Miss Anne

— Esse é um convite muito tentador, senhor Luigi, mas tudo me impede de aceitá-lo, a começar por eu ser apenas uma empregada, e se me descobrir, vou estar muito ferrada, e depois tem minha tia, o Duque, que se me ver lá, será minha ruína , aí nem se eu chamar a santa das meninas órfãs desamparadas! — Falo e ele ri.

 Lorde Luigi.

— Já disse que, se aceitar, dou um jeito em tudo.

— Eu sempre quis ir em um baile.

— Então? Aceita, vai, eu prometo que nada vai te acontecer, e o baile é de máscara, ninguém saberá quem é você, e estarei o tempo todo ao seu lado.

— Tudo bem, me convenceu, eu vou.

— Amanhã, me encontre aqui e traga as suas medidas. A senhorita sabe dançar? 

— Isso sei, meu pai me ensinou.

Naquele mesmo dia, quando cheguei ao palácio, pedi à Dulce, uma das empregadas e minha amiga, que tirasse minhas medidas, e acabei contando a ela, que ficou muito empolgada e disse que me ajudaria.

— Anne, que sorte a sua, hein, um lorde a convidou para o baile. Eu te ajudarei com tudo, será a primeira vez na história que uma empregada desfrutará de um baile. — Ela fala. 

No outro dia, dei as minhas medidas para o Luigi, a Dulce me ajudou a treinar a andar nos sapatos com salto, mas parecia que eu havia nascido para andar sobre eles.

— Você aprende rápido! — Ela bate palmas.

O dia do baile havia chegado, eu estava muito nervosa, encontrei com o lorde Luigi, que me entregou uma caixa bem grande que tive até dificuldade de carregar, ainda mais tentando levar para o meu quarto sem que alguém ali percebesse. 

Ainda bem que tive a ajuda da Dulce e do namorado dela. Assim que entrei no meu quarto, eu abri aquela caixa, eu não acreditava no que estava vendo, era um vestido belíssimo.

Fiquei para lá de encantada, aquele vestido era perfeito, não havia palavras que eu poderia usar para descrever o quão lindo era.

A Dulce me ajudou a me vestir, arrumou meus cabelos fazendo uma trança fina de cada lado, formando uma coroa com meu próprio cabelo e deixando o restante solto. Por último, peguei máscara e, quando parei de frente para o espelho olhando o meu reflexo, me emocionei. Queria que meu pai me visse agora, estou uma verdadeira princesa, como nas histórias que ele me contava. 

— Vamos, se apressar, aproveita que estão todos lá envolvidos ajudando a chata da Lady Charlotte. — Dulce fala.

Saímos pelos fundos do palácio, a carruagem do lorde Luigi já estava lá, à minha espera. Entrei na carruagem, sentia um frio na barriga e uma adrenalina por estar vivendo essa aventura, agora era de verdade, não estava sonhando acordada como sempre fazia, era real, estava indo a um baile.

Quando a carruagem parou, Luigi abriu a porta da carruagem e ficou parado, atônito, a boca aberta. E depois de alguns segundos ali parado me olhando, ele soltou um suspiro.

— Eu… é... Não encontro palavras para descrever a sua beleza, miss Anne. — Ele fala, segurando a minha mão.

— Boa noite, Senhor Luigi! — Falo, cumprimentando.

— Esta magnífica! — Ele fala e fico envergonhada como ele olha para mim.

— Obrigada!

— Esta preparada? — Ele pergunta.

— Sim, um pouco apreensiva, mas a minha vontade de estar em baile é maior que qualquer sentimento de medo. — Falo.

— Não precisa ter medo, estarei o tempo com a senhorita, e como treinamos, você é Miss Anna, uma prima distante que mora em uma fazenda no interior do país. Fora isso, apenas sorria e faça sinal de reverência.

— Certo.

Ele entrelaçou meu braço no dele, e quando entramos no salão, todos olhavam para nós, meu coração batia tão forte, que era possível senti-lo bater até nos meus ouvidos. Percebendo o meu nervosismo, Luigi segurou em fez um carinho.

— Estão todos nos olhando.— Comento.

— É a sua esplêndida beleza que atrai a todos, não há mulher em todo esse reino que tenha a sua formosura e beleza, miss Anne. 

— Não exagere, senhor Luigi.

— Não exagero, estou sendo realista, és uma mulher belíssima. E eu me sinto o homem mais sortudo em poder ter a sua companhia essa noite.

Ele me elogiou tanto que me senti até um pouco constrangida.

Estava encantada de como tudo era muito bonito, era como o meu pai me contava, muito luxo, flores, homens e mulheres com toda elegância. 

Estava indo tudo muito bem, até os meus olhos encontrá-lo mesmo de costas, eu consigo reconhecê-lo. Ao lado dele estava ela, a lady Charlotte. 

As pessoas que estavam conversando com ele pararam para olhar para nós, e então ele se vira e nosso olhar se encontra. Mesmo por detrás da máscara, acho que ele me reconheceu, pois ele encara demais para mim.

Está tão lindo, por um momento eu queria estar ali ao lado dele, mas esse sonho nunca se realizará.

— Senhor Luigi, acho que o Duque reconheceu, eu estou ferrada!

— Fica tranquila, ele não fará nada, não aqui, e se ele ficar chateado, converso com ele e resolvo tudo.

Eu estava plena por fora, mas no meu interior estava tremendo como um cachorro de rua no inverno. E rezava em minha mente para o Duque não se aproximar de nós. Mas o que eu temia aconteceu, ele vinha na nossa direção.

— Respira fundo e se acalma, que ele já está se aproximando. — Luigi sussurra no meu ouvido.

— Meu amigo lorde Luigi, boa noite! — Ele cumprimenta o Luigi.

— Boa noite, duque Charles.

— E a dama nunca a virá por aqui. — Ele fala, virando-se para mim.

Engulo o meu nervosismo antes de responder.

— Miss Ana. — Falo mudando a voz, fazendo reverência.

— Tenho a sensação de que a conheço. — Ele fala.

— Impossível, minha prima Anna nunca esteve aqui antes. — Luigi fala.

— É, deve apenas ter a semelhança com alguém que eu conheço. — Ele fala, olhando-me no fundo do olho.

— Te achei. — Charlotte se aproxima, grudando no braço do Duque.

— Boa noite, Lorde Luigi! — Ela cumprimentou e em seguida olha para mim.

— Essa é a miss Anna. — Luigi nos apresenta.

— Lady Charlotte. — Ela se apresenta e eu apenas lhe dou um sorriso.

— Já vai começar a valsa, Charles, dançaremos. — Ela fala.

— Com licença. — Ele fala e sai com ela.

Fico aliviada e com ciúmes ao mesmo tempo, parece que ele não me reconheceu.

— Miss Anna, me dê a honra de uma dança. — Luigi fala, estendendo a mão e curvando-se.

— Será um prazer me lorde. — Falo e ele sorri.

Vamos para o salão de dança, onde os casais já se organizaram, e só então vejo o rei e a rainha, nunca os havia visto. O rei me olha e parece perturbado, talvez seja só impressão minha por estar com medo de ser descoberta.

Depois, vejo o Duque me encarando. Organizo meus pensamentos e, como nos meus sonhos, imagino que sou uma verdadeira princesa, jogo todo o medo de lado e decido aproveitar o baile. Nessa hora, agradeço ao meu pai por ter me ensinado todos os passos das valsas, deixo-me ser conduzida por Luigi e pela música.

Trages de Anne.

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