Abrir mão do amor

Ela está tão perto que meu Deus! Como resistir? Eu não posso, mas quero, quero muito, faz tempo que não sentia esse desejo por uma mulher.

Queria nesse momento não ser um Duque ou que ela não fosse minha empregada e que fosse uma princesa, e eu tomaria para mim, levaria ela para os meus aposentos e faria tudo aquilo que faço com ela em meus sonhos.

— Senhor Duque… — A voz dela sai rouca e de uma forma sexy, me deixando enebriado.

— Vem aqui. — A pego pela mão, levando para o meu escritório.

Encosto-a novamente contra a parede.

— Vou ser sincero com você, eu quero beijá-la, quero você para mim, mas eu não posso, e isso está me enlouquecendo. Você chegou e fez uma tempestade dentro de mim, eu tentei fugir disso, mas eu não consigo mais lutar contra.

— O que o senhor quer dizer com isso? — Ela pergunta.

— Que eu não posso ser alguém para você, por mais que eu queira ser, existe um abismo entre nós, e se eu a beijar, não vou conseguir mais parar, e isso fará você cair dentro desse abismo e eu me sentiria um lixo desprezível. 

— Senhor Duque… — coloco a mão sobre sua boca, impedindo-a de dizer algo mais. 

Ela me chamando de senhor Duque é uma perfeição, uma inocência, uma pureza e isso acaba comigo.

— Fica longe de mim, não quero que se machuque Anne, e mesmo se eu me aproximar, se afaste, está bem? 

Ela balança a cabeça em confirmação, seus olhos tristes e lacrimejando.

— Agora vá.

Depois daquele dia, eu me mantive longe dela e era uma tortura, às vezes eu não resistia e ficava a observar de longe. 

Três meses depois...

Voltava de uma longa viagem, e tudo que eu mais queria era vê-la. Manter-me distante dela não estava adiantando, esse desejo dentro de mim só crescia, e quanto mais o tempo passava, mais eu a queria em meus braços.

— Senhor Duque, ainda vai querer uma companhia para o baile da rainha? — Alfredo pergunta.

— Sim, mande um recado para Charlotte que ela me acompanhará.

— Sim, senhor.

Charlotte era melhor amiga de Isabel, e desde o falecimento da Isabel tem sido também uma grande amiga para mim.  Ela já me acompanhou em algumas festas depois que a Isabel morreu e se ofereceu para me acompanhar sempre que eu precisasse.

Naquela tarde, recebi a visita do Lorde Rômulo Grannus e de seu filho Luigi Grannus. 

— E quando pretende se casar novamente? — Rômulo pergunta.

— Casar não está em meus planos momento, mas e o Luigi quando pretende se casar? — Pergunto. 

— Esperando para ver se nesse baile da rainha encontro a minha futura esposa. — Luigi fala.

— Se não precisarem mais da minha presença, irei dar uma volta nos arredores do palácio. – Luigi fala.

Enquanto o Luigi passeava pelos arredores do palácio, o Rômulo e eu jogávamos uma boa partida de xadrez.

— Você é um bom amigo e por isso vou te deixar a par dos planos para esse baile. A rainha Afrodite planeja te apresentar a filha do Conde, é uma linda moça e toca piano muito bem.

— Ele fala, e eu fico feliz em saber, mas os planos deles falharam quando eu chegar acompanhado da Charlotte.

— O rei e a rainha insistem em querer me casar novamente. Eu não estou preparado para isso, não agora, acho que nessa realeza não há mulher que preencha o vazio deixado por minha Isabel.

Na realeza não, mas aqui em minha casa, tão perto de mim, tem uma, uma que mudou tudo aqui dentro, uma que me faz dormir todos os dias pensando nela, e quando me levanto, o meu primeiro pensamento é nela.

De início, sentia como se estivesse traindo a Isabel por permitir que outra mulher tomasse o lugar dela em meu coração. Mas o que sinto por Anne foi se fortalecendo e de alguma forma me fez entender e aceitar que a Isabel partiu, e que preciso seguir em frente.

— Posso dar um conselho? — Rômulo pergunta.

— Sim, pode.

— A vida continua precisa seguir em frente, abrir novamente o seu coração e permitir a felicidade de novo em sua vida, é jovem, forte e não precisa terminar a sua vida sozinho, por algum motivo a vida teve que levar Isabel, mas por outro motivo a vida deixou você com vida, saúde, e tenho certeza que você viver sozinho e sofrendo não é o motivo. Em algum lugar, talvez não nessa realeza, deve haver uma mulher com o destino traçado para viver ao seu lado, uma mulher capaz de fazer você amar novamente. 

O Rômulo é um grande amigo e eu preciso falar dos meus sentimentos com alguém, ou enlouquecerei com isso guardado em mim.

— Essa mulher já apareceu, mas é impossível, nosso amor é impossível. Ela trouxe luz para minha vida, devolveu-me a minha alegria.

— Mas por que é impossível? Ela ama outro ou já é casada?

— Não, ela só não, é alguém da nobreza, infelizmente o que nos separa é o berço em que nascemos.

— Complicado, onde a conheceu? 

— Não posso revelar, mas seria uma loucura, e a nossa sociedade não a aceitaria, seria um escândalo, eu sendo o sucessor da coroa e me casar com uma mulher que não faz parte de título nenhum.

— Nesse caso, tenho que concordar com você, se envolver com essa mulher seria abdicar da coroa. 

— Sabe que não me importaria, mas por amor a ela, e para que ela não sofra, eu abro mão dela.

— É a decisão mais sensata a se tomar.

— Sim. — Falo com o meu coração doendo, a Anne não merece passar por mais dificuldades, ela já perdeu o pai, e não posso trazer para a vida dela o peso de ter que enfrentar essa sociedade preconceituosa e má.

— Acho que encontrei a mulher da minha vida! — Luigi entra na sala com um sorriso largo no rosto.

— Aqui no palácio do Charles? — Lorde pergunta.

— Não exatamente aqui, ela estava lá no lago, uma formosura, um sorriso radiante como o sol, me deixou encantado.

— Luigi, meu filho, você sai por algumas horas e volta com o coração flechado. — Lorde fala zombando dele.

— Esse se apaixona fácil. — Comento.

— Aquela mulher é diferente, ela é perfeita. — Ele fala bastante empolgado.

— Papai, quero aquela mulher para mim, farei de tudo para conquistá-la.

— Se você a quer, daremos um jeito dessa mulher ser a sua esposa.

Como queria essa liberdade de poder casar com a mulher que amo, poder cortejá-la, levá-la para os bailes e mostrar a todos como ela é encantadora.

— Charles, foi um prazer passar esse tempo aqui com você, e lembre-se, pense com a razão e não com o coração. — Rômulo fala, e não sabe ele como tem sido difícil para mim pensar com a razão quando ela está tão perto.

O dia do baile havia chegado, estava feliz por Charlotte me acompanhar, assim me pouparia de ter que passar todo o baile fugindo das pretendentes.

— Nossa, como está lindo, senhor Duque! — Charlotte fala.

— Obrigada! Está muito linda também.

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