Pitucha acorda bem cedo, está ansiosa não sabe se por começar a trabalhar ou por rever Sérgio, dono dos olhos negros e profundos mais intensos que já viu, não entende direito o que está a sentir, é um misto de alegria, medo, ansiedade, um nervoso sem motivo. Ela imagina que Sérgio é um desses trabalhadores que veem de longe em busca de trabalho ou é um faz tudo de confiança da família, não vê a hora de o ver de novo. Experimenta as roupas que arrumou que eram de sua mãe, não ficou contente com nenhuma, nunca havia se preocupado com a aparência, hoje se incomoda com as roupas velhas e masculinas.
Tião percebe a ansiedade na irmã: — O quê cê tem? Já a vi com três ropa diferente.
Pitucha: — Só tenho roupa velha! E de menino!
Juca: — Ah! esqueci, Rita mandou uma sacola de roupa que não serve mais pra ela.
Pitucha abre um sorriso: — Onde está??
Juca: — Na caminhoneta...
Tião: — E onde tá a caminhoneta? Cadê Toninho?
Na mesma hora ouvem o barulho da caminhoneta, saem para ver, Toninho desce dela com uma garota ao seu lado, ele segura na sua mão e a leva até eles que até já adivinham o que houve.
Toninho: — Essa é Maura, ela não tem onde ficá...
Tião balança a cabeça, vem confusão por aí. Ele conhece a moça, filha do dono do bar da vila, e pelo que sabe noiva… Não diz nada, já está atrasado para colheita de banana, entra na caminhoneta, Juca entra junto, entrega a sacola de roupas a Pitucha e saem em direção ao bananal, estão acostumados com as confusões de Toninho, não se metem mais em suas enrascadas.
Pitucha convida a moça para entrar e tomar café, deixa o seu irmão com ela e vai ver as roupas que ganhou, os seus olhos brilham ao ver calças e blusas femininas, coloca uma calça preta e uma camiseta branca que lhe serviram perfeitamente, pega o seu chapéu e monta o seu cavalo, já está atrasada, quer estar na fazenda quando os novos donos chegarem.
Em menos de uma hora está na área da fazenda, olha a todos os lados a procura dos olhos negros de Sérgio, não está junto aos outros empregados "Será que já foi embora? Será que não o verá mais?", o seu coração se entristece. O seu João pede que ela ajude com a arrumação do lanche que será servido quando chegarem, terminam e vão à varanda aguardar que cheguem. Observam a poeira de um carro se aproximando, o coração de Pitucha bate acelerado.
George resmunga a viagem toda, Dalva perde a paciência com ele e para de tentar o agradar, ela impressiona-se com a beleza da natureza ao redor, o lugar é tudo que sempre sonhou, sente uma paz quando avista a casa, está cansada da viagem mais muito feliz.
Dalva: - Meu Deus! É um paraíso! - Sai do carro sem se importar com George, cumprimenta Dona Cida, Seu João e Pitucha com entusiasmo.
Sílvio retira a cadeira de rodas do porta malas, a abre ao lado da porta onde George está, abre a porta...
George: — Não vou sair daqui!
Sílvio: — Pai! Por favor, estamos cansados da viagem, venha deixo-te na varanda…
George: - Já disse pra me deixar em paz!
Sílvio: — Está bem! Fique aí no calor o quanto quiser, vou ajudar com as malas.
Pitucha ouve a conversa dos dois, já entendeu que o seu trabalho não será fácil como pensava, se aproxima de Sílvio, oferece-lhe ajuda.
Sílvio se vira para olhar quem lhe fala, assim como Sérgio fica impressionado com a beleza da garota a sua frente, esquece da rabugice do seu pai e abre um sorriso.
Pitucha: — Posso conversar com ele, se quiser.
Sílvio: — Você deve ser a garota que vai ajudar a tomar conta dele. Sou Sílvio, filho de George Prates, muito prazer.
Pitucha: — Sou Ana Paula, prazer...
Sílvio: — Já percebeu que Senhor George não é fácil, se quiser tentar... Boa sorte! — Sorri e entra antes dá outra olhada em Ana Paula.
Pitucha fica a pensar, "tanto tempo sem ver ou conhecer ninguém e agora em dois dias conhece dois homens lindos e educados". Se aproxima do carro onde George finge dormir, respira fundo…
Pitucha: — Senhor George? Boa tarde! Sou Ana Paula.
Ele olha-a de canto e volta a fingir que dorme.
Pitucha: — Está muito quente, não quer sair e tomar um ar fresco?
George debocha: — E quem vai tirar-me daqui? Você!? — ri.
Pitucha: — Posso parecer fraca, mais saiba o senhor que já carreguei muito cacho de banana nas costas, tirar o senhor daí vai ser moleza.
George admira a petulância da menina a sua frente, está magro, mais ainda pesa bem.
George levanta os braços: — Tenta então!
Pitucha acostumada a segurar porcos, carregar banana e brincar de luta com os irmãos o vira e em segundos ele está na cadeira ao lado.
Pitucha: — Prontinho! Agora é ajeitar os seus pés aqui. Como consegui o senhor terá que fazer algo em troca…
George nãoacreditano que ouve, mais gostou da menina: — Acredito que o patrão aqui sou eu... O que seria?
Pitucha: — Vai dar uma volta comigo e conhecer as suas terras.
Pitucha começa a empurrar a cadeira pela varanda mostrando-lhe a paisagem: — Ali são as plantações de café, precisam de cuidados, depois do riacho há as plantações de banana, atrás daquela serra é onde eu moro e aquele cavalo ali é o meu amigo "Chico" é com ele que venho trabalhar…
George: — Trabalhar?! É você que vai cuidar de mim?
Pitucha: - O senhor já viu que força eu tenho, e saiba que tenho três irmãos, então estou acostumada a lidar com o gênero masculino!
George tenta se segurar, mais a garota é ao menos divertida, solta um sorriso... O primeiro em muito tempo.
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Atualizado até capítulo 55
Comments
Helena Ribeiro
Ela vai conseguir tudo com ele, ele até vai gostar dela 😂
2024-12-09
0
Karina clea peçanha
começando a ler hoje 8/4/. 2025
2025-04-08
0
Erlete Rodrigues
Ah já tá conquistando ele sabia ela é muito autêntica
2024-09-09
1