Humilhada

No final da tarde, eu estava para estrangular aquela mulher de tão chata e abusada que era ela. Simplesmente ela estava fazendo os empregados trabalharem o triplo, já não aguentava mais esfregar as pratas do palácio, depois ela mandou que eu limpasse as molduras das paredes da sala. Foi quando a porta se abriu e lá estava ele, mais lindo do que nunca. Após um mês, ele estava na minha frente e eu queria me jogar em seus braços.

Ele caminha com seu belo sorriso em minha direção e me surpreende quando me pegou de cima da escada, me beijando com doçura.

— Eu estava morrendo de saudade. — Fala baixinho em meu ouvido, me abraçando forte.

— Eu também, meu amor. Mas acho melhor me soltar, alguém pode nos ver. — Digo.

— Preciso conversar com o rei urgentemente, não dá mais para viver escondendo o nosso amor.

— Sim. Mas até você conversar com o rei, é melhor não arriscarmos assim. — Falo.

— Duque Charles! — Lady entra na sala e eu me solto rápido dos braços do Charles.

— Perdão, senhor Duque, e obrigada, se não fosse o senhor teria machucado. — Falo.

— Não precisa pedir perdão, Anne, vá descansar. — Ele fala e dá uma piscadinha para mim.

— Charles, você acostuma mal seus empregados. — Ela fala, me olhando com aquela cara esnobe dela.

— Sei como tratar os meus empregados, Lady Charlotte. — Ele fala, olhando sério para ela.

— Com certeza, sabe.— Ela fala, e depois olha para mim.

—Agora mocinha, pode se retirar, preciso conversar com Charles. — Fala, grudando no braço dele, e ele, educadamente, retira o braço dela.

— Lady Charlotte, estou muito cansado da viagem, conversaremos mais tarde.

Confesso que amei ver a cara dela de descontentamento quando Charles disse que depois conversaria com ela. Essa mulher é uma chata e sem noção.

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Era uma tarde de sol ensolarado, fui para o meu quarto, pego meus materiais de pintura e sigo para o lago terminar de pintar o quadro do Duque.

— Sabia que te encontraria aqui. — A voz do Lorde Luigi ecoa atrás de mim.

— Lorde Luigi, como vai? 

— Até alguns minutos atrás, estava triste, mas agora que tive o prazer de ver a sua formosura, meu coração salta de alegria. — Ele fala, deixando-me envergonhada.

— Não é para tanto.

— É, sim, se pudesse ver meu coração, saberia que sim.

— Estava sumido, fazia um tempo que não o via. — Mudo de assunto.

— Estava viajando e trouxe-lhe um presente. — Ele fala e se aproxima bem perto de mim.

— Não precisava, senhor Lorde.

— É um prazer para mim poder presenteá-la. — Ele retira uma de suas mãos de detrás das costas, revelando uma pequena caixa.

Depois, ele abre e vejo um lindo colar com um pingente de coração com pequenas pedrinhas verdes. Fico sem reação, pois nunca havia visto um colar tão bonito assim de perto.

— Lorde Luigi, fico imensamente feliz e agradecida que tenha se lembrado de mim, mas não posso aceitar.

— Por favor, Anne, eu comprei especialmente para você. Quando vir essas pedras verdes, logo me lembrei dos seus lindos olhos, combina perfeitamente com a senhorita.

— Mas, lorde, eu sou apenas uma empregada. O que dirão se me virem com um colar desses? 

— Diga que foi um presente de seu grande amigo.

— Uma empregada amiga de um lorde.

— Você não é apenas uma empregada, Anne, você não se resume a isso, você é talentosa, inteligente e a mulher mais bonita desse país.

— Lorde Luigi assim me constrange.

— O que digo é a mais pura verdade, miss Anne, e se não aceitar o meu presente, ficarei muito triste, pois eu não via a hora de poder entregá-lo a você, então por favor aceite. — Ele fala, juntando as mãos em súplica.

— Está bem. — Falo e ele abre um sorriso largo.

— Agora, deixe-me colocá-lo em você.

Coloco meus cabelos para frente para que ele possa fechar o colar.

— Tem um belo pescoço, Anne. — Ele fala.

— Obrigada!

— Ficou ainda mais bela, essas esmeraldas combinam perfeitamente com seus olhos.— Ele fala.

— Me conte da sua viagem. — Peço e ele começa a me contar que viajou de trem e após navio.

Enquanto ele me conta sobre sua viagem, fico imaginando tudo, como queria também viajar de trem e navio.

— O que você está pintando? — Ele pergunta.

— Um quadro para o Duque.

— Gosta dele? — Ele pergunta e penso no que fazer, não sei se devo contar a ele de meus sentimentos pelo Duque.

— Sim, ele é uma boa pessoa, sempre muito educado com todos os seus empregados.

— Acho que não entendeu a minha pergunta, eu quis saber se está apaixonada pelo Duque.

Ele fala mais diretamente, e dessa vez a única coisa que me vem à cabeça é que por hora é melhor negar meus sentimentos pelo Duque, já que o Luigi, sendo um lorde, poderia contar para o rei. 

— Não, o que te faz pensar que estou apaixonada pela Duque? O que tenho por ele é um sentimento de gratidão por ser muito bom comigo.

Um barulho vindo dos arbustos me assusta.

— Você ouviu esse barulho? 

— Sim, deve ter sido algum animal.

— Deve ser.

— Lorde Luigi, foi um prazer rever o senhor, muito obrigada por lembrar de mim em sua viagem, mas agora preciso ir.

Recolho meus materiais de pintura e corro para o palácio. Embrulho o quadro do Charles.

O Palácio estava uma loucura durante o cair tarde, era o aniversário do Charles, e eu estava ansiosa para entregar o meu presente. 

Durante a noite, os convidados estavam chegando, a Marli estava passando mal, então tive que ajudar a servir os convidados.

— Mocinha, venha aqui! — Lady Charlotte me chama e tudo que eu menos queria era me aproximar dela hoje, principalmente por ela não perder a chance de me humilhar.

— Boa noite! — Falo fazendo referência.

Sirvo ela e outras mulheres que estavam rindo feito hienas. 

— Creio que o Duque hoje me pedirá em casamento em breve. — Lady Charlotte fala para as mulheres. Sinto uma tristeza e lágrimas me vêm aos olhos. 

— Com certeza ele pedirá, ainda mais depois do que rolou entre vocês. — A baronesa fala e elas começam a rir.

Me sinto tão mal, ao ouvir aquelas palavras era como se tivessem despedaçado o meu coração. Será que todo esse tempo era apenas uma diversão para o duque? 

Tento sair dali, mas me esbarro em um dos convidados, derrubando a bandeja no chão, fazendo barulho, chamando atenção de todos, sinto unhas entrando em minha pele.

— Sua burra! É mesmo uma imprestável! — Lady Charlotte fala agarrada no meu braço, lágrimas escorrem no meu rosto.

Tento soltar meu braço, mas ela agarra com mais força.

— Lady Charlotte, solte o braço dela agora! — A voz grave do Charles atrás dela faz com que ela solte meu braço.

— Essa insolente fez toda essa bagunça! Já passou da hora dela ser demitida, Charles. — Ela fala, me olhando furiosa.

Me sinto humilhada com todos me olhando, o Charles tira um lenço do bolso e seca minhas lágrimas.

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