Toda aquela altivez parece ter sumido, e agora tenho em minha frente uma jovem frágil.
_ Me mostre o quadro que pintou no lago e pensarei se a perdoou. _ Falo, me divertindo com a situação.
Ela sai para buscar o quadro, tempo depois volta.
_ Está aqui, senhor._ Ela fala, me dando o quadro.
Observei a delicadeza de cada traço, fico impressionado com o talento que ela tem, ficou perfeito, e ela conseguiu fazer perfeitamente as minhas expressões.
_ Quem te ensinou a pintar tão bem? _ Pergunto.
_ Meu pai, senhor, ele era um pintor, muito famoso, pintava quadros de toda a realeza.
Está explicado, ela teve um ótimo professor, e com certeza herdou o talento do pai.
Olhando a pintura em minhas mãos, me vem uma ideia: de alguma forma essa moça tão atrevida me traz alegria, algo que não sentia há muito tempo.
_ Eu a perdoei, mas fará um quadro meu, bem grande, e assim não falarei nada a sua tia.
_Senhor, eu não tenho tintas e nem telas que dê para fazer uma pintura tão grande. _ Ela fala.
_ Não se preocupe, mandarei que tragam os melhores materiais e tudo que a senhorita precisa. _ Falo e os olhos dela brilham.
_ Verdade?_ Ela pergunta.
_ E por acaso tenho cara de uma pessoa que mente? Escreva no papel tudo que precisa e mandarei que o Alfredo faça a encomenda o mais rápido possível.
_ Muito obrigada, senhor, farei uma belíssima pintura da vossa graça._ Ela fala e abre um sorriso, muito bonito.
_ Qual o seu nome ?
_ Anne._ Ela fala sorridente.
Por um momento, eu fico perdido naquele sorriso, parece carregado de inocência, na verdade, ela exala uma inocência mesmo já sendo uma mulher jovem, seus olhos não têm maldade, nunca havia visto uma mulher assim, nem mesmo a Isabel.
_ Vossa graça? Está tudo bem?_ Ela pergunta, se aproximando mais de mim e toca em meu braço.
_ Estou bem, não toque em mim sem a minha permissão. _ Falo sério.
_ Perdão, meu senhor, isso não irá se repetir. _ Ela fala um tanto sem graça.
_ Agora pode ir. _ Falo e ela faz sinal de reverência e sai.
Quando a porta se fecha, solto um longo suspiro, me pergunto: o que essa moça tem que faz isso comigo?
Mas tarde fui a uma reunião no Palácio do Rei.
_Vossa alteza. _ Falo fazendo reverência.
_ Senhor Duque, como vai? Trouxe os relatórios da viagem?_ Pergunta o rei Octaviano.
_. Sim.
Ele avalia os relatórios.
_Foi uma viagem longa, mas muito promissora, conseguiu bastante aliados para coroa._ Ele fala satisfeito.
_ Sim, e pude ver que alguns reinos estão fragilizados por entrar na guerra e diria que esse é o momento certo de tomá-los.
_ Então, é o que vamos fazer, vamos tomá-los!_ Ele bebe seu vinho.
_ Duque, agora de tio para sobrinho, está na hora de se casar novamente, já teve tempo o suficiente para guardar seu luto, não é bom que um homem fique só.
Eu sabia que esse assunto uma hora ia chegar, não quero me casar, não quero outra mulher no lugar da minha Isabel, essas princesas são fúteis, domesticadas e sem identidade própria.
A Isabel era tão diferente, lembro de quando ela não queria se casar comigo, fugiu a cavalo, uma princesa rebelde e disposta a lutar para poder ser ouvida.
Eu fui atrás dela e disse que também não queria me casar, sentamos à beira de um lago e começamos a conversar, nossas ideias eram compatíveis, tínhamos gostos parecidos e logo estávamos rindo e, desde aquele dia, nos tornamos amigos e nos apaixonamos e casamos apaixonados um pelo outro.
