Capítulo 7: Ela vai assinar Gabriel!

Eu estava de pé no jardim, a brisa da noite trazendo um leve frescor que contrastava com os pensamentos turbulentos na minha mente.

Será que ela vai assinar?

Enquanto observo o jardim à noite, sinto a brisa suave acariciar o meu rosto, mas por dentro, o meu mundo está em tumulto. Os meus relacionamentos passados deixaram cicatrizes profundas, transformando a minha visão do amor em cinismo e desconfiança. O contrato que propus a Amihan é apenas um reflexo dessa desilusão, uma tentativa desesperada de proteger o que construí, mesmo que isso signifique sacrificar qualquer esperança de conexão real.

Mark, meu advogado, amigo mais próximo e conselheiro, aproximou-se com uma expressão inquisitiva.

— Você realmente acredita que isso vai funcionar, Gabriel? — eu sabia do que ele estava a falar, estava referindo-se ao contrato de casamento que eu havia proposto a Amihan.

Olhei para ele, permitindo que a máscara de indiferença que eu sempre usava deslizasse por um momento. — É um risco calculado. — respondi. — Mas é o único caminho que vejo para proteger o que é meu e o que eu pretendo construir.

Mark cruzou os braços, o seu olhar penetrante tentando desvendar o que eu escondia por trás das palavras. — E o que você diz sobre Amihan? Ela não é apenas uma peça no seu tabuleiro de xadrez.

Ela precisa de ajuda, tanto quanto eu, então...

Eu dei de ombros, a frieza retornando à minha voz. — Ela sabe no que está se metendo. Amihan é inteligente e determinada. Ela entende a importância de manter a Olimpos e a sua família segura, principalmente pelo fato de que foi a sua assinatura que trouxe a ruína.

Meu amigo me olhou com descrença nos olhos.

— Mas e os seus sentimentos? — insistiu. — Você pode controlar tudo, Gabriel, mas não pode prever como vai se sentir.

Balela, este tal do amor não existe, é apenas um sinônimo criado para representar pessoas fracas.

— Sentimentos são variáveis que podem ser controladas. — disse, com convicção soando clara na minha voz. — Eu não tenho a intenção de deixar que emoções interfiram nos meus planos. Amihan e eu, seremos apenas um acordo, nada mais.

Mark balançou a cabeça, um sorriso irônico surgindo em seus lábios. — Você pode se surpreender, meu amigo. O coração tem uma maneira de mudar as regras do jogo quando menos esperamos.

Olhei para a céu estrelado, pensando em toda a situação.

Será que estou fazendo a coisa certa? Não estou agindo por impulso, estou? Será essa a melhor solução?

Por um breve momento de silêncio, onde só o coaxar do sapo e o canto da cigarra era audível. Minhas lembranças levaram-me de volta a um passado que quero esquecer, ou melhor, a uma pessoa que quero esquecer.

Andrea.

— Não haverá surpresas. — eu disse, mais para mim mesmo do que para Mark. — Eu estou no controle desta situação.

Mark deu um tapinha no meu ombro antes de se afastar. — Só o tempo dirá, Gabriel. Só o tempo dirá.

Patético. Eu não vou me apaixonar!

Eu tinha um império para proteger, e nada, nem ninguém, iria ficar no meu caminho.

POV’S AMIHAN

Enquanto eu assinava o contrato que mudaria o percurso da minha vida, uma sensação de inevitabilidade pesava em meus ombros como uma âncora. Cada traço de minha assinatura era como um selo definitivo, marcando o início de uma jornada desconhecida repleta de desafios e sacrifícios.

Como vou conciliar o fato de ser líder da Olimpos com o fardo de ser a esposa de Castillo? Com todas as obrigações sociais que esse sobrenome implica?

Ao fechar o envelope e entregá-lo ao advogado de Gabriel Castillo, senti-me como se estivesse selando meu destino com minhas próprias mãos.

Ao olhar ao redor do escritório, me deparei com os rostos preocupados de minha mãe e de Atos, seus olhares cheios de apreensão e uma determinação silenciosa. Era como se eles estivessem se preparando para uma batalha que sabiam que não poderiam vencer, mas estavam dispostos a lutar até o fim, apenas para me proteger.

— Está feito. — murmurei, minha voz mal audível diante da magnitude do momento. — Agora só nos resta lidar com as consequências.

