Capítulo 14 . Cuidando dos irmãos.

Juca está a espera de sua noiva e de Pitucha, sorri ao ver as duas chegando, segura as rédeas de Chico e ajuda Rita a descer, lhe dá um selinho. A estava esperando para a levar para casa de caminhoneta e curtir um pouco de sua companhia, pois está com saudades dela.

Em casa dos sogros, sozinhos no sofá, Rita olha para Juca, segura seu rosto e lhe dá um beijo, o puxa para si segurando seus cabelos da nuca, aprofunda o beijo, Juca retribui. Rita não sabe bem o que quer com isso, talvez sentir o mesmo que sentiu com o beijo de Marcelo. Juca estranha o comportamento de sua noiva que sempre foi tão contida.

Juca: - O quê acontece com ocê?

Rita: — Porquê? Não posso fazer-te um carinho? Não gostou? — se afasta dele um pouco.

Juca: — Não é isso, gostei muito! É que... estranhei... nunca fez isso.

Rita que sempre teve certeza de seu futuro, de que Juca era o homem perfeito começa a questionar o que sente, Marcelo é ao mesmo tempo divertido, másculo, além de muito bonito e perfumado. Juca está sempre cansado, não é feio mais a luta do dia a dia judia, deixando marcas na pele queimada pelo Sol, nas mãos, calejadas e grossas, nos cabelos ressecados...

Novamente não tem nada pronto na casa de Pitucha, Toninho e Maura foram a um forró, Tião está sentado na rede com o pensamento longe, em Marsé. Sempre pensou nos irmãos em primeiro lugar deixando seus sonhos e desejos de lado. Os irmãos estão crescidos, Pitucha tornou—se uma linda mulher em todos os sentidos, talvez não seja tarde para ele, ainda pode ser feliz.

Pitucha prepara um prato e leva ao irmão.

Pitucha: — Um cruzado por seus pensamentos...

Ele olha—a, um leve sorriso é esboçado, não diz nada, pega o prato e come.

Pitucha: — Não precisa dizer, está pensando em Marsé não é? Porque não se arruma e a convida para ir ao forró?

Tião: — Não quero deixa ocê só.

Pitucha: — Penso que estou bem grandinha, vai, eu selo o Chico pra você. - Sorri.

Tião: — Tá bem! Vô passa uma água na cara.

Pitucha, toda alegre vai preparar o seu cavalo para o irmão: — Chico, vê se dá uma força pro meu irmão, ele é meio tímido sabe!? Os dois são. A gente vê que estão apaixonados mesmo assim nenhum deles toma a iniciativa...

Tião: — Tá falano com pangaré agora!?

Pitucha: — Pangaré?! Vai magoar ele, Chico não é um simples cavalo! Deixa eu vê como o meu irmão está?!

Pitucha arruma o chapéu na cabeça do seu irmão, dá um beijo nele: — Agora vai! E aproveita pra pedi Marsé em namoro.

Ela fica a olhar até o irmão desaparecer na serra, se senta na rede da varanda. Valente, o cachorro velho da família se deita ao lado, enquanto ela faz carinho nele seus pensamentos estão nos irmãos, principalmente em Juca, o que viu entre Rita e Marcelo não foi uma brincadeira, Rita correspondia. Juca é o irmão mais carinhoso, mais sentimental, a vida toda sonhou com o casamento com Rita. Sente-se culpada, mais não tem coragem de contar-lhe o que houve. Talvez, no fundo, ela entenda Rita, também está com sentimentos contraditórios e confusos, o seu coração bateu descompassado ao conhecer Sérgio e a atenção que a Sílvio dá-lhe a faz sentir-se especial.

Pitucha: — Valente, porque as coisas não podem ser mais simples? Talvez Toninho tenha razão, o melhor é aproveita o momento. Mais onde fica o amor? Será que o que senti por Sérgio foi só desejo? Atração? E o que houve com Rita? Porque é tudo tão complicado? Será que não podemos sentir tudo apenas por uma só pessoa?

Está assim pensativa quando vê Juca chegando na caminhoneta, voltou bem mais cedo do que de costume.

Pitucha: — O quê houve? Voltou cedo irmão!

Juca: — Na verdade, não sei. Rita queria ir ao forró e quando eu disse estar cansado ela mandou-me embora dizendo que também estava. Não entendi nada.

Pitucha: — Ela deve estar cansada mesmo. Trabalhamos o dia todo… Vou arrumar janta pra você, deve estar com fome.

Juca: — Tô sim! Rita não me deu nem café!

Juca come e vai se deitar, Pitucha volta a rede, pega no sono, acorda ouvindo as vozes alteradas de Toninho e Maura.

Maura: — Ocê é um galinha! Um sem vergonha!77

Toninho: — Ocê sabe que sô desse jeito, e que não vô muda! Se quise pode i pra casa.

Maura: — Não posso vorta! O meu pai me mataria! — fala com tristeza — Toninho... Eu estou embuchada!

Toninho parece não entender, pode ser um roceiro mais sabe se cuidar, usa camisinha sempre: — O quê cê tá falano?

Maura: — Ocê vai se pai...

Toninho: — Não é do seu noivo?

Maura se entristece: — Não!

Juca: — Como pode afirmá?

Maura: - Nunca fiquei com ele... ele pensava que eu era moça...

Juca fica nervoso, olha para Maura e ela chora: — Vamo, entra! Dispois nós resolve isso.

Pitucha não sabe se fica feliz pelo sobrinho a caminho ou triste pela situação em que o seu irmão se encontra, não quer que eles saibam que ela ouviu então não faz nenhum barulho até que não possam a ouvir.

Antes de se deitar ainda ouve Tião chegar, está assobiando, o que faz quando está feliz. " pelo menos pra um tudo parece que deu certo!" - pensa e vai para seu quarto descansar pois no outro dia bem cedo terá de voltar a fazenda.

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