Não há em nenhum outro reino uma princesa como a Isabel, já viajei por vários reinos e não vi nenhuma que possa ser como ela, ou melhor, do que ela.
_ Tio, eu não consigo, não me sinto pronto para um novo casamento. _ Falo.
_ Nunca estará pronto, estou casada com a rainha há anos e nunca superei a morte da minha primeira esposa._ Ele fala.
_ Então, essa dor que sinto permanecerá comigo?
_ Sim.
_Eu era muito pequeno quando ela morreu, lembro dela grávida, o que aconteceu com o bebê? _ Pergunto, sempre tive curiosidade em saber.
_ Eu não sei, quando ela deu à luz, estava viajando e quando cheguei da viagem ela estava doente e disse que o bebê havia morrido, era uma menina.
_ Eu sinto muito, tio.
Quando volto ao meu palácio, já é noite.
_ Senhor Duque._ Alfredo me cumprimenta, me recebendo na porta, me parece um pouco inquieto.
_ Quer me dizer algo, Alfredo?
_ Não, na verdade, sim, a jovem Anne me deu uma lista, disse-me que foi o senhor que a mandou que fizesse.
_ Sim, ela fará um quadro meu._ Falo.
_, Mas o senhor pode contratar o melhor pintor para fazer isso, um com experiência. _ Ele comenta.
_ Eu posso, mas não quero.
_Mas, senhor, ela é a sua empregada, não seria adequado.
_ Sabe o que não é adequado, Alfredo?
_ Não, senhor.
_ Que você fique questionando as minhas decisões, eu quero que ela faça um quadro meu e assim será, e trate de encomendar os materiais de que ela precisa e tudo dá melhor qualidade!
_ Perdão, vossa graça, eu não tinha intenção de questionar suas decisões; e irei eu mesmo amanhã bem cedo encomendar os materiais para a jovem Anne.
_Ótimo, mas uma coisa, se visse suas obras, constataria que não há pintor com o talento dela em toda essa província._ Falo sério.
_ Entendi, senhor.
Ele se despede e sai. Já em meus aposentos, observo minha cama muito bem arrumada, e lembranças de Anne dançando com o meu travesseiro me vêm à mente, começo a rir sozinho, lembrando da cena e de como ela ficou pálida quando descobriu quem eu era.
Rindo ali sozinho, percebo que, pela primeira vez desde a morte da Isabel, eu estava indo dormir feliz, não estava amargurado e nem triste, eu estava feliz e sentia paz em meu coração.
Pela manhã, após tomar meu café, passava pelos corredores quando percebi o quarto de Isabel entre aberto, empurro a porta e a vejo de quatro apoios no chão, olhando debaixo da cama.
_ Vem aqui!_ Ela fala com autoridade.
_ Você me assustou, sabia? Pensei que fosse um fantasma! Saia daí agora, seu bicho levado!
Me aproximo bem devagar, ficando atrás dela, talvez eu devesse ter ficado onde eu estava, pois a visão da sua cintura até os seus quadris é algo de se encher os olhos. Sinto meu corpo responder de uma forma ousada e desobediente, pois essa mulher é um fruto proibido ao qual não posso jamais nem se quer tocar.
_ O que faz aqui?_ Pergunto sério.
Ela se assusta, levantando-se de uma vez, se esbarrando em mim. O seu perfume penetra em minhas narinas, tem um cheiro gostoso de flores-do-campo.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Maysa
Oi primeira vez aqui
Tomara que eu goste
Suas histórias tem hot
Pq eu gosto muito kkkk
❤️🔥🫶🏼
2025-04-05
1
Lucia Sousa
Comecei ler hoje era meia-noite 14/4/2025 😻
2025-04-14
1
maria alice dos santos ferreira
acho que ela é filha do tio foi dada .nao morreu....
2025-01-18
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