Pov Narradora
O céu estava coberto por nuvens escuras quando Gabriel e Amihan embarcaram no pequeno avião, para iniciar sua lua de mel. Não havia traços de amor entre eles, apenas a formalidade de um contrato que os unia.
— O clima fechou de repente, né? — perguntou Amihan, tomando para si a atenção de Gabriel.
A morena abraçava os próprios braços, sentindo sua pele se arrepiar.
— Parece que vai chover. — Castillo estava pensativo, olhando pela janela. — Está com frio?
O rapaz retirou o paletó passando pelos ombros da esposa.
— Um pouco... Gabriel, é seguro voarmos com essa tempestade se aproximando?
— Não se preocupe, é só uma tempestade passageira. — ela assentiu, mas em sua boca sentia o gosto amargo da melancolia, ela sentia que algo estava muito errado. — E agora já não da mais pra voltar atras...
Enquanto a aeronave ganhava altitude, o clima começou a mudar rapidamente. Um relâmpago alto fez Amihan se encolher.
— Ei, está tudo bem, eu estou aqui. — disse Gabriel, acariciando o dorso da mão da esposa.
De repente, o avião entrou em uma área de turbulência. O vento rugia, sacudindo a aeronave como um brinquedo de papel. Raios rasgavam o céu, iluminando a escuridão com flashs elétricos. A chuva começou a cair, primeiro em gotas espaçadas, depois em um dilúvio furiosos. O som da água batendo nas asas era ensurdecedor.
A tempestade era implacável, como se os próprios deuses estivessem furiosos. O céu, que antes era apenas uma tela cinza, agora se rasgava em fúria.
Amihan segurava-se ao assento com força, seu coração batendo descompassado no peito. Ela lançou um olhar para Gabriel ao seu lado, ele estava pálido, e sua mão apertava forte a sua. O paletó dele, agora estava jogado no chão, esquecido.
Então veio o momento do impacto. Uma rajada de vento forte atingiu o avião, fazendo-o balançar violentamente.
— Gabriel, o que está acontecendo? — Gritou, sentindo o estômago revirar com o solavanco que acabara de dar.
— Eu não sei... eu não sei...
Os comissários de bordo tentavam manter a calma, mas seus olhares preocupados traiam o terror que todos sentiam.
O piloto lutava contra os ventos violentos, tentando manter o controle da aeronave. O radar mostrava uma massa de nuvens negras à frente, uma supercélula formando-se rapidamente. Ele tentou comunicar-se com a torre de controle, sua voz tensa e determinada.
— Torre, estamos entrando em uma supercélula... perda de altitude.... — a estática cortou a comunicação.
O avião mergulhou e subiu, como se estivesse sendo jogado por mãos invisíveis. O som do motor ecoava como um grito agonizante. As luzes do painel piscavam, sinalizando problemas. O coração de Amihan tamborilava no peito, e ela rezava silenciosamente, clamando por piedade.
Então, o impensável aconteceu. Um relâmpago atingiu a asa direita, iluminando-a em um clarão azul. O avião tremeu, e os sistemas começaram a falhar. O piloto lutou para manter o controle, mas a aeronave entrou em uma queda livre. O ar estava rarefeito, e as máscaras de oxigênio caíram do teto.
Amihan e Gabriel se olharam, o medo refletido nos olhos um do outro. O avião girou, desorientando a todos. O piloto gritou algo pelo alto-falante, mas o som foi abafado pelo rugido da tempestade.
— Meu Deus, Gabriel! — Amihan gritou, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Nós vamos morrer?
Seus olhos refletem o terror de imaginar o que vem a seguir, e ela segura a mão de Gabriel com força, buscando segurança em meio ao caos.
— Não, não vamos morrer! — Gabriel respondeu, a voz trêmula, mas tentando soar convincente.
Gabriel mantém uma fachada de coragem, tentando proteger Amihan a todo custo, mas seu olhar traí um profundo medo e incerteza sobre o futuro.
— Eu estou com medo...
E então, com um estrondo ensurdecedor, o avião atingiu a água. A escuridão engoliu tudo. O impacto foi devastador. A água irrompeu pela cabine com uma força avassaladora, arrastando tudo em seu caminho. Gabriel sentiu-se como se estivesse sendo sugado para o abismo, seu corpo sendo lançado em todas as direções enquanto os destroços da aeronave se despedaçavam ao seu redor.
Desesperado, Gabriel lutou para manter a consciência, sua mente turva pela confusão e pelo choque do impacto. Ele tateou freneticamente pelo assento ao seu lado, buscando desesperadamente por Amihan. A água estava escura e agitada, dificultando sua visão e seus movimentos.
Finalmente, seus dedos encontraram o corpo de Amihan, ainda presa pelo cinto de segurança. Com as mãos trêmulas, Gabriel tentou soltá-la, suas próprias forças enfraquecidas. O tempo parecia distorcido, cada segundo uma eternidade de agonia enquanto lutava para libertar sua esposa.
Com o coração acelerado, e um último esforço, o cinto cedeu, e Amihan caiu em seus braços. Gabriel sentiu um nó se formar em sua garganta ao ver a esposa desacordada, o medo e a determinação lutando dentro dele. Ele segurou Amihan com todas as suas forças, lutando contra a corrente que puxava seu corpo para baixo.
Cada movimento era uma batalha contra a fúria dor mar, seus músculos gritando de exaustão.
O avião afundava rapidamente, levando consigo os destroços e os sonhos de todos a bordo. Gabriel nadou com todas as suas forças, segurando Amihan com um braço, enquanto usava o outro para avançar pela água gelada. A superfície parecia distante, mas ele não desistiria.
Por um momento que pareceu durar uma eternidade, Gabriel se viu cercado pela escuridão da noite, o rugido da tempestade ecoando em seus ouvidos enquanto ele lutava para encontrar uma saída.
— aguenta firme, eu vou te tirar daqui... eu prometo. — sussurrou agarrado ao corpo da esposa.
Seu coração batia descompassado, a incerteza do destino de Amihan pesando sobre ele como uma âncora.
Finalmente, seus pulmões quase estourando, Gabriel emergiu na superfície, tossindo e lutando contra as ondas. A chuva caía em torrentes, misturando-se com suas lágrimas. Ele manteve Amihan flutuando, verificando rapidamente se ela estava respirando. Aliviado ao sentir um fraco movimento de respiração, ele começou a nadar em direção aos destroços flutuantes.
A tempestade não parava, mas Gabriel se agarrou a um pedaço de fuselagem, mantendo Amihan segura. A noite estava escura, e o céu não mostrava sinais de clarear.
— Fique comigo, Amihan... — murmurou Gabriel, a voz rouca de cansaço. — Não desista agora, por favor...
O horizonte era um vazio escuro, e a esperança parecia cada vez mais distante... a tempestade havia vencido.
Mas Gabriel sabia que não tinha escolhas. Ele precisava manter Amihan viva, precisava lutar contra o desespero que ameaçava consumi-lo.
— Vai ficar tudo bem, estou aqui... estou com você. — disse beijando a testa gelada da esposa.
E assim, naquela noite fatídica, Amihan e Gabriel se encontraram perdidos, suas vidas entrelaçadas pela tragédia e pela esperança. O destino havia escrito um novo capítulo para eles, um capítulo de sobrevivência, amor e redenção.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Luciene De Lima Souza
maravilhoso ❤️❤️❤️
2024-07-08
0
Leda Fernandes
muito bom amando👍❤️❤️❤️❤️❤️❤️
2024-06-03
1
Leda Fernandes
muito bom amando👍❤️❤️❤️❤️❤️❤️
2024-06-03
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