Minha mãe se aproximou, colocando uma mão reconfortante em meu ombro. Seus olhos transmitiam uma mistura de orgulho e preocupação, refletindo as emoções conflitantes que eu mesma enfrentava.

— Você fez o que achou que era melhor, querida. — ela disse suavemente, sua voz embargada com emoção. — Agora vamos enfrentar isso juntos, como uma família.

Ao lado dela, Atos assentiu, sua expressão séria, mas determinada. Era como se ele estivesse canalizando toda a sua energia para proteger aqueles que amava, mesmo que isso significasse enfrentar um inimigo formidável como Gabriel Castillo.

Mas ele não poderia ser pior que Matteo, poderia?

Gabriel era tudo que Matteo não era: calculista e controlador.

Enquanto eu me levantava da mesa, uma sensação de resignação se instalava em meu peito, misturada com uma grande determinação que queimava dentro de mim. Eu sabia que o caminho à frente seria difícil e cheio de desafios, mas também sabia que não estava sozinha. Com minha família ao meu lado, enfrentaria qualquer obstáculo que viesse em nosso caminho.

E assim, com um último olhar para o contrato assinado agora selado em um envelope, eu me preparei para o próximo capítulo de minha vida, sabendo que o destino ainda guardava muitas surpresas para mim.

POV’S ATOS

Ela parecia mais pálida, como se tivesse carregado o mundo nas costas. E ela estava.

Eu me sinto um grande inútil, por não poder fazer nada para proteger minha irmã.

— Você assinou? — Eu perguntei, minha voz mais áspera do que eu pretendia.

Ela assentiu, e eu senti uma mistura de alívio e preocupação. Alívio porque a Olimpos estava salva, pelo menos temporariamente. Preocupação porque eu sabia que ela estava sacrificando algo mais profundo. — Você está bem? — toquei seu braço.

Amihan sorriu, mas havia tristeza em seus olhos. — Eu estou bem, Atos. Eu só… espero que tenha feito a coisa certa.

Eu também...

POV’S GABRIEL

Eu estava em meu escritório, a penumbra apenas quebrada pelo brilho suave da tela do computador. Os contratos e papéis à minha frente eram um lembrete constante das decisões que moldavam meu império. Mas havia um contrato em particular que me consumia mais do que os outros, um acordo que poderia mudar o curso da minha vida pessoal e profissional.

Foi Mark quem trouxe a notícia, sua presença imponente preenchendo a porta do meu escritório. — Ela assinou, Gabriel. — sua voz neutra, mas seus olhos revelavam um vislumbre de surpresa.

Eu sabia que ela assinaria, a culpa consumia seus olhos no dia em que nos conhecemos.

Por um momento, eu não me movi. A informação parecia flutuar no ar entre nós, carregada de significado. Amihan havia assinado o contrato de casamento. O acordo estava selado. Uma parte de mim, a parte que sempre se esforçava para manter o controle, sentiu uma onda de satisfação. Eu tinha conseguido o que queria, o que precisava para garantir o futuro da minha empresa.

Mas havia outra parte, uma que eu raramente permitia vir à tona, que sentia algo mais complexo. Não era alívio, nem alegria; era uma sensação de peso, como se eu tivesse acabado de assumir uma responsabilidade imensa, não apenas pelos negócios, mas pela vida de alguém.

— Você está bem? — Mark perguntou, interrompendo meus pensamentos.

Eu me recompus rapidamente, a máscara de indiferença deslizando de volta ao lugar. — Claro. É apenas mais um contrato.

Mark me estudou por um momento, como se tentasse ler as linhas que eu não falava. — Parece que temos um casamento a planejar.

O tom de sarcasmo era nítido em sua voz.

Eu me levantei, a cadeira de couro fazendo um som suave ao se mover. — Peça que April marque horário naquele restaurante em que meu pai sempre fecha contrato. — Mark assentiu. — Acho que preciso me situar a minha noiva certo?

Meu amigo balançou a cabeça sorrindo, em negação.

— Temos que apresenta-la ao seu pai.

Droga.

Don Alejandro não poderia em hipótese alguma, descobrir que se trata de um contrato.

— Se precisar de algo mais, estou aqui. — disse antes de sair, deixando-me sozinho com meus pensamentos.

Eu olhei para a cópia do contrato na minha mesa, o nome de Amihan Salazar assinado com uma caligrafia elegante.

Estou fazendo a coisa certa?

É claro que estou, era um contrato como qualquer outro.

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