, mas você está linda. — ele respirou fundo, como quem pensava no que falar. — Magnifica.
— Obrigada. — senti meu rosto esquentar. — Você está esplêndido.
Gabriel gargalhou alto, foi a primeira vez que o vi sorrindo, como se realmente estivesse feliz, e eu gostei disso.
Meu marido puxou-me um pouco mais contra seu corpo. Eu pude sentir seu perfume invadir minhas narinas, ele estava tão cheiroso. Levei minha mão, antes em seu ombro, a sua nuca onde fiz um breve carinho, sentindo sua pele arrepiar.
— Essas luzes... reparou como parecem estrelas? — perguntei, voltando a olha-lo.
— Arham, reparei assim que entrei. Mas sabe que, nenhuma delas brilha mais do que você.
Abaixei o olhar lembrando-me de momentos antes, quando seus lábios tocaram os meus. Senti um frio na barriga que fizera estar em alerta. Me afastei devagar, só para ver as pessoas nos olharem. Confesso que toda aquela atenção voltada a nós me deixou envergonhada.
— Acho que deveríamos ir tirar logo as fotos, você sabe, ainda temos que viajar.
Eu só queria fugir daquela situação constrangedora.
— Tudo bem...
Gabriel assentiu, compreendendo minha necessidade de escapar daquele momento constrangedor. De mãos dadas, caminhamos em direção ao fotógrafo, que nos aguardava pacientemente para capturar os momentos preciosos de nosso grande dia.
Posar para as fotos foi uma experiência surreal. Sob os flashes das câmeras, sorrimos e nos abraçamos, tentando capturar a felicidade que sentíamos em nossos corações. Mas, por trás da fachada de felicidade, havia uma tensão latente, uma consciência constante do contrato que selava nosso casamento.
Enquanto sorria para a câmera, não pude deixar de me perguntar o que o futuro reservava para nós. Será que poderíamos superar as limitações de um contrato e encontrar verdadeira felicidade juntos? Ou seríamos condenados a viver uma vida de aparências, presos às cláusulas frias e impessoais de um documento legal?
Não que eu ainda acreditasse que teria alguma chance de amar e ser amada, mas sei lá, algo em mim insistia em gritar que nem tudo estava perdido.
Esses pensamentos turbulentos me assombraram enquanto nos despedíamos dos últimos convidados e nos preparávamos para partir em nossa lua de mel.
— Vá com Deus minha filha. — mamãe acariciava meus cabelos enquanto tentava segurar as lagrimas nos olhos.
Eu entendo, agora será tudo diferente. Estou casada e quando a viagem acabar passarei a morar com Gabriel.
— Chega tá sufocando ela. — meu irmão disse brincalhão, dando-me um abraço de urso. — Qualquer coisa é só me ligar, te busco na mesma hora.
— Não vai buscar minha esposa na nossa lua de mel. — disse Gabriel surgindo do nada, enquanto me puxa delicadamente dos braços de Atos.
Me senti uma boneca disputada.
— Experimenta pra ver.
— Chega vocês dois, estão parecendo duas crianças. — minha mãe interviu.
— É verdade, e nós estamos atrasados Gabriel.
Enquanto nos dirigíamos para o carro que nos levaria ao aeroporto, olhei para Gabriel ao meu lado, tentando encontrar conforto em seu olhar.
Ele parecia tão sereno, tão confiante, como se soubesse exatamente para onde estávamos indo e o que nos esperava no caminho. Mas, por mais que eu desejasse compartilhar sua certeza, uma parte de mim ainda estava repleta de dúvidas e incertezas.
Castillo e eu estávamos prestes entrar no carro quando uma voz familiar nos chamou. Viramos para ver Don Alejandro, meu sogro, se aproximando com um sorriso no rosto.
— Esperem um momento. — disse com sua voz grave e autoritária. — Preciso falar com vocês antes de partirem.
Gabriel apertou a minha mão, sei que ele sentiu o mesmo que eu: medo de que o pai tenha descoberto a verdade.
Com cautela nos aproximamos dele.
— Fizeram uma bela cerimônia hoje. — começou ele, com um sorriso largo. — Tenho certeza de que todas as fotos serão manchetes de jornais, amanhã.
Eu suspirei aliviada, meu marido não estava diferente de mim, afinal Don Alejandro estava apenas contando vantagens.
— Não era isso que o senhor queria, pai?
— Tem razão. — eu estava me sentindo minúscula diante daqueles dois homens. — E embora as coisas não tenham começado da maneira como você esperavam, a vida tem uma maneira engraçada de nos surpreender. Às vezes, o que começa como uma simples transação se transforma em algo muito mais significativo.
Ele nos olhava com intensidade, e suas palavras me atingiram de uma forma inexplicável, parecia que ele sabia exatamente do que estava falando.
Gabriel assentiu, parecendo absorver as palavras de seu pai com seriedade.
— Obrigada senhor, seu apoio é importante para nós.
Decidi eu mesma quebrar o silêncio, Gabriel não iria responder o pai, mesmo que negue posso ver o quanto meu marido o teme.
— Bom, era apenas isso. Agora vão, vocês já estão atrasados.
Com um ultimo abraço, nos despedimos do meu sogro e entramos no carro.
Enquanto o carro se afastava, deixando para trás a agitação da festa de casamento, eu me agarrei à esperança de que, juntos, encontraríamos uma maneira de transcender as limitações de nosso contrato.
E assim, enquanto nos dirigíamos para o aeroporto, prontos para embarcar em nossa aventura juntos, eu me preparei para o desconhecido que aguardava além do horizonte, determinada a enfrentar o futuro com coragem e determinação.
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Atualizado até capítulo 33
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